quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Zé alagão e Kassab praticam sanitarismo na Zona Leste

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Denúncia grave apareceu hoje no Centro de Mídia Independente (CMI) acusando as autoridades do Estado e do Município de São Paulo de terem, intencionalmente, alagado e mantido alagadas as regiões da Zona Leste como o Jardim Romano. Com as chuvas de ontem a região voltou a ficar intransitável e o poder público até agora não se mobilizou para drenar a região.

E não drena porque tem interesses. Segundo o CMI a intenção do governo e da prefeitura é desalojar os cerca de 5 mil moradores para a construção de um parque visando a Copa de 2014. Estamos diante de uma clara política sanitária, de eliminação dos pobres como fizeram com os cortiços do rio de Janeiro no século XIX.
A recente enchente que atingiu a Zona Leste pode ter persistido por ação intencional de órgãos públicos municipais e estaduais. A suspeita, gravíssima, é levantada por moradores e moradoras dos bairros atingidos por uma grande enchente do dia 8 e até recentemente castiga a região. É possível que uma manobra na engenharia hidráulica dos rios paulistanos tenha mantido a inundação por muitos dias após a chuva. O motivo para tão grave crime seria a aceleração dos despejos de residências localizadas na várzea que serão removidas para a construção do Parque Várzeas do Tietê, orçado em R$1,7 bilhões e será inaugurado para a Copa de 2014.

Em troca, se é que podemos chamar assim, os moradores deslocados do Jardim Romano e região iriam receber 5 mil reais ou um 300 reais mensais por dois anos para achar outro local para morar. O governo simplesmente resolveu abandonar a população e sequer tem um plano para reassentar os atingidos pela enchente. Comportamento típico do (des)governo de São Paulo que, da mesma forma, resolveu matar crianças pobres de creches de fome, diminuir a coleta de lixo já vergonhosa e, claro, não deixou de aumentar seus próprios salários.
De fato, no dia 14/12, o Prefeito Gilberto Kassab anunciou a antecipação dos despejos para toda a área, em que vivem mais de 5.000 famílias. Até o momento, no entanto, a "alternativa" oferecida aos/às moradores/as se limitou ao já conhecido "cheque despejo" de R$5.000 ou um "bolsa-alguel" de R$ 300 mensais por dois anos, mas sem nenhuma garantia de reassentamento. Ameaças e tentativas de despejo ilegais já foram tentadas no Jardim Pantanal, em que tratores só não derrubaram casas devido à mobilização popular na área.
Enquanto isso Zé Alagão, está em Copenhaguem. O povo afunda na merda e ele está confortável fingindo se preocupar com o clima, afinal, é sua desculpa favorita (e única) para a falta de investimentos e para o crime contra a população que está em curso.

Para aqueles que acham que tudo não passa de teoria da conspiração, duas notícias do Uol vem de encontro com os fatos apresentados.

O primeiro mostra que e como as bombas que deveriam evitar o transbordamento do Tietê não falharam como disseram as autoridades:
Vistoria feita por técnicos da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras da capital paulista e do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee), entre 9 e 15 de dezembro, revelou que todas as bombas da marginal Tietê funcionaram normalmente no último dia 8, data em que uma megaenchente provocou caos na cidade.

Segundo a Coordenação das Subprefeituras, foi realizada uma vistoria "rigorosa" nas 26 bombas que compõem o sistema. Três delas - sob as pontes das Bandeiras, Anhanguera e da Casa Verde, locais mais atingidos na enchente do dia 8 - estão sob responsabilidade da prefeitura. Todas as restantes são administradas pelo governo do Estado.

No dia da megaenchente, o governador José Serra (PSDB) atribuiu as inundações na marginal Tietê - um dos locais mais afetados naquele dia - a um problema no funcionamento de uma bomba do sistema da usina de Traição, que fica ao lado da ponte Ary Torres, na marginal Pinheiros. "Isso comprometeu 25% da capacidade de bombeamento e estrangulou ainda mais a capacidade de escoamento do Tietê", havia afirmado o governo, em nota.

No dia seguinte, a secretária de Saneamento e Energia do Estado, Dilma Pena, contradisse a afirmação do governador e minimizou a importância do equipamento que falhou na usina de Traição: "o que aconteceu no Tietê e em Pinheiros não pode ser creditado à bomba. Houve uma chuva muito intensa, torrencial. A bomba ajudaria ali naquele ponto, ali na Cidade Universitária. Ali a bomba ajudaria, o nível ficaria mais baixo. Ali fez falta a quarta bomba, mas para o Tietê não tem influência nenhuma", disse.

A Prefeitura de São Paulo, na época, disse também que não ocorreram falhas em nenhuma das bombas da marginal Tietê sob sua administração. No entanto, o engenheiro Ubirajara Tannuri Félix, superintendente do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), disse que as bombas sob a ponte das Bandeiras "não conseguiram operar a contento e atrasaram o escoamento". "Fui ao local com técnicos da Prefeitura e constatei isso", afirmou Félix.

A gestão Kassab se negou a dar detalhes sobre falhas no sistema de escoamento de água na ponte das Bandeiras. O prefeito falou em intrigas: "Foram algumas pessoas que quiseram intrigar a prefeitura com o governo", afirmou. Já Dilma Pena confirmou problemas no local, mas não falou em falha nas bombas. "[O problema] Foi um muro de arrimo, que protege contra passagem das águas para pista", disse.

O resultado da vistoria na marginal Tietê e a afirmação da secretária Dilma Pena minimizando o impacto da falha na bomba da usina de Traição afastam a hipótese de que problemas em bombas potencializaram os alagamentos do dia 8 na marginal Tietê. O argumento de governo e prefeitura é que a quantidade de chuva "acima do normal" foi agente causador das enchentes.

Contudo, levantamento feito pelo UOL Notícias mostrou que historicamente a cidade já enfrentou com muito mais tranquilidade índices pluviométricos similares ou maiores do que o registrado no dia 8 deste mês. Em várias ocasiões a chuva foi maior do que no dia da mega-enchente, mas a cidade não viveu o mesmo caos.

Segundo estudo realizado pela liderança do PT na Câmara Municipal, a gestão Kassab deixou de investir R$ 353 milhões em obras de combate a enchentes. Entre 2006 e hoje, a prefeitura usou apenas 68% da verba previstas no orçamento para canalização de córregos, serviços de drenagem e construção de piscinões.
E o segundo mostra que foi decisão do governo fechar as comportas na barragem da Penha para evitar o alagamento das Marginais o que, por outro lado, inundaria a área habitada no entorno:
Para Ronaldo Delfino de Souza, coordenador do Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal, o governo fez uma opção. "Ou alagava a marginal ou matava as pessoas no Pantanal. E matou", disse. "E ainda bota a culpa nas moradias. O Estado só se preocupa com o escoamento de mercadorias, só pensa em rodovia. Vida humana não importa".

Moradores e deputados estaduais fizeram nesta quarta-feira (17) uma inspeção no local para saber se a abertura das comportas tinha relação com o alagamento no Jardim Romano e no Jardim Pantanal, que já dura nove dias.

O movimento, formado por moradores de diversos bairros localizado na várzea do rio Tietê, acusa o governo do Estado e a prefeitura de manterem a água represada além do necessário como forma de obrigar as famílias a deixarem a região, onde será construído o Parque Linear da Várzea do Rio Tietê. Há anos, os moradores resistem em sair dali, porque dizem que o governo não apresenta um projeto habitacional concreto e apenas oferece uma bolsa-aluguel.

"Não era para as máquinas estarem trabalhando aqui? Cadê? Não tem um funcionário do governo aqui", reclamou, apontando para as ilhas que aparecem no meio do rio, logo acima da barragem da Penha. As dragas são vistas somente na parte de baixo da construção.

Os deputados estaduais que acompanharam a inspeção concordam con a teoria dos moradores. "Foi feita uma escolha e a corda estourou do lado mais fraco", afirmou o deputado estadual Raul Marcelo (PSOL). "É uma questão grave. A falta de comunicação e de um gerenciamento unificado são prova de uma falta de governância e de um planejamento na administração das barragens, o que levou, em grande parte, ao fato do bairro do Pantanal ter sido alagado".

"Há uma estranha coincidência de que no momento da desocupação há um alagamento desses e ninguém consegue escoar a água. Não havia uma inundação dessas há 15 anos e o nível das águas está subindo mesmo sem chuva. É muito estranho e as autoridades têm que explicar", completou o deputado estadual Adriano Diogo (PT).

Como se vê, é assustadora a decisão pensada e planejada do governo do Estado e da prefeitura de alagarem bairros habitados pela população mais pobre da cidade visando ganhos financeiros à longo prazo.

O PHA já notou o problema e denunciou em seu site.

Este caso merece ser divulgado, investigado à fundo e todos os responsáveis por esta tentativa de genocídio contra a população carente de São Paulo devem ser severamente punidos.
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Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Marcelo Delfino disse...

Isso vai acabar em outra pizza. Punirão apenas os barnabés e os tecnocratas do segundo escalão para baixo. Serra e Kassab continuarão livres, alegres, saltitantes e serelepes. Motosserra, quem sabe, rumo ao Palácio do Planalto.

A cambada do PT ficará caladinha, com medo de dizerem que estão fazendo aproveitamento eleitoral em cima da tragédia alheia. Eles (o PT e os demo-tucanos) se merecem.

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