quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Praça Roosevelt: As mentiras que nos contam... E a Rede Globo!

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Vejo a notícia de que a Praça Roosevelt será, finalmente (ainda que eu duvide) reformada.

Em primeiro momento eu deveria ficar feliz, mas a realidade é mais forte.

Em primeiro lugar, a própria reportagem denuncia duas obviedades: Uma de que político, especialmente DemoTucano, mente e a segunda a de que a reforma pode não passar de lenda, assim como "honestidade" o é para políticos. Bem, a obviedade é quase única, a de que político é mentiroso contumaz.

Digo isto, neste caso pelo menos, porque quando Serra era prefeito - e vale lembrar que, nesta situação, ele prometeu que não largaria o cargo para ser governador e todos sabemos o que ele fez - prometeu que a Praça seria reformada, era sua vitrine. Bem, continua sendo vitrine de seu governo - lugar abandonado, violento e perigoso.

O absurdo, já explícito no título da notícia, é a de que foram precisos "casos violentos", a morte de uma pessoa e o quase assassinato de outra para que algo se movesse na prefeitura. Foi preciso que a violência finalmente deixasse suas marcas para que algo fosse feito. Espera-se o pior para então começar a pensar na "proteção".

Na verdade a Praça não é violenta ou perigosa, mas está ficando, graças à ação tanto da PM quanto do governo, que nada fazem. A prefeitura veta mesas na calçada, o que acaba com a frequência, a PM só resolveu fazer rondas - que nem podem ser chamadas de ronda, pois se limitam à estrutura da praça em si, sequer vão até o começo da rua, são normalmente dois PM's conversando - depois que o Bortolotto foi baleado, antes disso nada, e não faltaram apelos dos moradores e comerciantes tanto para a PM quanto para a GCM (Guarda Civil Metropolitana), o lixo se acumula porque foi suspensa a limpeza e a "lavação" da Praça...
De acordo com o diretor e fundador do grupo teatral Satyros -- localizado na Praça Roosevelt -- Rodolfo García Vázquez, a ordem para retirar as cadeiras das calçadas dos bares, imposta pela Prefeitura de São Paulo, em dezembro do ano passado, resultou na redução do movimento dos bares e deixou o local mais vulnerável à ação de criminosos.
"Pensar que haverá segurança somente pela ação da polícia é reduzir a importância do fenômeno dos teatros e bares da Praça Roosevelt", diz o diretor.
Enfim, a prefeitura e o governo conspiraram para que a situação chegasse até este ponto.

Neste link há um apanhado interessante de depoimentos sobre a situação da Praça e chama à atenção a mentira dita pelo Coronel Renato Cerqueira Campos:
"A praça é uma área frequentada por moradores de rua e há eventuais flagrantes ligados ao uso de entorpecentes", comenta Campos.
Segundo ele, após os recentes crimes ocorridos na Praça Roosevelt, as rondas foram intensificadas para coibir novos delitos.
Realmente, o problema TODO da praça são alguns frequentadores que fumam maconha uma vez ou outra.

Ou ainda os moradores de rua, expulsos do resto do centro e da Cracolândia pelo Kassab. Expulsão dos viciados pela política de espalhar a Cracolândia ao invés de tratar os doentes; e o espalhamento dos mendigos graças à política da prefeitura de fechar albergues - e de abandoná-los enfim.

O mais fantástico é o Coronel sequer saber o que acontece na Praça! Até o infeliz episódio do tiroteio no Parlapatões sequer havia policiamento na Praça! E, a grande mentira, a declaração de que as rondas foram "intensificadas". Como intensificar o que não existia? Não havia "ronda" antes e o que temos hoje são PM's sentados, conversando e limitados à um raio de 50 metros, se muito!

Mas, enfim, cheguemos ao ponto. Foi preciso que a violência se tornasse alarmante na região para que algo fosse feito. Foi preciso que o Bortolotto fosse baleado e quase morto dentro do Parlapatões e que um mendigo fosse assassinado em plena luz do dia - e com a conivência da PM que não o ajudou, como explicado neste post -para que Aquassab notasse que seu belo plano de revitalizar o centro criando Praças, Centros, Teatros e o escambau não funcionaria nunca com o abandono e destruição do que já existe.

Aquassab pode expulsar os mendigos, pode espalhar os viciados em crack, mas vai ter que lidar com os problemas decorrentes de suas ações, invariavelmente. Não é higienizando o centro que ele irá resolver qualquer problema - assim como não resolverá a situação dos moradores do Jardim Romano/Pantanal alagando suas casas para os expulsar e fazer seu parque e depois entregar um cheque-miséria de 300 reais e dar "adeus".
A revitalização da praça Roosevelt já era alardeada desde a gestão do então prefeito e hoje governador José Serra (PSDB) com uma das principais intervenções no centro da cidade, mas até hoje poucas medidas saíram do papel. A concorrência da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras ocorre numa época em que a praça tem sido palco de violência.
Me perdoem se não me entusiasmo com mais esta peça de propaganda. São 11 anos em que nenhum obra acontece e cada intervenção da prefeitura apenas piora ainda mais o local.
No ano passado, reportagem da Folha Online informou que a revitalização do espaço se arrastava por 11 anos. O projeto de reurbanização já estava concluído pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), mas a empresa não informou as datas estimadas para o início da obra.
Na ocasião, o advogado Enrique Rodolfo Marti, da Ação Local Roosevelt, ligada à Associação Viva o Centro, disse que após pedido da entidade foi feita a quebra das paredes de um supermercado que funcionava no local e de uma escola infantil. A demolição foi feita pois após a desocupação dos locais, moradores de rua se instalaram na região.

A reforma da Praça - na verdade sua total demolição - é urgente e necessária, mas com este atual governo é difícil, quase impossível acreditar que algum dia sairá. E isto é só o começo. É preciso reformar e, acima de tudo, OCUPAR. E, sem dúvida, nada disso será feito com intervenções cosméticas. Os mendigos existem, os viciados existem e os marginais também existem.

Saindo ou não a reforma, ainda fica a questão do que fazer com os moradores de rua. A solução da prefeitura sabemos qual é, e não é "solução" alguma. Não é com polícia que se resolve o problema do centro, é com inclusão, ocupação e integração. E isto não está na agenda do prefeito sanitarista.


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Interessante, acabei de ler no excelente blog Panóptico, algo ligado ao assunto e que pode explicar o interesse tão estranho da prefeitura pela praça.


Rede Globo interessada no centro da cidade... Pelo visto Aquassab vai fingir que realiza obras na esperança de aparecer na Globo e, talvez, ajudar a alavancar a candidatura do papai Zé Alagão...

Uma coisa é fato, esta direita tem noção de oportunidade!

Leia mais sobre o assunto aqui.
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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Eduardo Liron disse...

Pra constar, o bortolotto ja ta em casa e se recuperou melhor que o esperado... Parece engraçado que definam a roosevelt como um centro de violencia e tudo o mais se ela deveria ser um centro de arte e cultura. Ao apontar a roosevelt como um antro maligno parece que nada tem a ver com a incapacidade da gestão atual em apoiar a reprodução do ambiente cosmopolita e ludico da roosevelt... Quem ja foi a uma satyrianas, que seja, sabe que tipo de publico frequenta a praça...

Raphael Tsavkko Garcia disse...

A Praça é uma maravilha (não a praça e msi, mas o entorno), os teatros são ótimos, os bares idem mas a prefeitura abandonou a praça e começamos a ver os reflexos disso.

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