sábado, 13 de março de 2010

O PIG brasileiro e o PIG Espanhol: Notáveis semelhanças

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Um Basco, morador de Madrid comentou durante o debate promovido pela rede  Lokarri, com o mediador internacional Brian Currin, sobre a visão dada pelos periódicos de Madrid e da Espanha em geral sobre a questão Basca. Não correspondiam com a verdade, não mostravam a realidade.

Nisto, são iguais ao Brasil.

Currin responde que, de fato, a mídia apenas dá o seu lado, um dos lados. Acrescenta que é preciso trabalhar junto com ela para que ajude na solução do conflito e não que o piore ou incentive. E dá o exemplo da África do Sul e da Irlanda do Norte onde os jornais faziam troca de editoriais e cooperavam para tentar chegar a um denominador comum.

No País Basco e na Espanha, não vejo como tal coisa possa ser alcançada. Se mesmo jornais ditos de esquerda, como o El País se limitam a perpetuar as mentiras contadas pela Espanha, como acreditar que periódicos ligados ao PP ou às oligarquias de direita iriam aceitar dialogar?

Notam alguma semelhança com o Brasil? Toda. Não temos conflito armado aos moldes da Espanha ou separatismo, mas temos luta armada e massacres no campo, nas cidades. Temos nossos conflitos. De um lado os periódicos alternativos ou ligados aos movimentos sociais (como no País Basco e Espanha temos Gara, Diagonal e etc) e do outro temos os jornalões, ligados à grupos de interessses nem sempre claros que manipulam a verdade de acordo com seus gostos.

Currin: "Entre los partidos políticos se ha establecido cierta confianza a raiz del documento de la Izquierda Abertzale"
"Zutik Euskal Herria es un compromiso inequívoco con un proceso de paz. Es muy esperanzador"
"Zutik Euskal Herria apuesta por un proceso democrático en ausencia total de la violencia" 
 Faço um parêntese no caso brasileiro:

Não quero, porém, afirmar que do lado "alternativo" não existam lados, não exista aquela tentativa de "puxar a sardinha" pro seu lado. Existe. A diferença básica é a identificação, a verdade. Do "nosso" lado deixamos claro o que e quem defendemos. Não há subterfúgios. Revistas como a Fórum, Brasil Atual, Brasil de Fato e etc defendem claramente os Movimentos Sociais, os Direitos Humanos, a Esquerda.... Quem neles escreve admite sua ideologia, sua ligação partidária. E o fazem e admitem com todas as letras.

Já Folha, O Globo, Globo, Bandeirantes e etc continuam a bater na tecla já quebrada da isenção, da imparcialidade. Não admitem para quem jogam, quais as intenções por detrás. Eu, você e os que me lêem sabem a verdade, mas e os milhões que lêem todos os dias e de forma desavisada reproduzem todas as inverdades lá escritas, divulgadas e disseminadas?

Na Espanha, ao menos, em muitos casos - e nisto a Europa como um todo e os EUA tem mérito - os jornais ao menos costumam admitir seu lado. O El País é ligado ao PSOE, o Gara à Izquierda Abertzale, o El Correo ao PP e por aí vai. Você já pode esperar que haverá uma tendência, uma "queda" pra um lado ou outro.


O que, claro, não impede manipulações. Como bem sabe Brian Currin e sabemos todos nós.

Currin: "La transformación de conflictos nunca puede ser unilateral. En el País Vasco debe ser multilateral"

Veja um exemplo de clara manipulação por parte do periódico "Libertad Digital" (aliás, vejamcomo a direita adora falar em liberdade, liberdade de expressão e etc quando a usam apenas para subverter a verdade), via o excelente blog Quemando Iglesias:
1.


2.


Na Espanha, aliás, a coisa ainda tem tons mais perigosos e marcantes: Há o separatismo. Existe uma oligarquia, um empresariado que ferrenhamente se apega à questão da unidade espanhola - que é uma farsa.

Rio Branco já dizia há quase 200 anos que "Território é poder". Fato, mas qual o poder que você pode conseguir de submeter povos contra sua vontade à uma dominação violenta e repressora? E sob a pena de constantes ataques ditos terroristas. À base de mortes, desconfiança, conflito e medo perpétuo de que seu carro exploda, de que sua família seja sequestrada, de que seu filho seja torturado e morto?

Território, neste ponto, deixa de ser poder e se torna fetiche.

Chegamos ao ponto de perguntar: O que é liberdade de expressão? Até onde ela vai e como pode ser usada?

Ou melhor, estamos mesmo falando de liberdade de expressão ou liberdade de mentir, de manipular, de enganar? Quando passamos a mentir não exercemos nenhum direito de  se expressar, mas de enganar e manipular. O direito cessa. Nosso PIG e o PIG deles chegou  tal ponto.
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