A SuperVia, que controla os Trens metropolitanos do Rio de Janeiro, aparentemente, resolveu adotar o modus operandi da Telefônica: Presta um serviço medíocre, trata o usuário como lixo, faz propaganda de que funciona e é maravilhosa, tem projetos risíveis de melhorias futuras que jamais sairão do papel e o governo não faz nada sobre a situação e, obviamente, não vai reestatizar o setor ou, pelo menos, repassar a concessão para alguma empresa decente.
Mas de tudo que eu vi e ouvi sobre os protestos dos usuários dos Trens nesses últimos dias, nada me surpreendeu tanto quanto a violência desmedida da polícia contra protestos legítimos e a resposta absurda dada pelo comandante da PM responsável por "controlar" a situação:
Ao ver o Bom Dia (sic) Brasil, me surpreendo - ainda - com o tom dos repórteres... O tom lamentoso, como uma simples fatalidade, como se fosse algo que aconteceu hoje e que será resolvido. O tom de crítica às "confusões" - leia-se os usuários corretamente PUTOS da vida contra seguranças da empresa medíocre... simplesmente lamentável!
A Supervia diz que não há feridos, os bombeiros dizem que os feridos são ao menos 15. Quinze pessoas, cidadãos feridos pelo serviço de porco da empresa privatizada. Supervia, Telefônica, AES/Eletropaulo, Oi... Todas empresas que tomaram posse do nosso patrimônio, que enriquecem oferecendo um serviço da pior qualidade e que, sem dúvida, molham a mão de secretários e ministros para que esta piada continue sem investigação, sem reclamação oficial.
E em São Paulo Serra promove uma linha de metrô (linha 4, amarela) privatizada - não por menos foi a linha da Cratera, cujo acidente (sic) jamais será investigado como deveria - com a possibilidade de trens fantasmas. Caminhamos para uma nova Supervia?
É este o projeto Rio2016? Vamos colocar os visitantes para andar em nossos trens? No péssimo metrô do Rio? Nas Barcas que dispensam comentários?
Aliás, talvez até alguma coisa seja feita para melhorar o transporte e o Rio como um todo para a Copa e para as Olimpíadas, mas sabemos que tudo o que foi feito não o foi para o Brasil e os Brasileiros, mas para fingir para o mundo que somos iguais à eles, para agradar não ao nosso povo, mas a quem vem de fora. E tudo ainda pode ser apenas cosmético, como tudo no Brasil. Favelas isoladas e maquiadas, sistema provisório de transporte para quem chega...
O resultado do "Pan" nós vemos... Aliás, não vemos! Basta tentar chegar ao Engenhão, ele próprio um lixo. O Rio lindo para os turistas e para as câmeras, terminado o evento a cruel realidade de volta e os políticos ainda mais ricos, as empreiteiras mais e mais felizes e satisfeitas e o povo na mesma.
Tratar o absurdo episódio de hoje no Rio como mero acidente é imoral, é criminoso. Estamos frente à um processo contínuo de descaso e sucateamento da malha de transporte férreo no Rio de Janeiro. Nas mãos da Supervia o sistema vem sendo precarizado, os usuários são colocados diariamente em perigo e o Estado lava as mãos, ou melhor, age para defender o patrimônio da empresa, roubado do povo.
Até quando?