quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eleições.... ou Derrota?

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Terminadas as eleições, fica difícil decidir quais foram as grandes vitórias e quais foram as grandes derrotas. Tivemos de tudo um pouco, ou na verdade, muitas derrotas e muitas vitórias.

Em termos de governo, tivemos péssimos resultados em São Paulo, com a vitória do Picolé de Chuchu no primeiro turno por uma margem ridícula. No Paraná, contra todas as pesquisas, Beto Richa, o censurador, levou no primeiro turno. Pelo visto a impugnação de pesquisas lhe serviu bem. E, o pior resultado de todos, por uma margem igualmente mínima, Roseana Sarney se tornou, mais uma vez, governadora do Maranhão. O mais doloroso? Com apoio do PT.

Já em Minas, Hélio Costa foi derrotado. Uma notícia maravilhosa, mesmo que o vencedor tenha sido um DemoTucano, Anastasia. Azeredo foi eleito Deputado Federal e continuará a nos perseguir.

Em São Paulo, Tiririca foi um fenômeno. Parabéns à todos que elegeram uma besta igual aos que nele votaram.

Mas, talvez, a grande derrota tenha sido termos perdido Brizola Neto, que teve votação suficiente para entrar mas foi barrado pelo coeficiente eleitoral. Se por um lado conseguimos garantir o Ivan Valente, o Paulo Teixeira e a Erundina, que sempre estiveram do nosso lado na defesa da democratização das comunicações e na luta pela liberdade na rede, por outro perdemos um valioso aliado.
 
A eleição do Ivan, aliás, é digna de nota. Ele mais que dobrou sua votação e apenas por muito pouco, por menos de 5 mil votos, conseguiu se eleger e manter um dos mandatos mais importantes da Câmara dos Deputados. Erundina fez outra votação espetacular e o Paulo Teixeira conseguiu, sem sustos, seu lugar e nos representará com a força de sempre.

A grande derrota da noite foi, sem dúvida, o segundo turno no Brasil. E a imensa subida da líder criacionista, Marina Silva, que conseguiu agregar em sua campanha desde mauricinhos filhinhos de papai da zona sul carioca, maconheiros metidos a hype até fundamentalistas religiosos da pior espécie. Realmente, um samba do crioulo doido.

Maria Silva representa o que há de pior e mais atrasado no país, um amálgama de contradições, de desencontros. Foi a grande responsável por fazer subir a retórica neopentecostal, evangélica, fanática e agitar até mesmo os católicos na defesa do preconceito, do medievalismo.

Mas nem tudo é tristeza.

Aparentemente a centro-esquerda terá uma folga maior no futuro. Dependerá do PMDB e é fato que nem todo deputado do PT/PCdoB é exatamente da melhor espécie (Vaccarezas da vida, representante da Monsanto no país, ou Aldos Rebelos e etc), mas ao menos o PT formou uma bancada considerável passada esta eleição.

A maior bancada do Congresso é a do PT. Mas sem o PMDB nada feito. No Senado o PT é a segunda. Novamente, precisa do PMDB.  Uma relação incômoda que pressupõe Sarneys da vida.

Do outro lado, o DEM deve enfrentar um significativo encolhimento. Seus números no Senado são vergonhosos e resta saber o quanto encolheram entre os deputados.

Mas, me perdoem se não consigo ser otimista, a idéia de um segundo turno soa cansativa. Mais golpismo, mais pressão e agora a necessidade de barganhar com uma fanática e com um partido de aluguel, o PV, que saiu absolutamente fortalecido das urnas, graças ao voto evangélico e do eixo Leblon-Jardins.

Razões para comemorar existem, mas em geral senti estas eleições como um banho de água fria para quem esperava por algumas mudanças mais significativas. Se por um lado ter Chico Alencar em segundo no Rio, levando ainda o Jean Wyllys ou o Freixo também em segundo é maravilhoso, por outro os primeiros lugares focaram com Garotinho e Wagner Montes. Não poderia ser pior.

Talvez, quando passar a ressaca o cenário se mostre mais favorável, mas e prevejo um governo ainda mais refém do PMDB e uma campanha extremamente suja pela frente. Ficaremos na mão dos evangélicos e nada está decidido.

O Segundo turno será uma batalha suja. Discursos obrigatoriamente terão de convergir, pois a fiel da balança é nada menos que uma fanática religiosa com um eleitorado que é uma icógnita.
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