Quem somos
O #Eblog é um grupo de blogueir@s de esquerda, unidos ao
redor das bandeiras anticapitalista, antirracismo, antihomofobia, antimachismo,
feminista, ecossocialista, em defesa dos povos indígenas e quilombolas,
sobretudo pelas lutas cotidianas das trabalhadoras e dos trabalhadores pela
emancipação de sua classe internacionalmente, que defende uma concepção
material de democracia socialista, revolucionária, de baixo para cima e feita e
vivida e instaurada cotidianamente pelos de baixo, isto é, que não se restrinja
à democracia capitalista liberal e sua liberdade formal e seus direitos
abstratos.
Progressismo ou anticapitalismo?
O #Eblog não se propõe ser uma associação orgânica de “blogueir@s
de oposição ao governo” (embora conosco possam atuar opositores/as de esquerda
ao atual governo), ou uma associação jornalística extraoficial, mas um
agrupamento de lutadores e lutadoras que, reunid@s numa frente de lutas comuns,
pretende ocupar e resistir no caminho abandonado por forças outrora de
esquerda.
A atual guinada liberal-conservadora do Governo Dilma, sob
o argumento da “correlação de forças”, está acometendo parte da blogosfera que
se coloca no campo de esquerda, e que, recentemente, assumiu para si o adjetivo
“progressista”. Não negamos o fato de que a política também se faz no jogo de
forças entre as classes sociais, na chamada “correlação de forças”, mas é
preciso reconhecer o momento em que essa expressão se torna um argumento universal
para se responder a qualquer questionamento e se esquivar de todas as críticas
políticas. É preciso construir projetos políticos capazes de ir além da
consolidação de burocracias e aparelhos, que acabam ficando pra trás do
movimento das forças sociais vivas de resistência e luta em geral.
Propomos, pois, lutar por alternativas a essas práticas
políticas, colocando-nos sempre à disposição de ações de luta unificadas em
favor de bandeiras políticas emancipatórias em comum que vão para além da
defesa deste ou daquele governo, este ou aquele partido, e sim de emancipações
inadiáveis e urgentes.
Pontes e limites
Não abrimos mão da impaciência e do combate a atual conciliação/colaboração de classes da qual é cúmplice e conivente uma
maioria dos que se dizem progressistas, que, por sua vez, instauram o silêncio
sobre questões essenciais em nome de um pragmatismo que já perdeu toda razão de
ser. Sem perder o senso prático, questionamos: qual a correlação de forças que
justifica o ataque à reputação d@s blogueir@s que se propõem defender as causas
emancipatórias de esquerda, às quais os “progressistas” sistematicamente e
sintomaticamente se omitem e se calam, desviando o assunto e por vezes
desqualificando debatedores/as?
As pontes tem limites, não aguentam todas as intempéries e
hoje estão em obras, sem data para terminar e com orçamentos sigilosos. O
macartismo, o senso de ombudsman em defesa do Governo Dilma ou de Lula
não é à toa, não é pessoal, não é só dos “blogueiros progressistas”: é comum em
qualquer discussão com a maioria d@s apoiadores/as do atual governo.
Infelizmente, isso não ocorre de modo isolado, pois tornou-se tática constante.
A coordenação dos autoproclamados “blogueiros
progressistas” vem praticando um jornalismo tão vertical que até a forma de
reagir às críticas tem seguido um corporativismo que remete às práticas da
grande imprensa oligárquica. Telefonam uns para os outros e vão coordenando
ataques de descrédito: deslegitimar a fonte, desviar a questão política para
verdade/mentira, estabelecer o “fato” e a “verdade” como resultado de uma técnica
específica, de certo efeito de discurso jornalístico. A campanha empreendida
por alguns líderes do BlogProg contra Idelber Avelar, logo após o processo eleitoral de 2010, foi sintomática e
exemplar nesse sentido, acabando por reproduzir o típico denuncismo da mídia
oligarca sobre o “mensalão” - que, aliás, os mesmos “progressistas” criticam! A
reação corporativista dos jornalistas do BlogProg às críticas políticas
parece-nos entrar no mesmo modus operandi da grande imprensa - que
dizem combater, chamando-os de “Partido
da imprensa Golpista - PIG” em função de constantes ataques, fruto do ódio de
classe elitista, contra Lula e o Partido dos Trabalhadores, ou seja, agindo
como verdadeiro “Partido da Imprensa Favorável - PIF”.
Dentre muit@s que participam dos Encontros dos Blogueiros
Progressistas na esperança de construir uma alternativa, sabemos que nem tod@s
adotam este posicionamento, mas entendemos também que acabam, de um modo ou
outro, alinhad@s e/ou coniventes com as orientações políticas hegemônicas de
sua direção. Para alguns destes “blogueiros progressistas” as dissidências e/ou
a oposição de esquerda frente a linha política hegemônica (simpática ao atual
governo) são tratadas como “esquerda que a direita gosta”, “psolismo”, “jogo da direita” ou
“ultraesquerdismo”. Inclusive, alguns dos participantes das listas de discussão
dos “progressistas” ou mesmo pelo Twitter, tratam a suas próprias dissidências
com sufocamento por meio de ataques virulentos e desqualificadores.
Na realidade, percebemos que os “blogueiros progressistas”
não constituem uma alternativa efetiva, mas uma mera luta de hegemonia contra a
grande imprensa oligarca, enquanto proclamam ser os principais porta-vozes da
democracia midiática. Esta luta acaba por cair em um maniqueísmo que em nada
colabora politicamente, pelo contrário: tornam rasas as análises e,
consequentemente, adotam posições políticas de apoio cada vez mais acríticas,
cegas e fanáticas, sempre defendendo o legado de governos e pessoas, e não as
bandeiras e programas socialistas. Assim, visam tornarem-se as principais
referências políticas na blogosfera brasileira. Estas práticas tem levado
muitos “blogueiros progressistas” a prestarem-se ao papel de correia de
transmissão das políticas da máquina partidária do atual governo, diga-se, a
mais bem acabada e incorporada à institucionalidade da democracia liberal de
nosso país. Portanto, parece-nos que o sonho destes blogueiros tem sido
tornarem-se uma “grande imprensa”, com um público enorme, com plateia de
milhares e milhares, ao invés de radicalizar a democracia na produção midiática
em sua cauda longa, ou seja, na práxis cotidiana, multitudinária e concreta das
lutas.
Estamos falando de um grupo de blogueiros que vem tentando construir uma
certa hegemonia na blogosfera, tentando torná-la politicamente uniforme no
apoio ao atual governo e adjetivando-a enquanto “militância progressista” e,
por fim, ligando-a de forma indelével às políticas liberais-conservadoras deste
novo petismo que vai se consolidando no e por meio do governo, que já não
possui qualquer tintura de esquerda, e, por vezes pior, está ligado a um
governismo pragmático que historicamente
faz política de mãos dadas com a direita oligárquica e rentista.
Contestamos, pois, esta prática de considerarem-se como “a
blogosfera progressista” e não como parte de uma blogosfera política muito mais
antiga, ampla, diversa e de rico potencial emancipatório.
Tendo em vista estas reflexões críticas, propomo-nos a
lutar para criar e fomentar alternativas a este tipo de prática na blogosfera,
colocando-nos sempre à disposição de ações unificadas em favor de bandeiras
comuns que vão para além da defesa deste ou daquele governo, este ou aquele
partido.
Governo Progressista?
Somente nos primeiros seis meses do Governo Dilma, o povo
brasileiro foi derrotado sucessivas vezes, a começar pelas nomeações de liberais e conservadores para os ministérios. Entre os exemplos mais gritantes,
evidenciamos a posição do governo e
sua “base aliada”: em defesa
do salário mínimo de R$ 545,00 aprovado enquanto aprovaram salários de R$
26.723,13 para os parlamentares; a não aprovação do Projeto de Lei 122 e o kit antihomofobia (em nome da
“governabilidade” com a bancada reacionária dos evangélicos, que integram a
“Base Aliada”); o imobilismo em favor de um projeto de reforma agrária; a aprovação do Código
(des)Florestal para favorecer a expansão das fronteiras do agronegócio
exportador; a privatização de vários dos principais aeroportos do país; a
conivência e defesa da manutenção de um grande retrocesso na pauta cultural; se colocando contra a liberdade na rede e o compartilhamento livre; respondendo processos na Organização dos Estados Americanos - OEA por violações dos direitos humanos (em função da criminosa anistia aos torturadores ao caso de Araguaia); e,
principalmente, a repressão aos povos indígenas do Xingu com a finalidade de construir a Usina Hidrelétrica
de Belo Monte, no Pará, que
favorecerá as oligarquias e a instalação de grandes transnacionais
eletrointensivas na região.
Este é um governo cujo Ministro da Defesa atua diariamente contra os interesses
nacionais, agindo como cúmplice dos EUA e parceiro de Israel, chegando ao ponto
de anunciar ter “perdido” os documentos militares sobre a repressão da ditadura
militar brasileira. Um governo que atropela os interesses populares ao
continuar impondo a criminosa transposição das águas do rio São Francisco
ignorando o diálogo com as populações atingidas, os impactos socioambientais
envolvidos e as alternativas de convivência com o semiárido proposta pelo povo
e sociedade civil organizada.
Este é um governo que atua lado a lado com o grande
capital e as oligarquias em detrimento dos interesses da população, garantindo
grandes volumes de verba às “UniEsquinas” sem qualquer garantia de qualidade no
ensino (ao mesmo tempo em que não realiza qualquer investimento significativo
em educação básica) ou às empresas de telecomunicação com um PNBL (Plano Nacional de Banda Larga, hoje apelidado de Plano Neoliberal de Banda Lerda) risível, que não garante qualidade ou
velocidade e, pior, ainda impõe um limite absurdo aos dados durante a navegação. Além de financiar com dinheiro
público, via BNDES, quase todos os megaempreendimentos privados e
socioambientalmente impactantes das indústrias de papel e celulose, das
eletrointensivas e das empresas do agronegócio, entre outros.
Este é um governo que se diz preocupado com os direitos
humanos e que quer ser potência global, mas atua de modo imperialista em defesa
dos interesses de seu capital monopolista nacional, com as empreiteiras,
Petrobras, Vale, enquanto renuncia à política soberana e ativa, que Celso Amorim conquistou em
termos de política externa, por uma aproximação torpe com os EUA - com direito
a presos políticos na visita de Obama à cidade do Rio
de Janeiro para silenciar a voz crítica da população. Que diz que irá priorizar
a educação mas continua reduzindo o orçamento já estrangulado, assim como faz com a saúde, enquanto o bolsa rentista
semanalmente paga um programa bolsa família em dinheiro para os credores da
dívida interna.
Este é o governo que atua com desenvoltura na condução, em
parceria com governos estaduais e municipais, de uma política danosa para as populações atingidas pelos mega eventos esportivos. As remoções no Rio de Janeiro são
exemplo da implementação de um modelo de política urbana que despreza o direito à cidade e atende a uma lógica privatizante qualificada como radicalmente danosa pelo Ministério Público Federal. Exemplo disso é a cessão ao estado e ao município do Rio de Janeiro de
imóveis públicos federais para repasse à iniciativa privada. Esta cessão não é
para a criação de projetos de moradia, mas para uma “revitalização” da área Portuária que será cedida a um consórcio
privado, atendendo às necessidades do mercado imobiliário especulativo. Este
tipo de ação não é restrita ao estado e município do Rio de Janeiro, pois
acontece com igual gravidade, por exemplo, em Fortaleza cuja prefeitura do PT
utiliza os mesmos métodos adotados por Eduardo Paes (PMDB). Em várias cidades-sede da Copa do Mundo de 2014,
está em curso um violento processo de remoção, inclusive comandados por
governos de “esquerda” que em nada se diferem de administrações tucanas que em
São Paulo, por exemplo, agem violentamente contra moradores/as amedrontados/as pelas remoções em Itaquera, onde a favela do Metrô também é alvo desta política vil. Em quase todas as cidades que
sediarão a Copa do Mundo, populações vulnerabilizadas tem sofrido com remoções
forçadas que desrespeitam sua história e os laços criados com seus territórios
de vida.
Estes crimes são cometidos em nome de uma “imagem” do país no exterior,
de um modelo de desenvolvimento que despreza tudo e tod@s em prol de números
favoráveis para a propaganda governamental e eleitoral, ignorando inclusive
acordos internacionais firmados com relação aos direitos humanos e ao meio
ambiente. O resultado é o agravamento dos problemas socioambientais e o
desrespeito às populações atingidas pelo avanço impiedoso de uma máquina que premia o capital e marginaliza a população que sofre com o processo de criminalização da pobreza por meio do avanço das forças de repressão travestidas de política de segurança, mas que trazem no fundo um terrível sentido de
manutenção de uma vigilância feroz ao que foge do sonho de consumo das elites.
O que queremos e pelo que vamos lutar
Não é este o “desenvolvimento social” e o
“crescimento econômico” que a esquerda anticapitalista precisa reivindicar, e sim alternativas com
base nas experiências e lutas populares que contemplem a reivindicação
intransigente da reforma agrária, da democratização da comunicação, da justiça
ambiental, da abertura dos arquivos da ditadura e da redução de jornada de
trabalho, de uma sociedade mais justa e com plenos direitos para seu povo. As
bandeiras devem progredir, não a paciência, pois só se avança resistindo e
lutando.
Lutamos pela democratização da comunicação e da cultura,
pela possibilidade de ampliação dos meios de vivência e produção midiática, por
universidades públicas para tod@s, gratuita e de qualidade, bem como uma
Educação básica que possa ser pilar para novas gerações, com salários dignos a
noss@s professores/as; assim como também lutamos pela saúde pública de nosso
povo, pelo direito a um meio ambiente produtivo e saudável, pela igualdade de
raça, gênero e etnia. Para avançar em tudo isto, defendemos a auditoria cidadã
das dívidas da União para viabilizar estes recursos.
Lutamos pela verdade das lutas, pela abertura irrestrita
dos arquivos da ditadura militar e justiça como reparação às vítimas e à
verdade sobre quem participou e corroborou com este regime, direta ou
indiretamente, e, claro, todos os métodos autoritários, tão comuns no Brasil
inclusive antes e depois dos anos de chumbo.
Lutamos para que se coloquem em marcha processos de
empoderamento d@s sem-voz, d@s sem terra, d@s sem renda, d@s sem teto, d@s sem
universidade, d@s sem internet, d@s despossuíd@s, d@s sem acesso à cultura, d@s
sem educação de qualidade, e, principalmente, daqueles e daquelas sem a
possibilidade de viver e produzir dignamente.
O Eblog convida tod@s que se identificam com estas lutas a
se unirem conosco para organizar diversas blogagens coletivas, campanhas,
encontros, oficinas, discussões, cobertura
e divulgação de lutas. É hora de nos
organizarmos e avançarmos com as lutas históricas sem esperar que governos e
partidos o façam por nós.
A partir do Eblog, defendemos a DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO como
princípio, o que significa dizer que lutamos por: a) Um Plano
Nacional de Banda Larga que universalize o acesso oferecendo internet de
alta velocidade em regime público; b) A luta pela aprovação do Marco
Civil da Internet que endosse a liberdade civil na rede; c) Um novo Marco
Regulatório dos Meios de Comunicação (“Ley de Medios”) que ponha fim
nos monopólios e oligopólios da comunicação brasileira. Paralelo a isso,
estamos atent@s e somos combatentes nas lutas: d) pelo fortalecimento do
Estado laico; e) pelo fim do machismo e do patriarcado com o fim
da violência contra as mulheres e pela descriminalização do aborto; f)
contra o racismo; g) contra a homofobia e pela aprovação do
PLC 122 sem nenhuma alteração que privilegie os interesses de grupos religiosos;
h) contra todas as formas de discriminação; i) pela abertura
dos arquivos da ditadura militar e pela punição legal dos
torturadores e cumprimento das decisões da Corte Interamericana de direitos
Humanos (CIDH); j) pela justiça socioambiental e contra Belo
Monte; l) contra a criminalização da pobreza e dos movimentos
sociais; m) por uma reforma agrária ampla e popular; n)
contra toda e qualquer forma de censura, na Internet ou fora
dela;
Para não ficarmos apenas elencando lutas, estamos propondo uma blogagem
coletiva pela DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO (que incluem os itens “a”,
“b” e “c” das nossas lutas/bandeiras) para JÁ, de 7 a 10 de
Julho de 2011. Está na hora de tod@s
arregaçarmos as mangas - blogueir@s progressistas, de esquerda, nerds,
independentes, músic@s, escritores/as, jornalistas etc. - e somarmos esforços
em torno das lutas que nos unificam.
Escreva seu texto pela democratização da comunicação e divulgue nas redes com a hashtag #DemoCom
e não esqueça de “taguear” a postagem também como “blogagem coletiva pela
democratização da comunicação” e “democom” entre os dias 7 e 10 de
Julho.
Se você concorda com
nossos princípios (ou com a maioria deles), pode aderir e assinar esta
nota publicando-a em seu blog e incluindo sua assinatura ao
final. Temos identidade e temos lado, mas não queremos ficar restritos a guetos
e nem apenas organizando encontros. Ousemos lutar!
Eblogs que assinam este documento:
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Danilo Marques – www.dandi.blogspot.com – Inferno de Dandi
Gilson Moura Jr. – www.tranversaldotempo.blogspot.com - Transversal do Tempo
Givanildo Manoel - http://infanciaurgente.blogspot.com - Infância Urgente!!
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Jéssica Evelyn Santos - http://dezminutosdesolidao.wordpress.com/ - Dez Minutos de Solidão
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Lucas Morais – www.diarioliberdade.org – Crítica Radical
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