sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A guerra ao vivo: Entre o relato dos fatos e o desespero

Pin It
A internet nos trouxe a maravilha do compartilhamento instantâneo de informações, mas ao memso tempo, nos trouxe a possibilidade de acompanhar, em tempo real, o sofrimento humano de vítimas de genocídio.

Ontem, durante todo o dia (noite em Gaza), a região da Faixa de Gaza foi pesadamente bombardeada por aviões israelenses. Tanques ameaçaram cruzar a fronteira e, claro, vários civis forma mortos. Ao menos duas crianças viraram mártires involuntários de mais um episódio de violência injustificada e injustificável por parte do Estado Genocida de Israel que não será manchete me nenhum jornal e nem será devidamente repudiado pela ONU - que, aliás, costuma se limitar a reclamar e fica só nisso.
Mahmud Abu Samra, 13, morto em um ataque aéreo israelense na residência de Abu Samra, no oeste de Gaza

É difícil imaginar o que é passar uma noite (imaginem uma vida inteira) dentro de um território isolado, um verdadeiro campo de concentração, sem saber se sua casa será bombardeada e você morrerá, ou sua família será morta. Sem saber se as casas de seus amigos e parentes será destruída e você poderá apenas chorar impotente, diante de um inimigo NaziSionista com amplo apoio internacional e carta branca para matar.

O blogueiro palestino Nader () passou algumas horas comentando, revoltado, sobre os ataques em Gaza até que ele próprio se viu às portas de ser mais uma vítima:

2 grandes explosões perto da minha casa.

Se eu não morrer de uma explosão, morredei de uma porra de um ataque cardíaco
Exército de Israel anuncia estar preparado para começar uma operação no Sinai. FODA-SE ISRAEL

Eu estou são e salvo. Toda a família está aterrorizada. Não posso responder a todos, desculpem

Meu coração está acelerado. e meus dedos estão tremendo. mal posso digitar. obrigado a todos pelo apoio. rezem por nós.
Tragam seus barcos de guerra, seus putos: barcos de guerra de Israel estão atirando agora em casas palestinas no norte de Gaza

Estou recebendo diversas sms e mensagens via whatsapp. não consigo digitar por causa da tremedeira em minahs mãos, desculpem
Alguém consegue pensar em como deve ser vocÊ relatar o genocídio de seu próprio povo e saber que a qualquer momento pode virar mais uma estatística nas contas de Israel, da ONU e do "ocidente civilizado"?

Estamos falando de pessoas comuns, como eu ou você, vítimas de mais um ataque insensato que Israel chama de "resposta". Resposta (sic) a um suposto ataque contra um ônibus israelense. O Hamas negou autoria e é mais que possível que o ataque tenha vindo do Sinai e tenha sido cometido por Jihadistas egípcios.

Mas pouco importa. Israel atacará sempre que se sentir confortável, ou seja, sempre. E a mídia escolheu seu lado há décadas e sua indignação seletiva permanece inalterada.

Poucos dias depois de cortar toda a energia e telecomunicações de Gaza, Israel não precisa de desculpas para invadir e matar. E a mídia se limita a anunciar que Israel responde a terroristas (crianças de 13 anos devme ser perigosíssimas para a segurança dos tanques isralenses).

O blogueiro Omar (@Omar_Gaza) é outro a se indignar e relatar os ataques israelenses:
Quase enlouqeci!!!! A energia foi cortada e ouvi que a residência de Abu Samra foi bombardeada, tenho amigos que vivem lá. Espero que estejam a salvo :(

Um pequeno garoto foi morto e 5 outros ficaram feridos devido a ataques aéreos israelenses na residência de Abu Samra, no oeste de Gaza
O desespero de quem se vê às beiras de ser dizimado é visível, e é impossível não se emocionar:
Relatos citando a TV israelense: Gaza e Khan Younis irão serão destruídas até amanhã! Que Allah proteja Gaza

Tv estatal israelense: Gaza e Khan Younis não serão nada além de cascalho amanhã. Oh meu deus
Enfim, a internet nos permite alcançar a milhares, milhões de pessoas, nos permite compartilhar, mas também nos permite sofrer, ser solidários e também nos ensina que nada disso importa quando há ódio e clara intenção de se dizimar um povo. A modernidade se choca com a violência mais arcaica possível.
Quando alguém morre, diga que ele foi martirizado. Ok? NÃO MORTO, MARTIRIZADO.
Mas o que está por trás desta escalada de violência insensata contra os Palestinos? Simples, se aproxima a data em que Israel será constrangida internacionalmente de uma forma inédita.

Em setembro o Estado Palestino será efetivamente reconhecido pela ONU e, ainda que istonão mude em nada a realidade objetiva da população local, é um tapa na diplomacia israelense e uma demonstração por parte do mundo de que a paciência está acabando - ainda que eu pessoalmente acredite que ainda haja MUITA paciência para tolerar este genoício por parte da "comunidade" internacional.


Israel tenta mostrar ao mundo que de nada adianta o reconhecimento de um Estado que, de fato, não existe.


Mas, na verdade, acaba apenas mostrando seu desespero e, claro, sua vontade de continuar a matar.


Vida longa a Palestina!
------