quarta-feira, 25 de abril de 2012

Faz sentido lutar contra a corrupção?

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Fora... Mas pra onde?
No Facebook, o Daniel Lopes, editor do Amálgama, pergunta, com link para ótimo texto do Alex Castro:
Sei não, sei não. Enquadrar os outros nessa ou naquela ideologia é tão importante assim? Quem reclama de excesso de ideologia não tem lá sua razão, ao apontar uma inversão de prioridades?

O problema de se dar muita importância à ideologia é virar ideomaníaco -- o que é mais comum do que se imagina. Quando eu leio o Raphael (um cara do PSOL) ou o Flavio (um cara da CIA), por exemplo, eu me prendo aos fatos que eles trazem e argumentos que levantam, que podem ou não fazer sentido pra mim, não à "ideologia" de cada um. O cara pode se declarar de esquerda ou de direita, ou deixar os outros livres para o rotularem, mas sem se enganar achando que esse definição é o traço mais importante de uma personalidade, e sem se prender a um pensamento totalizante (vc é pró-cotas? então tem que ser pró-MST. vc apoia uma guerra contra a Síria? então vc tem que ser pró-Israel. etc, etc.). E, se fatos e honestidade na defesa de argumentos é o que importa, pra que se preocupar com os dados da "cateirinha ideológica" do sujeito?

E, sim, marchar contra a corrupção faz sentido e é importante. Pelo menos era quando a marcha era contra o Collor, e voltará a ser atestado de patriotismo quando os tucanos estiverem de volta à presidência (esperem só e vcs verão).
Ao que respondi:
A questão é q mt's vezes - na maioria das vezes - a ideologia faz total diferença e pessoas, em geral, que tem de fato uma ideologia definida, tem um certo numero de semelhanças ou visões semelhantes com quem tem a mesma ideologia. Já no caso deste movimento e dessas amrchas, muitos são manipulados por quem tem ideologia clara, e é ligado a partidos, que leva muita gente inocente pra protestar "contra a corrupção", como se corrupção fosse um sujeito, uma pessoa ou entidade. Normalmente esse pessoal das marchas de hoje não sai pra protestar contra a corrupção do PSDB, só a do PT, assim como tem mt petista que vai pra marchas "Fora Perillo" e etc e não irá contra Agnelo (se houver). São babacas dos dois lados.
E amplio:


Em seu post, o Alex acertou em cheio:
Existe uma regra simples para medir a seriedade de um indivíduo, grupo ou movimento político:

Ele é contra algo que outros são a favor ou ele é a favor de algo que outros são contra.
Faz sentido uma marcha pela descriminalização da maconha… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que são a favor da maconha continuar proibida. (E vice-versa.)
Faz sentido um político fazer campanha com uma plataforma de trazer mais religião ao Congresso… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que acham que o Estado deve ser mais laico. (E vice-versa.)
Você pode até discordar desses objetivos, mas são objetivos políticos válidos dentro da arena da vida pública.
Sua argumentação passa pelo óbvio de que ninguém é "a favor" da corrupção (talvez apenas os corruptos, ainda que jamais admitam), como ninguém é "contra" a família, ou a favor da morte de bebês (duas "críticas' infantis de religiosos contra defensores do casamento gay e/ou do direito ao aborto). Protesta-se contra algo que, enfim, todos são contra em tese. Contra uma idéia onde não há grande discussão sobre prós e contras.

Mas vou além.

Não faz nenhum sentido lutar contra "a corrupção". Ou mesmo contra o corrupto sem, porém, entender ou buscar o corruptor.

Não estamos falando de uma pessoa, entidade, partido ou organização, mas de uma idéia, de algo abstrato, de um crime. Não se luta contra "o estupro", se luta contra o estuprador, para reduzir ou eliminar o crime de estupro. O mesmo vale para assassinatos e etc.

Claro que é um eufemismo, no fim se está combatendo as causas, mas no caso específico da corrupção, me parece que os grupos que se mobilizam lutam em si contra a tal "corrupção" apenas quando atinge seus inimigos.

Não me recordo de protestos semelhantes quando FHC era presidente - e não adianta falar que a internet não era tão forte, pois protestos sempre existiram mesmo antes da internet sequer existir -, e nunca vi nenhum desses protestos ser direcionado contra governos do PSDB.

Da mesma forma que, do lado do governo, não vejo petistas e governistas apoiarem nada que possa atacar os interesses governistas. Apoiam um "Fora Perillo", mas aposto que jamais fariam o mesmo num "Fora Agnelo". E vice-versa.

Em AMBOS os lados transparece não só ideologia, mas muita falta de ética, caroneirismo e muita cara de pau.

Cada grupo protesta apenas contra o outro e por mais que até esteja presente algum grupo mais independente, acaba indo a reboque do interesse daqueles que organizaram os protestos. E aqui faço uma crítica ao PSOL, que enbarcou nesses protestos se perdendo em seu papel de oposição, que deve ser de esquerda e não aliada com a direita.

O problema aqui nem é, em si, "ideologia", mas (falta de) caráter. E neste bolo vai uma imensa quantidade de pessoas até bem intencionadas, mas inocentes, que protestam "contra a corrupção" sem se perguntar porque só andam protestando contra a corrupção de um lado e não de todos.

Faz muito mais sentido que se proteste contra aquele ou aquela corrupto(a) exigindo claramente algo (prisão, perda do mandato, restituição, etc), a favor de medidas para coibir a corrupção e etc, ainda que, claro, tudo isto sempre esbarre no probleminha do mau caratismo político-ideológico-partidário do "meu lado sempre é honesto", mesmo que não faltem provas do contrário.

Para resumir a questão do parágrafo anterior basta apenas analisar como o PT se recusa sequer a dsicutir Mensalão, o PSDB/DEM não quer ouvir bno Cachoeira (ainda que respingue no PT e em aliados) e ninguém quer saber da CPI da Privataria, já que o PT/PCdoB/Governo resolveu fingir que tinha interesse em tocar a CPI, mas viu que, por também privatizar e por possivelmente tambem estar metido na lama, poderia respingar.

E a militância que antes apoiava as CPI's (como a do PT no caso da Privataria), mudou o discurso ao primeiro estalo de dedo governista como se jamais tivessem tocado no assunto.

Como se vê, todo mundo é contra corrupção desde que seu lado não esteja envolvido, aí a corrupção simplesmente deixa de existir.

Trata-se, enfim, de dois lados bem definidos, com muita gente flutuando, inocente, no meio, massas de manobra de partidos e grandes movimentos que enxergam corrupção apenas no outro lado, quando na verdade, ambos são igualmente podres.
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