Fora... Mas pra onde? |
Sei não, sei não. Enquadrar os outros nessa ou naquela ideologia é tão importante assim? Quem reclama de excesso de ideologia não tem lá sua razão, ao apontar uma inversão de prioridades?Ao que respondi:
O problema de se dar muita importância à ideologia é virar ideomaníaco -- o que é mais comum do que se imagina. Quando eu leio o Raphael (um cara do PSOL) ou o Flavio (um cara da CIA), por exemplo, eu me prendo aos fatos que eles trazem e argumentos que levantam, que podem ou não fazer sentido pra mim, não à "ideologia" de cada um. O cara pode se declarar de esquerda ou de direita, ou deixar os outros livres para o rotularem, mas sem se enganar achando que esse definição é o traço mais importante de uma personalidade, e sem se prender a um pensamento totalizante (vc é pró-cotas? então tem que ser pró-MST. vc apoia uma guerra contra a Síria? então vc tem que ser pró-Israel. etc, etc.). E, se fatos e honestidade na defesa de argumentos é o que importa, pra que se preocupar com os dados da "cateirinha ideológica" do sujeito?
E, sim, marchar contra a corrupção faz sentido e é importante. Pelo menos era quando a marcha era contra o Collor, e voltará a ser atestado de patriotismo quando os tucanos estiverem de volta à presidência (esperem só e vcs verão).
A questão é q mt's vezes - na maioria das vezes - a ideologia faz total diferença e pessoas, em geral, que tem de fato uma ideologia definida, tem um certo numero de semelhanças ou visões semelhantes com quem tem a mesma ideologia. Já no caso deste movimento e dessas amrchas, muitos são manipulados por quem tem ideologia clara, e é ligado a partidos, que leva muita gente inocente pra protestar "contra a corrupção", como se corrupção fosse um sujeito, uma pessoa ou entidade. Normalmente esse pessoal das marchas de hoje não sai pra protestar contra a corrupção do PSDB, só a do PT, assim como tem mt petista que vai pra marchas "Fora Perillo" e etc e não irá contra Agnelo (se houver). São babacas dos dois lados.E amplio:
Em seu post, o Alex acertou em cheio:
Existe uma regra simples para medir a seriedade de um indivíduo, grupo ou movimento político:Sua argumentação passa pelo óbvio de que ninguém é "a favor" da corrupção (talvez apenas os corruptos, ainda que jamais admitam), como ninguém é "contra" a família, ou a favor da morte de bebês (duas "críticas' infantis de religiosos contra defensores do casamento gay e/ou do direito ao aborto). Protesta-se contra algo que, enfim, todos são contra em tese. Contra uma idéia onde não há grande discussão sobre prós e contras.
Ele é contra algo que outros são a favor ou ele é a favor de algo que outros são contra.
Faz sentido uma marcha pela descriminalização da maconha… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que são a favor da maconha continuar proibida. (E vice-versa.)
Faz sentido um político fazer campanha com uma plataforma de trazer mais religião ao Congresso… porque existem de fato pessoas e grupos e movimentos que acham que o Estado deve ser mais laico. (E vice-versa.)
Você pode até discordar desses objetivos, mas são objetivos políticos válidos dentro da arena da vida pública.
Mas vou além.
Não faz nenhum sentido lutar contra "a corrupção". Ou mesmo contra o corrupto sem, porém, entender ou buscar o corruptor.
Não estamos falando de uma pessoa, entidade, partido ou organização, mas de uma idéia, de algo abstrato, de um crime. Não se luta contra "o estupro", se luta contra o estuprador, para reduzir ou eliminar o crime de estupro. O mesmo vale para assassinatos e etc.
Claro que é um eufemismo, no fim se está combatendo as causas, mas no caso específico da corrupção, me parece que os grupos que se mobilizam lutam em si contra a tal "corrupção" apenas quando atinge seus inimigos.
Não me recordo de protestos semelhantes quando FHC era presidente - e não adianta falar que a internet não era tão forte, pois protestos sempre existiram mesmo antes da internet sequer existir -, e nunca vi nenhum desses protestos ser direcionado contra governos do PSDB.
Da mesma forma que, do lado do governo, não vejo petistas e governistas apoiarem nada que possa atacar os interesses governistas. Apoiam um "Fora Perillo", mas aposto que jamais fariam o mesmo num "Fora Agnelo". E vice-versa.
Em AMBOS os lados transparece não só ideologia, mas muita falta de ética, caroneirismo e muita cara de pau.
Cada grupo protesta apenas contra o outro e por mais que até esteja presente algum grupo mais independente, acaba indo a reboque do interesse daqueles que organizaram os protestos. E aqui faço uma crítica ao PSOL, que enbarcou nesses protestos se perdendo em seu papel de oposição, que deve ser de esquerda e não aliada com a direita.
O problema aqui nem é, em si, "ideologia", mas (falta de) caráter. E neste bolo vai uma imensa quantidade de pessoas até bem intencionadas, mas inocentes, que protestam "contra a corrupção" sem se perguntar porque só andam protestando contra a corrupção de um lado e não de todos.
Faz muito mais sentido que se proteste contra aquele ou aquela corrupto(a) exigindo claramente algo (prisão, perda do mandato, restituição, etc), a favor de medidas para coibir a corrupção e etc, ainda que, claro, tudo isto sempre esbarre no probleminha do mau caratismo político-ideológico-partidário do "meu lado sempre é honesto", mesmo que não faltem provas do contrário.
Para resumir a questão do parágrafo anterior basta apenas analisar como o PT se recusa sequer a dsicutir Mensalão, o PSDB/DEM não quer ouvir bno Cachoeira (ainda que respingue no PT e em aliados) e ninguém quer saber da CPI da Privataria, já que o PT/PCdoB/Governo resolveu fingir que tinha interesse em tocar a CPI, mas viu que, por também privatizar e por possivelmente tambem estar metido na lama, poderia respingar.
E a militância que antes apoiava as CPI's (como a do PT no caso da Privataria), mudou o discurso ao primeiro estalo de dedo governista como se jamais tivessem tocado no assunto.
Como se vê, todo mundo é contra corrupção desde que seu lado não esteja envolvido, aí a corrupção simplesmente deixa de existir.
Trata-se, enfim, de dois lados bem definidos, com muita gente flutuando, inocente, no meio, massas de manobra de partidos e grandes movimentos que enxergam corrupção apenas no outro lado, quando na verdade, ambos são igualmente podres.