quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Jornalista Lino Bocchini, da Falha de São Paulo, novamente censurado

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A censura não é algo incomum ao jornalista e blogueiro Lino Bocchini. Responsável, junto com seu irmão, pelos blogs satíricos Falha de São Paulo, censurado pelo jornal Folha de São Paulo, e Desculpe a Nossa Falha, foi mais uma vez censurado, desta vez pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, canal que pertence ao Estado de São Paulo, governado pelo PSDB, de centro-direita.

E-mail recebido por Lino Bocchini oficializando o convite ao programa Roda Viva
Há dias anunciando sua participação no programa de entrevistas que é conhecido pela qualidade das entrevistas feitas, Lino recebeu poucas horas antes do programa que sua participação havia sido cancelada pelo que muitos consideraram uma péssima desculpa:
@LinoBocchini: Acabo de ser cortado do @rodaviva de hoje. A justificativa foi que "tinha um entrevistador a mais"
E acrescentou:
@LinoBocchini: Não pedi pra ser convidado. Gentilmente aceitei ir ao @rodaviva do Mainardi. E agora me cortam com a desculpa de q "tinha um a mais". Ã-hã
Apenas poucas horas antes, ele havia tuitado confirmando sua participação:
@LinoBocchini: A convite da @tvcultura, hoje às 22h tô na bancada do @rodaviva para entrevistar Diogo Mainardi http://goo.gl/vCDh8
Print feito por Lino Bocchini da página do Facebook da jornalista Mona Dorf confirmando sua particpação horas antes de ser "desconvidado".
O jornalista Igor Ribeiro foi outro a duvidar da desculpa dada pela TV Cultura, assim como o blogueiro Dafne Sampaio:
@Igorvribeiro: O @linobocchini foi convidado para entrevistar o Mainardi no @rodaviva e, depois, desconvidado. "Tinha um a mais", disseram. A ver...
@Dafnesampaio: o @linobocchini foi cortado do @rodaviva com o mainardi porque tinha "um entrevistador a mais".e pascowitch entrou no lugar... quer dizer...


Lino estava escalado, junto com outros 5 jornalistas para entrevistar o escritor e colunista Diogo Mainardi, conhecido por suas posições de extrema-direita publicadas semanalmente na revista sensacionalista Veja e no programa Manhattan Connection, na TV a cabo. O site do programa Roda Vida explicou:
Mainardi ficou conhecido pela coluna política que manteve na revista Veja por aproximadamente de 10 anos. Nela, criticava com veemência a sociedade brasileira e, principalmente, o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem escreveu o livro Lula é minha anta. Além de escritor, colunista e comentarista do programa Manhattan Connection, se aventurou no cinema assinando roteiro de filmes como 16060 e Mater Dei, ambos dirigidos pelo seu irmão, Vinícius Mainardi.
E sobre a composição da bancada de jornalistas, acrescentou:
Nesta edição, o Roda Viva conta com os seguintes entrevistadores: Michel Laub (jornalista e escritor), Rodrigo Levino (editor-assistente do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo), Rinaldo Gama (editor do caderno Sabático, do jornal O Estado de S. Paulo), Mona Dorf (colunista do portal IG) e Joyce Pascowitch (jornalista e diretora do Grupo Glamurama). [Além do apresentador, o jornalista Mario Sergio Conti]
Conhecido por suas posições políticas de esquerda e por não se alinhar ao jornalismo praticado pela grande mídia, acredita-se que Lino tenha sido "desconvidado" do programa para não causar desconforto ao entrevistado, de posição ideológica oposta e igualmente polêmico. A jornalista Cynara Menezes comentou:
@Cynaramenezes: para entrevistar diogo mainardi, @rodaviva convidou e desconvidou @linobocchini, o único abertamente crítico à mídia. mainardi teve medinho?
O portal Comunique-se entrevistou Lino Bocchini:
Bocchini conversou com o Comunique-se e explicou que na última sexta-feira, 17, recebeu formalmente o convite para participar do programa e o livro de Mainardi, que será abordado como tema durante o encontro. Além disso, hoje pela manhã a produção confirmou o carro que o pegaria na revista Trip. "Logo depois me ligaram dizendo que tinham cancelado a minha participação, pois o programa só poderia ter cinco participantes. Então questionei, pois na lista só tinha cinco mesmo".
Logo após ser desconvidado sob a desculpa de que haveriam "jornalistas demais" na bancada para entrevistar Mainardi, o programa Roda Viva anunciou que a jornalista Joyce Pascowitch, que não constava da lista original de participantes, havia sido convidada, jogando por terra a versão de que havia excesso de jornalistas, e dando mais força para as diversas teorias que se espalharam pela rede.
Lino Bocchini escreveu em seu blog, Desculpe a Nossa Falha, sobre conversa telefônica que teve com o jornalista Mario Sergio Conti:
Se foi isso mesmo, porque justo eu fui cortado? “Pra dar mais diversidade ao programa”, responde Mario. Ainda argumento que, se o critério era dar mais diversidade, na bancada tinham dois jornalistas com o mesmo perfil: da área de cultura de grandes jornais do Estado. Ele desconversa, e diz que a Joyce era “mais adequada”.
Foto tirada por Lino Bocchini e postada em seu Twitpic onde mostra o envelope que recebeu da TV Cultura com exemplar do livro do Diogo Mainardi que deveria ler para a entrevista. Detalhe para o erro na grafia do sobrenome de Lino Bocchini.
Muitos apontam para o fato do jornal Folha de São Paulo manter um programa semanal na TV Cultura (também motivo de polêmica, por se tratar de um espaço cedido por concessão pública a uma empresa privada sem qualquer contrapartida ou concorrência) e pela revista Veja manter negociações para, também ela, garantir um horário na emissora paulista, no que ativistas chamam de privatização da TV Cultura.
Sobre o assunto, acrescentou o próprio Lino:
@LinoBocchini: Pô, ia ser divertido entrevistar o cara da @veja na @tvcultura, a TV que dá programa pra Folha e ainda... do lado de um cara da @folha_com!
E Caio Ferretti completou:
@caioferretti: E o @linobocchini, convidado pro @rodaviva de hj e desconvidado de ultima hora. Nota: ele faz paródia com a Folha, q tem programa na Cultura
Pro fim, o jornalista Thiago Ferreira resumiu a situação:
@manucaferreira: Liberdade de expressão? RT @linobocchini Acabo de ser cortado do @rodaviva de hoje. A justificativa foi que "tinha um entrevistador a mais"
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