CRUELDADE EM SOLO BRASILEIRO
Como alguns de vocês devem se
lembrar, no dia 18 de Janeiro de 2013, o cidadão espanhol (basco) JOSEBA
VIZAN GONZALEZ foi preso no Rio de Janeiro por portar documentos
falsos. A sua prisão repercutiu em diversos veículos de imprensa, não
pelo porte dos documentos falsos, mas sim por estar sendo acusado de
pertencer a um grupo militante armado na Espanha.
Joseba foi solto
depois de 2 meses na prisão, o seu caso está muito longe de ser um caso
policial. Joseba foi preso e torturado na Espanha por acreditar na
liberdade do seu povo e do seu País, o País Basco. Joseba é um
perseguido político, porém para a sua pátria mãe, a Espanha, ele seria
um fugitivo, mesmo nunca tendo sido julgado nem condenado.
Um dia
após sua prisão no Brasil, os pais de sua esposa (sogros de Joseba)
vieram a socorro de sua filha e neta no Brasil, para lhes prestar apoio e
ajuda neste momento tão difícil. Ambas se encontravam desamparadas em
solo brasileiro, sem qualquer apoio diplomático. Contando apenas com a
ajuda de alguns amigos que aqui fizeram nos 16 anos em que aqui viveram.
Os
sogros de Joseba iriam embora hoje, dia 02 de Abril, após 2 meses de
muita luta e sofrimento, mas iam felizes, pois Joseba estava fora da
cadeia, cumprindo pena alternativa, conforme lhe foi sentenciado por um
tribunal brasileiro, pois sua prisão era desproporcional ao único crime
ora cometido: falsidade ideológica, que se fez necessário devido a sua
situação de perseguido político em solo Espanhol.
JOSÉ MARCO
MUYOR, sogro de Joseba se preparava ontem, dia 01 de Abril, para fazer
sua última caminhada pelas ruas do Rio de Janeiro, para se despedir da
cidade. Estava com sua esposa e JOSEBA, quando sofreu um ataque cardíaco
fulminante. Joseba tentou sem sucesso reanima-lo, ajudado por alguns
bombeiros, e depois por agentes do SAMU. Foi encaminhado para a UPA –
Unidade de Pronto Atendimento de Botafogo por uma ambulância, mas já
chegou na unidade em óbito.
Mal sabíamos todos que o sofrimento
maior ainda estaria por vir. Uma família que fazia pouco tempo foi
destroçada por uma prisão injusta, sem julgamento ou condenação, que
passou as amarguras de buscar ajuda entre cidadãos brasileiros pois não
encontrou apoio no governo do seu país, começava um novo calvário.
Neste
dia 02 de Abril, acompanhei a esposa de Joseba na árdua missão de
liberar o corpo do pai no IML – Instituto Médico Legal no Rio de
Janeiro, lá fomos informados pelo policial civil JOSÉ que o corpo de
JOSÉ MARCO MUYOR só poderia ser liberado mediante uma autorização do
CONSULADO GERAL DE ESPANHA, do Rio de Janeiro. Por se tratar de um
cidadão estrangeiro, o procedimento seria padrão. Ainda lhe perguntei se
o Consulado Geral da Espanha saberia do que eu iria lhes pedir, no que
ele nos respondeu: “Com certeza, o plantão consular de todos os países
sabem que é procedimento padrão e para tanto será um documento muito
simples”. Estávamos de posse do passaporte de JOSE MARCO MUYOR e da sua
identidade Espanhola.
Rumamos eu e a esposa de Joseba para o
Consulado Geral de Espanha, situado na Torre Rio Sul em Botafogo, na
cidade do Rio de Janeiro. Chegamos ao local por volta das 12:30 do dia
02 de Abril, explicamos o que precisaríamos para que o corpo de JOSÉ
MARCO fosse liberado pelo IML.
Fomos atendidas pelo Sr. Afonso Castilho que nos informou que tal procedimento não existe.
Colocamos
o agente da Polícia Civil no telefone com os agentes consulares
espanhóis, quem sabe eu não estávamos lhes pedindo o documento correto?
De nada adiantou.
O Consulado Geral de Espanha disse que em nada
poderia nos ajudar neste assunto. Que apenas cuidaria de algum assunto
administrativo.
Voltamos a Polícia Civil do IML para entendermos o
que poderíamos fazer para acabar com este sofrimento, mais uma vez o
agente JOSÉ, estarrecido com a reação pouco usual por parte do Consulado
Geral da Espanha, o policial Civil brasileiro nos deu duas opções:
- Entrar na justiça brasileira através de um plantão judiciário para a liberação do corpo
OU
-
Aguardar o prazo de 72 horas de entrada no IML para que na presença dos
familiares e de outras duas testemunhas o corpo fosse liberado SEM
IDENTIFICAÇÃO, como INDIGENTE.
Não bastasse o sofrimento da perda
de um pai, um sogro, um avó, a família ainda passa pelo profundo
desgosto de ser IGNORADA POR AQUELES QUE DEVERIAM PRESTAR APOIO: O corpo
Consular do seu próprio País.
Em nenhum momento NENHUM MEMBRO DO
CONSULADO ESPANHOL se dispôs a tentar ajudar no problema, nunca foi lhes
dado um só telefonema, nenhum facilitador, nenhuma palavra, nenhum
apoio, nada.
À família ESPANHOLA lhes resta pedir SOCORRO ao
GOVERNO BRASILEIRO para tentar enterrar seu pai que TINHA SIM UM NOME,
não é um indigente, É UM CIDADÃO ESPANHOL, portador de todos os seus
documentos.
Essa atitude CRUEL, DESUMANA do Governo Espanhol para
com esta família me revolta, me entristece, me envergonha como SER
HUMANO. SE ESTA FAMÍLIA NÃO ESTÁ SOFRENDO UMA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA POR PARTE DO GOVERNO ESPANHOL, NÃO SEI MAIS O QUE ISSO PODE RIA SER.
Com
profunda tristeza suplico a ajuda do GOVERNO BRASILEIRO, suplico AJUDA
DOS DIREITOS HUMANOS, suplico ajuda dos órgãos competentes para que
possamos não só como pátria, mas como SERES HUMANOS, ajudar a cessar
tamanho sofrimento que aflige esta família.
Com esperança me subscrevo,
Irina Faria Neves
Rio de Janeiro, 02 de Abril de 2013
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A notícia não surpreende, por mais que seja inaceitável e asquerosa. O Estado Espanhol tortura mesmo aos mortos e suas famílias. Em sua vingança pessoal conra Joseba, um lutador pela independência de sua pátria, o regime espanhol tortura sua família, nega a seu sogro um enterro decente, nega o mero reconhecimento deste.
É simplesmente inaceitável que um Estado se preste a um ato cruel de vingança como este.
Joseba é um herói. Um lutador de sua pátria e de seu povo e por isto foi torturado e hoje sua família é torturada. Toda minha solidariedade a ele e a sua famílii e amigos.
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Atualização 04/04:
De Irina Neves, no Facebook:
Como
o governo espanhol não conseguiu deportação de JOSEBA para que fosse
torturado na Espanha, tenta agora a tortura psicológica. Mais uma vez
conseguimos fazer justiça, e JOSÉ MARCO, nosso querido Aita, vai poder
ser enterrado de forma digna. Obrigado a todas as manifestações de
carinho e apoio.
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quarta-feira, 3 de abril de 2013
Estado Espanhol tortura até os mortos... no Brasil!
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Estado Espanhol tortura até os mortos... no Brasil!
2013-04-03T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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