A Comissão da Verdade de São Paulo descobriu recentemente algo que muitos suspeitavam: Juscelino Kubitschek, ex-presidente do Brasil, foi assassinado pela Ditadura Militar.
Muitos suspeitavam ou mesmo sabiam, mas me parece marcante o desdém da mídia com a revelação.
Se por um lado é fato que a morte de Mandela seja um "evento" global, de máxima relevância e que mereça destaque nas "homes" dos jornais online e sites noticiosos, por outro é impressionante o rodapé a que foi relegada a notícia de que um presidente brasileiro foi morto por militares enquanto pregava a volta da democracia e combatia estes mesmos militares.
A notícia do assassinato de JK não figurou em destaque na ampla maioria dos portais e jornais online, com a exceção honrosa do El País que, apesar de ter versão em português, não é brasileiro. Este não teria, em tese, o famoso "rabo preso" com patrocinadores e com a própria história.
Como podemos entender este comportamento, este anti-jornalismo senão pela intenção clara e descarada dos principais jornais de esconder fatos que possam levar a novos questionamentos sobre seus papéis durante a Ditadura (ou mesmo em sua preparação)?
O problema não se limite à falta de destaque nas primeiras páginas, mas também à falta de comprometimento em levar à população os detalhes, os fatos, buscar debater o significado de tal descoberta (ou de tal afirmação de certeza histórica) para o país.
Não superamos a Ditadura. Não superamos a violência, a repressão, o comportamento midiático e parlamentar de superioridade frente ao povo. E jamais superaremos enquanto não for possível iniciar um debate amplo com todos os setores da sociedade sobre sua participação, colaboração e/ou resistência.
Jornais como o Estado de São Paulo ou a Folha de São Paulo apoiaram ativa e entusiasticamente o Golpe e a Ditadura subsequente, fato este narrado em livros de história, em blogs, mas que tais periódicos fazem o máximo esforço para esconder ou para baixar a poeira, sempre que em a tona.
Mais uma vez vemos a repetição do comportamento.
Não interessa à Folha ser novamente questionada sobre seu apoio à Ditadura. Não interessa ao Estadão ser questionado se sabia, na época, que JK havia sido morto pela Ditadura com a qual era conivente.
O questionamento a ser feito a diversos jornais é: Vocês sabiam e esconderam por décadas o assassino (no caso, o Estado Brasileiro) de JK?
Será que algum dia teremos esta resposta?
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
JK foi assassinado, o que a mídia tem a ver com isso? #DesarquivandoBR
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JK foi assassinado, o que a mídia tem a ver com isso? #DesarquivandoBR
2013-12-12T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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