segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ETA declara cessar-fogo permanente. Tradução do comunicado.

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Depois de meses de discussão, de intervenções de importantes atores internacionais, prêmios Nobel e mediadores, finalmente a ETA resolveu seguir o caminho traçado pelo Batasuna e declarou um cessar-fogo permanente, verificável e dentro dos Princípios Mitchell.

Parabéns a Paul Rios, à Lokarri, à mesa do Batasuna, aos membros da ANV e demais partidos nacionalistas/Abertzales e a todos que há meses vem lutando para que este dia chegasse! Em especial, parabéns à sociedade basca!

Agora é com a Espanha, com a França. O que farão agora Rubalcaba, Zapatero, Patxi López e os canalhas franquistas do PP? Acabou a desculpa para reprimir, oprimir, torturar e ilegalizar.

Resta saber se o Estado Espanhol se contentará com este passo, ou exigirá apenas a dissolução completa e, obviamente, que os membros do grupo se entreguem, como cães. Vale lembrar que o IRA percorreu o mesmo caminho que a ETA decidiu tomar agora. E bastou para o Reino Unido. Muito cuidado com os céticos e mal intencionados.

Chega de chantagem!

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Para conhecer mais sobre o conflito basco: Um olhar sobre o conflito basco e Sobre Euskal Herria
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A seguir a tradução da declaração da ETA, de 8 de janeiro, mas publicada hoje pelo diário nacionalista basco Gara [Nós].





Declaração da ETA

ETA, organização socialista revolucionária basca de libertação nacional deseja mediante esta Declaração dar a conhecer sua decisão:

Nos últimos meses, desde Bruxelas até Gernika, personalidades de grande relevância internacional e uma multidão de agentes políticos e sociais bascos salientaram a necessidade de dar uma solução justa e democrática ao secular conflito político.

A ETA concorda [com eles]. A solução chegará através de um processo democrático que tenha a vontade do Povo Basco como máxima referência e o diálogo e a negociação como instrumentos.

- O processo democrático deve superar todo tipo de negação e violação de direitos e deve resolver as chaves da territorialidade e o direito de autodeterminação, que são o núcleo do conflito político.

- Cabe aos agentes políticos e sociais bascos alcançar acordos para chegar a um consenso na formulação do reconhecimento de Euskal Herria [País Basco] e seu direito a decidir, assegurando a possibilidade de desenvolvimento de todos os projetos políticos, incluindo a independência.

- Como resultado do processo, a sociedade basca deve ter a palavra e a decisão sobre seu futuro, sem nenhum tipo de ingerência nem limitação.

- Todas as partes devem comprometer-se a respeitar os acordos alcançados e as decisões adotadas pela sociedade basca, estabelecendo as garantias e mecanismos necessários para sua implementação.

Por conseguinte:

ETA decidiu declarar um cessar-fogo permanente e de caráter geral, que pode ser verificado pela comunidade internacional. Este é o compromisso firme da ETA com um processo de solução definitivo e com o final da confrontação armada.

É tempo de atuar com responsabilidade histórica. A ETA faz um apelo às autoridades da Espanha e da França para que abandonem para sempre as medidas repressivas e a negação de Euskal Herria [País Basco].

A ETA não cederá em seu esforço para promover e realizar o processo democrático, até alcançar uma verdadeira situação democrática em Euskal Herria [País Basco].

GORA EUSKAL HERRIA ASKATUTA! GORA EUSKAL HERRIA SOZIALISTA! 
[Viva o País Basco Livre! Viva o País Basco Socialista!] 

JO TA KE INDEPENDENTZIA ETA SOZIALISMOA LORTU ARTE! 
[Sem Parar, Até a Independência e o Socialismo!]

Em Euskal Herria, 8 de janeiro de 2011-01-10 

Euskadi Ta Askatasuna [Pátria Basca e Liberdade] 

E.T.A.
Declaração em Castelhano (PDF).
Vídeo em Castelhano (Link).
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Princípios Mitchell:

"Em consequência, recomendamos que as partes em tais negociações afirmem seu compromisso total e absoluto com:

  • O uso de meios exclusivamente democráticos e pacíficos para resolver as questões políticas;
  • O desarmamento total de todas as organizações paramilitares;
  • Concordar que o desarmamento deve ser verificável por uma comissão independente;
  • Renunciar para si, e se opor a qualquer tentativa de outros, a usar a força ou ameaçar utiliza-la para influir no curso e nos resultados alcançadas nas negociações multipartidárias;
  • Comprometer-se a respeitar os termos de qualquer acordo alcançado nas negociações multipartidárias e a recorrer a métodos exclusivamente democráticos e pacíficos para modificar qualquer aspecto destes acordos com que se possa estar em desacordo, e;
  • Instar que os "castigos" como assassinatos e espancamentos terminem e tomar medidas eficazes para prevenir tais ações."
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