>>Vídeos no fim da postagem<<
Jornais como a folha de São Paulo não só desdenharam do protesto como (mostrarei em post mais amplo ainda esta semana) acabaram por apoiar claramente os nazi-fascistas reunidos. Em sua tentativa torpe de "equilibrar" os lados, de não tomar partido, acabaram por mentir descaradamente sobre os fatos, omitindo dados, escondendo quem realmente protestava a favor do Bolsonaro (gangues, grupos de ódio, etc) e nos proporcionando mais um momento ímpar de vergonha alheia com o pior do jornalixo do jornal da ditabranda.
Blogosfera ausente
Não que outros meios de comunicação não tenham tentado diminuir a importância ou falsear a verdade, se negando a dar nome aos criminosos fascistas. Mas o pior foi a pouca repercussão mesmo na blogosfera. Blogs tradicionais, grandes, pouco ou nada citaram sobre o episódio. Outros preferiram citar jornalões e pouco buscaram saber de fontes que estiveram presentes, membros do movimento social e mesmo políticos.
Já tem tempo venho criticando alguns grandes blogs por dedicarem espaço demais a notícias e análises estrangeiras, com amplo e irrestrito acesso através de jornais. Não falo em não publicar, mas também em dar acesso a nós, brasileiros, blogueiros independentes e não apenas promover o que já tem amplo acesso.
E este caso dos neonazis na Paulista é um exemplo deste problema, desta falta de visibilidade que pequenos blogueiros tem e que não conseguem quebrar a barreira. Ontem tive mais de 3500 acesso, um recorde, mas não se compara aos acessos de grandes blogs. O que eu tive em um dia, alguns tem em uma hora.
Não critico quem não teve coragem de ir até o protesto. Pensar em ficar cara-a-cara com nazistas não é fácil, ter medo é normal. Mas critico quem se acovardou nas críticas, quem calou, quem apenas foi atrás da grande mídia para saber o que aconteceu (ou seja, leram e ouviram mentiras) e não repercutiu a verdade.
O perigo que se aproxima, ou o que significou o protesto
Mas, enfim, aos que pensam não ser grande coisa o protesto, porque os nazi-fascistas não passavam de trinta, alerto: Quando, em nossa história recente, ao menos desde a revoada dos galinhas verdes (Integrallistas) ainda sob Getúlio Vargas, tivemos tamanha reunião de grupos tão diversos, como Fascistas, Carecas, Neonazistas, Integralistas e Nacionalistas em um mesmo espaço e com uma mesma bandeira?
Ano passado, no mesmo dia do primeiro beijaço organizado em apoio ao PNDH-3, um grupo de uma dúzia de Integralistas e Libertários se reuniram no MASP, mas era diferente. Os grupos sentiam-se incomodados com a presença do outro e, no fim, eram CONTRA algo, mas não tinham uma mesma bandeira.
Neste sábado, havia uma única bandeira: A família, através das palavras e atos de Bolsonaro. Por mais deturpada que seja a visão de família destas gangues violentas, elas acharam uma figura de liderança. Grupos que atuam à margem da institucionalidade saíram de suas casas para protestar por um deputado, por um discurso único. Mostraram a cara, forma ao centro da maior cidade da América Latina, num lugar lotado de policiais, demonstrar seu apoio a um político.
Não é pouca coisa.
Estamos falando de grupos que normalmente estariam se matando (gangues de fascistas, como os Carecas do Subúrbio, que te negros e nordestinos em seu meio lado a lado com neonazistas?), mas se uniram por uma causa, por uma pessoa. O que mais pode sair daí?
Não podemos subestimar esta pequena reunião, pois os que foram são ligados a grupos maiores que podem perfeitamente passar a agir de forma mais unificada se encontrarem uma liderança que os represente. Assim acontece na Europa, com partidos de orientação nazi-fascista se organizando e se legalizando, mas ainda mantendo a tropa de choque violentas nas ruas.
E não estou me precipitando, apenas aventando uma possibilidade que pode ser desastrosa para toda a esquerda, extremamente fragilizada nos dias atuais. ma parte acomodada, esperando que o PT faça tudo cair do céu, outra que diz ter orgulho de ser chapa-branca, soldadinhos disciplinados com orgulho e que agem como tropa de choque mesmo contra os movimentos sociais e uma parte dentro do PT, no PSOL e na Esquerda em geral que ainda tenta criar, inovar e combater. Hoje, a fragmentação da esquerda não se dá apenas em linhas partidárias.
Origens
Não estamos falando de um movimento ou de uma onda que surgiu agora, com Bolsonaro, mas do reflexo das eleições, em que José Serra se aliou com forças conservadoras da/e ligadas à Igreja Católica (como a TFP), atraindo outros grupos de caráter fascista para sua campanha, abrindo espaço para uma campanha baseada no ódio, no preconceito, no racismo e na homofobia. Marina Silva, a neopentecostal, foi a outra ponta de lança que, mesmo com discurso carregado de preconceito e medievalismo, conseguiu atrair parcela da classe média way of life, vazia, sem ideologia, que adotou o ecologismo - sem sequer saber do que se trata - como bandeira.
Juntos, estes dois candidatos consequiram quase metade dos votos, e também deram espaço e voz aos grupos mais conservadores da sociedade. Junte isto a uma mídia oligárquica, controlada por pouquíssimas famílias (ou por igrejas evangélicas, o que é ainda pior), com interesses próximos, senão os mesmos, que fez o possível para espalhar as mensagens de ódio o mais longe que podiam.
Assim que a eleição terminou, supostamente derrotados, os grupos oligárquicos voltaram a se mexer.
A Folha de São Paulo, o grupo de mídia mais sujo do país, em conjunto com a eternamente golpista Rede Globo, logo de cara passou a abrir espaço para que a extrema-direita manifestasse todo seu ódio contra nordestinos, pobres e afins. Não bastou a Ditabranda ou a Ficha Falsa da Dilma, Otavinho queria sangue.
Hoje, somos forçados a aguentar o mesmo discurso fascista da mídia, com um governo que nada faz para mudar a situação e com uma esquerda extremamente dividida. Enquanto isso, a direita se organiza, os neopentecostais desfilam o máximo de preconceito, racismo e homofobia que podem, e Bolsonaros ganham fama.
É hora de abrir o olho! Estamos diante do que pode ser o começo da reorganização da direita e da extrema-direita no país. Enquanto o PT caminha para o Centro e flerta com parte da direita (PSD, PP, PR, cia), a esquerda fica perdida, se batendo, sem ação.
------