segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Banalização dos protestos e Apartheid Social

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Eu já havia comentado ha alguns dias sobre a banalização dos protestos em curso no país.

Mas, para além disto, também é curioso notar o paradoxo do excesso de manifestações vazias e sem sentidos que acabam por banalizar este importante instrumento de pressão social e política ao mesmo tempo em que novas formas de protesto são tentadas dia após dia.

É realmente curioso - e lamentável - que protestos sérios e relevantes sejam criminalizados e esvaziados ao tempo em que futilidades mil ganhem projeção e o óbvio apóio da mídia, interessada em patrocinar o esvaziamento daquilo que não lhe convém.

É esta corrupção, aliás, que desvia o dinheiro que deveria ser usado na inclusão social, na inclusão dos marginalizados e que é desviada para os bolsos do vereador, do prefeito, do deputado....

No caso do Rio, além de tudo isto, temos uma guerra entre caciques, entre Cesar Maia, Cabral, Beltrame, os Garotinhos... Todos de uma maneira ou de outra ligados às causas da violência local.







Quando algum movimento, protesto ou manifestação sai na capa de um grande jornal, logo começo a duvidar das intenções e propostas do dito grupo. Se o PIG apóia então algo está errado. A edição de domingo da Folha de São Paulo estampa os "manifestantes" em sua capa e, como não é de surpreender, acaba por se declarar favorável à atitude do grupo.

Mesmo modus operandi adotado pelo O Globo para divulgar o grupelho burguês "Nove", que protestou contra a fraude do Enem. Isso mesmo, contra a fraude, não contra algo factual, visível, claro. Fizeram apenas o jogo DemoTucano, como é de se esperar dos filhos da elite.

No caso deste protesto no Rio - mais um de dezenas, alguns inclusive capitaneados por sub-celebridades -, é o mais do mesmo. Filhinhos de papai se encontram na Zona Sul, na praia, fazem um teatro, aparecem na TV, são capa de jornal e depois vão tomar banho de mar e voltar às suas vidas, como se nada tivesse acontecido.

Não estamos diante apenas da banalização dos protestos, dos protestos nonsense, mas do completo descaramento de uma classe média que  usa o espetáculo para fingir que se importa com alguém que não apenas os de sua classe.

Porque não sobem o Morro dos Macacos e protestam lá contra a violência policial? Ao invés disto ficam seguros, cercados pela polícia e pelos abutres do jornalismo (sic) Global ao lado de sua praia favorita, para onde vão depois, descansar, com o dever cumprido. O dever de fingir se importar, o dever de fingir agirem pela paz real e não pela sonhada pelos seus: Livre das favelas, da pobreza, mas não pela inclusão, mas pelo cercamento, pela repressão, pelo apartheid social.

A Classe Média não sabe contra quem ou o que protestar. Vota nos mesmos escroques de sempre e faz campanha de boca cheia para os mesmos políticos corruptos, interessados em privilegiar sua classe em detrimento do resto do povo. Como resultado criam um círculo vicioso em que os favelados se rebelam contra sua situação, em muitos casos, através da violência do tráfico.

As elites mais abastadas contam com a Classe Média para propagar seus delírios consumistas, para divulgar a mensagem profética d'O Globo e da Veja e para garantir a nulidade ou a atitude mais reacionária da classe.

Na falta de alternativas, de argumentos para sua própria ignorância, na falta de coragem ou decência para uma atitude corajosa a Classe Média protesta. Contra quem ou o que não sabem, mas se sentem realizados em atuar como arautos da paz e da decência.
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Comentários
3 Comentários

3 comentários:

Jorge Adamatti disse...

Grande Raphael,

Não só banalizados, como contra inimigos imaginários, os protestos hoje em dia são patrocinados por ONGs que só servem para desviar o dinheiro público, como o dinheiro arrecadado como doação, para os bolsos dos organizadores das ONGs.

Temos hoje um número absurdo de ONGs que recebem recursos públicos para auxiliar o governo, entretanto, o lado social do trabalho dessas ONGs não existe, não existem voluntários, todos são pagos, e muito bem pagos, o uso da verba pública, e do dinheiro arrecadado através de doações sejam de pessoas físicas ou empresas é desperdiçado, os organizadores destas ONGs não se importam em gastar dinheiro demais em idéias ruins quando um resultado semelhante ou até melhor poderia ser alcançado com um pouco de trabalho e um pouco de cérebro.

É muito fácil abrir uma ONG e alegar lutar contra inimigos imaginários como a violência, a pobreza, a fome, ou doenças e pestes. Isso é usado apenas para arrecadar doações e repasses de verba pública. Você já viu alguma ONG que luta contra a "violência" ensinar a comunidade (não só favelas mas bairros também) sobre "Neighborhood crime watch" e promover isso junto a polícia e a guarda civil municipal de qualquer lugar? Você já viu uma ONG que luta contra a pobreza e a fome fazer algo além de ajudar distribuir o bolsa família e alimentos, agasalhos ou coisas do tipo quando poderiam fazer como o Banco de Palmas* (pesquise é super interessante), e mais que isso, ONGs que fingem ajudar na luta por mais saúde pública que só fazem mutirões com médicos para ajudar o povo que precisa, mas ensinar a escovar o dente que seja, e o que a população pobre e miserável NÃO SABE, sequer o fazem.

É muito mais fácil protestar do que fazer algo a respeito de verdade, ainda mais se o inimigo for um Cavaleiro do Apocalipse incorpóreo e inexistente, que serve apenas em frases de efeito como "nossa ONG luta contra a violência urbana" e ajuda a recolher doações e repasses de verba pública.

Você meu amigo, está certíssimo em denunciar essa banalização dos protestos.

Marcelo Delfino disse...

Eu sinto falta daqueles protestos nacionalistas do MV-Brasil. Até o portal deles (http://www.mv-brasil.org.br) não é mais atualizado. O movimento se arrasta, sem recursos, porque vai de encontro aos interesses da elite egoísta a serviço do Governo Mundial.

Leonardo disse...

Bravo! Eu mesmo conheci uma advogada e dublê de radiojornalista que é dessas que "apóiam" essas "passeatas em favor da cidadania" e fazem mãozinha em forma de pombinha da paz. Em seu programa, a vigarista se dizia "uma mulher verdadeira e interessada na evolução humana". Eu era superadmirador dessa pessoa, a ponto de me oferecer como voluntário da emissora de rádio (aí tenho que reconhecer que foi babaquice minha). Depois, a sujeita, amedrontrada com a possibilidade de vínculo empregatício, começou a praticar ASSÉDIO MORAL, com gritos, constrangimentos e chantagens. No final das contas, tive todo um trabalho de radiojornalismo DESMERECIDO e DESVALORIZADO, sem nenhum reconhecimento. Não digo o nome da pessoa nem da emissora para não dar notoriedade a pessoas e emissoras medíocres. E assim caminha a humanidade, meus amigos. Essas manifestações na Praia de Copacabana com cruzinhas e carrinhos me revoltam demais por causa disso. Aspirante Matias neles!: vocês são tudo uma cambada de burguês f.d.p.!

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