Sai o Professor Carlos Lucas (MES/PSOL) e permanece Berna (CST/PSOL, próximos ao PSTU). Pairam dúvidas sobre se Berna apoiará Paim ou puxará votos para o PSTU. Aparentemente a decisão da Executiva do PSOL/RS não foi unânime e há descontentes.
Assim sendo, nosso partido, coerente com sua história e programa, comunica a decisão de retirar a candidatura do Companheiro Luiz Carlos Lucas, em perfeita consonância com a vontade individual deste militante, recomendando o segundo voto ao Senado em Paulo Paim.De um lado, é um acréscimo importante e significativo à campanha do Paim, um excelente senador e que, segundo a própria Luciana Genro, defende muitas das bandeiras do PSOL - e, além disto, aparentemente aceitou um acordo de três pontos com o PSOL relacionados à questões previdenciárias, um dos estopins da expulsão dos "radicais" do PT e formação do PSOL -, de outro, uma demonstração de maturidade política que, pessoalmente, eu jamais acreditaria poder vir do MES.
Seguimos nosso perfil, como Partido Socialista e necessário, preservando nossa independência, reforçando o chamado à militância para eleger Pedro Ruas governador, Berna Menezes para o Senado na reta final de campanha.
Claro, podemos mais pra frente descobrir que houve, na verdade, uma negociata, troca de cargos e favores, mas pelo que temos hoje, não podemos chegar a esta conclusão.
Preocupados com as pesquisas que tem indicado a possibilidade de Ana Amélia Lemos (PP) e Germano Rigotto (PMDB) serem os dois candidatos eleitos, Paim e PSOL vinham conversando nos últimos dias sobre a possibilidade que agora se concretiza.A decisão demonstra um profundo amadurecimento, e vem de uma das tendências mais desconectadas com os princípios do PSOL. É, sem dúvida, uma bela notícia. Ao invés do sectarismo que muitos acusam o PSOL de ter/ser bastião, uma atitude solidária que apenas fortalece a esquerda brasileira.
O PSOL resolveu apoiar Paim para que, junto com Luciana Genro, candidata do partido a deputada federal, o senador possa defender três pontos fundamentais: o fim do fator previdenciário, o reajuste das aposentadorias vinculado ao salário mínimo, e propostas contrárias aos “futuros ataques à previdência”, que, segundo o partido, se avizinham com as discussões sobre a reforma previdenciária.
A decisão foi tomada com votação na diretoria, hoje pela manhã, e decidida com 10 votos favoráveis e um contrário. Pedro Ruas, candidato do PSOL ao Piratini, anunciou a decisão, ressaltando que, apesar de algumas divergências com Paim, “nessa circunstância, com as candidaturas da direita ameaçando tomar um mandato que nós consideramos importante, e com o apoio e a total concordância do professor Lucas, resolvemos chamar o segundo voto do PSOL para o senador Paulo Paim”.
Mas o ponto mais importante da decisão talvez seja não só a superação do sectarismo de algumas alas do PSOL, mas a lição que o partido dá nos que acusam sua totalidadede um sectarismo que caberia melhor no PCO. Muitos acusam o PSOL de absurdos inaceitáveis, até mesmo de jogo da direita e, neste momento, a lição foi dada, e de forma magistral.
No Twitter li diversas reações. A maioria favorável à decisão do partido, mas muitos revoltados, inconformados com a decisão de apoiar um partido que chamam de traidor. Um sectarismo grotesco.
Claro, acredito que não é o momento para ufanismos deslocados. Se por um lado é acertada a decisão de buscar reaproximar a Esquerda, por outro ainda precisamos saber de todos os detalhes da decisão. Do que foi negociado. Do que está efetivamente por trás do acordo.
Acredito que a decisão possa ser debatida, discutida e questionada. É legítimo. Mas outra coisa é o sectarismo que defende um pseudo-purismo de candidaturas. Um purismo, aliás, que impediu até mesmo uma aliança entre as esquerdas (PSOL, PCB e PSTU).
Seriam justos argumentos tais como o de que não seria o momento para tal aliança, ou mesmo de que Paim não representaria bem as bandeiras do PSOL, mas outra coisa é o ataque nonsense, é deixar de bandeja uma importante vaga no Senado nas mãos de Ana Amélia ou Rigotto.
O PSOL teve a compreensão de que, mesmo não sendo absolutamente ideal apoiar o PT, que é sim possível negociar acordos de possibilidades e abrir mão do sectarismo e do purismo e pensar no que pode ser melhor para os trabalhadores, para o estado e para o país. Se a reclamação de alguns de que Paim não é perfeito, o melhor, sem dúvida não irão discordar que as opções possíveis existentes são ainda piores.
Agora resta apenas esperar para ver qual será a reação da militância como um todo quando a notícia se espalhar e se resultará em alguma mudança nas urnas em favor do Paim.
Ao ser questionado se as críticas do PSol contra o PT e a candidatura de Tarso Genro vão ser mantidas, o presidente do PSol afirmou que "nada muda". De acordo com Roberto Robaina, a solidariedade a Paim se dá através de um encontro de divergências que o PSol e o candidato têm com relação, inclusive, a práticas do PT. O PSol ainda não definiu se vai ceder os espaços de rádio e TV ao petista. Em nota à imprensa, uma minoria de correligionários do PSol se mostrou contrária à decisão.Mas o saldo positivo está claro, a superação da infantil birra entre PT e PSOL que, embora sejam efetivamente diferentes, podem encontrar pontos em comum se assim buscarem. O sectarismo exacerbado não leva a lugar algum e apenas facilita para a direita a entrada no parlamento e o fortalecimento de suas posições.
Seria ideal que outros partidos de esquerda dessem passos semelhantes, buscando acordos sérios que aproximassem as bases e viabilizassem acordos contra a ascensão da direita em alguns estados. De forma alguma as diferenças entre os partidos seria anulada, mas seria possível a construção de bases mais sólidas de diálogo e aproximaria as esquerdas, propiciando futuros diálogos.
Mas algo que não podemos esquecer é que gestos como este do PSOL não podem nem serão corriqueiros. Abrir mão de uma candidatura não é algo que se faça apenas por boa vontade, mas apenas depois de profunda reflexão e comprometimento de ambas as partes.
Alguns já começaram a criticar o PSOL por ter tomado esta decisão no RS, mas não apoiar o Lindberg no Rio. São situações totalmente diferentes. Lindberg não tem um décimo da história de Paim, apenas para evitar ir muito além nas críticas quanto ao caráter do primeiro e suas alianças.
Esta decisão foi inédita e é absolutamente política. Não virou oba-oba.
O PSOL, porém, permanece como um partido visivelmente dividido e contraditório. Mas deu um passo tremendo no caminho de uma composição real de esquerdas e demonstrou profundo respeito pelo eleitor, pelo povo.
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Update:
O PSOL do Ceará chiou da decisão. Os pontos alencadosm enfim, são válidos. E agora?
Nota da Executiva Estadual do PSOL CEO PSOL Ceará manifesta seu desacordo com a posição política da Executiva do PSOL Rio Grande do Sul relacionada à disputa do Senado. Retirar uma das candidaturas ao Senado para apoiar a reeleição de Paulo Paim do PT é desrespeitar nossas resoluções da conferencia eleitoral e do estatuto.O documento apresentado pela III Conferência Eleitoral do PSOL declara que: “...A conjuntura atual, em cenário de falsas polarizações políticas para enganar o povo brasileiro, impõe a necessidade de se construir a unidade na esquerda socialista...” e logo adiante delimita esta esquerda no campo partidário: “ ...O PSOL conclama à unidade e à disposição necessária para se construir uma Frente de Esquerda como na exitosa unidade conquistada nas eleições de 2006 com o PSTU e PCB, e buscando os movimentos sociais e ecológicos autênticos...”. Nosso programa esclarece em que campo político se localiza esta Frente de Esquerda, ao pautar a independência política da classe trabalhadora.As chapas apresentadas pelo PT nessas eleições representam o governo de coalizão de Lula, e, portanto a candidatura Paim expressa os compromissos com o projeto de desigualdade social, concentração de renda e enriquecimento das elites políticas e econômicas. Paulo Paim é favorável à transposição do rio São Francisco e apresentou voto favorável à liberação dos transgênicos. Em 2003, votou a favor da reforma da Previdência, a mesma que motivou a ruptura e expulsão de diversos militantes petistas que agora encontram-se no PSOL. Votar Paim é enfraquecer o PSOL e nossas candidaturas, sobretudo ao do nosso valoroso camarada Plínio de Arruda.O PSOL deve manter a sua posição de completa independência e oposição ao governo federal. Devemos ser uma alternativa de esquerda à política vigente no país. Portanto, não devemos submeter nosso partido a nenhuma aliança, seja formal ou branca, a nenhum candidato ou partido que não esteja comprometido com o programa da esquerda socialista e democrática. Logo, reinvidicamos que a Executiva Nacional do Partido se manifeste para vetar tanto a iniciativa já criticada no Rio Grande do Sul, mas também o apoio informal ao PTB no Amapá.Fortaleza - CE, 27 de setembro de 2010