O título é parte da musiquinha cantada em coro por todas as demais tendências presentes ao Congresso do PSOL no fim-de-semana passado. E é a mais pura verdade, ao menos pela tremenda demonstração de sectarismo continuada. E, pelo que se vê, a posição do MES permanece a mesma, a de rachar o partido e de se recusar a se submeter à vontade da maioria, provando que o PSOL é uma federação de partidos, mas não um partido.
Comento abaixo a carta de Roberto Robaina, uma das mais destacadas lideranças do MES, publicada no site da Deputada Luciana Genro e que é uma demonstração precisa do sectarismo e personalismos destacados pela chapa vencedora ao longo do congresso e que pode acabar por rachar irremediavelmente o partido nos próximo meses.
Balanço do Congresso do PSOL para os militantes
Reproduzo o texto assinado por Roberto Robaina de balanço do nosso congresso, com o qual estou de pleno acordo.Primeiro Rascunho de balanço do congresso do PSOLO balanço positivo da nossa intervenção no II Congresso do PSOL se materializa na enorme vitória que obtivemos: Heloísa Helena foi reconduzida à presidência do partido, graças à batalha política que travamos em unidade com o MTL, unidade esta que se consolidou na chapa apresentada para direção do partido, encabeçada por Heloísa Helena.
O bloco que construímos neste processo é extremamente representativo: Heloísa Helena, Luciana Genro, os presidentes do PSOL de Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Milton Temer, presidente da Fundação Lauro Campos ,o deputado estadual de SP Carlos Gianazzi, o deputado suplente do RS Geraldinho, os vereadores Elias Vaz, de Goiânia, Fernanda Melchionna e Pedro Ruas de Porto Alegre, Ricardo Barbosa de Maceió e valorosos militantes de vários estados.
Este bloco se constituiu com uma unidade firme e resoluta, conta com 40 % do partido e é encabeçado pela própria presidente do PSOL. Esta unidade não termina com o Congresso do partido.
Vamos seguir juntos no pós congresso travando na base a batalha política para que o PSOL que siga no caminho iniciado na sua fundação. Um partido de esquerda que dialogue com o povo, não apenas um partido de propaganda socialista, mas sim de combate, que lute para ter incidência real na conjuntura do país e não fique apenas fazendo discurso para a vanguarda. Um partido que aproveite as oportunidades, as fissuras na classe dominante para se credenciar junto ao povo, incentivar a mobilização e ajudar os movimentos sociais a se fortalecer para enfrentar os governos e a burguesia. A exemplo do que estamos fazendo no Rio Grande do Sul, onde o PSOL está no centro da luta política denunciando a corrupção do governo Yeda e desta forma ajudando os sindicatos a barrar os ataques aos direitos dos trabalhadores e o desmonte do Estado.
Nosso bloco conseguiu derrotar a articulação dos defensores da tese Novos tempos para o PSOL (APS e Enlace) para tirar Heloísa Helena da presidência do partido.
Chapa 1: APS/CSOL/ENLACE/REVOLUTAS/TLS/Rosa do Povo/Independentes 182 votos
Chapa 2: CST/CSR/Bloco de Resistência Socialista/Trotskystas 36 votos (Corrigido: 38 votos)
Chapa 3: MES/MTL/Independentes do Rio 156 votos (Corrigido: 152 votos)
Aprox. 374 votantes (Corrigido: 372 votos)
Vejam bem qual foi a chapa vencedora. Uma dica, NÃO foi a do MES/MTL, ou seja, não foi a chapa do Robaina, da HH, da Luciana....
Para os militantes, discursos inflamados em defesa da candidatura de Heloísa à presidência da república, nos bastidores a intenção de removê-la da presidência do partido. Aqueles que mais insistiam em votar uma resolução indicando Heloísa como candidata à presidente da república negaram-se a indicar, de modo unitário em uma votação em separado, Heloísa como presidente do partido.Bem, não foi o que vimos no fim. A chapa vencedora abriu mão de sua indicação. A unidade do partido veio antes do sectarismo e do personalismo.
Durante o Congresso chegaram ao cúmulo da agressão contra Heloísa, promovendo uma “ocupação” do palco da mesa do congresso para constranger Heloísa com uma votação a favor do aborto. Queriam obrigar Heloísa a defender o que ela não acredita, da mesma forma que o PT tentou nos obrigar a votar a favor da reforma da previdência. Embora o mérito seja totalmente diferente, pois a discriminalização do aborto é uma bandeira justa, o método da coação é inaceitável em qualquer caso.
A “nova maioria” que dizia se conformar em defesa da pluralidade e da democracia interna mostrou-se autoritária e desrespeitosa. Depois deste episódio, que nos obrigou a retirar-nos temporariamente do Congresso, eles recuaram da tentativa de remover Heloísa da presidência do partido. Já não tinham como sustentar os ataques e nem como explicar à base do partido por que nossa principal porta voz, aquela que todos queremos ver disputando a presidência da república, não mais seria presidente do partido.
Heloísa Helena encabeçou a chapa do MES – MTL e independentes (grupo de Milton Temer e grupo do deputado Gianazzi de SP), e embora nossa chapa tenha tido 30 votos a menos que a chapa da APS, Enlace, CSOL e deputado Raul Marcelo, indicamos a presidência do partido.A chapa 1, repito pela milésima vez, manter a unidade do partido. Sem sectarismo ou personalismo.
Erro básico de análise de conjuntura. Talvez cegueira. Não quero pensar em má fé e oportunismo. Realmente prefiro pensar que é só inocência ou falta de tato. Mas é difícil aceitar de boa vontade que realmente o Robaina tenha dito tal barbaridade. A Chapa 1, a vencedora, agindo de boa fé e pela unidade, abriu mão de indicar alguém - Plínio, Ivan, tantos outros! - e recebe em troca uma apunhalada: "Não tem quadros", não tem legitimidade"!
O fato da chapa 1 não ter indicado o presidente do partido foi um claro recuo diante da evidência de que nenhum outro dirigente teria a legitimidade que tem Heloísa para ser presidente do PSOL. Felizmente os companheiros se deram conta disso a tempo.
Pois, vejam, a legitimidade da chapa vencedora se deu pelo simples fato de ter saído vencedora, de ter a base ao seu lado! Mas, realmente, eu mesmo vejo Heloísa Helena como presidente natural, é figura pública, notória, reconhecida e está em seu ambiente como figura pública da legenda - ainda que deva se adequar à base do partido em certas posições - mas de forma alguma sua indicação se deveu À qualquer falta de legitimidade do outro lado. É um argumento falso e absurdo.
Esta foi uma grande vitória política. O PSOL segue comandado por aquela que é a nossa maior guerreira, o símbolo da luta sem quartel contra o PT e o PSDB, aquela que não vacilou na luta contra a reforma da previdência, que confrontou Lula desde o primeiro momento contra Sarney e Henrique Meirelles, que conduziu o nosso partido nestes 5 anos de forma vitoriosa, fazendo do PSOL uma referência para amplos setores de massas que graças a nossa denúncia permanente “dos segredos profissionais” dos políticos corruptos sabem que o PSOL não faz parte deste balcão de negócios.
Concordo que seja referência, é a mais pura verdade, mas nem de longe é a maior ou única líder e figura relevante. Ela talvez personifique muitas das qualidades que os militantes desejam na liderança mas TODOS os uqe foram expulsos do PT e que se integraram ao PSOL para continuara luta, o uque entraram depois mas estão comprometidos com a luta Socialista são igualmente guerreiros. Igualmente não vacilaram, fundaram o PSOL, correram atrás da base, lutam e continuarão lutando.
Este personalismo lembra o PT. Lula´e o líder incontestável, personifica a luta, é o maior guerreiro. São os mesmos argumentos que o PT usa quando trata de seu líder inconteste. É isto que quer o PSOL? Ser um PT parte 2?
Heloísa Helena é uma grande figura, uma grande líder mas não é insubstituível, não é a única nem a maior. Não existe o maior, existem OS maiores, AS maiores, TODOS e TODAS as militantes que doam seu tempo, suas vidas ao partido.
Todos sabemos que o II Congresso do PSOL foi precedido de uma dura luta política. Todos os que participaram de alguma plenária escutaram os companheiros da APS e de outras correntes acusarem o MES de não dar bola para a crise econômica e só centrar na questão da corrupção.Não sei quanto às plenárias mas durante todo o congresso o MES realmente não falou só em corrupção. Também elevou Heloísa Helena à categoria de deusa. Realmente, está errado.
Mas, falando sério, o falso moralismo e a corrupção dominaram o discurso do MES. É um fato.
Na folha de SP de hoje Ivan Valente repete este discurso, acrescentando que a sua chapa “vitoriosa” no congresso vai além “porque para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda”.Alguém compreende o porque das aspas? Preciso colocar aqui de novo o resultado do Congresso? 182x156 votos para a chapa do Ivan Valente?
E, realmente, tem que ser de esquerda para ser contra a corrupção? não falo dos DemoTucanos que são de direita e tão corruptos quanto os que acusam, mas esta falsa-moralidade de "só a esquerda é anti-corrupção" é, no mínimo, ridículo.
Após meses de uma falsa polarização entre os que supostamente não dão bola para a crise e os que a denunciam, a declaração de Ivan pós congresso permite-nos identificar uma divergência importante sobre o tema da corrupção. Para nós a bandeira da luta contra a corrupção é da esquerda, está nas mãos da esquerda, e só a esquerda pode ser conseqüente nesta luta.Se estivermos falando da luta meramente parlamentar, eleitoral, realmente. No congresso só o PSOL tem legitimidade para falar do assunto. Mas a vida não se imita ao parlamento.
É PSOL e não o DEM que pode , e já está se credenciando junto ao povo por denunciar a corrupção.No parlamento, é verdade.Mas, cá entre nós, afirmar que no mundo só os de esquerda são honestos não é mais sectarismo, é fanatismo religioso.
Outros podem fazer discursos mas que não se sustentam pela sua história passada e a sua prática presente. Parte da nossa tarefa política é demonstrar ao povo esta incoerência, o que só pode ser feito se formos os primeiros e os mais combativos na denúncia e na exigência de punição aos corruptos. Uma das razões pelas quais esta bandeira é tão importante para o PSOL é justamente porque não podemos deixar que o povo se engane achando que “para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda. ” É necessário sim!Acusação séria! Então todo e qualquer indivíduo identificado com a direita ou o centro é corrupto ou defende a corrupção enquanto prática legítima?
Além disso, sabemos que a melhor forma de lutar contra a crise – e não só fazer propaganda dela – é encontrar as bandeiras que mais mobilizam o povo, sabendo que a crise econômica também se expressa numa profunda crise moral pois a burguesia se utiliza de mecanismos corruptos para sustentar seus lucros e seus privilégios.Correto. Mas nem tudo. O erro, porém, é adotar uma só bandeira a do combate à corrupção, como tema central de campanha e de programa.
Por fim, o fato do nome de Heloísa Helena não ter sido oficialmente apontado como candidata a presidente da república não tem maior importância. Nem Dilma, nem Serra, nem Marina, nenhum dos prováveis candidatos foi ainda apontado oficialmente por seus partidos. Heloísa é nossa candidata natural e assim permanecerá até que seja realizada a conferência eleitoral do partido e a decisão final seja tomada. Não temos dúvida da importância da candidatura de Heloísa à presidência da república.
Não consigo enxergar, honestamente, nenhuma "naturalidade". Aliás, como já disse, esta "naturalidade" se esperava do PT em suas indicações do Lula.
São 3 meses de campanha eleitoral, um período curto mas importante para nos fortalecermos como uma alternativa de esquerda para o Brasil. Mas também acreditamos a companheira Heloísa tem todo o direito de explorar a possibilidade de se candidatar ao Senado, já que está em primeiro lugar nas pesquisas e se eleita obteria um mandato que colocaria o PSOL em outro patamar político dentro do Congresso Nacional durante 8 anos.
Exatamente meu ponto, como demonstrei em postagem anterior. Heloísa Helena está praticamente eleita para o Senado e seria muito melhor para o PSOL - que parece precisar de grandes vitórias para se firmar e se manter unido, enquanto federação - garantir uma presença forte numa das casas mais problemáticas e polêmicas. Melhor que apenas queimar um de seus mais visíveis e relevantes cargos em uma candidatura que, convenhamos, todos sabemos que não irá vencer.
É o momento de seguir o debate e principalmente de construir uma proposta programática. O MES deu sua contribuição apresentando um rascunho de 80 páginas, que foi distribuído no Congresso. Uma primeira contribuição ao debate, aliás a primeira e até agora única contribuição mais global apresentada ao partido , elaborado por uma Comissão Nacional do MES, que vai seguir trabalhando junto com a militância do PSOL que com certeza tem muito a contribuir nesta discussão.E o primeiro passo para seguir com o debate é não considerar um assunto de máxima relevância como não merecedor de atenção.
Além do debate programático, as principais tarefas que se colocam para a militância do PSOL após o congresso são: seguir a campanha pelo Fora Sarney com panfletos, cartazes, abaixo assinados; divulgação da luta pelo Fora Yeda, governadora corrupta do PSDB gaúcho, principalmente em SP território do PSDB de Serra; e engajar-se na batalha pela construção de uma nova central sindical, conforme a resolução votada no congresso. Além disso, temos a tarefa de apoio à luta do povo Hondurenho contra o golpe de direita, inclusive com a ida de uma delegação do PSOL ao país para participar da resistência.
É importante ressaltar também a vitória que foi a realização do seminário internacional, três dias antes do congresso, uma parceria da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL (dirigida pelo MES) com a Fundação Lauro Campos. Dirigentes revolucionários de vários países se fizeram presentes, com destaque para o líder da resistência Hondurenha, Gilberto Rios, dirigentes políticos, sindicais e parlamentares da Bolívia, do Perú, Colômbia, Venezuela, Argentina, além de representantes do NPA da França, do ISO dos EUA e intelectuais como François Chesnais e Jorge Bernstein.
Sectarismo desnecessário. Se a Secretaria de RI do PSOL é ou não do MES, que importa? Seria menos valioso o debate se a APS ou o CST fossem diretores da Secretaria?
Saudações, companheiro, que o MES consiga sair de seu isolamento sectário e dialogue, por mais doloroso que seja este diálogo. Façam pelo PSOL, pela base, pelo país.Saudações, Roberto Robaina