Presos os pastores que promovem verdadeira lavagem cerebral e de dinheiro dos "fiéis" e condenados por seu escancarado preconceito e homofobia, e internados os "fiéis" que repetem os mantras dos ódios de forma totalmente impensada.
Eu disse ha alguns dias:
De todas as campanhas difamatórias, nenhuma é tão nociva ou certeira quanto a propaganda dos evangélicos, deste câncer que se apropria do país e cresce cada dia mais, atentando contra o Estado Laico e contra as fundações do Estado.A necessidade de se derrotar estes bastiões de conservadorismo permanece, mais forte do que nunca. E, também, a necessidade de não ceder, não ceder frente à pressão de minoria barulhenta, mas digna apenas de desprezo.
Esta sim é a campanha que precisa ser mais fortemente denunciada e respondida. Mas com coragem e não com recuos vergonhosos, sob pena de atrair a malta reacionária, mas perder os verdadeiros impulsionadores da mudança.
Recentemente circulou pela mídia a notícia de que "Dilma escreverá manifesto se posicionando contra a descriminalização do aborto e o casamento homossexual". E, de fato, ela escreveu (comento no fim do post).
Não estamos diante apenas de um retrocesso nos direitos dos gays e das mulheres, mas diante da vitória do atraso, do fundamentalismo e do preconceito. Estamos dando de mãos beijadas o Estado à um grupelho de criminosos incapaz de compreender a modernidade e a vida em uma sociedade laica.
Segundo os "líderes" religiosos entrevistados (dentre eles políticos como Crivella, um verdadeiro atentado à Constituição brasileira), Dilma vetaria(rá) qualquer proposta que significasse garantir o direito de gays e das mulheres, iria(rá) manter viva a prática de descarada homofobia em igrejas e templos e não puniria(rá) estes crimes, mas os toleraria(rá) e referendaria(rá).
Alguns pontos:
Alguns líderes religiosos chegaram a garantir que, se eleita, ela vetará qualquer iniciativa que afronte algumas dessas pautas.Simplesmente vergonhoso.
"Ela não vai encaminhar nem sancionar qualquer coisa que ofenda os direitos religiosos, que descriminalize o aborto ou que promova o casamento homossexual", afirmou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).
- Qualquer assunto que traga um cisma, um abalo na cultura religiosa do país, ela vetará - afirmou.
Segundo o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma foi específica quanto a vetar qualquer item que cerceie a liberdade religiosa nos cultos. Isso é uma referência a um ponto do projeto de lei 122, pelo qual as igrejas temem não poder se manifestar contrariamente ao casamento homossexual, sendo enquadradas como homofóbicas.
Estamos trocando nossa decência por um acordo com o que há de mais retrógrado e vergonhoso no país.
Obviamente, muitos encararam esta notícia como mais um factóide do PIG, como algo nos moldes da morte do Tuma ou da Ficha Falsa.
Eu me sentiria muito mais confortável com uma declaração de Dilma sobre o assunto (ela já disse antes que a questão da União Civil não é religiosa), para enterrar de vez a boataria e demonstrar que não iria ceder frente ao atraso.
Chega a um ponto em que estamos apenas lutando contra o DemoTucanato, mas não lutamos a favor de nada. A idéia é evitar a completa destruição do Estado nas mãos da direita - agora aliada à mais extrema-direita fundamentalista -, mas não mais lutar por ideais ou propostas concretas.
Estamos diante de um status quo que até vem funcionando, mas que promoveu mudanças, é fato, mas cosméticas e longe de profundas. O sistema econômico e social permanece inalterado, as comunicações permanecem longe de democratizadas e o conservadorismo ainda grassa. Não superamos ou sequer ensaiamos a superação do capitalismo ou sequer atacamos o consumismo desenfreado - na verdade fizemos o contrário.
E, com os constantes recuos que vemos acontecer corremos o risco de continuar nisso. Nestas mudanças pontuais sem, porém, atacar outros grandes problemas do país.
Se, por um lado, o aborto e os direitos dos homossexuais não são assunto para serem debatidos com tom religioso em campanha, por outro são assuntos de máxima relevância e que precisam ser atacados. Por um lado é fato que não cabe ao presidente decidir, mas cabe ao presidente ser a força a impulsionar e bancar as transformações. E isto o Lula demonstrou que sabe fazer, ainda que tenha desperdiçado um tempo precioso tentando sobreviver à corrupção do próprio partido e a factoides inventados pela mídia.
Se não cabe ao presidente decidir, cabe à ele pressionar, sensibilizar, defender e se mostrar como líder das transformações, acima de religiões, de preconceitos religiosos e fanatismos.
O Kotscho compartilha de minhas posições - recomendo fortemente que leiam todo o post:
Que petulância, que falta de noção, que desrespeito! Quem pensam que são estas “lideranças de igrejas evangélicas” para exigir da candidata Dilma Roussef que assine uma “carta à nação” em troca do apóio eleitoral dos seus fiéis?
Os autoproclamados enviados de Deus querem que ela se comprometa, caso seja eleita, a vetar a união homossexual e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, na mesma linha da onda que já vêm fazendo em torno da descriminização do aborto.
[...]
Não vale a pena querer ganhar eleição a qualquer preço. A conta a ser paga, depois, é alta demais
Me assusta tal carta que Dilma se comprometerá a vetar qualquer matéria que vá de encontro ao preconceito religioso, que a Presidenta do Brasil seja - antes mesmo de ser eleita - refém de grupos mesquinhos e insensatos que se colocam acima dos direitos humanos e civis da população e contra questões de saúde pública, colocando seus dogmas acima do direito das mulheres e de outras minorias.
Se é verdade que estas foram eleições pautadas pelas mídias sociais, pelos blogs (Marina é um excelente exemplo), por outro é fato que nunca vimos uma corrente conservadora se aproveitar tanto desta mesma ferramenta para difundir seus ideais de ódio e preconceito.
Se é fato que a candidatura de Dilma vem sendo bombardeada, também é fato que pouco estamos fazendo para tirar a limpo a verdade. Muitos nos pedem para aceitar calados, dizem que não é o momento de criticar e etc, mas é sim o momento. Antes que documentos sejam assinados, que compromissos sejam firmados e que seja tarde demais, que tenhamos apenas que aceitar como fato uma guinada conservadora que não queremos.
Espero que a Dilma que iremos votar seja mais a que vimos na Band, sem recuos, partindo para o ataque, mantendo vivas as bandeiras que defendemos - apesar dos vários "poréns" - do que a Dilma em reuniões com padres e pastores, em igrejas e templos, cedendo ao atraso que estes representam.
Não podemos retroceder ou muito menos ficar onde estamos, precisamos avançar, aprofundar mudanças, aprofundar a transformação do país. Investir pesado agora em educação básica, em emprego (com redução de jornada sem redução de salários), em uma real e eficaz democratização da mídia, em banda larga e na defesa dos direitos humanos de TODA a população.
Nem um passo atrás no que conquistamos e nenhum recuo do que queremos.
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Eis que surge a tal carta. Lamentável.
Em seus 6 pontos Dilma recua de forma vergonhosa na defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais, se colocando claramente CONTRA a mudança da legislação sobre o Aborto, ou seja, contrária à ampliação dos direitos reprodutivos das mulheres. Obviamente que a linguagem dá margens a interpretação, mas a existência ou a mera necessidade de tal carta me enoja.
Outro recuo vergonhoso no PNDH3 que, se tomarmos a noção de "família" como pregam os fundamentalistas, então estaremos diante de um retrocesso doloroso, assim como com o PLC 122, sobre a criminalização da homofobia.
O que os crentes chamam de "família" não é, definitivamente, o meu modelo de família em uma sociedade decente e justa.
Dilma, basicamente, vetará o que considera "liberdade de culto", ou seja, a prática em si da homofobia! Está, pois, liberada a homofobia, não importe o quanto os movimentos LGBT tentem mudar isto.
Espero que as coisas saiam como disse o Edu, que seja mais tergiversação do que adesão.
Tanta luta dos movimentos sociais, dos movimentos LGBT, das mulheres para, no fim, serem apunhalados desta forma. Realmente, muito triste.