Duramente questionada por muitos, Ana de Hollanda falou, mas não disse nada. Sobre falta de pagamento dos pontos de cultura se limitou a dizer que o orçamento do ministério está comprometido e que não pagou porque não tinha dinheiro.
Ponto.
Oras, fico me perguntando, se eu estiver sem dinheiro e não pagar minhas contas corro o risco de ficar sem luz, água, telefone e posso até perder meu imóvel, não é mesmo?Mas se o MinC não paga suas contas, o que acontece? Nada. A Ministra pede desculpas - ou nem isso, pois ela se justificou, mas não se desculpou, coisas diferentes - e fica tudo bem.... pra ela! Porque quem precisa pagar as contas fica no prejuízo sem nem a promessa de que será pago.
Sobre burocracia, Ana de Hollanda bateu de frente com o grande Zé Celso Martinez, que por várias vezes a interrompeu para criticá-la pelas besteiras, absurdos e mentiras que contava. O mesmo Zé Celso fez um excelente discurso, questionando a gestão da ministra e sua falta de realizações ou mesmo de interesse me ouvir a classe artística (segundo ele forma 4 meses tentando contato e nada de resposta).
Zé Celso ainda criticou o encontro da Ministra com um emissário dos EUA para discutir copyright (os EUA defendem uma lei ainda mais rígida na proteção dos direitos autorais e na máxima criminalização de quem quer apenas ter acesso à cultura), ao que ela desconversou afirmando ser o Brasil país soberano.
Esta visita se deu ao mesmo tempo que a de Obama, que resultou na vergonhosa prisão de 13 militantes e no pedido - acatado - de Obama a Dilma para que o Brasil condenasse o Irã.
A certeza é a de que a ministra teve uma excelente conversa com o representante dos EUA, mas podemos apenas conjecturar se foi esta conversa que motivou o abandono completo dos anos de discussão sobre a reforma da LDA (Lei de Direitos autorais) e a re-criação da mesma reforma de forma analógica e anti-democrática.
No evento de ontem Ana de Hollanda disse que a razão da nova consulta (e abandono da anterior) vem da reclamação de alguns "grupos" insatisfeitos, que não se sentiram contemplados. Nenhuma palavra sobre QUAIS grupos e quais foram as reclamações. Se pudesse apostar eu diria: Gravadoras, distribuidoras e EUA. Além dos medalhões da música que ganham alto e não querem compartilhar.
O IDEC questionou a nossa atual LDA, a quarta pior do mundo, e a resposta única foi a de que o MinC está preocupado com a questão. A proposta do MinC, aparentemente, é a de querer sair do quarto para o primeiro lugar.
Questionada sobre o ECAD, Ana de Hollanda falou que seria uma boa idéia e que é estudada uma "supervisão" ao organismo, mas, claro, disse que é preciso ter em mente os limites legais. Tradução: não faremos nada, mas vamos fingir que trabalhamos.
Confrontada com a carta do Mobiliza Cultura, com várias críticas à gestão do MinC, a ministra preferiu dizer que não era com ela - mas direcionadas à Dilma - e escapar do incômodo de responder. Zé Celso, mais uma vez, criticou a ministra duramente por isto. Não fez nenhuma diferença, a carta foi ignorada.
Um exemplo de democracia,a reunião garantia dois minutos de fala para os críticos, mas deputados como Ênio Tatto e Telma de Souza falavam livremente - e puxavam o saco da Ministra.
Telma de souza, democrata nata que ameaçou processar o Eleitor 2010 por uma denúncia de que seu material de campanha atrapalhava o trânsito em Santos ao invés de dialogar e resolver o problema, tomou o microfone para usar e abusar de retórica stalinista, ameaçando claramente os críticos de Ana de Hollanda oa dizer que criticar a gestão do MinC é fazer coro à mídia e ir contra o governo.
Este expediente é antigo, usado mesmo por blogueiros fanáticos seja em períodos eleitorais ou apenas por costume, para calar a oposição. Coisas como "ou você está com Dilma ou com Serra" ou "não é hora de criticar pois a direita é forte" são faces do mesmo stalinismo que busca limitar o debate.
Minha cara Telma de Souza, criticar o MinC é criticar o... MinC e sua gestão desastrosa. Mas, se Dilma está efetivamente bancando esta gestão vergonhosa então sim, é criticar com toda propriedade a presidente que está dando um tiro no pé e contribuindo não só para afastar parte da militância como também contribuindo para destruir a cultura brasileira.
O que Telma de Souza tenta fazer é algo já conhecido, é o velho "cala-boca" stalinista internalizado por parte da esquerda - e da dita esquerda - brasileira.
Uma coisa é fato, Ana de Hollanda conta - ao menos publicamente - com total apoio das lideranças do PT. Desde o presidente do PT Rui Falcão até a presidente Dilma. Estes aparentemente não se importam com as críticas da militância, de muitos artistas e de quem está ligado à cultura digital.
Preferem continuar bancando uma figura que defende apenas os interesses de uma elite ligada à cultura e, pior, de gravadoras e grandes empresários, contra o grosso da população, que permanece alheia aos benefícios de uma cultura livre.
Não podemos compartilhar músicas, vídeos porque é crime, não podemos copiar livros para estudar porque é crime, não podemos nem cantar musicas em festinhas de aniversário, porque se não pagarmos ao ECAD, é crime. Todas as práticas culturais livres, o compartilhamento e a troca de cultura são consideradas ilegais e o MinC não dá mostras de que tentará mudar a situação.
Pelo contrário, a intenção é criminalizar ainda mais.
----
"Uma bolinha de papel me acertou!" |
Para completar, Ana de Hollanda - segundo o excelente blog Maria da Penha Neles - deve ter feito estágio com o Serra no caso da Bolinha de Papel.
Ao se retirar do auditório da ALESP, Ana de Hollanda, sempre muito democrática, mandou a PM "afastar gentilmente" os jornalistas que esperavam do lado de fora e saiu com as mãos na cabeça, como se tivesse sido atingida por uma bolinha de papel ou simplesmente quisesse, como criminosa, esconder o rosto.
Mas, segundo fontes locais me informaram, não passou de um passarinho cantor que deu uma bela
"Imprensa má, seus flashes me farão virar pó!" |
Ana de Hollanda só permite fotos suas se passando por toda a burocracia do MinC e pagando direitos... Só pode!