Quando, em nossa história recente, ao menos desde a revoada dos galinhas
verdes (Integrallistas) ainda sob Getúlio Vargas, tivemos tamanha reunião de grupos tão diversos, como Fascistas, Carecas, Neonazistas,
Integralistas e Nacionalistas em um mesmo espaço e com uma mesma
bandeira?
Falo do protesto dos Neonazistas na Paulista em defesa do Bolsonaro e da "família" no começo de abril, que contou com o óbvio apoio posterior da Folha de São Paulo.
Ano passado, no mesmo dia do primeiro beijaço organizado em apoio ao PNDH-3,
um grupo de uma dúzia de Integralistas e Libertários se reuniram no
MASP, mas era diferente. Os grupos sentiam-se incomodados com a presença
do outro e, no fim, eram CONTRA algo, mas não tinham uma mesma
bandeira.
Neste sábado, havia uma única bandeira: A família, através das palavras e
atos de Bolsonaro. Por mais deturpada que seja a visão de família
destas gangues violentas, elas acharam uma figura de liderança. Grupos
que atuam à margem da institucionalidade saíram de suas casas para
protestar por um deputado, por um discurso único.
Mostraram a cara,
forma ao centro da maior cidade da América Latina, num lugar lotado de
policiais, demonstrar seu apoio a um político.
Não é pouca coisa.
Estamos falando de grupos que normalmente estariam se matando (gangues
de fascistas, como os Carecas do Subúrbio, que te negros e nordestinos
em seu meio lado a lado com neonazistas?), mas se uniram por uma causa,
por uma pessoa. O que mais pode sair daí?
Não podemos subestimar esta pequena reunião, pois os que foram são
ligados a grupos maiores que podem perfeitamente passar a agir de forma
mais unificada se encontrarem uma liderança que os represente. Assim
acontece na Europa, com partidos de orientação nazi-fascista se
organizando e se legalizando, mas ainda mantendo a tropa de choque
violentas nas ruas.
E não estou me precipitando, apenas aventando uma possibilidade que pode
ser desastrosa para toda a esquerda, extremamente fragilizada nos dias
atuais. ma parte acomodada, esperando que o PT faça tudo cair do céu,
outra que diz ter orgulho de ser chapa-branca, soldadinhos disciplinados
com orgulho e que agem como tropa de choque mesmo contra os movimentos
sociais e uma parte dentro do PT, no PSOL e na Esquerda em geral que
ainda tenta criar, inovar e combater. Hoje, a fragmentação da esquerda
não se dá apenas em linhas partidárias.
Origens
Não estamos falando de um movimento ou de uma onda que surgiu agora, com Bolsonaro, mas do reflexo das eleições,
em que José Serra se aliou com forças conservadoras da/e ligadas à
Igreja Católica (como a TFP), atraindo outros grupos de caráter fascista
para sua campanha, abrindo espaço para uma campanha baseada no ódio, no
preconceito, no racismo e na homofobia. Marina Silva, a neopentecostal,
foi a outra ponta de lança que, mesmo com discurso carregado de preconceito e medievalismo,
conseguiu atrair parcela da classe média way of life, vazia, sem
ideologia, que adotou o ecologismo - sem sequer saber do que se trata -
como bandeira.
Juntos, estes dois candidatos conseguiram quase metade dos votos, e
também deram espaço e voz aos grupos mais conservadores da sociedade.
Junte isto a uma mídia oligárquica, controlada por pouquíssimas famílias
(ou por igrejas evangélicas, o que é ainda pior), com interesses
próximos, senão os mesmos, que fez o possível para espalhar as mensagens
de ódio o mais longe que podiam.
Assim que a eleição terminou, supostamente derrotados, os grupos oligárquicos voltaram a se mexer.
A Folha de São Paulo, o grupo de mídia mais sujo do país, em conjunto com a eternamente golpista Rede Globo, logo de cara passou a abrir espaço para que a extrema-direita manifestasse todo seu ódio contra nordestinos, pobres e afins. Não bastou a Ditabranda ou a Ficha Falsa da Dilma, Otavinho queria sangue.
Hoje, somos forçados a aguentar o mesmo discurso fascista da mídia, com
um governo que nada faz para mudar a situação e com uma esquerda
extremamente dividida. Enquanto isso, a direita se organiza, os neopentecostais desfilam o máximo de preconceito, racismo e homofobia que podem, e Bolsonaros ganham fama.
Mais ataques
Não surpreende que estejamos vendo um crescimento dos casos de ataques de Skinheads de extrema-direita. Não para de aparecer notícias na mídia sobre casos do tipo. É marginal agredindo gente no metrô, se envolvendo em brigas no Jabaquara e tudo sem que haja uma resposta.
E uma resposta que vai além da legal - lembrando que os criminosos são sempre soltos depois, seja por falta de provas ou porque talvez dar porrada não seja um crime que valha pôr na cadeia -, mas passa por educação, democratização da mídia...
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
terça-feira, 10 de maio de 2011
A Direita ataca, é hora de reagir! Racismo, Homofobia e a necessidade de mudanças - Parte 1
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A Direita ataca, é hora de reagir! Racismo, Homofobia e a necessidade de mudanças - Parte 1
2011-05-10T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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