terça-feira, 26 de março de 2013

Há algo de positivo na eleição do Feliciano...

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A eleição do Feliciano para a CDH - com apoio do PT, diga-se de passagem, não adianta tentarem esconder ou disfarçar - tem um ponto que, penso, é positivo.

Os movimentos Negro, LGBT, Indígena e Feminista sempre, para mim, pareceram isolados. Em outras palavras, quando um se manifesta, quando um reivindica, os outros esperam sua vez. Não há uma coordenação entre esses movimentos de minorias, não há uma pauta comum expressada - ainda que a pauta de todos seja a mesma, a da busca por inclusão e respeito.

Mas eu vejo todos esses diferentes grupos juntos contra o Feliciano, contra o oportunismo do PT em colocar esse querido aliado na presidência da CDH.

Aliás, vejo no Jean Wyllys - gay, negro e nordestino - também um ponto de encontro. Não apenas pelas características (se é que podemos chamar assim, talvez "não apenas pelo que ele é"), mas pela sua luta que acaba agregando diferentes setores minorizados em uma frente comum. Não surpreende que um dos líderes da insurgência contra o Feliciano seja exatamente o Jean que é, aliás, o mais apto a assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, ainda que saibamos que as alianças e trocas de favores políticos tornem tal possibilidade uma ilusão.

Enfim, acredito que o Feliciano conseguiu unir grupos absolutamente diversos e que muitas vezes não saem dos seus quadrados e que é preciso pegar este gancho e buscar mais pautas em comum (para além das óbvias) e formar frentes de luta em comum.

Não se pode falar em direitos humanos enquanto gays não tiverem os mesmos direitos que os héteros, enquanto mulheres continuarem a ganhar menos mesmo trabalhando o mesmo ou mais até que os homens, ou enquanto indígenas forem expulsos com violência de museus ou assassinados em um verdadeiro genocídio e, falando em genocídio, que usa a PM para massacrar a juventude negra nas periferias.

E TUDO com apoio governamental, seja ele do PT ou do PSDB, que são farinha do mesmo saco, de um governo que é homofóbico e não faz "propaganda de opção sexual", que veta proposta de igualdade salarial para mulheres e se recusa a discutir aborto e que deixa aliados matarem indígenas para criar latifúndios ou aplaude quando aliados os tratam como lixo e os expulsam com violência ( com direito a militante fanático apoiar a pancadaria ou criar teoria estúpida de conspiração) ou ainda quando usa as forças policiais para matar a população negra.

São todas lutas em comum, por sobrevivência, dignidade, direitos. E lutas que não podem ficar desconectadas.

Ou seja, estamos diante não só de uma luta contra uma figura nefasta, mas também diante de uma oportunidade. A oportunidade de discutir pautas em comum entre diferentes grupos (e citei apenas alguns, talvez os mais visíveis, ou com os quais estou mais familiarizado, mas existem outros) e buscar formas de se lutar contra inimigos comuns.

Pensemos nisso.

E não se enganem, além de uma oportunidade, trata-se de uma NECESSIDADE. Apesar de fingir se oporem a Feliciano, membros de outros partidos "cristãos" e a Bancada Evangélica tem uma agenda muito semelhante a dele e estão unidos. São contra direitos para minorias, qualquer direito, qualquer minoria. Todos que não são como eles, são "coisa do demônio" e devem ser combatidos.

E não são poucos, tem poder, oras, controlam o governo federal. Ou seja, precisamos de toda a força e de toda a união para fazer frente a ele e aos seus.

Não pensemos apenas, vamos agir.
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