quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Mal maior": O petismo saindo do armário (de novo e outra vez)

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Vem chegando o período eleitoral e, com ele, petistas enrustidos começam a sair do armário.

Aquele seu amigo que passou os últimos (quase) quatro anos denunciando a violência contra os povos indígenas, denunciando a insistência do governo em não apenas não demarcar terras, como virar refém por opção de ruralistas para lidar com a questão, de repente começa a fazer campanha para.... o PT!

Aquele seu outro amigo, que você tem o maior respeito e que já deixou claro detestar Dilma e, como é do Rio, detestar também o PMDB, já começou na campanha de Lindbergh, como se ele (e o PT) não fossem aliados até ontem do PMDB "higienista, canalha, ladrão, etc".

Vários amigos simplesmente saindo do armário e se declarando eleitores de Dilma e de outros petistas pese terem passado anos os atacando. De repente estão todos limpos. Lavou, tá novo.

Cheguei a questionar alguns deles, perguntando o que achavam de Aécio, Marina, Eduardo Campos e... Que surpresa!

Concordo obviamente com todas as críticas feitas a Aécio, um desqualificado, censurador e... tucano. Dispensa comentários, não se vota em tucano.

Mas quanta surpresa quando ouço que Marina é uma canalha, uma "traíra"... E, pior, que Dudu Campos também o é, logo ele que até nem bem 6 meses era um querido aliado do PT! Os humores dos petistas e petistas enrustidos muda como o vento. Hoje você é aliado, amanhã é inimigo e, especialmente, o contrário.

Alguns não são tão abertos em sua defesa do petismo redescoberto, então investem na tese antiga do "mal maior".

O PSDB é o mal maior. Tudo é o mal maior. Logo, vamos todos votar no PT.

Concordei com essa tese na última eleição e acabei, no segundo turno, votando em Dilma. Se arrependimento matasse!

Não se vota no menos pior, busca-se construir alternativas. Voto deve ou deveria ser algo consciente, feito com a intenção de melhorar o país e não na base do medo, na base do "não tem tu, vai tu mesmo".

Se não há uma opção viável, temos de nos preparar para a luta contra quem quer que vença e não FAZER CAMPANHA para alguém ruim apenas pelo medo de outros. Claro, podemos entender o papo do "mal maior" se estivéssemos, por exemplo, frente ao perigo de uma Frente Nacional ou algum partido abertamente fascista ou neonazista vencer. Não é o caso. Oras, Bolsonaro, um legítimo fascista é inclusive da base do PT! Há fascistas para todos os gostos e em todos os lados.

Estamos, na verdade, diante de três candidatos principais que em praticamente nada se diferenciam. Dudu Campos governou com o PT por anos a fio, é praticamente igual. Aécio é terrível, mas Dilma é diferente?

Genocídio indígena, aliança carnal com ruralistas, com evangélicos fundamentalistas (Dilma chegou a revogar decreto regulando o aborto apenas por exigência dos fundamentalistas aliados, sem falar nos programas do Ministério da Saúde que Padilha cancelou pela mesma razão - e Padilha é candidato!), cooptação de movimentos sociais, brutalidade nas ruas e, é sempre bom lembrar, com uma militância (sic) fanatizada nas redes.

Na prática, o PT e o PSDB são idênticos. Assim como o PSB. A tese do "mal maior" não se aplica.

Se por um lado o PSDB é mais feroz nas privatizações (ainda que o PT também privatize), por outro o PT é voraz na cooptação e criminalização de lutas sociais. Dilma assentou MENOS que FHC. Demarcou MENOS que FHC. E FHC é um canalha que dispensa comentários, quem viveu durante seu governo sabe bem o que digo.

Se por um lado o PSDB é visto de forma mais simpática pela mídia comercial (apesar de ser hoje o PT quem a financia), o PT tem sua mídia pessoal, tem seus "progressistas" e sua "militância" virtual absolutamente fanatizada.

Já o PSB oscila entre os dois campos. Segue, não é líder.

Agora, é fato que cada pessoa tem formas diferentes de pensar e ver o mundo, até compreendo quem chegue na urna e, num momento de desespero, faça sua escolha e vote em Dilma. Mas fazer campanha? Tentar convencer outros de que um dos governos mais lamentáveis dos últimos tempos é bom?

É muita falta de noção e de coerência.

Cadafalso, pelotão de fuzilamento ou guilhotina. Faz diferença?  É uma falsa opção, vamos morrer de maneira horrível de qualquer forma. Nos cabe denunciar a situação e buscar construir alternativas e não ficar eternamente sustentando uma delas porque enquanto existir essa sustentação esse partido e esse candidato não irá ver razão para repensar como faz as coisas. O PT SABE que muita gente acaba votando nele, não importa o que façam, pela tese do "mal maior". 

Então porque fariam qualquer tipo de autocrítica se na hora que importa conseguem os votos?
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