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segunda-feira, 9 de abril de 2012

O mercado dos festivais: Desorganização e Marketing

Desafio: Ache (ou chegue) em um banheiro...
 Acredito que muitos de meus leitores tenham ido ou queiram ir a shows e festivais onde suas bandas favoritas tocam, mas tenho certeza de que a maioria gostaria de ir a festivais minimamente coerentes e organizados e não eventos mercadológicos onde você quer ouvir uma banda ou algumas que tenham ao menos uma mínima ligação, em que haja algum sentido na organização dos espetáculos.

Mas, infelizmente, o que vale é o marketing, é espremer ao máximo bandas que sozinhas atraem bom público e torturar milhares de pessoas em espaços superlotados por horas a fio suportando musicas sem qualquer ligação entre si.

O Rock in Rio é um exemplo clássico de desorganização e, pior, de mágica mercadológica sobre nossos gostos musicais. Ivete Sangalo, Claudia Leite e outras pérolas em um festival que tem "Rock" no nome já é, em sí, ridículo, mas até podemos aceitar um dia específico para tosquices semelhantes. O problema é que muitas vezes estas "cantoras" e grupos sem nenhuma relação são espremidos entre bandas tradicionais do Rock, do Metal, juntando grupos de fãs sem nenhum tipo de relação ou afinidade.

Quem não lembra do terrível show de Carlinhos Brown no Rock in Rio anterior cantando para um público que o detestava e sendo "homenageado" com garrafas de água?

É o melhor exemplo de como os organizadores de tais eventos não tem a mínima preocupação em agradar a um público, mas sim de irritar vários e de garantir a maximização dos lucros ao forçar públicos distintos a conviver num mesmo espaço.

Me recordo há anos atrás, de um Abril pro Rock, em Recife, em que a principal atração era a banda Placebo. A ampla maioria dos prsentes esperava ansioso pelo show, a primeira vez no Brasil de uma banda idolatrada e que estava estourando, mas fomos forçados a aguentar um show do Los Hermanos antes que, apesar de não ser ruim, os públicos não conversavam entre si. Me lembro de centenas de pessoas dormindo - eu inclusive -, reclamando e de saco cheio de um show longo e aparentemente interminável e também da maré humana que deixava o local antes do show do Placebo pois mal conheciam a banda e queriam mesmo ver o Los Hermanos - que, aliás, não é sequer Rock e estava aparentemente no festival errado.

Conheço gente que já passou por aperto. De ir em um festival querendo ouvir rock pesado e ser destratado por gente que ouvia outro estilo e estava ali dividindo espaço. Não há a mais remota preocupação com ao menos tentar colcoar bandas de estilos semelhantes ou mesmo propiciar encontros de públicos que não sejam absolutamente opostos em um festival. Mais vale lucrar com públicos distintos e sem qualquer preocupação com a experiência de quem foi (vai) aos shows.

Imagine você ir a um festival para ouvir Sepultura e ter de aguentar antes a Kate Perry e seu público. É risívvel e possível de acontecer, acreditem.

Não se trata, porém, de se fechar em um casulo e realizar apenas festivais para um ou outro estilo, e sim tentar aproximar estilos que conversam e não estilos que até se odeiam. Imaginem um show de uma banda tradicional de metal no mesmo dia que o de uma banda emo. É pedir por sangue - ou por choro.

Infelizmente o que se vê é puramente o interesse por maximizar lucros, colocar milhares de pessoas em espaços exíguos, com tudo lá dentro a preços exorbitantes, por horas a fio sendo forçadas a ouvir o que não querem. Os preços de tudo - desde comida até mesmo a água - é um caso à parte. Sem contar nas filas para banheiro ou mesmo para entrar e, claro, quem fica distante do palco acaba ouvindo mais a conversa de quem está por lá que a música em si, ha quase um quilômetro do palco.


Nem entrarei no caso da péssima segurança e nos assaltos (furtos) que acontecem dentro destes mesmos festivais.

Imagine você pagar centenas, até mais de mil reais para ir a um festival acampar, mas chegando lá a estrutura é aviltante. Preços abusivos até para comprar uma garrafa de água, filas imensas, dificuldade para achar um espaço para acampar ou mesmo a quase impossibilidade de tomar banho ou realizar qualquer atividade simples dentro da estrutura oferecida.

Mas, mesmo assim, estes festivais lotam. Vai entender.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Do ECAD ao Paulo Coelho: A saga do MinC continua ...

Por Reginna Sampaio, @BrazilPalestine, para o Blog do Tsavkko.

Já é normal a grande quantidade de acontecimentos estranhos vindos do MinC mas o que nos chama atenção agora é o Festival Europalia. Esse festival, já em sua 23.ª edição, é um megaevento cultural europeu que acontece na Bélgica ( que se estenderá por mais cinco países - Luxemburgo, Holanda, Alemanha e França - ) e que terá em 2011 o Brasil como tema.

A importância do Festival é tamanha que será aberto esse ano , dia 04 de outubro , pela Presidente Dilma.

Até ai tudo normal não fosse um curioso fato: O descontentamento dos organizadores belgas com as atrações culturais que serão levadas pelo Brasil ao evento. Esse descontentamento se daria porque as atrações culturais que estarão sendo levadas seriam de pouca expressividade .

Essa pouca expressividade, segundos os belgas, fica notória principalmente no tocante as atrações musicais e literárias. Esperava-se que o Brasil levasse à Bélgica grandes nomes da música popular brasileira o que não vai acontecer. Porém o que trouxe mais indignação aos organizadores do evento tem nome e sobrenome: Paulo Coelho .

Não é novidade alguma que Paulo Coelho é hoje a maior referência que se tem no exterior da produção cultural brasileira e exatamente por isso a organização do evento achava vital a presença dele no festival. Usando-se sabe lá quais critérios o MinC foi contra o que foi proposto pela organização do evento e decidiu não levar o escritor carioca ao festival.

A partir daí as relações entre a organização do festival e o MinC desandaram de vez. Declarou a Ministra Ana de Hollanda: "A visão dos belgas não é a mesma que a nossa, precisa haver um afinamento". Bem, a visão dos belgas é clara: levar ao festival os nomes mais expressivos da produção cultural e artística brasileira. Resta então a dúvida: Qual será a visão do MinC?

Diante toda essa celeuma entre os organizadores do festival e o MinC a curadora Flora Süssekind se posicionou da seguinte forma, referindo-se aos organizadores belgas: "São pessoas despropositadas que não tem informações sobre o que está acontecendo".

Apesar disso Flora Süssekind solicitou aos organizadores do festival a utilização do centro cultural Bozar, um dos mais importantes centros culturais europeus, tendo ouvido a seguinte resposta: "não podemos receber nesse espaço ninguém menos que o escritor Paulo Coelho" resposta essa baseada no fato de que apenas ele conseguiria lotar o espaço.

Então Flora Süssekind decidiu dispensar a utilização do espaço cultural Bozar pelo Brasil .

Ante todos esses fatos e somado ao fato de que o Brasil gastará nesse evento 30 milhões de reais, o mais caro projeto até agora realizado pelo MinC, ficam algumas questões:

1 - Quais os critérios utilizados pelo MinC na escolha daqueles que vão representar o Brasil em eventos nos quais são utilizados verbas públicas?

2 - Sendo o Festival Europalia o maior evento cultural da europa porque, e justamente no ano em que o Brasil será homenageado, decidiu o MinC levar atrações culturais de menor expressividade tanto no Brasil quanto no exterior?

3 - Será que não houve realmente um preconceito do MinC contra o escritor carioca Paulo Coelho como ele mesmo disse na rede social twitter (mas para usar a imagem do escritor como um dos propagandistas da Rio 2016 não houve qualquer preconceito. Dois pesos e duas medidas ? ). Links para tuítes do Paulo Coelho: 1, 2 e 3.  

4 - A produção artística e cultural brasileira, apesar da pouca expressividade das atrações, está realmente sendo bem representada no Festival Europalia? Se está então porque os produtores do evento ficaram tão chateados e segundo a própria Flora Süssekind estão demonstrando agora "total desinteresse"?

5 - Os 30 milhões que estão saindo dos cofres públicos estão sendo bem empregados ?

Com a palavra o MinC ....

Links pertinentes: "Barrado na Belgica", do blog do Paulo Coelho, Barrados na Bélgica, da Folha e matéria sobre como ana de Hollanda é amada.

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Faço alguns comentários:

É um assunto interessante. Quem são os artistas de "menor expressividade" convidados pelo MinC? Há, aí, alguma tentativade promover artistas menores ou é apenas jogo de cena do ministério?

A pergunta é pertinente, pois o que mais vemos são financiamentos sem qualquer propósito - relembrem o caso da bolada para um blog da Maria Bethânia - para medalhões, enquanto os verdadeiros promotores de cultura livre e alternativa ficam à mingua. O caso dos Pontos de Cultura são apenas um exemplo da exclusão ao alternativo e popular promovido por Ana de Hollanda, ministra da Cultura (de qual cultura não se sabe).

Não sou leitor do Paulo Coelho, não tenho grande interesse por seus temas, mas nutro alguma simpatia por sua defesa do compartilhamento livre de cultura, algo que o faz se chocar diretamente com o MinC. Paulo Coelho chegou a escrever para grandes jornais defendendo o que conhecemos por pirataria, enqunto o MinC sob a (falta de) gestão de ana de Hollanda se aproximou do ECAD, pôs um ponto final na discussão da cultura livre e até mesmo ensaiou aproximação com gravadoras e detentores de copyright.

Não surpreende, pois, se a questão toda não se basear apenas em briguinha pessoal da Ministra com Paulo Coelho, usando "artistas de menor expressão" como desculpa.

A idéia de levar artistas menores, mas bons, não é ruim. Ou não seria, se Ana de Holanda tivesse algum histórico de incentivar esta classe. Seus incentivos se limitam aos mais abonados e famosos, tanto via financiamentos gigantes a medalhões, como seu apoio ao ECAD.

Enfim, é pertinente questionar quais os critérios usados pelo MinC na seleção dos artistas e porque investir tanto dinheiro em um evento que, aparentemente, não receberá ou não recebe tanta atenção do ministério?

As ações de Ana de Hollanda como ministra contradizem qualquer boa vontade e tentativa de inovar e promover diversidade na questão do festival.
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