terça-feira, 23 de junho de 2009

Irã: "Influência externa" e notícias do dia [Update]

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Do governo iraniano surgiram várias críticas de que países estrangeiros estão tentando se meter nos assuntos internos do país. É uma acusação até pitoresca, vinda do país que financia o Hamas, o Hizbollah e que tem um histórico de estar sempre metido nos assuntos dos vizinhos, em especial do Líbano e da Palestina.

Obama, Neatanyahu, Sarkozy e Brown já comentaram sobre os lamentáveis enfrentamentos entre reformistas e milícia/polícia no Irã, porém, até o momento, sem denotar qualquer tipo claro de intenção intervencionista. Nos bastidores, porém, é a esquerda anacrônica e o governo Iraniano que denunciam intervenções sérias da CIA no processo eleitoral, claramente fraudado.



A fraude clara, por si só, implode qualquer tentativa de caracterizar os protestos como financiados e insulflados pelo exterior, em especial pelos EUA e Israel. Especialmente, aliás, por Israel, que encontra em Ahmadinejad um inimigo muito melhor e acreditam que sua "causa" torna-se muito mais defensável quando o inimigo é aparentemente mais perigoso e radical. Seria, para Israel, um tiro no pé.

A idéia de intervenção da CIA é popular, porém esbarra num ponto: Qual a razão? Mousavi não é a opção dos sonhos dos EUA, ainda que reformista, é um reformista com um "pé" no lado conservador. Enquanto primeiro-ministro não flertava sequer com o lado reformista e já deu mostras de que,l se no campo interno, das liberdades individuais e etc vai fazer uma reforma - ou tentar - no campo externo pouco diferirá de Ahmadinejad.

Talvez dialogue mais, seja mais cortês e não negue diretamente o Holocausto, como faz Ahmadinejad, mas já deu claras demonstrações de que não abandonará o plano nuclear - que ele, aliás, foi um dos criadores, quando Primeiro Ministro. E a questã onuclear é a principal hoje para os EUA.

Será que os EUA teriam todo este trabalho para trocar 6 por meia dúzia, ou ao menos 6 por... 5? Uma pequena "melhora" mas ainda confrontador?

As evidências mostram que, mesmo que em alguns setores haja infiltração da CIA, a juventude em peso está se manifestando, nos últimos meses os jovens já deram mostras de descontentamento com o regime, com a repressão, com o conservadorismo. A presença maciça nas urnas é prova. A Fraude eleitoral clara, admitida até - em parte - pelo Conselho dos Guardiães, demonstra que o regime estava preparado para uma derrota, que os reformistas teriam uma bela vitória e precisavam ser parados. Será que a CIA tem, realmente, toda esta influência? Ou realmente quer ter, nest asituação?



Hoje foi a primeira vez em que Obama elevou o tom das críticas à forma como o Irã vem tratando as manifestações: Com violência extrema.

Disse Obama que "os EUA respeitam a soberania da República Islâmica do Irã e não interferimos em seus assuntos internos, mas não podemos deixar de testemunhar a coragem e a dignidade do povo iraniano."

Sobre os espancamentos, prisões e ameaças, Obama disse condenar "firmemente estas ações", além de ter prestado uma homenagem à Neda: "Vimos esta mulher corajosa se opor à brutalidade e às ameaças e sangrar até a morte. Aqueles que se levantam pela justiça estão do lado certo da História".

Ao fim, porém, fez um alerta ao país, de que deve se engajar com a comunidade internacional e que eles devem decidir se aceitarão esta mão estendida.

O óbvio é que nenhuma mão foi estendida, a negociação emperra sempre que os EUA exigem o fim do programa nuclear, que é direito inalienável do país, mas ainda assim, o discursode Obama possui um tom muito mais baixo que qualquer outro de Bush e antecessores, é mais conciliador.

Claro, em alguns momentos soa absurdo o "ocidente" criticar os abusos aos direitos humanos do Irã, quando temos, só para ficar num exemplo, Guantanamo, mas nada disto muda o fato de que os abusos estão ocorrendo e devem ter um fim.

Ban Ki-Moon fez um apelo ao Irã pelo fim da violência e prisões arbitrárias no país contra os manifestantes e, por isso, foi acusado de intromissão nos assuntos internos do Irã
"Essas tomadas de posição são uma evidente contradição dos deveres do secretário-geral, do direito internacional e são uma aparente intromissão nos assuntos internos do país", protestou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hassan Ghashghavi.

Depis da expulsão de dois diplomatas britânicos do Irã, Gordon Brown respondeu expulsando dois diplomatas de posição equivalente do país, numa troca de gentilezas diplomáticas.

Ainda na questão da "intevenção externa", Lula deu mais uma declaração infeliz:
"Existem coisas quase inexplicáveis no Irã. Você tem uma eleição em que o cidadão tem 62 por cento dos votos, ou seja, é muito difícil que alguém com 62 por cento dos votos ... Aqui no Brasil a gente está acostumado com fraude eleitoral quando a diferença é 1 por cento ou 0,5 por cento",

"Mas quando a diferença é de 62 por cento a 30 e poucos (por cento), não é possível. É difícil ter (fraude)"
Celso Amorim deveria ter a decência de pedir a Lula para evitar falar de assuntos que não compreende e parar de envergonhar o Brasil;

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A onda de prisões de jornalistas continua no Irã, hoje um jornalista grego, à serviço do Washington Times, foi preso, acusado de "atividades ilegais" o que, hoje, significa que ele estava meramente cobrindo as manifestações e passando informações ao mundo.

Os jornalistas presos somam, até agora, 34.
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Quanto às eleições em si, o Aiatolá Ali Khamenei aceitou "a solicitação feita pela secretaria do Conselho dos Guardiães para estender (o prazo) em cinco dias para examinar as queixas dos candidatos," afirmou a TV estatal iraniana.

Isto ao mesmo tempo em que a data para a posse de Ahmadinejad foi fixada entre 26 de julho e 19 de agosto.

Quanto à repressão, parece não ter fim e os resultados serão sentidos à longo prazo:
""Lidaremos com aqueles que foram presos nos eventos recentes de maneira que aprendam uma lição", disse na segunda-feira Ebrahim Raisi, autoridade judiciária de primeiro escalão do país, à TV estatal segundo a agência de notícias oficial Irna. Ele acrescentou que tribunais especiais estão estudando os casos.

"Os desordeiros têm de ser tratados de forma exemplar, e o Judiciário fará isso", acrescentou."
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Update:

Lula não para!

É realmente uma vergonha ter um presidente tão cego.

Agora suas declarações são pedindo que a justiça do país tome uma atitude, oras, é exatamente isto que o governo iraniano quer, que os manifestantes enfrentem a justiça e que, obviamente, passem a vida na cadeia ou pior.
"Há uma oposição que não se conforma (com o resultado das eleições). O resultado desse conflito são inocentes morrendo, o que é lamentável e inaceitável por parte de qualquer democrata do mundo"
CAbe descobrir se é só ignorância, falta de bom senso ou ruindade esta declaração. Será que Lula não sabe QUEM está matando os inocentes?
"Agora, ou a justiça iraniana (intervém), ou o governo e a oposição se sentam e param o conflito, ou há novas eleições, ou se deixa como está, mas o povo não pode continuar sendo vítima da irresponsabilidade dos agentes políticos do Irã"
No fim, vê o óbvio. Lógico que os lados precisam sentar e conversar, bata o Aiatolá ordenar que parem as matanças e a violência contra o povo, é tão simples!
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