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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Análise do III Congresso do PSOL


Chegou ao fim mais um congresso do PSOL, o terceiro que, infelizmente, mostrou que o PSOL quer ficar mal das pernas. Não eleitoralmente, pois vem numa crescente, com bons parlamentares e uma base que se amplia nas lutas diárias, mas mal das pernas internamente, ideologicamente e, enfim, em sua coerência.

Motivo de imensa crítica e mesmo uma das razões para a própria formação do PSOL foi a política de alianças promovida pelo PT que, basicamente, aceitava qualquer porcaria que tivesse um voto e estivesse disposto a alugar o passe por alguma boquinha, mamata ou mesmo corrupção descarada.

Mensalão é pouco perto do que está por trás das negociatas do PT, que agora paga aos "investidores" com abusos aos direitos humanos (Belo Monte é só um exemplo), com cargos mil, farras com dinheiro público e as famosas privatizações.

Derrocada

Mas, enfim, o PSOL nasceu como forma de combater tudo isto, de resgatar velhas bandeiras rasgadas pelo PT e pisoteadas pela militância fanática sempre pronta a se vender por pouco ou nada.

Mas já em seu terceiro congresso o PSOL demonstra uma fraqueza mortal, a mesma que acometeu o PT: A sede pelo poder a qualquer custo.

Não falo em corrupção, não chegamos a este ponto e sobra pouco espaço para isto entre dois gigantes do ramo, o PT e o PSDB, mas sim em uma fraqueza ideológica em se manter fiel aos princípios fundadores e se afastar dos aliados de primeira hora (PSTU e PCB) para arrastar asas para o PV (no Rio) e até para o PTB (no Amapá), e isso só pra começar a discussão.

Segundo fontes, as alianças do partido com outros não-alinhados ao ideário de esquerda foram liberadas.
*Política de alianças eleitoral: O Diretório Nacional avaliará caso a caso as alianças políticas e sociais que avançarem para além da Frente de Esquerda (PSTU e PCB), cabendo somente somente a essa instãncia a decisão final sobre concretização das ampliações tendo como parâmetros a firme defesa do nosso programa.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Nassif, Feminazis, Nassifetes e o limite da responsabilidade

Estourou, no Twitter e na blogosfera, uma polêmica em torno do uso do termo "Feminazi" para designar feministas radicais e impossíveis de lidar.

Barbara O. do Blog Paisagem Estripada fala sobre o começo da crise:
Anteontem, coincidência ou não, irrompeu entre mim e o André (apenas assim) uma longa discussão sobre o termo 'feminazi' no blog do Nassif. Durante a minha ausência umas tantas mulheres e alguns homens vieram ao meu socorro, outros tantos se posicionaram a favor do André, e portanto deste malfadado termo. O que pode ser conferido aqui .

Coincidência mesmo, meu namorado e eu ontem traduzimos um texto em inglês escrito por Assange poucas horas antes de sua prisão, com o intuito de divulgar no blog do Nassif as idéias desta figura que agora acompanhamos com muito interesse, e eu em particular, já que sou crítica aos abusos das grandes máquinas estatais, que não cansam de matar milhares em nome de interesses duvidosos. O texto pode ser lido aqui

Coincidência ou não, hoje vem à tona (pelo menos para meu conhecimento, e dos leitores do blog do NAssif), o conteúdo das acusações das duas mulheres suecas contra Assange. Gostaria de lembrar que, mesmo que Che Guevara, Zapatero, Lula ou insira aqui o nome que você acredita poderia ser considerado um ícone da esquerda, fosse de fato responsável por um crime contra a mulher, eu jamais hesitaria em condená-lo pelo que ele realmente fez. No caso que envolve Assange e as suecas, aparentemente a questão está sendo usada para incriminar o fundador do Wikileaks.
O post que causou a crise é este aqui, "o poder das mulheres. Vejam um pedaço da pérola:

Minha cara, meu medo em relação às feminazis (sempre lembrando que este é apenas e tão somente um termo que ganhou popularidade por sua eficiência em resumir feministas radicais) é justamente pelo fato de elas me verem como um inimigo a ser exterminado, sendo que nada fiz a elas para merecer isso (ainda que elas me achem um estuprador e todo aquele blablablá que conhecemos). Não somente eu, mas qualquer homem é visto por elas como algo a ser exterminado e que só não o fazem porque não lhes foi dado poder substancial para irem adiante em seus propósitos.
A Cynthia Semíramis e a Lola Aronovith responderam à altura. A Semíramis definiu o termo Feminazi e a Lola disse:
Não sei como o Nassif foi publicar o post de um rapaz que defende o uso do termo feminazi (aliás, tenho uma vaga ideia de que sei, sim. Todos eles quando falam de feminismo derrapam feio, não sabem do que estão falando, e obviamente não demonstram nenhuma vontade de aprender.
A Semíramis, ainda, reuniu uma série de tuítes ofensivos e jocosos do Nassif, que não via problema algum na história toda.
 No Twitter a reação foi imensa. A tag #FeministaSimFeminaziNao foi  usada durante toda a crise que, aparentemente, o Nassif tem intenção de ampliar. Gosta de polêmica, só pode.

Nassif diz  que não publicou, foi um(a) ajudante. Tudo bem, mas então porque não criticar o post, não pedir desculpas? O blog é do Nassif, a responsabilidade é dele.


Enquanto todos esperavam que, passado um dia, ele iria se desculpar, que nada! Mais ataques!
O problema é que, devido às corridas da semana, não tive oportunidade de ler os comentários. Tivesse lido e captado o potencial ofensivo do termo, certamente publicaria um comentário se contrapondo ao seu uso.
Três dias depois, pelo Twitter, em vez de um alerta civilizado sobre o post, passei a sofrer patrulhamento de algumas feministas.
Ele se faz de vítima.

De quebra, logo depois, publicou post, de autoria de Elizeth Franco - mais uma Nassifete, penso - criticando mais uma vez as feministas, dizendo que se dividem em "facções", como criminosos e descendo lenha na Marcha Mundial das Mulheres.

Eis o que comentei no post:

Impressionante... Não satisfeito em permitir a disseminação do preconceito ao liberar post sobre "Feminazis", fez uma mea culpa ridícula, se colocando como vítima. Não importa que importantes feministas tenham criticado sua atitude, tenham dado as razões pelas quais "Feminazi" é ofensivo...
É o dono da verdade. Que provavelmente também censurará este meu post, como já fez antes, como vem bloqueando quem discorda no Twitter... É mesmo um democrata!
Não satisfeito, ainda começou uma cruzada contra as feministas, usando Nassifetes para atacar a Marcha Mundial!
A busca pelo ibope parece ter inebriado. Coisa mais ridícula e lamentável!
Se censurar o comentário, não será a primeira vez.

Há algum tempo o mesmo Nassif publicou post rasgando seda para o Romeu Tuma, que finalmente havia morrido e ido abraçar o capeta. Comentei no blog da figura, discordando de seus argumentos e não só fui censurado como ridicularizado depois.

É o modus operandi de um "progressista" que comparte mais semelhanças com o progressismo (sic) do PP do que o dos Blogueiros em geral. E tem que ache lindo, quem queira colocar panos quentes...  Qual é o limite?

Aliás, apenas pra encerrar, direita tem TODO espaço que ela "precisa" no PIG. Tem Folha, Estadão, Globo e por aí vai, todos os grandes meios de comunicação. Não precisa de espaço em blogs de esquerda, nos únicos polos de resistência. Se a desculpa do Nassif pra publicar posts fascistas e preconceituosos é a de "dar espaço", então só posso lamentar.
A direita agora tem TODA a mídia e também alguns blogs ditos progressistas....

Alguns tuítes relevantes ao debate:





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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sectarismo, mais uma doença infantil da Esquerda brasileira

Parece que não para. A Esquerda brasileira a cada dia dá mostras de ser igual ou até pior que a direita. Fanática, Intolerante e também extremamente sectária.

A arte de censurar aqueles que pensam diferente não é coisa apenas do Reinaldo Azevedo - procure em seu blog comentários contrários às suas posições. Se houver algum foi erro na filtragem -, mas também de uma parcela daquela esquerda que se considera vanguarda, mesmo sendo apenas lamentável.

A bola da vez é o PSOL, como no caso do Fanatismo também havia alguma relação com o partido, sempre o PSOL, partido de esquerda que, sem duvida, incomoda. O ódio de alguns militantes do PT e PCdoB pelo PSOL é incompreensível, ou melhor, só se compreende se formos analisar questões como inveja, vergonha....

Inveja de um partido pequeno ter tanta relevância, de seus parlamentares serem sempre os mais atuantes e críticos, e vergonha de não terem tido a coragem de seguí-los ou de, no caso do André Lux, do blog Tudo em Cima, a vergonha de militar no mesmo partido do Aldo Rebelo e não poder criticá-lo.

Mas de onde surgiu tudo isto, qual a razão deste post?

Bem, já ha tempos venho notando a moda de blogueiros que se dizem ser de esquerda censurando comentários que não lhes agrada. Não por serem ofensivos, mas apenas por discordar do autor do post, por contradizer aquilo que o blogueiro acha que é verdade absoluta. Por, enfim, ser democrático permitir o contraditório.

Democracia boa é pros outros. O PIG é isso, é aquilo, a elite é isto ou aquilo, censuram, são bobos e feios...

Mas eu posso! Eu posso agir da MESMA forma, mas sou democrata. Sou blogueiro!

Só rindo.

O caso e o seguinte, mais uma vez um pseudo-esquerdista resolveu atacar o PSOL. Comentei há alguns dias sobre a inconsequência das palavras do Plínio em entrevista ao JB, em que defendia a repressão como meio de se unir e mobilizar a esquerda.

É marxismo de livro, distante da realidade, mas ainda assim é coerente - aliás, um "comunista" como o André Lux deveria entender melhor que ninguém, a não ser que, como Roberto Freire, nunca tenha lido Marx na vida.

Mas, independentemente das palavras do Plínio, de como foram interpretadas, o absurdo é que se trate a esquerda como faz a direita. Censurando, fazendo piada, com desrespeito. Ainda mais quando está claro que o PSOL é uma coisa e o Plínio é outra. Plínio, após o primeiro turno, deixou de falar pelo partido e passou a ser um militante. No segundo turno o partido decidiu pelo "Todos Contra Serra" e liberou os filiados, logo, Plínio fala por ele.

Criticar o PSOL pelas palavras de um de seus militantes - ainda que de grande importância - é ridículo. Pior ainda é a interpretação errônea que fizeram de suas palavras. Interpretação, aliás, que muitos da esquerda vem fazendo para atacar o PSOL custe o que custar.

Mas, enfim, o que disse o André Lux que me levou a responder:
Toda vez que esse patético Plínio de Arruda Sampaio abre a boca sinto vergonha alheia. É o típico esquerdista que a direita adora. Enquanto eles ficam sentados sonhando com um mundo ideal e votando moções pela ordem, a direita fica livre para governar.

Não satisfeito em pregar o voto nulo no segundo turno, o candidato do PSOL agora afirma que preferia Serra no governo, pois este iria reprimir os movimentos sociais o que, na lógica tresloucada do ultra-esquerdista-utópico, é a melhor coisa para fazer a esquerda se unir!

Vamos então combinar uma coisa para testar a teoria dele: recomendo à turma do PSOL, PSTU e PCO que façam uma manifestação em frente ao palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Depois que a PM descer o cacete neles, aí a gente vê se resolveram deixar os sectarismos de lado e se uniram em torno de causa única! Que tal? Combinado?
Está clara a confusão entre a posição do Plínio - já mal interpretada - e a do PSOL, um preconceito contra o direito democrático de se votar nulo (PSTU e PCO) e um sectarismo impressionante.

No mesmo espírito democrático de sempre fui nos comentários responder e tentar esclarecer a confusão feita entre a posição do Plínio e a do PSOL e mesmo sobre a posição em si do Plínio, ao meu ver, mal interpretada. O comentário era um pedaço da minha postagem chamando de inconsequentes as declarações do ex-candidato do PSOL. Fui censurado. Tentei novamente, desta vez perguntando o porque do comentário não ter sido liberado. Novamente censurado.

No Twitter ainda ganhei uma msg da figura linkando para um vídeo em que ele descasca o PSOL. Uma atitude de uma só vez sectária e fanática. Supremacista. Seu partido é o bom, sua opinião é a única válida e o diálogo não existe, só nas bases escolhidas pelo fanático.

Ainda me debruçarei sobre esta mania que alguns que se dizem de esquerda de atacar o PSOL de forma inconsequente. É difícil entender tanto ódio infantil.

Mas a certeza que fica é que a esquerda, deste jeito, caminha só para o buraco.
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E a figura é ainda mais burra do que eu pensava. Conseguiu juntar o sectarismo com doses tremendas de fanatismo e de oportunismo. Burrice, enfim.
Posta vídeo falando mal do partido sem sequer conhecer como este funciona, tomando partes como o todo - e ainda me atacando sem qualquer base - e, pra piorar, demonstra uma ignorância tremenda ao me acusar de pregar voto nulo e de fazer campanha contra o PCdoB!

Depois a figura ainda se contradiz. Demonstra oportunismo, mau caratismo e desonestidade.

Vamos refrescar a memória de figura tosca:

Meu apoio dado à Dilma em 5 de outubro de 2010 - No primeiro votei Plínio. Neste segundo turno, votarei em Dilma.


Quanto a campanha contra o PCdoB, espero que a figura me apresente links, fontes, porque tudo que me limitei a fazer foi fazer campanha contra o Netinho, pois não posso defender um espancador de mulheres e contra o Aldo Rebelo, por defender o desmatamento e ser elogiado pela Kátia Abreu. Ser a favor do PCdoB é concordar com elogios da Kátia Abreu?

E, enfim, critico duramente a atuação da UJS/PCdoB no movimento estudantil, da mesma forma que critico duramente setores do PSOL e mesmo a atuação do partido em diversos momentos.

Agora, onde fiz campanha contra o PCdoB nas eleições? Onde critiquei o PCdoB como um todo por sua atuação?

É realmente um inconsequente este André Lux. É o revolucionário solitário. Iluminado.Vota no Netinho e acha PSOL um nojo. Ai de quem discordar! Ele censura!
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Intolerância, a outra doença infantil da esquerda brasileira [Update]

Há cerca e um mês eu havia testemunhado um infeliz episódio de censura - na verdade, havia sido a vítima - quando tentei fazer uma postagem no blog do Esquerdopata e meu comentário não só foi censurado como ainda fui ofendido no Twitter pela figura.

A partir daquele momento tive certeza: O Fanatismo é a doença infantil da esquerda brasileira. A intolerância a opiniões divergentes e a idéia de que "sua" esquerda é a única e que qualquer discordância é se igualar à direita, é fazer o jogo da direita e etc (acusaram bastante o Plínio disto, aliás).

Fanatismo, sectarismo, intolerância, são todos conceitos similares quando se coloca a esquerda a prova, ou quem gosta de se dizer de esquerda.

Muitos petistas fanáticos e mesmo Dilmistas fanáticos deram e ainda dão aulas de intolerância nestas eleições. E o mesmo vale para muitos militantes do PSOL e PSTU que desfilam preconceitos e senso comum.

Donos de blogs censuram a seu bel prazer comentários que discordem de suas visões únicas e iluminadas.

Desta vez o exemplo de intolerância vem do Blog do Nassif e, também, de alguns de seus seguidores acríticos.

Tentei por duas vezes escrever um comentário em um post no Blog do Nassif em que este louvava a memória de Romeu Tuma, a primeira por volta das 13h do dia 27 e a segunda no início da noite do mesmo dia.

O post Minhas histórias com o delegado Tuma é, para dizer o mínimo, indigesto.

Na minha mente não cabe respeitar um assassino e torturador e chamá-lo de gentil e decente sem sequer citar os crimes que o canalha havia cometido. E não foram poucos!

Vivemos em um período onde a ignorância sobre quem foi Romeu Tuma é apenas reflexo da memória coletiva apagada por uma mídia que tenta esconder o passado da figura, assim como o seu próprio, de apoio à Ditadura. Ao esconder o passado dos criminosos da Ditadura, a mídia apenas esconde o seu próprio.

Pesquisei bastante pra saber quem era efetivamente o Tuma, não está aí do lado a resposta, infelizmente!

Então acredito ser intolerável que alguém que viveu esta época ao invés de clarear o passado acabe por fazer o mesmo jogo de esconde-esconde midiático. Especialmente quem se diz de esquerda e tem a OBRIGAÇÃO de fazer um contraponto honesto à grande mídia.

Um espaço amplamente acessado, com excelentes debates e com uma imensa comunidade ativa não me parecia naquele momento (e continua não parecendo) o ambiente para se louvar a memória de um capanga da Ditadura Militar, ao invés de se colocar os pingos nos i's, de se dizer a verdade sobre a figura que a mídia santificou quando da sua morte.

Que o trabalho de glorificar ou lembrar com carinho (argh) fique com a grande mídia, nossa função é mostrar o outro lado, ou melhor, a verdade. Desmistificar as mentiras midiáticas e não reforçá-las.

E, como o espaço para comentários era dado, fui questionar o tom do post dentro do mais puro espírito democrático.
O que é preciso para transformar em herói a um assassino e torturador? O que é preciso para que um criminoso se torne santo? O que é preciso para se apagar a memória?

Baste que a nefasta figura morra.

E que a mídia resolva tomar as dores e louvá-lo, pelo seu maravilhoso trabalho na eliminação da praga comunista do país, ou melhor, que convenientemente apaguem a verdadeira história do delegado que de um lado "encontrava" Mengele e do outro mandava matar militantes de esquerda e que controlava um dos piores carniceiros da ditadura, Fleury.

Romeu Tuma já foi tarde, mas infelizmente não pagou em vida por seus crimes. E são incontáveis.
O comentário acima deu origem ao post de ontem aqui no blog.

Não vejo, sinceramente, nada de mais no comentário, que apenas questiona a mania da mídia, de jornalistas e mesmo de quem se diz de esquerda de santificar aqueles que, em vida, foram nada menos que criminosos da pior espécie. A morte, aparentemente, lava os pecados.

Eu já havia questionado esta prática antes, a de esquecer do passado, da memória, na morte (ou quase morte) do responsável pelos piores crimes, em uma polêmica no blog Vi o Mundo onde, apesar de discordar do post, não fui censurado.

O pior é que o problema não aconteceu apenas comigo. A @nanamelon comentou sobre o texto do Nassif no Twitter, discordando obviamente do mesmo, e foi bombardeada por fãs fanáticos do Nassif e sendo até mesmo tratada como imbecil pelo jornalista, comprovando minha tese de doença infantil da esquerda brasileira.

Não se discute o mérito do texto e dos comentários, os argumentos, a idéia é partir logo pra violência, pros ataques e acusações.

Vejam alguns comentários da @nanamelon depois de começar a ser atacada:





E os comentários do Nassif, respondendo com ironia e, aparentemente, achando graça da situação:


Enfim, o que eu escrevi antes sobre o fanatismo permanece mais que atual:
Infelizmente, porém, alguns fanáticos se acham acima do bem e do mal, donos da verdade e descem ao nível de Reinaldos Azevedos da vida e censuram aquilo que lhes desagrada. Matam o debate e a troca de ideias e se assume na posição de intocáveis.[...]

Atitude esta que se assemelha mais à direita mais encarniçada do que a uma esquerda democrática.

Atitude vergonhosa e repudiável que dá apenas munição aos detratores da esquerda, que nos chamam de censuradores e de antidemocráticos. Infelizmente, de fato estes existem entre nós.
Basta trocar "fanatismo" por "intolerância" que encaixamos perfeitamente à nossa atual situação. Censurar é uma das atitudes mais deploráveis e criminosas que um democrata pode pode ter. Matar o debate, esconder a voz dissidente é atitude similar à da Ditadura, que impedia o contraditório, a discordância.

O sectarismo, o fanatismo e a intolerância continuam a ser marcas de uma parcela da esquerda que se diz democrática, tolerante e de vanguarda.

Lamentável que a censura seja prática corriqueira de parte da esquerda.

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Update:

E o Nassif respondeu. Admitiu ter censurado e, de uma vez só, reconheceu que não tolera opiniões divergentes. E notem a contradição, ele não quer repetir a direita que fala mal dos "nossos" mortos, mas copia a mesma direita ao censurar, a agir de forma atnti-democrática.

Deve-se respeitar o torturador e assassino, porque a direita desrespeita os mortos de esquerda.

Só fico com uma dúvida, falar a VERDADE sobre o Tuma, que ele era um assassino e torturador é o problema? Ninguém está difamando a figura, sua história e a memória coletiva - que a mídia tenta apagar e mesmo blogueiros de esquerda tentam - são suficientes.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

PSOL: "O MES é a direita do PSOL"


O título é parte da musiquinha cantada em coro por todas as demais tendências presentes ao Congresso do PSOL no fim-de-semana passado. E é a mais pura verdade, ao menos pela tremenda demonstração de sectarismo continuada. E, pelo que se vê, a posição do MES permanece a mesma, a de rachar o partido e de se recusar a se submeter à vontade da maioria, provando que o PSOL é uma federação de partidos, mas não um partido.

Comento abaixo a carta de Roberto Robaina, uma das mais destacadas lideranças do MES, publicada no site da Deputada Luciana Genro e que é uma demonstração precisa do sectarismo e personalismos destacados pela chapa vencedora ao longo do congresso e que pode acabar por rachar irremediavelmente o partido nos próximo meses.

Balanço do Congresso do PSOL para os militantes

Reproduzo o texto assinado por Roberto Robaina de balanço do nosso congresso, com  o qual estou de pleno acordo. 
Primeiro Rascunho de balanço do congresso do PSOL
O balanço positivo da nossa intervenção no II Congresso do PSOL se materializa na enorme vitória que obtivemos: Heloísa Helena foi reconduzida à presidência do partido, graças à batalha política que travamos em unidade com o MTL, unidade esta que se consolidou na chapa apresentada para direção do partido, encabeçada por Heloísa Helena.  
A verdade é outra. Heloísa Helena foi reconduzida à presidência do PSOL por uma atitude nobre por parte da chapa vencedora, formada por APS/CSOL/Enlace e outros grupos. Não houve qualquer "vitória" por parte do MES/MTL. A tentativa de "ganhar", ou melhor, de capitalizar em cima de uma derrota é lamentável.
 O bloco que construímos neste processo é extremamente representativo: Heloísa Helena, Luciana Genro, os  presidentes do PSOL de Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Milton Temer,  presidente da Fundação Lauro Campos ,o deputado estadual de SP Carlos Gianazzi, o deputado suplente do RS Geraldinho, os vereadores Elias Vaz, de Goiânia, Fernanda Melchionna e Pedro Ruas de Porto Alegre, Ricardo Barbosa de Maceió e valorosos militantes de vários estados.
 Bom bloco. O outro lado, porém, contava com Raul Marcelo, Plínio de Arruda Sampaio, Ivan Valente, grande parte da militância paulista e, sem dúvid,a é o bloco que representa a maioria do partido, tendo, enfim, vencido o Congresso.
 Este bloco se constituiu com  uma unidade firme e resoluta,  conta com   40 %  do partido e é encabeçado pela própria  presidente do PSOL. Esta unidade não termina com o Congresso do partido. 
 Vejamos, se tomarmos como referência o número de delegados e os respectivos votos no Congresso, o MES/MTL conta com pouco mais de 41% do partido. Mas a Chapa 1, por outro lado, conta com mais de 48%. O que o companheiro Robaina não percebe é que, por mais que seja amplo o apóio à sua linha, o apóio à linha oposta é ainda maior. Tentar usar estes 41% de apóio para manobrar a votação e as dsicussões está longe de ser uma atitude socialista, revolucionária e radical, como cantavam.
Vamos seguir juntos  no pós congresso travando na base a batalha política para que o PSOL que siga no caminho iniciado na sua  fundação. Um partido de esquerda que dialogue com  o povo, não apenas um partido de propaganda socialista, mas sim de combate, que lute para ter incidência real na conjuntura do país e não fique apenas fazendo discurso para a vanguarda. Um partido que aproveite as oportunidades, as fissuras na classe dominante para se credenciar junto ao povo, incentivar a mobilização e ajudar os movimentos sociais a se fortalecer para enfrentar os governos e a burguesia. A exemplo do que estamos fazendo no Rio Grande do Sul, onde o PSOL está no centro da luta política denunciando a corrupção do governo Yeda e desta forma ajudando os sindicatos a barrar os ataques aos  direitos dos trabalhadores e o desmonte do Estado. 
É o que TODOS esperamos. Na verdade, o único problema desta parte do artigo é a de que a tendência de Robaina e Genro buscaram, no Congresso, limitar o discurso do PSOL à corrupção. Nestes termos o Maurício Caleiro, do excelente Cinema e Outras Artes, estaria correto em afirmar que o PSOL é o Partido de Sustentação da Oligarquia. Seria defender apenas o discurso moralista, se igualar aos Demotucanos que batem continuamente nesta tecla, até mesmo porque tal grupo não tem qualquer outra opção - ainda que seja tão podre quanto os que acusam.
O PSOL deve ser um partido unido na luta contra a corrupção, claro, mas não só. Deve ser unido na defesa intransigente e radical de um programa socialista, de um programa que englobe e atraia os movimentos sociais, a base. O que se viu no Congresso foi o enorme potencial, mas para por aí. O que vimos, também, foi um enorme potencial gasto em picuinhas e brigas por cargos e direção.
Heloísa Helena endeusada como líder e guia supremo, assim como foi e ainda é com Lula no PT. Se é para repetir estes mesmos erros, qual o sentido em se fundar um partido crítico e à Esquerda? Para repetir os mesmos erros nem bem o partido foi fundado?
Nosso bloco conseguiu derrotar a articulação dos defensores da tese Novos tempos para o PSOL (APS e Enlace) para tirar Heloísa Helena da presidência do partido. 
 Desculpa mas... ONDE?
Vai resultado do congresso de novo:

Chapa 1: APS/CSOL/ENLACE/REVOLUTAS/TLS/Rosa do Povo/Independentes 182 votos
Chapa 2: CST/CSR/Bloco de Resistência Socialista/Trotskystas 36 votos (Corrigido: 38 votos)
Chapa 3: MES/MTL/Independentes do Rio 156 votos (Corrigido: 152 votos)

Aprox. 374 votantes (Corrigido: 372 votos)
Para os militantes, discursos inflamados em defesa da candidatura de Heloísa à presidência da república, nos bastidores a intenção de removê-la da presidência do partido. Aqueles que mais insistiam em votar uma resolução indicando Heloísa como candidata à presidente da república negaram-se a indicar, de modo unitário em uma votação em separado, Heloísa como presidente do partido.   
Bem, não foi o que vimos no fim. A chapa vencedora abriu mão de sua indicação. A unidade do partido veio antes do sectarismo e do personalismo.

Durante o Congresso chegaram ao cúmulo da agressão contra Heloísa, promovendo uma “ocupação” do palco da mesa do  congresso para constranger Heloísa com  uma votação a favor do aborto. Queriam obrigar Heloísa a defender o que ela não acredita, da mesma forma que o PT tentou nos obrigar a votar a favor da reforma da previdência. Embora o mérito seja  totalmente diferente, pois a discriminalização do aborto é uma bandeira  justa, o método da coação é inaceitável em qualquer caso.  
Apenas eu vejo a contradição? A discriminalização do aborto é justo MAS, me expliquem, porque o MES se recusou a discutir o assunto então? E, sim, a Heloísa Helena não pode declarar publicamente ser contra o aborto se o partido decide o contrário. Não estamos falando de uma divergência em uma ou outra votação menor e sim de uma bandeira histórica do Pt, passada ao PSOL e bandeira do movimento feminista em todo e qualquer lugar do mundo. É uma bandeira das Esquerdas e dos Socialistas. Se Heloísa Helena quer ser a presidente do PSOL como pode, então, discordar publicamente de algo tão básico?
Vale lembrar que o PT, desde os anos 90, defende o aborto, a legalização deste. Lula é contra mas publicamente defende a diretriz do partido. O caso da reforma da previdência não tem qualquer relação com o assunto atual. Uma coisa é o PT abandonar suas bandeiras e a direção obrigar os parlamentares a votar contrários à sua consciência.Outra, bem diferente, é a discussão na base de uma bandeira Socialista e feminista e a recusa de uma das alas em sequer tocar no assunto. Ou, ainda pior, a Presidente do aprtido divergir publicamente da base.
Estamos falando de base e não de direção ou imposição.
A “nova maioria” que dizia se conformar em defesa da pluralidade e da democracia interna mostrou-se autoritária e desrespeitosa. Depois deste episódio, que nos obrigou a retirar-nos temporariamente do Congresso,  eles  recuaram da tentativa de remover Heloísa da presidência do partido. Já não tinham como sustentar os ataques e nem como explicar à base do partido por que nossa principal porta voz, aquela que todos queremos ver disputando a presidência da república, não mais seria presidente do partido.  
A "nova maioria" se mostrou desrespeitosa e autoritária por querer defender uma bandeira histórica? Mostrou-se autoritária por pedir às bases que decidissem uma diretriz? Apenas por desagradar à Heloísa Helena deve-se desistir das bandeiras e deixar passar?

Heloísa Helena encabeçou a chapa do MES – MTL  e independentes (grupo de Milton Temer  e grupo do deputado Gianazzi de SP), e embora nossa chapa tenha tido 30 votos a menos que a chapa da APS, Enlace, CSOL e deputado Raul Marcelo, indicamos a presidência do partido. 
A chapa 1, repito pela milésima vez, manter a unidade do partido. Sem sectarismo ou personalismo.

O fato da chapa 1 não ter indicado o presidente do partido foi  um claro  recuo  diante da evidência de que nenhum outro dirigente teria a legitimidade que tem  Heloísa para ser presidente do PSOL. Felizmente os companheiros se deram conta disso a tempo.   
Erro básico de análise de conjuntura. Talvez cegueira. Não quero pensar em má fé e oportunismo. Realmente prefiro pensar que é só inocência ou falta de tato. Mas é difícil aceitar de boa vontade que realmente o Robaina tenha dito tal barbaridade. A Chapa 1, a vencedora, agindo de boa fé e pela unidade, abriu mão de indicar alguém - Plínio, Ivan, tantos outros! - e recebe em troca uma apunhalada: "Não tem quadros", não tem legitimidade"!

Pois, vejam, a legitimidade da chapa vencedora se deu pelo simples fato de ter saído vencedora, de ter a base ao seu lado! Mas, realmente, eu mesmo vejo Heloísa Helena como presidente natural, é figura pública, notória, reconhecida e está em seu ambiente como figura pública da legenda - ainda que deva se adequar à base do partido em certas posições - mas de forma alguma sua indicação se deveu À qualquer falta de legitimidade do outro lado. É um argumento falso e absurdo.
 Esta foi uma grande vitória política. O PSOL segue comandado por aquela que é a nossa maior guerreira, o símbolo da luta sem quartel contra o PT e o PSDB, aquela que não vacilou na luta contra a reforma da previdência, que confrontou Lula desde o primeiro momento contra Sarney e Henrique Meirelles, que conduziu o nosso partido nestes 5 anos de forma vitoriosa, fazendo do PSOL uma referência para amplos setores de massas que graças a nossa denúncia permanente “dos segredos profissionais” dos políticos corruptos sabem que o PSOL não faz parte deste balcão de negócios.   
Figura de maior visibilidade, líder com carisma e boa líder até, mas "A maior"? "Aquela que não vacilou"?

Concordo que seja referência, é a mais pura verdade, mas nem de longe é a maior ou única líder e figura relevante. Ela talvez personifique muitas das qualidades que os militantes desejam na liderança mas TODOS os uqe foram expulsos do PT e que se integraram ao PSOL para continuara luta, o uque entraram depois mas estão comprometidos com a luta Socialista são igualmente guerreiros. Igualmente não vacilaram, fundaram o PSOL, correram atrás da base, lutam e continuarão lutando.

Este personalismo lembra o PT. Lula´e o líder incontestável, personifica a luta, é o maior guerreiro. São os mesmos argumentos que o PT usa quando trata de seu líder inconteste. É isto que quer o PSOL? Ser um PT parte 2?

Heloísa Helena é uma grande figura, uma grande líder mas não é insubstituível, não é a única nem a maior. Não existe o maior, existem OS maiores, AS maiores, TODOS e TODAS as militantes que doam seu tempo, suas vidas ao partido.

Todos sabemos que o II Congresso do PSOL  foi precedido de uma dura luta política.  Todos os que participaram de alguma plenária escutaram os companheiros da APS e de outras correntes acusarem o MES de não dar bola para a crise econômica e só centrar na questão da corrupção. 
Não sei quanto às plenárias mas durante todo o congresso o MES realmente não falou só em corrupção. Também elevou Heloísa Helena à categoria de deusa. Realmente, está errado.

Mas, falando sério, o falso moralismo e a corrupção dominaram o discurso do MES. É um fato.

Na folha de SP de hoje Ivan Valente repete este discurso, acrescentando que  a sua chapa “vitoriosa” no congresso vai além “porque para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda”. 
Alguém compreende o porque das aspas? Preciso colocar aqui de novo o resultado do Congresso? 182x156 votos para a chapa do Ivan Valente?

E, realmente, tem que ser de esquerda para ser contra a corrupção? não falo dos DemoTucanos que são de direita e tão corruptos quanto os que acusam, mas esta falsa-moralidade de "só a esquerda é anti-corrupção" é, no mínimo, ridículo. 
Após meses de  uma falsa polarização entre os que supostamente não dão  bola para a crise e os que a denunciam, a declaração de Ivan pós congresso permite-nos identificar  uma divergência importante sobre o tema da corrupção. Para nós  a bandeira da luta contra a corrupção é da esquerda, está nas mãos da esquerda, e só a esquerda pode ser conseqüente nesta luta. 
Se estivermos falando da luta meramente parlamentar, eleitoral, realmente. No congresso só o PSOL tem legitimidade para falar do assunto. Mas a vida não se imita ao parlamento.


É  PSOL e não o DEM que pode , e já está se credenciando junto ao povo por denunciar a corrupção. 
No parlamento, é verdade.Mas, cá entre nós, afirmar que no mundo só os de esquerda são honestos não é mais sectarismo, é fanatismo religioso.

Outros  podem fazer discursos mas que não se sustentam pela sua história passada e a sua prática presente. Parte da nossa tarefa política é demonstrar ao povo esta incoerência, o que só pode ser feito se formos os primeiros e os mais combativos na denúncia e na exigência de punição aos corruptos. Uma das razões pelas quais esta bandeira é tão importante para o PSOL é justamente porque não podemos deixar que o povo se engane achando que “para ser contra a corrupção não é necessário ser de esquerda. ”  É necessário  sim! 
Acusação séria! Então todo e qualquer indivíduo identificado com a direita ou o centro é corrupto ou defende a corrupção enquanto prática legítima?

Além disso, sabemos  que a melhor forma de lutar contra a crise – e não só fazer propaganda dela – é encontrar as bandeiras que mais mobilizam o povo, sabendo que a crise econômica também se expressa numa profunda crise moral pois a burguesia se utiliza de mecanismos corruptos para sustentar seus lucros e seus privilégios. 
Correto. Mas nem tudo. O erro, porém, é adotar uma só bandeira a do combate à corrupção, como tema central de campanha e de programa.

Por fim, o fato do nome de Heloísa Helena não ter sido oficialmente apontado como candidata a presidente da república não tem maior importância. Nem Dilma, nem Serra, nem Marina, nenhum dos prováveis candidatos foi ainda apontado oficialmente por seus partidos. Heloísa é nossa candidata natural e assim permanecerá até que seja realizada a conferência eleitoral do partido e a decisão final seja tomada. Não temos dúvida da importância  da candidatura de Heloísa à presidência da república. 

Não consigo enxergar, honestamente, nenhuma "naturalidade". Aliás, como já disse, esta "naturalidade" se esperava do PT em suas indicações do Lula.
São 3 meses de campanha eleitoral, um período curto mas importante para nos fortalecermos  como uma alternativa de esquerda para o Brasil. Mas também acreditamos a companheira Heloísa  tem todo o direito de explorar a possibilidade de se candidatar ao Senado, já que está em primeiro lugar nas pesquisas e se eleita obteria um mandato que colocaria o PSOL em outro patamar político dentro do Congresso Nacional durante  8 anos. 

Exatamente meu ponto, como demonstrei em postagem anterior. Heloísa Helena está praticamente eleita para o Senado e seria muito melhor para o PSOL - que parece precisar de grandes vitórias para se firmar e se manter unido, enquanto federação - garantir uma presença forte numa das casas mais problemáticas e polêmicas. Melhor que apenas queimar um de seus mais visíveis e relevantes cargos em uma candidatura que, convenhamos, todos sabemos que não irá vencer.

É o momento de seguir o debate e principalmente de construir uma proposta programática. O MES deu sua contribuição apresentando um rascunho de 80 páginas, que foi   distribuído no Congresso. Uma primeira contribuição ao debate, aliás  a primeira e até agora única  contribuição mais global  apresentada ao partido , elaborado por uma Comissão Nacional do MES, que vai seguir trabalhando junto com a militância do PSOL que com certeza tem muito a contribuir nesta discussão. 
E o primeiro passo para seguir com o debate é não considerar um assunto de máxima relevância como não merecedor de atenção.
Além do debate programático, as principais tarefas  que se colocam para a militância do PSOL após o  congresso são: seguir a campanha pelo Fora Sarney com panfletos, cartazes, abaixo assinados; divulgação da luta pelo Fora Yeda, governadora corrupta do PSDB gaúcho,  principalmente em SP território do PSDB de Serra; e engajar-se na batalha pela construção de uma nova central sindical, conforme a resolução votada no congresso. Além disso, temos a tarefa de apoio à luta do povo Hondurenho contra o golpe de direita, inclusive com a ida de uma delegação do PSOL ao país para participar da resistência. 

É importante ressaltar também a vitória que foi a realização do seminário internacional, três dias antes do congresso, uma parceria da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL (dirigida pelo MES) com a Fundação Lauro Campos. Dirigentes revolucionários de vários países se fizeram presentes, com destaque para o líder da resistência  Hondurenha, Gilberto Rios, dirigentes  políticos, sindicais e parlamentares   da Bolívia, do Perú, Colômbia,  Venezuela, Argentina, além de representantes do NPA da França, do ISO dos EUA e intelectuais como François Chesnais e Jorge Bernstein. 

Sectarismo desnecessário. Se a Secretaria de RI do PSOL é ou não do MES, que importa? Seria menos valioso o debate se a APS ou o CST fossem diretores da Secretaria?
Saudações, Roberto Robaina
Saudações, companheiro, que o MES consiga sair de seu isolamento sectário e dialogue, por mais doloroso que seja este diálogo. Façam pelo PSOL, pela base, pelo país.
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PSOL: Impressões do congresso [Parte2] [Update]

O resultado final da votação foi:

Chapa 1: APS/CSOL/ENLACE/REVOLUTAS/TLS/Rosa do Povo/Independentes 182 votos
Chapa 2: CST/CSR/Bloco de Resistência Socialista/Trotskystas 36 votos (Corrigido: 38 votos)
Chapa 3: MES/MTL/Independentes do Rio 156 votos (Corrigido: 152 votos)

Aprox. 374 votantes (Corrigido: 372 votos)

Os números podem oscilar algo em torno de 10 para mais ou para menos pois não anotei na hora, só alguns minutos depois, já com os números embaralhados, mas o resultado está correto.

-- A Folha SP confirma 372 os votantes, próximo do número que eu me lembrava --
Apesar da chapa 1 ter obtido a maioria dos votos, houve a opção da chapa em indicar o nome de Heloísa Helena para a presidência do partido, por entender que como principal figura pública do PSOL, a companheira é a que tem melhores condições de representar o partido.
Vitória da Chapa 1, que formará a nova direção e, em uma demonstração de solidariedade e uma tentativa de manter a unidade, a chapa abriu mão da indicação do/a presidente do partido, que continuará a ser a Heloísa Helena.
O último ponto da pauta do congresso, a eleição da direção, terminou com a derrota da chapa apoiada por ela e encabeçada pela deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Venceu a chapa liderada pelo deputado federal Ivan Valente (SP), que teve o apoio do deputado estadual Raul Marcelo (SP) e do senador José Nery (PA).
Agora espera-se uma reunião da nova direção - na verdade a divulgação de todos os nomes que ocuparão os principais cargos do partido - para saber como se dará o processo de escolha da nova ou novo candidato à presidência do Brasil pelo PSOL.

Pelos posicionamentos do último dia, a contar por cada tendência, a Heloísa Helena tem tímida vantagem sobre o Plínio de Arruda Sampaio.

E, quanto à indicação, podemos ver dois cenários.

1º cenário:

HH sai candidata a presidente. Não se elegerá mas trará muitos votos para si (vale lembrar que Marina e cia, uma possível candidatura do Ciro Gomes ou Cristovam Buarque podem pulverizar os votos). Mas, a sua cadeira quase garantida ao Senado se perderá. O PSOL sai sem grandes representações no legislativo para ter visibilidade nacional. Para um partidoquase que xclusivamente eleitoral, não é uma boa opção.

2º cenário:

Plínio sai candidato à presidência. Não terá votação surpreendente, por mai ue seja um quadro incrível, não tem muita força nacional. Mas sua maneira de falar, jeito calmo e etc podem ajudar a apagar a imagem de "radical" do partido. Não que a imagem seja ruim, o problema é que a "Classe Mérdia" não acha "cool".
Heloísa não esconde que tem entre as possibilidades a serem analisadas a candidatura ao Senado por Alagoas. Nesse caso, uma hipótese é lançar o advogado Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República.
Mas, em contrapartida, o PSOL assegura uma vaga no Senado, para a Heloísa. O partido teria, então, uma de suas mais combativas e verborrágicas militantes onde deveria estar. Com presença e espaço e pronta para denunciar as falcatruas dos demais senadores e as mazelas do parlamento.
O deputado estadual Raul Marcelo (PSOL-SP) lançou nesta sexta-feira o nome do economista Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República pelo PSOL. A candidatura porém, ainda precisa ser aprovada pelo congresso nacional do partido que acontece até domingo em São Paulo.
Se o PSOL não terá tanta visibilidade nacional, terá presença forte no senado. Acho eu que é justo.

A decisão final sobre quem será o candidato ou candidata sairá em Outubro.
- Qualquer candidatura do PSOL tem como sentido principal a denúncia do que consideramos ser uma farsa: Dois candidatos dizendo a mesma coisa. Entre Serra e Dilma não há a menor diferença. Plínio de Arruda Sampaio
O saldo final do congresso foi positivo. Se existe um sectarismo grande, é fato que ainda existe muito espaço para crescer, para criar e construir, mas a unidade é urgente e necessária. Novas demonstrações do MES ou de outras correntes de intolerância e repúdio ao diálogo podem, porém, pôr tudo a perder. Repito, o PSOL não é ainda um partido, senão uma federação de pequenos grupos antagônicos e este ponto deve ser objeto de ampla discussão, aberta e franca, sob a pena de implosão do partido.

Vale mais uma palavra sobre o personalismo. A defesa de Heloísa Helena chegou à tal ponto que as discussões sérias, sobre idéias, foram abandonadas. Falou-se que ela iria ser sempre a presidente, a candidata, que ela era a personificação do partido. Alguém lembra que outro partido teve eternamente esta atitude? E, no fim, quando finalmente venceu, deu no que deu.

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Quanto à Marina silva, ao menos no primeiro e terceiro dias o nome dela foi apenas superficialmente tocado. Se não me engano um ou outro militante da APS mencionou que era preciso desmascarar a Marina enquanto parte do PV. Ao que parece, não há qualquer intenção da nova direção de se aliar ao PV, seja de que maneira for.

Uma excelente notícia ou indicativo.

"Eu não aceito ser obrigada a não respeitar Marina Silva nas minhas declarações públicas. Isso gera um dissenso partidário. O partido deve construir o seu programa, apresentar as alternativas concretas para o Brasil e só então discutir qual o melhor quadro partidário para representar esse projeto", disse Heloísa à saída do congresso.

"Eu tenho a dizer que Marina Silva é uma das mais valorosas militantes que a esquerda já produziu. E eu não vou aceitar que queiram me proibir de dar essas declarações públicas." A declaração de Heloísa choca-se com o deliberado pelos delegados do PSOL, para os quais a possível candidatura de Marina "não representa a esquerda socialista e democrática".

É o problema sério do personalismo. O partido decide uma coisa, a Heloísa Helena ou outro simplesmente discorda publicamente, sem qualquer respeito pela unidade.

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As teses debatidas no Congresso:

TESE 1 - Possibilidades do PSOL nos desafios por um Novo Brasil

TESE 2 - PSOL na luta com os trabalhadores para construir o socialismo!

TESE 3 - Em defesa do PSOL democrático, classista e de combate

TESE 4 - Colocar o socialismo na ordem do dia!

TESE 5 - Uma alternativa popular, ecológica e socialista para o Brasil

TESE 6 - Novos tempos para o PSOL

TESE 7 - Postular o PSOL como alternativa para disputar influência de massas

TESE 8 - Um partido militante para um Brasil dos trabalhadores e socialista

TESE 9 - Construir o poder popular em direção ao socialismo e à liberdade

Contribuição - Formação, articulação e lutas: Os desafios do PSOL perante a fragmentação da esquerda socialista

Contribuição - Por um partido em que a base tenha voz e vez!

Contribuição - Romper a cortina de fumaça: A necessidade de um debate amplo e sem preconceitos sobre a questão das drogas

Contribuição - O presente é de luta, o futuro é da gente!
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domingo, 23 de agosto de 2009

PSOL: Impressões do congresso [Parte1]

Desde sexta o PSOL vive em clima de congresso, de decisão e, como não poderia deixar de ser, em clima de franco sectarismo.

A antiga direção, formada pela aliança entre APS, MES e MTL rachou, dando lugar à formação de 3 chapas que concorreram pela direção do partido neste ano.

Antes de mais nada, deve-se deixar claro que o PSOL ainda tem MUITO caminho para percorrer.

Não é um partido, é uma federação de partidos concorrentes e sectários que se unem sob uma bandeira para poder ter acesso à "democracia burguesa". As bases são fragmentadas, na verdade ainda é preciso muito trabalho de base e para conseguir bases, pois se brincar o PSTU tem mais penetração nos Movimentos Sociais que o PSOL em si e é muito mais sólido.

A unidade entre as correntes só acontece em certos momentos, vejam como são as eleições de DCE's, dificilmente vemos uma chapa "PSOL" e sim uma do MES concorrendo com a da CST e daí em diante. Vejam, por exemplo, que existem correntes do PSOL na Conlutas e outras na Intersindical. Como pode um partido se dividir tanto?

Mas é o que acontece, o PSOL não é um partido ainda, é um PT parte 2 mas sem a mesma base e penetração.

Claro, não sejamos pessimistas, há muito espaço para crescer, para amadurecer e se criarem reais espaços de luta. O congresso de hoje mostrou que existe muita vontade, apesar do MES.

Mas, vamos ao congresso.

Foram apresentadas 9 teses, praticamente cada grupo resolveu apresentar a sua, o que já demonstra o caráter fragmentado do partido. Vale nota a Tese 1, independente, que contava com o endosso de personalidades como Chico Alencar, Milton Temer, Carlos coutinho, Marcelo Freixo dentre outros, a tese 5 do Enlace, a Tese 6, da APS de Ivan Valente, a 7, de Luciana genro e o MES, a 8 do CSOL de Plinio de Arruda Sampaio e a 9, do MTL.

Notem que cada uma destas tendências lançou a sua tese mas formaram chapa logo depois. Era engraçado,no primeiro dia, ouvir aos gritos de guerra e quase ódio de uma tendência pela outra e, no dia seguinte, vê-las se abraçando e xingando outras mais distantes. Meros acordos pontuais, sem real comprometimento.

O primeiro dia foi tranquilo, apresentação das teses, muita conversa, gritos de guerra e ótimos discursos. Nada digno de nota fora o exemplo de sectarismos que explodiram no segundo dia.

Neste primeiro dia, vale ainda lembrar, cada tendência deixou bem clara em quem apoiaria para candidato/a à presidência do Brasil. Todas, menos os independentes e o CSOL defenderam a Heloísa Helena, enquanto os demais ficaram com Plínio de Arruda Sampaio.

A APS e o ENLACE, posteriormente, revisaram suas posições e aparentemente fecharão com o CSOL e Plínio.

No segundo dia, então, foram os GT's.

Eis que, no meio da discussão sobre o aborto - todos sabem que a HH é contra e ela faz questão de deixar sua opinião pública - o MES resolve abandonar o congresso porque não achava que o tema era apropriado para ser debatido!
"Sou do PSOL, sou radical, eu não aceito o dinheiro da Gerdau"
Musiqunha da CSOL/APS para o MES
O MES é o grupo, hoje, mais próximo da HH, ainda que a CST idolatre de forma quase religiosa a ex-senadora, e em uma deturpada noção de solidariedade, resolveu que não iria discutir nada sobre o Aborto e pôs um ponto final na discussão quando ameaçou se retirar do congresso. Uma demonstração absurda de sectarismo e desrespeito.

Por ser um partido de tendências, ninguém pode impor ao MES absolutamente nada, porém, sendo minoria, cabia ao MES aceitar a opinião dos demais. A Heloísa Helena, aliás, deveria se colocar em sue lugar e, como Lula, acatar a posição do partido.

O grande problema do PSOL e de qualquer partido de tendências tão fragmentadas e auto-suficientes é a de que cada líder ou membro de tendência acha que pode falar o que lhe vem à telha, sem respeitar ou observar a posição unificada do partido. É o que a Heloísa Helena faz na questão do aborto e o MES resolveu aderir. Sem dúvida uma vergonha a posição do MES para Luciana Genro, sua principal representante.

O caso Gerdau é outro que teve ampla repercussão ao longo do congresso. Conta todas as demais tendências e a direção do partido, a candidatura de Luciana Genro no rio Grande do Sul aceitou doação da empresa Gerdau. Oras, se uma das maiores críticas ao PT era exatamente a aceitação de financiamento de empresas, na base do "uma mão lava a outra", que acabou por desvirtuar as bandeiras históricas e tornar o partido um jogo nas mãos do capital, então como aceitar financiamento empresarial dentro do PSOL?

O partido não nasceu para combater exatamente isto? Ou existe alguma pureza desconhecida e gigantesca que impedirá o PSOL de se corromper, igual ao PT?

Passada a crise do sábado, no domingo era dia de votar.

As chapas formadas foram três:

Chapa 1: APS/CSOL/ENLACE/REVOLUTAS/Independentes
Chapa 2: CST/LSR/TLS/AS/ARS/CRS/Trotskystas
Chapa 3: MES/MTL

Durante os discursos de defesa das chapas surpreendeu o personalismo e o sectarismo. O discurso de Luciana Genro, Chapa 1, mais parecia uma oração à Heloísa Helena. Nenhuma discussão de propostas, idéias. Era HH no céu e o PSOL na terra para seguir sua palavra.

O discurso de Luciana Genro e do outro membro do MES (que não descobri o nome) se limitou a louvar HH, a chamar de traidores os que se opunham ao nome dela para concorrer à presidência do país.

A chapa do MES/MTL conseguiu ser mais sectária que a Chapa 2, capitaneada pela CST, próxima ao PSTU, o que diz tudo.

A Chapa 2, primeira a discursar, também demonstrou que apóia incondicionalmente - e até religiosamente - Heloísa Helena. Deixou claro de todas as formas que podia. O curioso é que declaravam ter diversas discordâncias, tinha sérios problemas e etc, mas o apóio era indiscutível. Babá deixou tudo muito claro.

A última chapa a discursar, a Chapa 1, formada por APS/CSOL/ENLACE e outros, discursou pregando a unidade. Se no primeiro dia a APQ deixou claro apoiar a Heloísa Helena, reviu sua posição e ao menos convocou um novo congresso para discutir exatamente e exclusivamente este tema.

O discurso de uma companheira que, infelizmente, não me recordo o nome, foi emocionante. Um chamado à unidade, à construção do PSOL enquanto alternativa viável à PT e DemoTucanos. A companheira fez um discurso inspirado, criticando o financiamento da Gerdau, o sectarismo, os personalismos e fechando com um pedido à unidade.

O ponto principal do discurso dos demais apoiadores da chapa 1 foi o do combate aos personalismos. O partido não é da Heloísa Helena, não é do Ivan Valente ou do Babá, muito menos da Luciana Genro, é de todos estes e da base, dos filiados e militantes. Este foi o ponto principal do discurso de Ivan Valente, o último a falar. E foi aplaudido pela maioria dos presentes ao congresso.

A votação iria começar quando do lado dos militantes do MES e do MTL estourou uma briga enquanto o resto do ginásio vaiava e gritava palavras de ordem dizendo que democracia não é porrada e lamentando as atitudes do MES ao longo de todo o congresso.

Vale ainda um adendo, ao longo de toda a apuração, enquanto as diversas tendências demonstravam seriedade, preocupação ou ao menos se juntavam para conversar, discutir o partido, rumos e possibilidades, os militantes do MES não pararam de batucar, vestidos em camisas fazendo referência ao grupo - e não ao PSOL, como seria de se esperar - e cantando músicas como "Ana Júlia", do Los Hermanos. Uma lamentável demonstração de descomprometimento com o Congresso. Uma festa, ao que se via, e não algo sério.

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Para não me antecipar ao próprio partido, amanhã posto o resultado final e mais impressões do terceiro e último dia do Congresso.

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Pequeno glossário de siglas:

APS: Ação Popular Socialista (Ivan Valente)
MES: Movimento de Esquerda Socialista (Luciana Genro)
CST: Corrente socialista dos Trabalhadores (Babá)
CSOL: Coletivo Socialismo e Liberdade (Plínio)
MTL: Movimento Terra Trabalho e Liberdade
TLS: Trabalhadores na Luta Socialista
LSR: Liberdade, Socialismo e Revolução (Unificação da Socialismo Revolucionário SR e Coletivo Liberdade Socialista CLS )
CRS: Corrente Renovação Socialista
AS: Alternativa Socialista
ARS: Alternativa Revolucionária Socialista
ENLACE: Coletivo formado por membros da Tendência Liberdade e Revolução, Movimento de Unidade Socialista, Dissidências da Democracia Socialista, da Articulação de Esquerda e do Fórum Socialista
Revolutas
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Líbano e sectarismo pré-eleitoral

É curioso, no Líbano, notar as constantes traições partidárias e sectárias.

Michel Aoun permaneceu no exílio por se opor à Síria, agora é amigo de longa data. Os Drusos se dividem entre famílias tradicionais. O líder aponta para um lado e todos vão atrás, sem grande pensamento crítico.

Ainda existe muito feudalismo, vide Walid Jumblatt, e as posições políticas não são independentes e sim devem seguir Àqueilo que as lideranças ectárias apontam.

Os Cristãos se opõem a um novo censo no país, que demonstraria factualmente que os Muçulmanos, em especial, Xiita,s são maioria, oque acabaria com o balanço acertado anos atrás no País, no qual os Cristãos Maronitas ficaram com o cargo de maior prestígio, a Presidência e os Xiitas apenas com a Presidência do Parlamento.

Do lado do Hizbollah, o Amal, grupo muçulmano Xiita, mantém uma política de aliança bem tensa, em muitos momentos, com o grupo xiita dominante no sul do país.

E a relação entre os diversos grupos, dentro ou fora de suas alianças, é e sempre foi problemática, antes e depois da Guerra Civil que arrasou o país.

O grande problema é: O que fazer?

Por um lado os muçulmanos, especialmente Xiitas, exigem mais poder, por outro, os cristãos não aceitam um novo censo e nem perder poder, o que aconteceria com o censo.

É uma situação complicada em uma sociedade que sempre foi dividida entre grupos religiosos e étnicos, em que as famílias e lideranças sempre foram o principal apoio de todos.

É impensável uma solução em que a representação de grupos sectários tenha um fim, depois da Guerra Civil especialmente, os ódios são muito fortes e a ligação de grupos idem mas é complicado pensar em manter o memso sistema, com ou sem revisão.

O Líbano é uma verdadeira sinuca.

Abaixo um artigo muito bom sobre a situação do Líbano enquanto se aproximam as eleições.

O nó sectário da eleição libanesa

Não existe nenhum grupo religioso majoritário no Líbano. Dentre todas as minorias, segundo estimativas, a maior deve ser a muçulmana xiita, seguida por cristãos maronitas, muçulmanos sunitas, drusos, cristãos grego-ortodoxos e armênios. Insisto no "segundo estimativas", porque, há décadas, não se realiza um censo no território libanês. Os cristãos maronitas, especialmente, sabem que uma pesquisa provaria o que todos já sabem – os cristãos deixaram de ser o mais expressivo grupo libanês.

A forte imigração cristã do fim do começo do século 20 aliada a uma mais elevada taxa de natalidade dos muçulmanos alterou a balança sectária, com o pêndulo se movendo para o lado muçulmano, especialmente o xiita. Mas esta mudança não se refletiu na divisão de poderes. Obrigatoriamente, o presidente do Líbano deve ser um cristão maronita, o premiê tem que ser sunita e o presidente do Parlamento sempre é xiita. O Parlamento e os ministérios também são divididos em linhas sectárias. Até a Guerra Civil (1975-90), o presidente era a figura mais poderosa do Líbano. Hoje, o primeiro-ministro se fortaleceu. Ser governista ou opositor depende de a coalizão apoiar ou não o premiê.

Nas eleições de junho, os libaneses terão que escolher entre duas coalizões. A governista se denomina 14 de Março. É comandada pelos sunitas ligados a Saad Hariri e ao premiê Fuad Siniora. Tem como aliados facções cristãs, como as Forças Libanesas, de Samir Gaegea, um líder miliciano dos tempos da Guerra Civil e que hoje carrega a bandeira de “defesa dos maronitas”. Drusos seguidores do líder feudal Walid Jumblat também integram a aliança. Praticamente não há nomes xiitas relevantes na 14 de Março.

A oposição, chamada de 8 de Março, é liderada pelos xiitas. Tanto do Hezbollah, quanto da Amal. Os principais aliados são os cristãos que seguem o ex-general Michel Aoun. Principal liderança militar da Guerra Civil, Aoun permaneceu no exílio por 15 anos até 2005 devido à sua oposição à Síria. Ironicamente, retornou ao Líbano para se aliar aos sírios. Outros integrantes da coalizão são os sunitas tradicionalmente próximos a Damasco e os drusos que seguem outras famílias, como a Arslan.

A 14 de Março é próxima à Arábia Saudita, Egito, Jordânia e Estados Unidos. A 8 de Março é aliado do Irã e da Síria. Isto é, as duas facções se dividem nas duas linhas da Guerra Fria do Oriente Médio, comentada em post anterior neste blog. Uma vitória da 14 de Março indicaria o fortalecimento do grupo pró-EUA e sauditas. Já uma vitória da 8 de Março provaria a força do Irã e, em parte, da Síria. Em parte porque a Síria não vê nas eleições o futuro de sua força no Líbano. Damasco sabe que, em caso de normalização das relações com os Estados Unidos e um acordo de paz com Israel, poderá ter um sinal verde para voltar a dar as cartas no Líbano, independentemente de quem estiver no poder. Este é justamente o temor da 14 de Março, que pedem garantias ao governo de Barack Obama de que os libaneses não pagarão o preço da paz entre a Síria e Israel. Foi justamente para acalmar os libaneses que Hillary Clinton visitou Beirute nesta semana.

Ao mesmo tempo, apesar de a Síria ser aliada da facção do Hezbollah, na prática a relação entre Damasco e o grupo xiita não é tão boa quanto antes. Desde a morte de Imad Mughniyeh, comandante militar da organização em carro-bomba na capital síria, o Hezbollah passou a enxergar a Síria com suspeita. Em Beirute, especula-se que os sírios estariam por trás da ação.

Independentemente de quem vencer a eleição, o problema libanês persistirá. Até quando o país viverá sob linhas sectárias. E, mais importante, até quando o Hezbollah concordará que os xiitas não possuam os cargos de presidente e de premiê. Se quiser, o grupo toma o poder no Líbano em poucas horas. Hoje, isso não deve acontecer. Mas em alguns anos é bem possível.

O que está claro, atualmente, é o constante declínio da força dos cristãos. Divididos, eles se tornaram coadjuvantes nas coalizões políticas. Hoje, o poder é disputado entre xiitas e sunitas.
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