segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PSOL: Impressões do congresso [Parte2] [Update]

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O resultado final da votação foi:

Chapa 1: APS/CSOL/ENLACE/REVOLUTAS/TLS/Rosa do Povo/Independentes 182 votos
Chapa 2: CST/CSR/Bloco de Resistência Socialista/Trotskystas 36 votos (Corrigido: 38 votos)
Chapa 3: MES/MTL/Independentes do Rio 156 votos (Corrigido: 152 votos)

Aprox. 374 votantes (Corrigido: 372 votos)

Os números podem oscilar algo em torno de 10 para mais ou para menos pois não anotei na hora, só alguns minutos depois, já com os números embaralhados, mas o resultado está correto.

-- A Folha SP confirma 372 os votantes, próximo do número que eu me lembrava --
Apesar da chapa 1 ter obtido a maioria dos votos, houve a opção da chapa em indicar o nome de Heloísa Helena para a presidência do partido, por entender que como principal figura pública do PSOL, a companheira é a que tem melhores condições de representar o partido.
Vitória da Chapa 1, que formará a nova direção e, em uma demonstração de solidariedade e uma tentativa de manter a unidade, a chapa abriu mão da indicação do/a presidente do partido, que continuará a ser a Heloísa Helena.
O último ponto da pauta do congresso, a eleição da direção, terminou com a derrota da chapa apoiada por ela e encabeçada pela deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Venceu a chapa liderada pelo deputado federal Ivan Valente (SP), que teve o apoio do deputado estadual Raul Marcelo (SP) e do senador José Nery (PA).
Agora espera-se uma reunião da nova direção - na verdade a divulgação de todos os nomes que ocuparão os principais cargos do partido - para saber como se dará o processo de escolha da nova ou novo candidato à presidência do Brasil pelo PSOL.

Pelos posicionamentos do último dia, a contar por cada tendência, a Heloísa Helena tem tímida vantagem sobre o Plínio de Arruda Sampaio.

E, quanto à indicação, podemos ver dois cenários.

1º cenário:

HH sai candidata a presidente. Não se elegerá mas trará muitos votos para si (vale lembrar que Marina e cia, uma possível candidatura do Ciro Gomes ou Cristovam Buarque podem pulverizar os votos). Mas, a sua cadeira quase garantida ao Senado se perderá. O PSOL sai sem grandes representações no legislativo para ter visibilidade nacional. Para um partidoquase que xclusivamente eleitoral, não é uma boa opção.

2º cenário:

Plínio sai candidato à presidência. Não terá votação surpreendente, por mai ue seja um quadro incrível, não tem muita força nacional. Mas sua maneira de falar, jeito calmo e etc podem ajudar a apagar a imagem de "radical" do partido. Não que a imagem seja ruim, o problema é que a "Classe Mérdia" não acha "cool".
Heloísa não esconde que tem entre as possibilidades a serem analisadas a candidatura ao Senado por Alagoas. Nesse caso, uma hipótese é lançar o advogado Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República.
Mas, em contrapartida, o PSOL assegura uma vaga no Senado, para a Heloísa. O partido teria, então, uma de suas mais combativas e verborrágicas militantes onde deveria estar. Com presença e espaço e pronta para denunciar as falcatruas dos demais senadores e as mazelas do parlamento.
O deputado estadual Raul Marcelo (PSOL-SP) lançou nesta sexta-feira o nome do economista Plínio de Arruda Sampaio à Presidência da República pelo PSOL. A candidatura porém, ainda precisa ser aprovada pelo congresso nacional do partido que acontece até domingo em São Paulo.
Se o PSOL não terá tanta visibilidade nacional, terá presença forte no senado. Acho eu que é justo.

A decisão final sobre quem será o candidato ou candidata sairá em Outubro.
- Qualquer candidatura do PSOL tem como sentido principal a denúncia do que consideramos ser uma farsa: Dois candidatos dizendo a mesma coisa. Entre Serra e Dilma não há a menor diferença. Plínio de Arruda Sampaio
O saldo final do congresso foi positivo. Se existe um sectarismo grande, é fato que ainda existe muito espaço para crescer, para criar e construir, mas a unidade é urgente e necessária. Novas demonstrações do MES ou de outras correntes de intolerância e repúdio ao diálogo podem, porém, pôr tudo a perder. Repito, o PSOL não é ainda um partido, senão uma federação de pequenos grupos antagônicos e este ponto deve ser objeto de ampla discussão, aberta e franca, sob a pena de implosão do partido.

Vale mais uma palavra sobre o personalismo. A defesa de Heloísa Helena chegou à tal ponto que as discussões sérias, sobre idéias, foram abandonadas. Falou-se que ela iria ser sempre a presidente, a candidata, que ela era a personificação do partido. Alguém lembra que outro partido teve eternamente esta atitude? E, no fim, quando finalmente venceu, deu no que deu.

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Quanto à Marina silva, ao menos no primeiro e terceiro dias o nome dela foi apenas superficialmente tocado. Se não me engano um ou outro militante da APS mencionou que era preciso desmascarar a Marina enquanto parte do PV. Ao que parece, não há qualquer intenção da nova direção de se aliar ao PV, seja de que maneira for.

Uma excelente notícia ou indicativo.

"Eu não aceito ser obrigada a não respeitar Marina Silva nas minhas declarações públicas. Isso gera um dissenso partidário. O partido deve construir o seu programa, apresentar as alternativas concretas para o Brasil e só então discutir qual o melhor quadro partidário para representar esse projeto", disse Heloísa à saída do congresso.

"Eu tenho a dizer que Marina Silva é uma das mais valorosas militantes que a esquerda já produziu. E eu não vou aceitar que queiram me proibir de dar essas declarações públicas." A declaração de Heloísa choca-se com o deliberado pelos delegados do PSOL, para os quais a possível candidatura de Marina "não representa a esquerda socialista e democrática".

É o problema sério do personalismo. O partido decide uma coisa, a Heloísa Helena ou outro simplesmente discorda publicamente, sem qualquer respeito pela unidade.

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As teses debatidas no Congresso:

TESE 1 - Possibilidades do PSOL nos desafios por um Novo Brasil

TESE 2 - PSOL na luta com os trabalhadores para construir o socialismo!

TESE 3 - Em defesa do PSOL democrático, classista e de combate

TESE 4 - Colocar o socialismo na ordem do dia!

TESE 5 - Uma alternativa popular, ecológica e socialista para o Brasil

TESE 6 - Novos tempos para o PSOL

TESE 7 - Postular o PSOL como alternativa para disputar influência de massas

TESE 8 - Um partido militante para um Brasil dos trabalhadores e socialista

TESE 9 - Construir o poder popular em direção ao socialismo e à liberdade

Contribuição - Formação, articulação e lutas: Os desafios do PSOL perante a fragmentação da esquerda socialista

Contribuição - Por um partido em que a base tenha voz e vez!

Contribuição - Romper a cortina de fumaça: A necessidade de um debate amplo e sem preconceitos sobre a questão das drogas

Contribuição - O presente é de luta, o futuro é da gente!
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Comentários
3 Comentários

3 comentários:

AF Sturt Silva disse...

Raphael,
corrija se eu estiver errado;a esquerda dentro do psol venceu a eleição no congresso,isso siginifica que o partido(ou as tedencias) avança para o lado do socialismo(poder para as bases,mobilização das massas contra as alinças de candidatos ao capital financeiro e e elites burguesas locias.etc)

Isso é bom até por que o que vale é manter a estrutura definida ideologicamente nas bases,e mesmo se a imagem eleitoreira a ser passada seja uma coisa "falsa",poís assim pre- soluciona uma questão grave, que é os alienados e classe media não poderem ser usados ou usarem um discurso contra o partido alegando radicalismo.Assim é ate bom para o crescimento do psol ,mas de maneira alguma pode correnper como fez o pt.
Ou seja, passar a imagem sendo uma coisa e na verdade é outra.

Já que vc foi ao congresso,como vc viu a respota do derrotados no congreesso?
No inicio vc mesmo falou que o partido estava rachado,como as diversas tedencias sairam do encontro?Se elas uniram em favor ao partido ou se elas distanciaram mais ainda?
E como vc vê essa questão de o partido decidir uma coisa e lideres de correntes qualqueres discordar?Vc acha que isso mudará ou o congresso não contribui com nada em relação a essa problematica.

ABS!!!

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Bem, não sei se a "Esquerda" venceu, por mais que o povo tenha cantado ao fim que o MES era a direita do partido... Venceu, pelo menos, o lado da unidade, a parte mais coerente do partido representado pelo CSOL e APS e correntes coligadas.

O outro lado era extremamente personalista (MES/MTL) ou então extremamente sectário, ligados ao trotskysmo mais radical estilo PSTU (CST).

Bem, eu acho que o fato da Chapa 1 ter estendido a mão para as outras chapas deixando a HH na presidência talvez tenha evitado maiores fraturas. A questão é ver como sairao as tendências em outubro, qd vão escolher o candidato ou candidata à presidência do país.

Pelo que eu vi, houve um fortalecimento da base no congresso, foi positivo. O MES é que demonstrou ser arredio à aceitar uma direção mas no geral eu acho que as tendências conseguiram se unificar um pouco mais. APS e CSOL são bem afins, o Enlace é uma federação e tem tendências afins e eu não acho que o MTL fica com o MES por tanto tempo.

No fim, acho que foi válido para isolar um pouco o MES, os mais à direita e festivos do partido, pouco comprometidos com a unidade e mais com o personalismo, com a Gerdau e etc.

É ver como se desenrola tudo até outubro!

Seria bom até para a unidade que saísse o Plínio candidato, seria um teste para a unidade do partido.

No mais, enquanto falarmos em federação de partidos, cada líder de tendência vai querer ter voz diferente da unidade. O PT é assim, mas consegue contornar até certo ponto, em questões mais sensíveis. O PSOL ainda não aprendeu.

Doo disse...

Plinio de arruda presidente!

sei que a eleição é pouco provável... mas eu ia me divertir muito com o debate (e principalmente na edição da Globo)

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