terça-feira, 22 de setembro de 2009

Honduras: O necessário envio de tropas

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Exaustivas análises já foram feitas sobre a situação de Honduras, de todos os lados, desde os honestos e decentes que condenam irrestritamente o golpe até o nosso PIG que acusa Zelaya de tentar dar um golpe branco e se reeleger - ainda que, pelo menos agora, condenem o golpe militar que o derrubou, mas sempre colocando "poréns".

O objetivo não é, agora, analisar as causas, o que já fiz exaustivamente neste blog desde que o golpe teve início, há mais de dois meses, e sim tentar enxergar algum futuro ou desenvolvimento da situação.

Zelaya está na embaixada brasileira de Honduras, a água e a luz foram cortadas e o local está cercado. Inicialmente centenas de manifestates estavam nos arredores da embaixada demonstrando seu apóio ao presidente legítimo e foram atacados pela polícia com tiros e bombas de gás. O país está sob Estado de Sítio e a tensão é visível.

Zelaya, por enquanto está seguro na Embaixada do Brasil, mas até quando? Atiradores cercam o local, o exército está à postos, a energia elétrica de toda Honduras corre perigo de ser cortada e a única coisa que impede os golpistas de invadirem a embaixada é o Direito Internacional. Algo extremamente frágil, especialmente para um governo que só existe pelo desrespeito às leis.

Centenas de manifestantes estão sendo atacados em San Pedro Sula, inclusive crianças, o Movimento de Resistência ao Golpe informa que mais de 400 foram presos e de que há luta armada no país contra o golpe. PElo menos dois já foram mortos no entorno da embaixada.

Muitos pedem uma intervenção armada brasileira, um envio de tropas, mas é uma idéia vaga, as nossas forças armadas chegam a dar pena da precariedade em que se encontram e a Marinha levaria eras para chegar até Honduras. A situação pede uma ação rápida e só Chavez e Obama podem intervir com força e efetividade neste momento.

O problema é que Obama dificilmente intervirá, apesar de decisão da OEA a favor de Zelaya e de sua volta, Hillary ainda continua com a ladainha de que Zelaya deve aceitar o acordo proposto por Oscar Árias, algo inaceitável dada a situação atual. Os EUA já estão enterrados no Afeganistão e acabaram de se livrar do problema Iraquiano. Se sequer se sujeitaram a se sujar no Haiti - sobrou para o Brasil - imagina se irão sujar as mãos e intervir em mais um país na atual situação. Não há a desculpa do Terrorismo para tal intervenção nem o Eixo do Mal sofrerá nada caso Honduras continue como está.


Do outro lado Chavez tem a capacidade de intervir, mas sua ação não seria legítima aos olhos da comunidade internacional - por mais que isto se baseie na análise PIGiana.

Sobra o Brasil como único possível agente capaz de acalmar a situação, mas até onde vai a real vontade do país em intervir? A abertura da embaixada é um indicador animador, mas daí a usar tropas, vai uma distância enorme. O Brasil já está concentrado na intervenção no Haiti, fora o sucateamento das tropas restantes, a distância até Honduras para uma intervenção rápida e, por fim, a vontade política e o custo interno que traria uma intervenção tão fortemente condenada pelo PIG e pelas elites nacionais.

Resta, enfim, a OEA. Esta deveria convocar tropas em caráter de urgência mas quanto tempo levaria até que algo efetivo fosse discutido e votado? Quem estaria disposto a ceder tropas e em caráter urgente?

A situação é desesperadora, nas ruas o povo é atacado, violentado; a embaixada está cercada e Zelaya isolado, fora o perigo de claro desrespeito às leis internacionais iminente.

Resta a nós observar e torcer para que a situação se resolva mas, diferente das últimas tentativas de Zelaya de entrar no país, desta vez ele está em seu centro e não existe mais a possibilidade de acordos em que Zelaya não retome seu lugar de direito, a presidência, nos braços do povo Hondurenho.

É isto ou sua morte.

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Dentro do Brasil, o PIG e o PSDB já deram o recado, o Brasil deveria ter deixado Zelaya ser preso ou morto pela ditadura. Não cabe ao Brasil o papel de líder ou de defensor da Democracia na América Latina. Micheletti afirma que responsabilizará Zelaya e o Brasil por qualquer derramamento de sangue - que já teve início com o assassinato pelos Golpistas de dois manifestantes no entorno da Embaixada Brasileira - e o PIG brasileiro adota o mesmo discurso, de não intervenção e de não influência ou interferência brasileira na situação.

O PIG não tolera que seus aliados golpistas de Honduras tenham prejuízo e sejam questionados, cabe ao Governo Brasileiro sentar e olhar enquanto o povo Hondurenho é violentado. Já o PSDB, bem, são tucanos realizando seu trabalho de sempre: Entreguismo, covardia e despeito.

Hoje, ao assistir ao Bom Dia (sic) Brasil, era difícil não gorfar. Míriam Leitão desfilava todo o seu conhecimento (sic) de Política Externa e Relações Internacionais ao afirmar que o Brasil errou em ajudar Zelaya e ao afirmar ainda que a culpa de tudo é de Chavez, que quer só arrumar confusão.

Uma análise primorosa, típica do PIG e que grita pela morte de Zelaya (condena o golpe mas, por debaixo dos panos dá gritos de alegria pela oportunidade de novos negócios) e pela inação Brasileira.
Lula, que asiste en Nueva York a la reunión de Naciones Unidas sobre el cambio climático, ha afirmado que Brasil está garantizando el derecho del presidente Zelaya de buscar refugio en su embajada y ha hecho un llamamiento al gobierno presidido por Roberto Micheletti para que abra la vía de la negociación y buscar una salida a la crisis. Hacemos "lo que cualquier país democrático haría", ha dicho Lula a los periodistas.
Para desespero do PIG, Lula, da ONU, pede que os golpistas não toquem na embaixada brasileira e que é decisão soberana de qualquer país democrático oferecer refúgio.

A invasão da embaixada significaria uma declaração de guerra, o que o Brasil faria?

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Todas as fontes sem links vêm da TeleSur, Radio Globo, Rádio Progreso e do Twitter.
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Comentários
5 Comentários

5 comentários:

André Hp disse...

Interessante o fato de você ter feito toda uma análise, desde o começo, ponderando todos os aspectos do golpe e pós-golpe. Tudo usando como base somente a mídia. Tanto brasileira, como gringa - como presumo ter acesso.

É incrível e pouco notável esse efeito midiático. Você ter toda dimensão de uma situação sem nunca ter ido ao lugar dela.

Abraço!

Rodrigo Cássio disse...

Raphael,
Muio boa análise. Esperemos que o Brasil continue a defender a democracia e a solução diplomática em Honduras. A "imparcialidade" passiva da mídia é mesmo lamentável, diante desse problema político tão significativo.
Abraço

Raphael Tsavkko Garcia disse...

André: A internet é simplesmente uma ferramenta revolucionária. Você pode conhecer mais sobre a realidade de um país onde judas perdeu as botas somente usando a net do que muita gente que mora no lugar mas não está nem aí pro que acontece.

Claro, nada supera ir atrás da fonte, ir ao lugar e etc mas, de qualquer forma, a internet propicia uma aproximação ímpar e fantástica!

Rodrigo: Pese Azeredos da vida e a corja DemoTucana, também espero que o Brasil não dê pra trás numa hora dessas e que a ONU intervenha para recolocar o Zelaya no poder.

às vezes penso que prefiro o silêncio da mídia aos seus discursos deturpados, por mais que o silêncio signifique também conivência.

Cícero disse...

Oi Rafael,

No seu texto (que chamaram de análise) sobre "o necessário envio de tropas" para Honduras, você comete algumas falhas (faltas), mas principalmente, em relação a situação "geral" em Honduras, os conflitos sociais, as classes e os diversos atores (nacionais e inrenacionais) envolvidos direta e indiretamente, até o desfecho e manutenção do golpe em si.

Só como exemplo, faltou mostrar a situação da principal classe social de Honduras, a classe assalariada, e o povo em geral. Pois além da enorme importância desta classe em toda a política e economia, suas lutas e manifestações (contra a exploração, da oligarquia e imperialismo) interferem diretamente em todos os "fatos" ou mudanças que ocorram, politicas, econ., internas e externas.

Feito esta consideração acima, mais "geral" (e até simplista) sobre a situação "política" em Honduras, veríamos melhor os "motivos" por detrás das disputas políticas que culminaram no golpe e no desenrolar deste.

E pelo prisma da classe trabalhadora e da população hondurenha, que produz toda a riqueza do país, a única explorada e antagônica, por todas as outras facções da classe dominante e setores da burguesia local e estrangeira, que devemos (nós trabalhadores) apoiar, planejar ou apoiar qualquer iniciativa. Seria "estranho", que de repente adotássemos ou apoiássemos as táticas dos nossos inimigos, ou seja, da própria burguesia, causadora de tudo aquilo (e mais outras).

Desde o início do golpe (e só a partir daí que ficamos sabendo que existe Honduras!!) o conflito todo só aparecem(-nos) como fatos "recentes", fruto de atitudes recentes do presidente, ou seja, de forma totalmente superficial, e bem manipulada, através da mídia inclusive. E isso influenciou todo o processo de divulgação, a percepção de todos nós, que estávamos "distante" (não em Kms!), as opiniões, acerca das "linhas políticas" oficiais de apoio internacional, dos governantes de outros países, como EUA, Brasil, Venezuela, etc.

Por isso, já espanta (no seu texto) quando cria esperanças, e chega até mesmo a sugerir a interferência mais direta dos EUA, da ONU, OEA, e que na falta deste o Brasil deveria substituí-lo (os EUA) e intervir militarmente em Honduras!, a exemplo do que já faz no Haiti!

Acredito que não defendemos nenhuma saída tipicamente das burguesias para o conflito e o golpe em Honduras. Nenhuma delas, nem as saídas "diplomáticas" e negociações entre Zelaya (e seu grupo) e os golpistas e o Imperialismo, muito menos intevenção militar neste sentido, tanto faz se tropa norte-americana ou do Brasil, como acontece no Haiti, onde o exército brasileiro (a serviço da elite local e seus sócios estrangeiros) cumpre bem o papel de "aliado preferencial" na "segurança nacional" daquele pequeno país.

Não queremos , muito menos apoiamos, que exército dos EUA ou de qualquer país, vá fazer o "serviço" de "acalmar", ou resolver "a crise política" (como diz a mídia) de qualquer país que seja, nem em Honduras.

Temos que apoiar sempre o povo hondurenho, os trabalhadores, os camponeses, e principalemte, a SUA LUTA contra a burguesia, as oligarquias, os golpistas (são os mesmos, da mesma classe), apoiando as "linhas" políticas corretas, e independentes, para a luta da classe trab. e povo hondurenho, pela e para a sua verdadeira emancipação e liberdades.
Naõ podemos apoiar nenhuma medida "alheia", e que vá contra esta sua luta e libertação. Não pode mais ser massa de manobra na mão destes mesmos setores da buguesia, que agora disputam o "botim", o "excedente econômico", sobre suas costas.

Um abraço e até.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Eu até penso como você, camarada, a questão é que chegamos num ponto em que pouco se pode fazer "localmente". A classe trabalhadora está sendo vítima de constantes abusos e violações e pouco pode fazer a respeito. Está sendo morte, violentada.

O que se pode fazer agora? Esperar por diálogos intermináveis entre os golpistas e Zelaya? Esperar pela eleição fake que virá ou deixar simplesmente tudo correr solto?

Não sou a favor de intervenções militares, especialmente envolvendo EUA e afins mas, cá entre nós, vejo pouca alternativa frente aos golpistas senão uma força internacional para pôr ordem na situação, ou ao menos derrubar os golpistas. É difícil!

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