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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Yoani Sanchez, mas pode chamar de Soniña

Cuba não é um paraíso. Mas tampouco é o inferno.

Yoani Sanchez, carinhosamente apelidada de Soniña no Twitter - uma comparação honesta, diga-se de passagem - é uma escroque. Fala livremente de Cuba, mas acusa o país de censurá-la. Se hospeda e usa a internet dos melhores hotéis, apesar de dizer que nunca esteve em nenhum deles. Diz que foi torturada e espancada por agentes cubanos, mas nunca mostrou as marcas.

Diz viver em uma ditadura terrível, mas só encontra eco fora do país e, oras, escreve livremente, anda por onde quer sem ser molestada... Como uma dissidente que se acha tão censurada tem acesso livre e irrestrito à internet, a jornalistas entrangeiros e fala o que bem entende?

Não, Cuba não é o paraíso, é claro que existem restrições tanto impsotas pelo próprio regime quanto, majoritariamente impsotas pelo criminoso embargo que dura mais de 40 anos. E o embargo ajuda a explicar porque os cubanos - e não apenas a Yoani, que sempre se faz de vítima - não podem sair do país a não ser que a trabalho ou com despesas pagas.

Vejam o Brasil, que vem adotando medidas restritivas de cunho econômico para dificultar a saída de divisas do país via compras de brasileiros no exterior. IOF para compras lá fora crescendo é um exemplo. Turistas gastam muito quando saem do país e não gastam no país. Giram a economia de fora e não a do próprio país e Cuba tem uma economia fraca, uma economia com pouquíssimos parceiros graças ao embargo, logo, precisa concentrar todo dinheiro que pode internamente.

Isto justifica a proibição da saída de cubanos? Acho que não. Mas explica.

Não é apenas a Soniña, ops, Yoani, a impedida de sair. TODO cubano só pode sair dentro das condições que já elenquei, sob pena da economia cubana sofrer um baque irreversível. E a questão aqui nem é "emigrar", pois Yoani já morou fora e voltou com o rabinho entre as pernas da europa, onde morava, pra Cuba, mas sim "turistar".

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sexta-feira, 12 de março de 2010

Cuba, Lula e a Greve de fome como instrumento de luta. Parte 2

"Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
"Gostaria que não ocorressem [detenções de presos políticos], mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil"
"A comparação é despropositada, pois tenta banalizar um recurso extremo que é, ao mesmo tempo, um símbolo de resistência a um regime autoritário que não admite contestações"
"Mais razoável seria se o governo brasileiro se preocupasse com as péssimas condições carcerárias a que [os presos de SP] estão submetidos"
"Com essa declaração o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra é seu comprometimento com a tirania dos Castro e seu desprezo com os presos políticos e seus familiares. A maioria do povo cubano se sente traída por um presidente que um dia foi um preso político"












"Tem muita gente que quer o apoio do governo brasileiro. Uma coisa é você defender, como nós defendemos, a democracia e os direitos humanos, outra coisa é você sair dando apoio a tudo que é dissidente de todo mundo, isso não é papel [do Brasil]"
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quinta-feira, 11 de março de 2010

Cuba, Lula e a Greve de fome como instrumento de luta. Parte 1

Combinei ha algumas semanas com a Niara (@nideoliveira71) do Pimenta com Limão, escrever sobre a Greve de Fome enquanto instrumento válido na luta por ideais, idéias, ideologia e etc.

Combinamos de, cada um em seu blog, dar sua visão sobre o assunto, levando em conta que eu considero a Greve de Fome um instrumento válido e ela discorda.

Mas fomos atropelados pelos acontecimentos e a Folha, em mais uma capa buscando atacar o presidente Lula, trouxe para a mídia a discussão sobre o assunto. Faço então uma discussão sobre a idéia em torno da Greve de Fome e termino dando minha opinião sobre o caso específico do Lula e de Cuba.

Tsavkko diz: @nideoliveira71 Existem casos de sucesso das greves do fome. Mas ñ costumam funcionar qd o gov ou o alvo simplesmente ñ dá a mínima....
Nideoliveira71 diz: @tsavkko A ampla maioria ñ funciona. De onde as pessoas tiram essas ideias de sacrifícios? Mito de ser mártir de uma causa só atrapalha.
Tsavkko diz: @nideoliveira71 Ñ sei a proporção, mas conheço alguns casos de sucesso, msm q parcial. Questão é ter mídia suficiente e esta mídia ter poder

Nideoliveira diz: @tsavkko Eu entendo a entrega à causa. Sou ativista a vida inteira. Mas o sentido da luta se perde nesse caso.

Nideoliveira diz: @tsavkko Se alguém tem que se sacrificar e morrer de fome, aos poucos, o sentido da luta se perde. É desumano. Respeito, mas discordo.
Tsavkko diz: @nideoliveira71 Eu entendo seu ponto de vista. MAs eu enxergo sentido na greve de fome e apoio em alguns casos.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Israel e Honduras - O reconhecimento óbvio

Não surpreende que o governo de Israel tenha sido um dos primeiros a declarar que reconhecerá o governo ilegítimo que sairá das eleições (sic) de domingo (29) em Honduras.

Israel became the fifth country to officially announce that it would recognize the results of Sunday's elections in Honduras, the Honduran TV has said.
Many countries and international bodies have warned they would not recognize election results if the Honduran polls are held under Roberto Micheletti's presidency. The interim leader announced on Wednesday he was temporarily stepping down to "guarantee free, spontaneous and transparent" elections.
"The government of Israel hopes that the voting would go on in a calm atmosphere and, in this case, it will recognize its results and the legitimacy of the elected president," Israel's ambassador to the Central American state, Eliahu Lîpez, has said.
The U.S., Peru, Panama and Costa Rica have so far announced they would to recognize the results.
A lista de países que já anunciaram que reconhecerão o vencedor (sic) é emblemática: 
- Israel, Estado Genocida;  Não há ,muito o que dizer de um Estado que promove o genocídio do povo Palestino. Para eles, reconhecer um governo ilegítimo e um golpe não faz a menor diferença, no máximo ganharão mais confiança dos EUA;

- EUA, país que está apoiando e fomentou o golpe, por mais que o presidente Obama tenha negado, mas nada fez para contornar a situação e agora apadrinhou o processo eleitoral sem qualquer legitimidade e condenado por boa parte do mundo verdadeiramente livre;

- Panamá, conhecido como quintal dos EUA, junto com a Colômbia, que logo engrossará a lista, afina, não respira sem pedir permissão aos padrinhos do Império do Norte;

- Costa Rica, do presidente piada-pronta Oscar Árias, "tentou" chegar à solução do conflito e, por não ver seu plano respeitado resolveu fazer birra e apoiar os golpistas;

- Peru, talvez a surpresa... Mas nem tanto, presidente com fraco apoio popular e posições controversas e estúpidas. Vem pra fazer número, talvez receba algum agrado yankee quando tudo isso acabar.

Enfim, a lista não surpreende - nem de longe! - e apenas constata um fato: O golpe caminha para ser reconhecido ou, ao menos, começa a ganhar apóio. É um precedente perigosíssimo, aberto e liderador por EUA e Israel, duas nações com histórico farto de abusos e desrespeito aos direitos humanos e à organismos internacionais, além do comum apóio à golpes e genocídios.
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eleições em Honduras e PIG: Como não cobrir uma eleição



O PIG perdeu a mão, já não sabe mais como fabricar uma falsa idéia de democracia em Honduras, nem como garantir que os interesses dos EUA e Israel sejam respeitados - ode ver um governo golpista empossado.

Basta uma rápida passada pelas notícias veiculadas pelos jornais pela internet e, ainda, observar a TeleSur e Globonews em pequenos intervalos de tempo.

Praticamente na mesma hora a Globonews entrevistava um pseudo-especialista (dos vários que pipocam pela rede mas que no geral não sabem nem distinguir suas mãos de seus pés) durante seu "Em Cima da Hora" - melhor seria se se chamasse "A Farsa da Hora" - que afirmava a tranqulidade do processo eleitoral. Tudo está calmo, o povo está comparecendo às urnas e tudo está em paz. Ao mesmo tempo a TeleSur mostrava centros de votação vazios, o boicote convocado pelos movimentos populares surtindo efeito e, em San Pedro Sula, conflito campal, bombas de gás e tiros.


Esta é a normalidade, paz e tranquilidade da Globonews? Pois qualquer veículo independente mostra o que realmente vem acontecendo, os feridos e reprimidos em Honduras.

Mas indo para a internet, vemos os mesmos absurdos.

Timeline de ontem, dia da eleição:

17:38 no Terra - Honduras: Frente diz que 1 foi morto e 30 presos em 24 horas
17:43 no Terra - Polícia entra em confronto com manifestantes em Honduras
17:51 no Estadão - Honduras tem eleição tranquila no domingo
17:57 na Folha - Polícia e manifestantes entram em confronto em Honduras
18:00 no Estadão - Polícia e manifestantes pró-Zelaya se enfrentam em Honduras
18:12 no JB - Favorito à presidência diz que clima é tranquilo em Honduras
18:12 no Terra - Polícia entra em confronto com manifestantes em Honduras
19:39 no Estadão - Polícia hondurenha dispersa manifestantes pró-Zelaya



Vejam pela timeline que o PIG simplesmente não se encontra. Querem fingir paz e civilidade, fingir que o processo como um todo é democrático enquanto o que se vê é violência, abusos e repressão. As imagens da TeleSur falam por si, cenas de violência e brutalidade dos militares contra o povo e, se não houverem fraudes maciças, teremos uma abstenção gigantesca que inviabilizará qualquer plano de legitimação do novo regime golpista.

Tão absurda quanto uma eleição feita em uma situação de caos completo e resistência aberta é a defesa que faz o PIG de todo o processo, vendendo-o como legítimo e democrático. Aliás, a abstenção deve passar dos 65%, podendo chegar aos 75%. Esta é a eleição democrática do PIG.
VITÓRIA DO POVO HONDURENHO: 70% DE ABSTENÇÕES NA FARSA ELEITORAL As eleições farsa promovidas a 29 de Novembro pelos golpistas de Tegucigalpa & Washington tiveram uma resposta à altura do povo hondurenho: 70 por cento de abstenções. O povo recusou-se a participar da farsa orquestrada pela oligarquia hondurenha e orquestrada/financiada pelo agente da CIA Simon Henshaw, o segundo homem da Embaixada dos EUA. Os hondurenhos atenderam assim ao apelo da Resistência e do presidente Manuel Zelaya em favor do boicote maciço. Apenas os EUA, Israel, Costa Rica, Panamá e Peru anunciaram reconhecer o governo saído desta fraude gorilesca realizada num clima de terror, brutalidade e repressão. Os governos do Brasil, Equador, Venezuela, Argentina, Espanha, Paraguai e Guatemala já haviam anunciado que desconheceriam os resultados destas eleições sem legitimidade.
Internet, TeleSur, BBC e etc, o PIG ainda precisa conhecer que não dependemos só dele para nos informar. podemos conhecer a verdade passando por cima de suas farsas.

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No campo político, o PPS e Raul Jungamann continuam a servir de bobos da corte. Com "Socialista" no nome, mas aliados das elites "Democráticas", o líder do PPS (sic) não esconde seu apoio ao golpe.

Único observador brasileiro nas eleições de Honduras, o deputado federal Raul Jungmann (PE), disse à Agência Brasil que Porfirio e Elvin pretendem procurar Lula.
- Conversei tanto com Porfirio quanto com Elvin. Os dois me disseram que, se eleitos, irão procurar o presidente Lula para pedir o apoio dele - disse o parlamentar, que desde sexta-feira está em Tegucigalpa.
Jungmann é uma vergonha para Pernambuco, para o Brasil e para toda a América Latina.
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Manifestação em Solidariedade ao Povo de Honduras

Manifestação em Solidariedade ao Povo de Honduras


Fora Golpistas !



Dia 02 de Outubro, sexta-feira


MASP – Paulista


Concentração a partir das 17:00h


O Golpe Militar em Honduras tem de ser derrotado nas ruas em Honduras e em todo o mundo. Nos últimos
dias os golpistas de Honduras não deixaram nenhuma dúvida aos trabalhadores e povos de todo o mundo de sua verdadeira
face fascista : toque de recolher, estado de sitio, prisões, repressão brutal com centenas de feridos e assassinatos.


As imagens de estádios sendo usados como “prisões” para as centenas de

detenções realizadas de maneira arbitrária e violenta trazem na memória as imagens do golpe de Pinochet no Chile e as prisões e execuções no Estádio Nacional tão simbólicas, para todo os povos de nosso continente, do significado das ditaduras.


De outro lado as manifestações e resistência do povo hondurenho para derrotar o golpe continuam heróicas e fortes. As organizações sindicais, populares e políticasbrasileiras fazem um chamado a construirmos um amplo movimento de solidariedade ao povo de Honduras.


Realizaremos todos nossos esforços de mobilização e apoio político e material para a luta organizada a partir da Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Honduras que luta por : fim da repressão e restabelecimento das liberdades democráticas, recondução do presidente eleito Manoel Zelaya ao governo, punição aos golpistas e pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte.


Repudiamos qualquer tentativa de acordo feito nos gabinetes que vise livrar os golpistas de qualquer punição e negar o direito ao povo hondurenho de decidir livremente seu destino em uma Assembléia


Nacional Constituinte.

Nos colocamos na defesa da embaixada do Brasil contra qualquer ataque ao presidente eleito Manoel Zelaya
os ativistas e dirigentes que o acompanham bem como contra qualquer funcionário da embaixada.


Para isso estaremos organizando :


1- Manifestação em São Paulo , no dia 02 de outubro no vão do MASP, na av.Paulista, concentração à partir das 17:00h;


2- Uma delegação unitária das organizações brasileiras para levar nosso apoio e solidariedade, nos próximos dias, ao povo hondurenho;


3- Uma campanha de arrecadação de recursos para o apoio à
resistência organizada pela Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado.


MST, Conlutas, CTB, CUT, Intersindical, MTST, ANEL, PCB, PSOL, PSTU, Consulta Popular, Assembléia Popular, Circulo Palmarino, Esquerda Marxista, CDR


Estas são as primeiras entidades que assinam a convocatória. Chamamos a adesão de todas que se colocam contra ogolpe.

Contatos alba@movimientos.org ou com alguma das entidades acima.


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http://www.brasildefato.com.br

http://www.radioagencianp.com.br

http://www.expressaopopular.com.br

http://www.telesurtv.net/noticias/canal/senalenvivo.php
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terça-feira, 29 de setembro de 2009

A inutilidade do multilateralismo

Cúpula da América do Sul e África, OEA, Assembléia Geral da ONU, Conselho de segurança da ONU....

Todas estas organizações (e cúpula) já condenaram o Golpe em Honduras e recomendam, pedem, protestam, referendam a volta da normalidade democrática.

Em comum esta unidade e unanimidade, mas também a falta de validade de suas decisões, falta de prática, de ações concretas.

Quando os EUA decidiram invadir o Iraque, na Primeira Guerra do Golfo, a decisão da via armada estava tomada, restava a aprovação. A ONU a deu;

Quando os EUA resolveram destruir a Sérvia, o fizeram antes da ONU decidir - no fim a ONU foi obrigada a seguir os acontecimentos;

Quando os EUA resolveram invadir o Afeganistão, a ONU concordou;

E, finalmente, quando da segunda invasão do Iraque, a ONU se colocou contra, os EUA invadiram de qualquer maneira.

Em comum a intenção pregressa de invasão, fato consumado, a ONU apenas dava a provação - ou não - a aura de legitimidade.

No caso de Honduras, o problema é que nenhum país quer intervir, se meter diretamente. É um jogo de empurra que, pelo menos até agora, não resultou em nenhuma ação concreta. O Brasil, se está no centro dos acontecimentos, caiu de para quedas - por mais que fale bonito.

Esta simples análise demonstra que os organismos multilaterais são excelentes palcos para se falar, para fingir, enfim, para fingir que os Estados são preocupados e interessados. Ação, de verdade, só quando antes já existia tal vontade, quando há algum interesse factual por trás.

Não me surpreenderá - e não deve surpreender a nenhum leitor desavisado - se for divulgado daqui ha meses, se nada for feito para reinstalar o presidente legítimo, que os EUA tinham acordos para, quando a poeira baixar, apoiar o regime golpista e torná-lo aceitável aos olhos da comunidade internacional. Alguém realmente acredita que um país do tamanho de Honduras resistiria por tanto tempo à condenação unânime do mundo e dos organismos competentes (sic) sem o apóio velado dos EUA?

Obviamente podemos lembrar de duas possíveis exceções recentes, Timor e Haiti, onde não havia um interesse claro dos EUA em intervir. Nno primeiro caso havia um genocídio em curso e a intervenção era relativamente simples - em teoria -, não se lutava contra nenhuma potência ou país apoiado por uma potência (Sudão, por exemplo, com a China colada) e a causa interessava a muitos. No segundo caso, estamos falando de um Estado falido, com proto-governo que já não mais interessava às elites latinas. A intervenção parecia fácil. O fator "elites locais" pesa enormemente quando tentamos diferenciar estes casos dos demais.

Já no caso de Honduras, vemos que o golpe foi orquestrado pelas elites organizadas e aliadas das elites latinas, teve apoio dos EUA - senão do Obama, de boa parte de sua estrutura e acessores - e, acima de tudo, não há um Estado de Anarquia, o governo golpista controla a estrutura e a mantém minimamente funcionando e com capacidade de, saindo da crise imediata, tocar o país.

Questões como abuso de direitos humanos, puro e simplesmente, não interessam às potências. E há um exército - por menor que seja - capaz de responder à agressões de qualquer um que se aventure a ameaçar os golpistas. Claro que a resposta será tímida, mas ainda capaz de causar danos, baixas, algo intolerávle em tempos de guerra pós-heróica onde a morte de um soldado é tida como incomum e não como uma consequência lógica e normal de um conflito.

Enfim, torna-se claro o apóio de diversos setores da elite - em particular o apóio descarado da Mídia - ao Golpe e, por isto, sua longevidade. Os organismos multilaterais se limitam a condenar sem, porém, se esforçar para encontrar uma solução definitiva para a situação. Urge o uso de força, de uma intervenção militar rápida e certeira, seja via Capacetes Azuis, seja através do exército brasileiro - caso a Embaixada corra perigo imediato e real.

Por mais que a opção armada não seja a menina dos olhos da comunidade internacional, a mera falação não vem resultando em ganhos para a população de Honduras, que continua a ser massacrada, e nem para a democracia, que não existe.

Sem o uso da força, dificilmente a situação tomará um novo rumo.

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Os EUA jamais pestanejaram na hora de agir quando era de seu interesse, neste momento atual fraqueja, demonstra mais do que sua fraqueza interna e hesitância de agir sozinho - sinal de multipolaridade nascente, talvez - mas também seu racha interno e o apóio de sua estrutura ao Golpe.

A Venezuela, mesmo corretamente intervindo, teria que arcar com as críticas internacionais que não livrariam a cara do país mesmo em uma ação legítima.

Já o Brasil sofre com seus problemas internos, a pressão da mídia golpista e das elites que bradam pela legalidade do golpe, temem o Socialismo do Século XXI e tudo que isto representa e se recusam a referendar um apóio militar à Honduras, preferem a elite amiga instalada no local, assassinando a população civil. Além disso, claro, existe a idéia de que a via diplomática solucionará todos os problemas e a questão de parte do exército já está alocado no Haiti, fora nossos próprios problemas de infra-estrutura militar.
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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Honduras: O necessário envio de tropas


Exaustivas análises já foram feitas sobre a situação de Honduras, de todos os lados, desde os honestos e decentes que condenam irrestritamente o golpe até o nosso PIG que acusa Zelaya de tentar dar um golpe branco e se reeleger - ainda que, pelo menos agora, condenem o golpe militar que o derrubou, mas sempre colocando "poréns".

O objetivo não é, agora, analisar as causas, o que já fiz exaustivamente neste blog desde que o golpe teve início, há mais de dois meses, e sim tentar enxergar algum futuro ou desenvolvimento da situação.

Zelaya está na embaixada brasileira de Honduras, a água e a luz foram cortadas e o local está cercado. Inicialmente centenas de manifestates estavam nos arredores da embaixada demonstrando seu apóio ao presidente legítimo e foram atacados pela polícia com tiros e bombas de gás. O país está sob Estado de Sítio e a tensão é visível.

Zelaya, por enquanto está seguro na Embaixada do Brasil, mas até quando? Atiradores cercam o local, o exército está à postos, a energia elétrica de toda Honduras corre perigo de ser cortada e a única coisa que impede os golpistas de invadirem a embaixada é o Direito Internacional. Algo extremamente frágil, especialmente para um governo que só existe pelo desrespeito às leis.

Centenas de manifestantes estão sendo atacados em San Pedro Sula, inclusive crianças, o Movimento de Resistência ao Golpe informa que mais de 400 foram presos e de que há luta armada no país contra o golpe. PElo menos dois já foram mortos no entorno da embaixada.

Muitos pedem uma intervenção armada brasileira, um envio de tropas, mas é uma idéia vaga, as nossas forças armadas chegam a dar pena da precariedade em que se encontram e a Marinha levaria eras para chegar até Honduras. A situação pede uma ação rápida e só Chavez e Obama podem intervir com força e efetividade neste momento.

O problema é que Obama dificilmente intervirá, apesar de decisão da OEA a favor de Zelaya e de sua volta, Hillary ainda continua com a ladainha de que Zelaya deve aceitar o acordo proposto por Oscar Árias, algo inaceitável dada a situação atual. Os EUA já estão enterrados no Afeganistão e acabaram de se livrar do problema Iraquiano. Se sequer se sujeitaram a se sujar no Haiti - sobrou para o Brasil - imagina se irão sujar as mãos e intervir em mais um país na atual situação. Não há a desculpa do Terrorismo para tal intervenção nem o Eixo do Mal sofrerá nada caso Honduras continue como está.


Do outro lado Chavez tem a capacidade de intervir, mas sua ação não seria legítima aos olhos da comunidade internacional - por mais que isto se baseie na análise PIGiana.

Sobra o Brasil como único possível agente capaz de acalmar a situação, mas até onde vai a real vontade do país em intervir? A abertura da embaixada é um indicador animador, mas daí a usar tropas, vai uma distância enorme. O Brasil já está concentrado na intervenção no Haiti, fora o sucateamento das tropas restantes, a distância até Honduras para uma intervenção rápida e, por fim, a vontade política e o custo interno que traria uma intervenção tão fortemente condenada pelo PIG e pelas elites nacionais.

Resta, enfim, a OEA. Esta deveria convocar tropas em caráter de urgência mas quanto tempo levaria até que algo efetivo fosse discutido e votado? Quem estaria disposto a ceder tropas e em caráter urgente?

A situação é desesperadora, nas ruas o povo é atacado, violentado; a embaixada está cercada e Zelaya isolado, fora o perigo de claro desrespeito às leis internacionais iminente.

Resta a nós observar e torcer para que a situação se resolva mas, diferente das últimas tentativas de Zelaya de entrar no país, desta vez ele está em seu centro e não existe mais a possibilidade de acordos em que Zelaya não retome seu lugar de direito, a presidência, nos braços do povo Hondurenho.

É isto ou sua morte.

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Dentro do Brasil, o PIG e o PSDB já deram o recado, o Brasil deveria ter deixado Zelaya ser preso ou morto pela ditadura. Não cabe ao Brasil o papel de líder ou de defensor da Democracia na América Latina. Micheletti afirma que responsabilizará Zelaya e o Brasil por qualquer derramamento de sangue - que já teve início com o assassinato pelos Golpistas de dois manifestantes no entorno da Embaixada Brasileira - e o PIG brasileiro adota o mesmo discurso, de não intervenção e de não influência ou interferência brasileira na situação.

O PIG não tolera que seus aliados golpistas de Honduras tenham prejuízo e sejam questionados, cabe ao Governo Brasileiro sentar e olhar enquanto o povo Hondurenho é violentado. Já o PSDB, bem, são tucanos realizando seu trabalho de sempre: Entreguismo, covardia e despeito.

Hoje, ao assistir ao Bom Dia (sic) Brasil, era difícil não gorfar. Míriam Leitão desfilava todo o seu conhecimento (sic) de Política Externa e Relações Internacionais ao afirmar que o Brasil errou em ajudar Zelaya e ao afirmar ainda que a culpa de tudo é de Chavez, que quer só arrumar confusão.

Uma análise primorosa, típica do PIG e que grita pela morte de Zelaya (condena o golpe mas, por debaixo dos panos dá gritos de alegria pela oportunidade de novos negócios) e pela inação Brasileira.
Lula, que asiste en Nueva York a la reunión de Naciones Unidas sobre el cambio climático, ha afirmado que Brasil está garantizando el derecho del presidente Zelaya de buscar refugio en su embajada y ha hecho un llamamiento al gobierno presidido por Roberto Micheletti para que abra la vía de la negociación y buscar una salida a la crisis. Hacemos "lo que cualquier país democrático haría", ha dicho Lula a los periodistas.
Para desespero do PIG, Lula, da ONU, pede que os golpistas não toquem na embaixada brasileira e que é decisão soberana de qualquer país democrático oferecer refúgio.

A invasão da embaixada significaria uma declaração de guerra, o que o Brasil faria?

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Todas as fontes sem links vêm da TeleSur, Radio Globo, Rádio Progreso e do Twitter.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Jogo Democrático [Parte 2]

Desde o fim dos anos 90, mas especialmente no início do novo milênio a América Latina vem passando por uma onda de revoltas populares e profundas modificações, com a chegada de líderes realmente comprometidos em destruir ou ao menos em questionar o eterno jogo de revezamento das elites.

Chávez, Correa e Morales são os melhores exemplos desta mudança, saídos dos movimentos sociais ou de setores contestadores do exército e cansados da constante repressão e criminalização dos movimentos sociais e dos espelhinhos e miçangas dados ao povo para mantê-los na linha.

Lula é uma notável exceção, foi eleito junto a este bloco mas preferiu manter-se coerente ao jogo democrático de sempre, sem tentar quebrar com a institucionalidade e com a "herança maldita" anterior, na verdade, passou a agregar e elogiar os mesmos que antes atacava e acusava. Talvez fosse preciso para assegurar alguma governabilidade mas, sendo isto falso ou verdadeiro, o fato é que o governo Lula avançou muito pouco ou quase nada se compararmos com os demais presidentes da "Onda Vermelha".


Enfim, esta onda na América Latina não nasceu ou surgiu do nada, foram anos e anos de mobilização social, de repressão e lutas - no caso Boliviano vale conhecer a "Guerra da Água" que precedem os grandes protestos que levaram Morales ao poder - que culminaram com a vitória de partidos e organizações populares e, note-se, todo o processo de deu dentro do jogo democrático já antigo, ou seja, dentro do jogo das elites.

Estas vitórias esmagadoras dos movimentos populares dentro de um jogo feito para que apenas as elites se revezassem no poder causou em primeiro momento descrença e depois revolta no seio das elites.

O golpe organizado contra Chávez, em 2002, a tentativa de separação da chamada "meia lua" na Bolívia e a atual deposição de Manuel Zelaya em Honduras são a resposta das oligarquias à sua derrota.

Se em um primeiro momento estas elites resolveram continuar participando do jogo democrático, mas foram fragorosamente derrotadas pelo povo, num segundo momento notaram que apenas denunciando seus próprio jogo é que poderiam ser bem sucedidas. Quem sabe tudo não passava de um "soluço" que um golpe ou uma ditadura não pudesse resolver e trazer estes países à "normalidade" de sempre?

No caso de Chávez as elites foram derrotadas em seu golpe em em todas as suas reações, no caso Boliviano a direita foi recolocada em seu lugar e hoje o fantasma da separação da "meia lua" está mais ou menos controlado e, no fim, falta ainda resolver a situação de Honduras.

Na verdade, o caso de Honduras merece atenção particular. O ódio e o medo das elites de perderem em toda a América Latina falou mais alto e encontraram em Honduras um campo fértil para pôr em prática sue contra-golpe. Zelaya era homem da direita, da elite, mas foi seduzido pela ALBA e pelo Chavismo e passou a ser um incômodo à direita. Pela sua origem os oligarcas devem ter acreditado que não haveria grande atenção e resposta à sua deposição, mas estavam errados.

A unidade da Esquerda latinoamericana está consolidada. ainda esperamos pelo desfecho da situação em Honduras, que encontra-se isolada e sofrendo pesadas sanções por parte de diversos paises, sob um governo títere e golpista.

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"Ela (mídia) costuma dizer q “o povo brasileiro não tem memória”. Mas é essa mídia a q produz o esquecimento" (Emir Sader)
Pois bem, chegando ao objetivo principal do presente artigo, podemos analisar a resposta das elites às suas perdas, à sua perda de hegemonia.

A imprensa brasileira como um todo comemorou a deposição de Zelaya. Vedetes neofascistas como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi não esconderam sua alegria - e a alegria da direita - em ver um representante contra-hegemônico governar um país. Escolheram um momento para manipular a opinião pública, fabricar fatos e, então, retirá-lo do poder. Mas calcularam mal a resposta internacional (e até mesmo a interna)e ficaram isolados.

Com Chávez podemos analisar também de forma perfeita a resposta das elites pelo mundo. O fato de ter proposto uma nova constituição, de ter aprovado referendos para se reeleger não entram na cabeça das elites.

Não importa que todo e cada movimento de Chávez tenha passado pelo crivo popular. Para a direita o povo só importa quando para manter a si no poder.

Durante as campanhas Chavistas pela reeleição e por nova constituição era lugar comum a mídia apresentar a oposição como pobre-coitada que queria manter a legalidade no país. Marchas da oposição eram mostradas a torto e a direita, quase com fervor patriótico enquanto a situação, os Chavistas, eram os crápulas.

Era ainda comum que marchas Chavistas fossem escondidas, protestos pró-Chavez fossem simplesmente deixados de lado e manifestações da oposição infladas, louvadas.

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Um conceito interessante é a de que não importa - fiquemos no Brasil - se quem está no poder é o PSDB, o Demo ou qualquer outro partido da oligarquia. Isto que a direita costuma chamar de alternância de poder, na verdade, nada mais é que uma forma de manter o poder nas mãos de um mesmo grupo, que finge se degladiar mas, no fim, ajuda aos seus. Muda o nome do presidente, mas a base, a estrutura e as ações permanecem as mesmas.

Mas a isto chamam de Democracia. Alternância de nomes, não de projetos ou ideologia.

Porém, não é democracia o fato de alguém consultar o povo sobre cada um de seus movimentos, tampouco realizar aquilo que anseia o povo.

A isto, chamam de Populismo.

Não que Chavez, por exemplo, não cometa seus erros, os comete sim pois é humano, mas as elites não toleram seus acertos.

É curioso observar o papel lamentável da mídia no caso da reeleição de Uribe. Para todos ele é um herói que tem amplo apoio popular - de fato, tem realmente apoio mas em momento algum consultou o povo sobre suas reeleições, tudo foi decidido à portas fechadas -, já Chavez, por ter consultado o povo, é chamado sem parcimônia pela mídia de Ditador.

No fim, a diferença entre um Ditador e um Herói não é nem o respeito pelo jogo democrático, mas se participa deste jogo e o modifica em comum acordo com as elites, com as oligarquias.

Se a elite vence, modifica o jogo como bem entende e não vê qualquer problema. Se é a Esquerda, porém, quem vence, o jogo torna-se obsoleto e medidas extremas são tentadas, como golpes, derrubadas e acusações falsas contra quem está no poder.
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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Jogo Democrático [Parte 1]

Não sei se muitos já notaram, mas o termo democracia parece só existir ou ter validade - ao menos para as elites e para a mídia em geral - quando isto significa que as elites estejam no poder.

Pode parecer básico para uns, mas para muitos, graças à manipulação midiática, talvez esta idéia não passe pela cabeça.

O que quero dizer é que é fácil verificar, como no caso de Chavez, Uribe e Zelaya, àquele que é popular, que governa para o povo, é o "populista" na concepção negativa do termo, já o da direita - no caso, Uribe - é o herói. Os jornais dão mínima publicidade à sua reeleição - isto quando sequer tocam no assunto - e normalmente sem qualquer polêmica, contrariedade ou acusação de falta de democracia.

Quando, por outro lado, a reeleição é proposta por Chávez ou Zelaya - que sequer iria se reeleger, mesmo aprovando a proposta - então estamos falando de verdadeiros ditadores anti-democráticos (a frase é incoerente de propósito).

As elites não toleram serem vencidas em seu próprio jogo, o dito "democrático".

A questão é exatamente esta, o jogo democrático foi inventado e é mantido pelas elites que, pressionadas, foram obrigadas ao longo do tempo a incluir todas as camadas da sociedade neste jogo.

Se, no caso do Brasil, aos poucos os pobres puderam votar, as mulheres, os presos, analfabetos e etc, fica claro que a elite foi parcimoniosamente "convencida" a abrir mais espaço em seu jogo para novos participantes, mas, o ponto principal, é a de que este convencimento sempre veio acompanhado de garantias: A de que a elite não seria destronada.

Os mecanismos para evitar que o "povo" chegasse ao poder foram e são vários. E começam a falhar.

Após a segunda guerra a abertura democrática foi mais que uma necessidade para as repúblicas pelo mundo. A pressão feroz e constante dos movimentos operários insatisfeitos, dos movimentos anarquistas, dos feministas e etc no pré e pós guerra tornaram a mudança inescapável.

No pré-guerra, vejam o caso espanhol, os atentados anarquistas e avanços socialistas e comunistas eram uma constante. No resto do mundo, no pós-guerra, a única maneira de esvaziar o movimento operário e os grupos que pregavam a revolução aos moldes Soviéticos era, enfim, abrir mais espaço para os insatisfeitos participarem no processo decisório.

Em alguns lugares as medidas adotadas foram a implementação do Estado de Bem Estar Social.

Mas esta participação sempre foi controlada na base da cooptação, intimidação e até através de ilegalizações e franca brutalidade e violência estatal. No geral, as camadas de baixo se tornaram mais dóceis, acabaram por receber alguns benefícios e os movimentos políticos se enfraqueceram.

De tempos em tempos, quando a situação se tornava por demais opressiva e algum movimento de base se fortalecia, um ou outro golpe de Estado tomava lugar ou um governo de direita assumia para tentar controlar os ânimos e trazer de volta o jogo às suas regras normais.

O que se vê hoje não difere muito do quadro de outros tempos. Qualquer movimento que se oponha às elites estabelecidas é atacado. Seja num primeiro momento através da infiltração de pelegos, através da franca cooptação de seus quadros até a aberta e franca violência e repressão.

Mas o que vemos hoje, em especial na América Latina, é um crescimento avassalador dos movimentos sociais que estão conseguindo vencer as elites em seu jogo de partilha do poder.

Quando vemos pelo mundo disputas entre Conservadores e Liberais, entre tradicionalistas e progressistas, estamos nada mais nada menos que observando uma briga entre aliados das elites que tentam passar adiante a imagem de que não são tão parecidos, de que tem propostas diferentes. Basta olhar para os últimos anos dos Trabalhistas e Conservadores na Grã Bretanha e Socialistas (sic) ou Social-Democratas e Conservadores na Alemanha para vermos que, de fato, as diferenças são cosméticas e o que temos é uma (pseudo)alternância de poder entre forças basicamente iguais.

Do Brasil do café com leite as semelhanças são marcantes. As mesmas elites se revezando sem, porém, nutrirem grandes diferenças. É o poder pelo poder, sem novas idéias e pelo bem das elites.

Ao longo do processo observamos apenas "soluços", quando há alguma quebra da institucionalidade e reais mudanças sociais ou processos de readaptação e reorganização do jogo, no caso das ditaduras militares.

O objetivo deste texto, enfim, é demonstrar que ao longo de toda a história "democrática" do ocidente observamos a um jogo de cartas marcadas onde os grupos que se revezam no poder, apesar de na teoria defenderem idéias antagônicas, são basicamente iguais. São elites políticas que se revezam sem levar em consideração o grosso do povo, as massas, a não ser quando precisam delas.

As massas nada mais são que massa de manobra, usadas por uma ou outra força em momentos estratégicos e que ao longo dos anos conseguem evoluir um pouco aqui ou ali mas que, no fim, não saem da sua situação de explorados eternos.

A criminalização dos movimentos sociais segue a mesma lógica. Para as elites é intolerável que um movimento de massas, organizado, ponha me perigo suas "conquistas", suas terras, posses, bens e privilégios.
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Honduras: Porque Zelaya está sozinho? Breve análise.

Antes de mais nada é bom notar a mudança perceptível na posição da mídia quanto ao golpe em Honduras. Inicialmente este nome, "Golpe", era impensável, impronunciável mas, depois de algum tempo tornou-se padrão. O governo golpista é chamado de "de fato" ou de "golpista" agora de forma mais aberta e direta.

Ainda falando sobre o PIG, é de se notar que ele ainda comete "deslizes, basta notar a manchete do G1, ontem, afirmando que apoiadores de Mciheletti "marcham por democracia e contra Zelaya e Chávez". Difícil compreender qual a noção de "democracia" das organizações Globo.

Dito isto, este não é um motivo para comemoração. Primeiro lugar, a mídia não costuma mudar de posição tão facilmente sem que haja algo por trás, dado o tamanho e alcance do golpismo e canalhice de nosso PIG, a mudança de comportamento é, no mínimo, suspeita. Segundo, e principal, apesar de mudança de comportamento da mídia, Zelaya esta, ainda, isolado.

Digo isolado porque, mesmo sem qualquer reconhecimento internacional do governo golpista de Hnduras - mesmo com anúncios desmentidos de reconhecimento por parte de Israel, Taiwan e mais recentemente da Colômbia -, mesmo com o repúdio da OEA (quem diria!), da ONU e de praticamente todo país que de dispôs a falar alguma coisa sobre a situação, nada de concreto foi tentado.

Nada além de discussões sem qualquer futuro na Costa Rica e um ensaio de embargo por parte da União Européia. Tudo isto soa bonito, repúdio, embargo... Mas nenhuma ação real apra recolocar Zelaya no poder. E está e a grande questão.

Possibilidades são muitas, ação, por outro lado.... Vale lembrar que Honduras é um país minúsculo e quase irrelevante para o mundo pela sua economia incipiente e histórico de golpes - mais um não seria grande surpresa.

Não é crível que qualquer país, por mais aliado que seja, tenha o interesse de invadir um país, sabendo que terá baixas significantes, especialmente quando o presidente, por mais legal e constitucional que seja, não tem qualquer apoio na estrutura estatal. Nem judiciário, nem parlamento, nem exército e, claro, muito menos a oligarquia, apóiam Zelaya, que ainda encontra resistência em importantes setores da sociedade.

Por mais que seja o presidente constitucional e tnha apoio do grosso do povo, a situação não se mostra propícia à uma invasão que, também, teria de estender seu mandato para reconstruir o país e, sem dúvida, para reformular e manter as estruturas estatais destruídas.

Além disso não seria do próprio interesse de Zelaya ter seu país, já pobre, destruído e invadido. A melhor solução é a dialogada.

Porém, é notável a falta de apoio dos EUA, que se limitam à repudiar o golpe mas não surgem com qualquer proposta viável, sem surgir como moderadores ou sequer terem uma ação proativa na questão. Na verdade, parte da estrutura de Washington é acusada de ter apoiado o golpe.

Vale salientar, aliás, que, na ONU, o caso de Honduras foi votado apenas na Assembléia Geral, que não tem qualquer poder vinculante, no Conselho de Segurança estavam ocupados demais condenando o programa nuclear do Irã ou alguma coisa tão importante quanto (sim, ironia pesada).

Importa mais ao mundo fingir que o Irã é um perigo mundial porque supostamente produz armas nucleares (o Paquistão, a Índia, os EUA, a China são pacíficos, não tem perigo, qual o problema deles terem armas nucleares?), do que o fato de um país democrático ter sido vítima de um golpe, de violações dos direitos humanos, ter sua população atacada pelo exército, ter seus líderes mortos ou expulsos do país e sua oposição, lideranças de movimentos sociais e mídia silenciadas.
"A missão [...] identificou a existência de graves violações aos direitos humanos ocorridas no país após o golpe de Estado", disse Enrique Santiago, da Federação de Associações de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Espanha.

O Comissário dos Direitos Humanos de Honduras, Ramón Angel Custodio, que apoia com entusiasmo o governo Micheletti negou as informações sobre violação aos direitos humanos que teriam sido cometidas no país, assim como o próprio Micheletti.

A missão divulgou um informe de 14 páginas que menciona quatro assassinatos por motivações aparentemente políticas e um de natureza homofóbica. Estas mortes se somam à de Isis Murillo, o jovem que segundo o relatório foi morto por soldados no dia 5 de julho em manifestação perto do aeroporto de Toncontín.

Entre as vítimas, o relatório menciona Vicky Hernández Castillo (Sonny Emelson Hernández Castillo, "membro da comunidade GLS" (Gays, lésbicas e simpatizantes), "morto com um tiro no olho e com marcas de estrangulamento, durante o toque de recolher, em San Pedro Sula".

Maior interesse demonstram os EUA em suas guerras particulares "contra o terror" e no isolamento de Coréia do Norte e Irã, além do apóio constante dado à Israel. Honduras é por demais pequeno para preocupações imediatas. Aliá,s desde o começo do governo Obama que, muito se falou em mudança, mas até agora nada mudou, só o discurso.

Em Honduras, uso do instrumento do Toque de Recolher é constante no país, além das costumeiras práticas de intimidação e violência estatal. O povo, por sua vez, convocou uma greve geral que paralisa o país.
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Neste momento Zelaya está em marcha pela Nicarágua para chegar até a fronteira de Honduras e, então, chegar até Tegucigalpa. Caso os militatres Hondurenhos permitam, o que não prece ser o caso. Da parte do secretário geral da OEA, apenas um pedido de prudência e, dos presidentes da AL, boa sorte.

Zelaya é acompanhado por Nicolás Maduro, chanceler da Venezuela, a ex-chanceler de Honhduras, Patricia Rodas, além de ex-guerrilheiros Sandinistas comandados por Edén Pastora, comandante Sandinista que ajudou na derrubada de Anastacio Somoza.

O Exército Hondurenho fechou a fronteira e bloqueou estradas, além de ter impedido a circulação de veículos na região de fronteira entre Nicarágua e Honduras à espera de Zelaya. O que acontecerá quando este chegar à fronteira, ainda não se sabe. O governo golpista não dá mostras de que cederá e ameaça prender o presidente eleito e constitucional.

Lo lado de Zelaya, este pede calma e um diálogo aberto na região de fronteira para poder retornar pacificamente ao seu país e ao cargo para o qual foi eleito pelo povo, já Pastora afirmou que o problema hondurenho só seria resolvido pela "via das armas" e rejeitou a mediação costarriquenha.

Do lado golpista, Micheletti recusa-se a negociar, não aceitou qualquer condição nas negociações na Costa Rica e pediu à Zelaya que desista de retornar:
"Eu faço um chamado para que evite essa provocação e desista de sua pretensão de provocar violência"
A posição dos EUA é, no mínimo, dúbia. Por um lado Obama não cansa de declarar que o golpe foi ilegal e que Zelaya ainda é o legítimo chefe de Estado, mas, por outro lado, o governo americano afirma que a força, a insurreição - convocada por Zelaya - não é o caminho, ou seja, por um lado repudia, por outro se limita a pedir que o governo golpista seja isolado, coloca panos quentes e não traz qualquer solução viável além de isolar o povo de Honduras que continua refém de um governo violento e ilegal.

Neste bolo ainda é digna de nota a acusação de Zelaya de que a direita estadunidense estaria envolvida em sua deposição o que, sem dúvida, é crível e provável fato. É difícil conceber um golpe em pleno quintal dos EUA sem que este soubesse previamente ou tivesse algum papel, seja diretamente por parte do governo ou por setores "linha-dura".
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terça-feira, 14 de julho de 2009

Honduras: Cenários [Updates]

Difícil encontrar dois ou três analistas que concordem entre si com o que surgirá deste golpe de Estado em Honduras. Podemos meramente analisar os possíveis cenários sem, porém, ter uma resposta final dada a complexidade da situação.

Longe de querer me colocar como grande especialista mas, ainda assim, dou meus pitacos como quem acompanha atentamente a situação e é formado (quase) em Relações Internacionais.

Se é fato que uma significativa parcela da população – em especial a mais pobre e mais beneficiada pelo governo Zelaya – e os movimentos sociais apóiam Zelaya e estão diariamente protestando – e morrendo – pela restauração da democracia, por outro é visível o apoio ao golpe por parte dos setores sociais mais abastados da sociedade Hondurenha, além do judiciário, da franca maioria dos partidos, do congresso em sua maioria e do exército.

Enfim, é uma verdadeira sinuca, um golpe que, apesar de totalmente ilegal, conta com amplo apóio e respaldo de diversos setores-chave de Honduras e o repúdio de outro, a parte da institucionalidade e marginalizado pelo Estado.

Temos, por fim, o lado que defende a democracia, o respeito à constituição e leis de Honduras, o povo, os movimentos sociais e, ainda, todos os demais países do mundo, a ONU, a OEA, a ALBA e etc.

Do outro temos a oligarquia Hondurenha, parte da elite, a maioria do Parlamento e Partidos políticos, além do exército. Mas nenhum apóio internacional.

Nesta questão em particular, as organizações internacionais e demais países podem apenas fazer pressão e esperar que funcione. É isso ou uma intervenção militar e imagino que ninguém esteja disposto a tanto, ao menos não agora.

A volta do Zelaya, como querem os movimentos sociais, povo e todo o mundo encontra a dificuldade suprema de não contar com o apóio da institucionalidade Hondurenha. Como governaria o Zelaya sem o apoio de nenhum partido, do exército ou da justiça?

Indo além, com a volta do Zelaya ao poder, o que fazer com os setores que apoiaram sua derrubada? Não é crível que ficariam no poder, em seus cargos e etc sem qualquer tipo de retaliação, sem punição.

Mas como punir os golpistas se até o judiciário apóia o golpe? Quem julgaria? Como se julgaria?

Os golpistas deram a opção - ou ainda estão analisando a possibilidade - de Zelaya retornar ao país, mas sem qualquer poder, como se anistiado. Esta possibilidade foi frontalmente rechaçada por Zelaya que não aceita voltar como criminoso, mesmo que anistiado.

Para Zelaya só existe a opção de regressar no poder e completar seu mandato. Opção esta que não existe para os golpistas.

Tentando resolver o impasse Micheletti surgiu com outra proposta, a de antecipar as eleições mas, daí, surge um novo problema, quem concorreria? Os mesmos partidos envolvidos no golpe? Os mesmos candidatos golpistas e tudo isso sob os olhos atentos da justiça que até agora tenta dar um ar de legalidade ao Golpe de Estado?

Enfim, vê-se quão complicada é a situação. Não temos - ao menos não de forma visível - setores da justiça, política e forças armadas críticos ao golpe, que poderiam servir de sustentação à uma possível volta de Zelaya e da normalidade constitucional. O que vemos é uma luta entre os "de baixo" e os "de cima", sendo que os primeiros não contam com qualquer apoio de nenhuma força ou setor político, judiciário ou militar.

Neste cenário calamitoso é compreensível o porque do afastamento de Obama ou Lula da situação, talvez chegasse num ponto em que só a intervenção militar seria viável para resgatar o poder tomado pelo golpe e nenhum dos dois países parece ter o interesse em fazê-lo apoiá-lo ou ao menos aventar a possibilidade. Os EUA já tem problemas demais no Afeganistão e o Brasil no Haiti para se aventurar a reconstruir uma Honduras do nada, depondo e destruindo basicamente toda a estrutura que existe hoje.

Como conclusão podemos apenas esperar para ver o que vai acontecer, os cenários possíveis são múltiplos, desde o reconhecimento do golpe e do atual governo, por cansaço, passando por uma volta de Zelaya ao país sem poder algum

1. Por cansaço e inação internacional, o reconhecimento do golpe e do governo golpista como legais, abandono de Zelaya;

2. Por cansaço e inação internacional, o reconhecimento do golpe e do governo golpista como legais, mas com a volta de Zelaya ao país sem qualquer poder;

3. Antecipação das eleições com todas as forças golpistas concorrendo. Zelaya pode ou não voltar ao país;

4. Volta de Zelaya ao país no poder, manutenção da estrutura golpista e quase impossibilidade de governar;

5. Volta de Zelaya ao país no poder poder, verdadeira "limpa" ou expurgo dos golpistas, uma verdadeira reforma na estrutura do país;

6. Guerra civil;

7. Invasão do país por uma aliança internacional para recolocar Zelaya no poder;


Sem dúvida a opção "1" é a mais provável enquanto a "2" e a "3" despontam como favoritas. Uma volta de Zelaya ao país no poder é algo remoto, assim como qualquer intervenção militar séria dos países da América Latina para recolocá-lo no poder. Por fim, a guerra civil é, ainda, uma possibilidade assustadora mas não irreal.

O que se sabe no momento, porém, é que líderes comunitários, lideranças de movimentos sociais e políticos de esquerda estão sendo assassinados. O setor crítico ao golpe vem sendo atacado dia após dia, seja durante protestos com tiros e bombas, seja na calada da noite, enquanto dormem ou na frente de suas casas, por esquadrões da morte.

A direita está seletivamente matando qualquer oposição viável ao seu golpe, o que torna viável a idéia da guerra civil no país.

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Aparentemente a opção bélica e até a guerra civil estão ganhando força.

"Jose Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras, deu um ultimato: se as negociações não o levarem de volta ao poder, ele disse que vai considerar outros meios para retornar à presidência em Tegucigalpa. A próxima rodada de negociações está marcada para sábado, na Costa Rica."

Qual será a fórmula de Zelaya para conseguir retomar o poder por "outros meios" é uma incógnita, podemos esperar pela ajuda externa de algum país, mercenários, guerrilha interna...

As possibilidades são múltiplas e o resultado, se a via armada for a certa, será um banho de sangue numa região extremamente fragilizada, conservadora e afeita aos golpes de Estado e violência extrema ao longo de sua história.

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O clima esquentou de vez a opção da Guerra Civil toma corpo e se fortalece. O El País noticia que Zelaya convocou uma insurreição!

"La insurrección es un derecho del pueblo que está consignado en el artículo 3 de la Constitución de Honduras, y los hondureños deben hacer valer sus derechos constitucionales"
A declaração de Zelaya foi dada durante conferência de Imprensa na guatemala, na presença do presidente do país, Alvaro Colom, que o recebeu com honras de chefe de Estado

"No hay que dejar la lucha, hay que mantenerla hasta que los golpistas salgan del régimen de facto que han establecido en nuestro país"

"Yo no me he rendido ni me voy a rendir. Voy a regresar al país en el menor tiempo posible. No quiero avisar la hora ni el día para no alertar a las fuerzas opositoras, que sabemos que son criminales"

Enfim, vai se desenhando o cenário em Honduras, e um conflito armado, uma insurreição popular, desponta como principal opção de Zelaya para retornar ao poder.

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Honduras: Tiros contra o povo! [Updates + Manipualção Midiática]

Está, enfim, provado que o Exército Hondurenho usou balas de verdade contra os manifestantes que protestavam PACIFICAMENTE em torno do aeroporto de Tegucigalpa!

Estes dois vídeos e a foto que inicia este post comprovam por A mais B a intenção assassina do exército golpista e a real cara do golpe de Estado, de Goriletti e de seus capangas no que poderia ter sido um verdadeiro massacre.

Parte um, o começo dos disparos de bombas de gás e, no fim, os tiros, janelas explodindo e pânico.



Segunda parte, mais disparos, ambulâncias, feridos e mortos e imagens que comprovam sem qualquer sombra de dúvida que balas de verdade foram usadas com a clara intenção de massacrar a população.



Caricatura de Micheletti (aka Goriletti) e do Cardeal ensandecido, via Twitter:

Update: A HRW coletou evidências de que, de fato, o exército disparou contra civis desarmados e matou o povo Hondurenho. Os vídeos acima e fotos já falam por si, agora mais do que nunca, a comprovação da HRW demonstra o caráter do governo golpista.
"One witness stated that he observed at least two soldiers come through the fence and shoot their weapons into the crowd, at the level at which the people were running. The other reported that he observed a soldier deliberately and methodically aiming and shooting his rifle at demonstrators in the crowd.

These accounts from witnesses are supported by photos and video footage taken at the scene. The images show demonstrators running and throwing themselves behind walls and other objects, apparently seeking shelter from gunfire. (After the shooting, one of the witnesses said he observed bullet holes on the walls behind which many of the demonstrators were taking shelter.) Other demonstrators are seen in the images throwing rocks at the soldiers. In the video, the sound of shooting goes on intermittently for approximately 10 minutes. Some of the images appear to show soldiers firing their weapons at the crowd. They show the body of the one person whose death has been confirmed, a teenager whose name is reported to be Isi Obed Murillo.

According to multiple news reports, the boy died from a gunshot wound to the head. The father of the victim was at the demonstration and is reported to have said that he had observed a soldier take aim and fire at the demonstrators."

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Vídeo do momento em que Enrique Ortez Colindre, ministro golpista de Relações Exteriores, chama de "negrito" a Obama, lamentável:

A embaixada americana, lógico, reclamou:
"Como el representante oficial y personal del presidente de los Estados Unidos de América, expreso mi profunda indignación en relación a los desafortunados comentarios irrespetuosos y racialmente insensibles del señor Enrique Ortez Colindres sobre el presidente Barack Obama", Hugo Llorens, embaixador dos EUA em Tegucigalpa
Mais informações no blog do Patrick.
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Impressionante como a mídia golpista encontra maneiras de se superar e de manipular informações sem qualquer tipo de (auto)crítica ou respeito pela verdade:

No detalhe, a comparação entre a imagem que saiu no jornal La Prensa (de Honduras), completamente maquiado, modificado e "embelezado". À direita, a verdadeira foto, Isis Obed Murillo morto, assassinado com um tiro na nuca pelo exército golpista de Honduras no entorno do aeroporto de Tegucigalpa.

Vejam como é fácil, simples, não só manipular mas também divulgar informações falsas quando, dentro de um país, toda mídia alternativa está amordaçada e só veículos pr-o-golpe dão as cartas.

Aqui a página dupla do jornal, (des)informando a população sobre o massacre, não bastou manipular a foto do garoto assassinado, também manipularam o "header" da notícia. Lê-se que apenas um morreu, mentira, os assassinados pelo exército foram 3, ao menos. Para piorar, a culpa recai sobre Zelaya (Mel), que não teria escutado os "chamados" do golpista Micheletti de que haveria um banho de sangue com sua volta. Só esqueceram de avisar ao povo que seria o exército a derramar o sangue do povo.




A situação de Honduras é extremamente delicada. A censura e a manipulação, na maioria dos casos, não é imposta de cima para baixo, do exército/governo golpista para a mídia em geral, na verdade a franca maioria dos periódicos e canais de TV locais apoiaram com entusiasmo o golpe.

A elite em peso está do lado dos golpistas e, para piorar, os principais partidos políticos e ao menos 123 dos 128 legisladores do país. É um golpe que, se não conta com qualquer apóio internacional, conta com grande adesão da elite, mídia, exército, justiça e estrutura governamental.

Tudo isto torna a volta ou uma possível volta de Zelaya ao poder complicada, para dizer o mínimo. Foi antes aventada a possibilidade de um indulto, Zelaya poderia voltar, mas não ao poder, não teria direitos políticos, seria apenas um civil em seu país. Esta possibilidade, para Zelaya não existe, mas talvez seja uma das poucas saídas viáveis. Antecipação da eleição é outra idéia mas, ainda assim, imperfeita e problemática.

A grande questão é que com a Volta de Zelaya ao poder, o que seria feito com a oposição golpista? Como governar com um congresso onde quase todos apoiaram sua deposição. Pior, se houver punição para os golpistas, estaremos falando de boa parte de toda a estrutura do país, desde o exército até a justiça, passando pela mídia - esta típica, vide o nosso PIG - e o legislativo.

É dizer que toda a estrutura do país está comprometida, corrompida. Um verdadeiro pepino para a OEA e para a Comunidade Internacional. Isso se, com o passar do tempo, não abandonem Zelaya, como Lula está fazendo com seu silêncio de pseudo-líder da América Latina.
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terça-feira, 7 de julho de 2009

Honduras: Sob o manto do golpe [Updates]

Por motivo de força maior (falta de tempo), hoje a postagem sobre Honduras saiu mais tarde do que eu gostaria.

Neste momento me limito a um resumo do dia.

De início os chocantes números do Golpe, através do Larte Braga no Vi o Mundo: 'pelo menos 50 pessoas morreram em Honduras; há mais de 900 presas e 800 desaparecidas'

Um número assustador, mas que demonstra a cruel face de um regime ditatorial instaurado por um golpe de Estado.

O Movimento Social Hondurenho denuncia a perseguição que seus líderes sofrem de grupos paramilitares:
"Hugo Maldonado, presidente del Comité de los Derechos Humanos, en San Pedro Sula, informó a Prensa Latina que en las últimas horas individuos armados merodean su vivienda y la de otros líderes populares.

"Tengo informes que ya tienen casas, propiedad de particulares, para mantener presos de los dirigentes que detengan", dijo Maldonado.

El dirigente solicitó a la Organización de las Naciones Unidas (ONU) intervenir inmediatamente antes de que el país se convierta totalmente en un escenario de cacería humana.

Luego de que en la tarde de hoy realizarán manifestaciones pacíficas en San Pedro Sula en espera del presidente legítimo Manuel Zelaya, los escuadrones de la muerte persiguen a los líderes, dijo el activista de derechos humanos.

"Estamos en una situación que es peor a la que vivimos en la década de los ochenta, cuando muchos de los militares, que forman parte del gobierno golpista, desparecieron a muchos hondureños", recordó Maldonado."
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Ao menos uma notícia boa pós-golpe, a Interpol rejeitou a ordem de prisão contra Zelaya e não a obedecerá:
"Interpol has refused a request by the government of Honduras that an arrest warrant be issued for ousted President Jose Manuel Zelaya, the international police agency said Tuesday.
The agency said it declined the request because it “is strictly forbidden for the organization to undertake any intervention or activities of a political, military, religious or racial character. This prohibition is taken extremely seriously by Interpol.”
The development came as Zelaya, ousted by the Honduran military on June 28, arrived in Washington for a meeting with Secretary of State Hillary Clinton."
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Nas últimas horas saiu a notícia de que Óscar Arias, presidente da Costa Rica, será mediador nas negociações entre Zelaya e o governo golpista. Os golpistas aceitaram, Zelaya ainda não disse nada.

Ao menos aos olhos dos EUA, Zelaya ainda é o presidente legal de Honduras, tanto que ele indicará um novo Embaixador ao país em substituição ao anterior, que acabou apoiando o golpe de Estado. Se Obama não faz nada, ao menos não atrapalha e acaba apoiando o lado golpista, o que seria comportamento padrão estadunidense. É um avanço, enfim.

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A face dos principais golpistas, via Honduras en Lucha:

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