terça-feira, 5 de abril de 2011

Jair Bolsonaro é um câncer, mas não o único, são 120 mil eleitores e uma sociedade doente

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O deputado federal de extrema-direita e ex-capitão do exército, Jair Bolsonaro, filiado ao Partido Popular do Rio de Janeiro coleciona polêmicas. Saudoso da Ditadura Militar brasileira (1964-1985), Bolsonaro tem o costume de insultar defensores dos Direitos Humanos e de defender a tortura sem, porém, jamais ter sido punido por seus pares.

Recentemente o Deputado se envolveu em outra polêmica, ao defender o direito dos pais de baterem em seus filhos para evitar que estes virem gays.

Em recente entrevista ao programa humorístico CQC, Bolsonaro foi perguntado sobre sua opinião em relação a diversos temas polêmicos, como as cotas para negros em universidades, os direitos LGBT. 





O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) fez declarações homofóbicas em um vídeo exibido pelo programa CQC, da TV Bandeirantes, nesta segunda-feira (28). Para Bolsonaro, ele não correria o risco de ter um um filho gay, pois seus filhos tiveram "uma boa educação, com um pai presente". Ele também afirmou que não participaria de um evento homosexual porque "eu não participo de promover os maus costumes (sic).
Mas esta está longe de ser a primeira ou mesmo a última declaração absurda deste fanático.
O vídeo abaixo é antigo, do fim de 2009, mas continua dolorosamente atual. Nele, Jair Bolsonaro, escória do PP do Rio de Janeiro - ao se dizer "PP" já se compreende o cenário desesperador -, discursa saudando o regime militar e descasca qualquer um que se oponha aos torturadores e à Ditadura.




A Rede Brasil Atual fez uma boa seleção de momentos inesquecíveis (ou esquecíveis) de Bolsonaro.

O que assusta não são suas declarações em si, mas o espaço dado pelo CQC a este tipo de figura e também saber que ele tem votos, milhares de votos.

Como alguém pode votar nesta figura? Mas pelo menos 120 mil imbecis votam. São coniventes, cúmplices. Sabem o que defende o candidato, defendem eles próprios as palavras do candidato. Não se trata de voto de engano, de protesto, de sacanagem. Nã oestamos falando no Tiririca ou em um parlamentar mais ou menos insuspeito, mas em um criminoso conhecido e reconhecido.


Acho pouco que Bolsonaro venha a ser punido. Mesmo que perca o mandado e até - só na ilusão - seja preso (no Brasil rico não vai pra cadeia, e se por acaso acaba lá, Gilmar Mendes logo tira), o problema continua. Ele é apenas um, mas tem 120 mil criminosos que apoiam suas palavras e ações por trás. Ainda resta a base social considerável que elege a ele e seus filhos, racistas e homofóbicos da mesma estirpe.

O Brasil precisa, na verdade, é de uma mudança efetiva. De mentalidade, de consciência. Não adianta punir um, mas também não adiantaria punir 120 mil. É preciso mover as estruturas. Dar inclusão social a quem precisa (e não apenas incentivar o consumismo), educação a todos (e de qualidade, não essa piada de ensino público atual) com salários dignos para professores.

Para isto é preciso também FORMAR bons professores, ou seja, garantir bolsas com valores decentes para a graduação e a pós-graduação (as bolsas no Brasil de mestrado, por exemplo, são risíveis).

Quantidade não é qualidade. Uniban não é qualidade, 500 mestres e doutores que tiveram de sofrer pra conseguir sobreviver durante o curso, fazendo bicos, sem poder se dedicar como gostariam ao estudo é quantidade, não qualidade. É isto que queremos perpetuar?

Mas educação apenas também não resolve.

É preciso reformar a mídia.

Responsabilizar a mídia e seus donos pelos seus atos, pelas suas palavras, imagens... Sem uma ampla reforma da mídia, sem uma regulação e regulamentação, que além de forçar aos jornais, rádios e TV's a entrarem nos eixos, precisa garantir e promover a mídia alternativa, a mídia livre (jornais, revistas, sites, blogs) e assegurar a pluralidade de idéias e opiniões. É preciso haver um espaço público plural, onde idéias possam ser debatidas e isto é impossível com a mídia hoje.

Aí também entre o PNBL, a garantia de acesso irrestrito e amplo a todos e todas. A criação de um espaço público verdadeiramente plural e livre do controle de corporações ou do Estado (onde se insere a luta contra o Controle da Rede e o AI5Digital).

Juntando educação e regulação da mídia nós podemos COMEÇAR a pensar em uma geração futura mais crítica, pensante. Com INCLUSÃO, que vai além mas também inclui renda, podemos esperar que esta juventude terá chances de mudar alguma coisa. Terá forças para estudar, para trabalhar e para se sentir parte da sociedade, e não apenas massa de manobra.

Precisamos de inclusão, de renda, se trabalho e de educação, e é urgente que tenhamos os MEIOS para tal.

Não nos esqueçamos da Cultura. De promover o acesso à cultura, seja ela digital ou a tradicional. Temos de criar meios de garantir que estudantes possam ter acesso a livros ou xérox sem serem criminalizados, que possamos ter acesso à cultura de forma livre: Músicas, Filmes, Livros e etc, garantindo ao autor sua parte, mas não permitindo que a indústria controle nossas vidas.

Infelizmente, nos oito anos de governo Lula nós tivemos renda, mas não inclusão, tivemos acesso à universidade, mas sem garantia de qualidade, tivemos a ampliação de bolsas, mas com valores irrisórios.

Não tivemos qualquer tentativa real de regulação da mídia. O projeto que poderia vir a ser discutido, de Franklin Martins, foi jogado no lixo por Dilma. O PNBL será entregue às teles, as mesmas que, hoje, nos tratam como lixo, oferecendo um serviço medíocre e mais caro do mundo.

O que falar da cultura? A ministra de Dilma, Ana de Hollanda não conhece e nem quer saber do que se trata a Cultura Digital. A visita de Obama ao Brasil serviu apenas para promover um encontro do ministério da cultura com representantes dos EUA, o que significa nos impor a ACTA. O Ministério da cultura, hoje, promove a indústria, defende o ECAD e se opõe ao livre compartilhamento de conhecimento.

Quanto aos professores, basta dar uma olhada no ridículo piso nacional para a categoria. Nos salários absurdos pagos a eles. Às condições das escolas, ao acesso ao material didático...

Como garantir que algo mude, se as bases para a mudança são negadas ao povo brasileiro? Se mesmo os avanços conquistados (com Lula o MinC era um modelo e exemplo) estão sendo jogados no lixo?

Aliás, impossível esquecer, sem a abertura dos arquivos da Ditadura e a punição dos criminosos que foram ídolos de Bolsonaro e ainda são da corja que o elege, como podemos pensar em um país justo e humano?

Falamos em Direitos Humanos para o Irã, pisoteando na política externa de Celso Amorim e Lula (outro marco), mas sequer temos a decência de respeitar os direitos humanos mais básicos das vítimas da Ditadura e seus familiares, direitos que são negados ha 26 anos!

Hipocrisia pouca é bobagem.


O imbróglio em torno do Bolsonaro já é conhecido. Suas ofensas à Preta Gil (que a figura grotesca disse ser um mal entendido), seu racismo, sua homofobia, seu desrespeito pela sociedade como um todo... Não vale gastar mais tempo explicando o óbvio.
Jair Bolsonaro se defendeu em seu site, negando que tenha ofendido a cantora Preta Gil. O Deputado Federal e primeiro gay assumido a chegar ao parlamento, Jean Wyllys, anunciou que irá acionar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra Bolsonaro. A OAB-RJ informou que também está processando o Deputado, pedindo sua cassação.

Na noite do dia 29 um grupo de parlamentares, dentre eles Jean Wyllys, Brizola Neto, Manuela d'Ávila e Ivan Valente, apresentou um requerimento ao presidente da Câmara dos Deputados pedindo que se tomem medidas contra o deputado Jair Bolsonaro.

Se dará em alguma coisa, difícil saber. Torçamos.
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Várias petições circulam pela rede, exigindo a cassação de Bolsonaro, repasso o link de duas delas, uma da Avaaz e outra no Petição Publica.
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