domingo, 29 de maio de 2011

A Marcha da Liberdade e a diversidade nas ruas

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Mais que uma manifestação, uma festa. Uma festa, porém absolutamente politizada. Ao menos 32 organizações convocaram a Marcha da Liberdade, chamado atendido por mais de 5 mil pessoas (o pessoal do movimento Fora do Eixo aponta até 10 mil presentes, não duvidaria) que foram até uma Av. Paulista gelada cantar, dançar e protestar, exigindo liberdade e o fim da censura imposta por um governo ditatorial tucano, que aparelha a justiça e impede a livre manifestação.

Mulheres, crianças, bebês, jovens, velhos, ex-guerrilheiros e até mesmo maconheiros (sim, foi uma piada) lotaram o vão do MASP ao som de muito maracatu (música pernambucana, o que deve ter feito a elite racista local se torcer de raiva) e caminharam por horas até a Praça da República, atraindo mais pessoas ao longo do caminho e recebendo o apoio de muitos que observavam dos prédios.

A polícia, depois do horror encenado pelo Choque na Marcha da Maconha, se comportou bem, apesar de um ou outro soldado, já no fim da marcha, comentar que estava "doido pra dar porrada nos maconheiros", como ouvi de um pequeno grupo que, talvez, estivesse ameaçando se rebelar do comando do Major que controlava a tropa.

Na altura do Cemitério da consolação, os manifestantes fizeram um momento de silêncio em homenagem aos ativistas da agricultura familiar e do extrativismo responsável assassinados por ruralistas no norte do país na última semana.
Foi o Aldo Rebelo?

A marcha em si foi extremamente tranquila, tanto que já no fim da Consolação os manifestantes se sentiram seguros para gritar em favor da legalização da maconha e anunciar que muitos ali eram maconheiros.

Nenhuma reação da PM, felizmente.

Chegando já na Praça Roosevelt um pequeno momento de tensão, enquanto dois punks (me disse um PM) ou skinheads (me disse outro PM), eram presos por terem tentado invadir um carro da Globo e tentado destruir os equipamentos lá dentro, além de terem chutado e esmurrado o carro.

Surpreendentemente, a reação da PM foi a de não espancar nem os dois e nem os demais manifestantes. Um dos dois se recusava a ser preso e, dada a presença da mídia, não apanhou até ser convencido a entrar no carro e ser levado para a delegacia.

Claro que não é possível se iludir e achar que o comportamento da PM se deve (ou se deveu) a qualquer tipo de decência ou boa vontade e sim de possíveis ordens vindas de cima. Depois da violência absurda na Marcha da Maconha, em que até os veículos mais reacionários - como a Folha de São Paulo - foram forçados a mostrar a realidade depois de jornalistas terem também sido atacados, o governador talvez tenha sentido que outro episódio violento poderia prejudicar sua imagem.

Após este momento de tensão o carro da Globo foi escoltado por diversas motos da PM enquanto os manifestantes gritavam exigindo que a equipe fosse embora. Após isto a marcha seguiu sem maiores problemas até sua dispersão, pouco depois das 19h.
Falha de São Paulo: Frente

Falha de São Paulo: Verso

Ao longo de toda a marcha, muitos pedidos de liberdade de expressão, o que seria de se esperar, mas também um uníssono repúdio à aprovação do Código Florestal e ao cancelamento da distribuição do Kit Anti-Homofobia, além de vários momentos em que os presentes exigiam o fim do uso indiscriminado das chamadas armas não-letais, que podem sim matar e que são usadas como instrumentos de tortura por parte das forças policiais.

Apesar do sucesso da Marcha, é difícil ter uma noção de seus resultados práticos. Vivemos em um estado que nem de longe é de direito. Em nível federal temos um governo que não vê problemas em vender suas bandeiras, rifar movimentos e fazer acordos com Marginais da Fé e outros tipos de criminosos e, em São Paulo, temos um verdadeiro estado fascista, com uma justiça à mando dos poderosos e um prefeito sempre pronto a mandar espancar qualquer trabalhador, estudante ou pessoa em situação precária, vítima de suas políticas.

A mobilização juntou pessoas de todos os tipos e militância, mesmo algumas que pareciam "perdidas", talvez em sua primeira grande manifestação, e ao menos demonstramos alguma força e conseguimos sensibilizar uma boa quantidade de pessoas. É continuar a mobilização e tentar colher frutos.

Mais fotos no Flickr.

Vídeos da Marcha:


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Mais posts sobre a Marcha, com fotos:

Blog do Sakamoto - A Marcha da Liberdade ocorreu e não doeu a ninguém
Maria da Penha Neles - Fotos da Marcha da Liberdade 
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