segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cordão da Mentira: Não esqueceremos os crimes da Ditadura

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"Ao contrário dos outros países latino-americanos, no Brasil não houve justiça de transição. Os responsáveis por crimes como tortura e desaparecimento de corpos, chamados de lesa-humanidade, não foram julgados. O Estado brasileiro não investigou os crimes cometidos pela ditadura, mesmo tendo sido condenado internacionalmente pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso demonstra que os interesses que levaram os militares ao poder continuam fortes e operantes no cenário político. Não satisfeitos, os militares ainda resolveram satirizar e fazer pouco caso da sociedade brasileira, em mais uma confraternização de celebração. Peguntamos a eles: o que devemos celebrar?". (Trecho do manifesto do "Cordão da Mentira", retirado do Blog do Chico).
Mais de 300 pessoas no auge da manifestação - e possivelmente mais de 500 ao longo de toda a marcha - caminharam desde o Cemitério da Consolação, local onde descansa o corpo da múmia Plínio Corrêa, fundador da TPF, passando pela Maria Antônia, local onde se deu a famosa Batalha da Maria Antônia, onde um estudante da USP foi assassinado pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas),  pela sede (oratório) da TFP em Higienópolis, pelo Minhocão, Folha de São Paulo, Cracolândia e, finalmente, terminando no DOPS, na região da Luz.

Pude ficar apenas até chegarmos ao Minhocão por motivos de saúde - problema muscular na perna, doía pacas caminhar -, mas nas 5 horas em que participei do protesto pude fotografar e gravar diversas demonstrações de emoção e repúdio pela pseudo-democracia em que vivemos, onde militares torturadores e assassinos continuam na mais completa impunidade, com referendo e apoio do atual governo, que se diz de esquerda, mas que se recus a obedecer ordem da CIDH/OEA e rever a Lei da Anistia, decidida pelos militares para se auto-anistiar.

Cantamos durante todo o percurso sambas compostos por ativistas denunciando nossa situação e os crimes não só do passado, mas do presente, como os Crimes de Maio, relembrados pelas queridas Mães de Maio que nos acompanharam por todo o percurso, denunciando que a Ditadura, ou ao menos a repressão contra a população, não acabou e nem acabará tão cedo. Não sem que antes haja uma abertura total dos arquivos, uma reparação completa, a punição exemplar dos criminosos de ontem e, então a punição dos torturadores de hoje.

Como descreveu o Pádua Fernandes:
A multidão desceu a Rua da Consolação, entrou na Maria Antônia, onde foi feita uma homenagem ao estudante José Guimarães, morto pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas) em 1968; desceu até a imagem da Nossa Senhora que a TFP preserva na Rua Martim Francisco. Em seguida, na Rua Fortunato, outra homenagem, ao militante da ALN Marco Antonio Braz (vê-se, na foto, o ativista e ex-preso político Alípio Freire com flores para o homenageado).
Depois de parar na frente de um jornal paulista, com direito a um esquete que incluía a leitura de um curioso editorial que já comentei no blogue (no primeiro post sobre a Comissão da Inverdade), a multidão seguiu e chegou ao prédio do antigo DOPS, hoje Estação Pinacoteca (que abriga o Memorial da Resistência), quase às dezoito horas.
Foi um protesto alegre, com muita música, permeado por homenagens à vítimas de ontem e de hoje, sarau de poesia na concentração (ótimas apresentações do pessoal dos diversos saraus da periferia da cidade e da Grande São Paulo), discursos acalorados, apresentações teatrais e uma longa caminhada pelo centro de São Paulo.

Estão - estamos - todos de parabéns e que o primeiro de abril seja sempre lembrado desta forma, com total repúdio ao GOLPE, mas com muita força de vontade e persistência na denúncia dos crimes cometidos pelo Estado.

Exigimos justiça, verdade, abertura dos arquivos e a punição dos criminosos.

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Foi um prazer enorme encontrar com velhos amigos e conhecidos militantes como Alípio Freire, Lúcio Flavio de Almeida, Lino Bocchini, Débora (Mães de Maio), Danilo Dara, Lúcia Rodrigues, Criméia Almeida, Marcelo Zelic, Júnior (Levante Popular), Pádua Fernandes, Fabio Weintraub, Carlos Carlos e tantos outro(a)s!
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Mais fotos e, ao fim, os vídeos da manfiestação:
Del Roio
Em frente à TFP
Flores depositadas sob placa que homenageia o guerrilheiro "Marquito"
Lino Bocchini como "diretor da Folha"
Segue os vídeos:











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