Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Da Primavera Bérbere ao Outono Islâmico


segunda-feira, 2 de abril de 2012
Cordão da Mentira: Não esqueceremos os crimes da Ditadura
"Ao contrário dos outros países latino-americanos, no Brasil não houve justiça de transição. Os responsáveis por crimes como tortura e desaparecimento de corpos, chamados de lesa-humanidade, não foram julgados. O Estado brasileiro não investigou os crimes cometidos pela ditadura, mesmo tendo sido condenado internacionalmente pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso demonstra que os interesses que levaram os militares ao poder continuam fortes e operantes no cenário político. Não satisfeitos, os militares ainda resolveram satirizar e fazer pouco caso da sociedade brasileira, em mais uma confraternização de celebração. Peguntamos a eles: o que devemos celebrar?". (Trecho do manifesto do "Cordão da Mentira", retirado do Blog do Chico).Mais de 300 pessoas no auge da manifestação - e possivelmente mais de 500 ao longo de toda a marcha - caminharam desde o Cemitério da Consolação, local onde descansa o corpo da múmia Plínio Corrêa, fundador da TPF, passando pela Maria Antônia, local onde se deu a famosa Batalha da Maria Antônia, onde um estudante da USP foi assassinado pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas), pela sede (oratório) da TFP em Higienópolis, pelo Minhocão, Folha de São Paulo, Cracolândia e, finalmente, terminando no DOPS, na região da Luz.
Pude ficar apenas até chegarmos ao Minhocão por motivos de saúde - problema muscular na perna, doía pacas caminhar -, mas nas 5 horas em que participei do protesto pude fotografar e gravar diversas demonstrações de emoção e repúdio pela pseudo-democracia em que vivemos, onde militares torturadores e assassinos continuam na mais completa impunidade, com referendo e apoio do atual governo, que se diz de esquerda, mas que se recus a obedecer ordem da CIDH/OEA e rever a Lei da Anistia, decidida pelos militares para se auto-anistiar.
Cantamos durante todo o percurso sambas compostos por ativistas denunciando nossa situação e os crimes não só do passado, mas do presente, como os Crimes de Maio, relembrados pelas queridas Mães de Maio que nos acompanharam por todo o percurso, denunciando que a Ditadura, ou ao menos a repressão contra a população, não acabou e nem acabará tão cedo. Não sem que antes haja uma abertura total dos arquivos, uma reparação completa, a punição exemplar dos criminosos de ontem e, então a punição dos torturadores de hoje.
Como descreveu o Pádua Fernandes:
A multidão desceu a Rua da Consolação, entrou na Maria Antônia, onde foi feita uma homenagem ao estudante José Guimarães, morto pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas) em 1968; desceu até a imagem da Nossa Senhora que a TFP preserva na Rua Martim Francisco. Em seguida, na Rua Fortunato, outra homenagem, ao militante da ALN Marco Antonio Braz (vê-se, na foto, o ativista e ex-preso político Alípio Freire com flores para o homenageado).Foi um protesto alegre, com muita música, permeado por homenagens à vítimas de ontem e de hoje, sarau de poesia na concentração (ótimas apresentações do pessoal dos diversos saraus da periferia da cidade e da Grande São Paulo), discursos acalorados, apresentações teatrais e uma longa caminhada pelo centro de São Paulo.
Depois de parar na frente de um jornal paulista, com direito a um esquete que incluía a leitura de um curioso editorial que já comentei no blogue (no primeiro post sobre a Comissão da Inverdade), a multidão seguiu e chegou ao prédio do antigo DOPS, hoje Estação Pinacoteca (que abriga o Memorial da Resistência), quase às dezoito horas.
Estão - estamos - todos de parabéns e que o primeiro de abril seja sempre lembrado desta forma, com total repúdio ao GOLPE, mas com muita força de vontade e persistência na denúncia dos crimes cometidos pelo Estado.
Exigimos justiça, verdade, abertura dos arquivos e a punição dos criminosos.
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Foi um prazer enorme encontrar com velhos amigos e conhecidos militantes como Alípio Freire, Lúcio Flavio de Almeida, Lino Bocchini, Débora (Mães de Maio), Danilo Dara, Lúcia Rodrigues, Criméia Almeida, Marcelo Zelic, Júnior (Levante Popular), Pádua Fernandes, Fabio Weintraub, Carlos Carlos e tantos outro(a)s!
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domingo, 12 de dezembro de 2010
Vídeos da 3ª Conferência Municipal de Direitos Humanos de SP
Peço especial atenção para os dois vídeos com a fala do Iaan, são de grande importância para os militantes de ontem e de hoje. Ele faz um link com as lutas do passado e com a necessidade de se manter vivo este passado - através da punição dos torturadores, da abertura dos arquivos e do reconhecimento dos corpos dos desaparecidos - e, mais importante, com a situação atual de exclusão social, de violência contra os menos favorecidos.
A situação de exploração e exclusão não mudou da Ditadura para cá, apenas mudaram as cores.
Amélia:
Comentários da Platéia e da mesa:


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Cabinda e Angola: Compreendendo as FLEC
Bem, por mais que eu concorde, não deixo de tentar entender o outro lado.
Cabinda é uma esquisitice geográfica própria da África. Um pontinho de terra pouco maior do que o nosso Distrito Federal, separado fisicamente de Angola. Fica encravado, na verdade, entre dois países chamados Congo. A própria Cabinda já foi chamada de Congo português, e foi uma colônia separada de Portugal. Em 1975, quando os angolanos se declararam independentes, a pequena região foi anexada ao novo país. Nenhuma consulta foi feita a seus habitantes, muitos dos quais consideram que passaram sem escalas de um colonialismo para outro. Daí o ressentimento.As FLEC lutam desde os anos 70 pela independência de Cabinda do Estado de Angola. Lutaram contra os Portugueses com a mesma ferocidade e como resultado apenas foram engolfados por outro Estado, que também consideram colonizador. Some a isto 30 anos de luta, de massacres, de repressão - cerca de 1/3 dos Cabindenses vivem no exílio - e você terá por resultado um ódio à flor da pele e uma resposta armada violenta.
Não nos esqueçamos que a questão não é meramente territorial e de orgulho - o que por si só é razão para guerras inúmeras -, mas também pelo fato de Cabinda ser responsável por até 80% do petróleo Angolano.
Vale também lembrar que, diferentemente do resto de Angola e até mesmo da maior parte da África, Cabinda possui uma notável homogeneidade étnico-linguística, o que não só facilita a unidade regional como também dá subsídios e legitimidade à luta emancipatória.
O caso de Cabinda, em termos de repressão e resposta tem paralelos com o Curdistão, com o País Basco, com o Sri Lanka e o povo Tâmil.... Obviamente que uma coisa é a luta entre um grupo guerrilheiro - legítimo - e um exército repressor e invasor, e outra muito diferente é o ataque contra um time de futebol estrangeiro que nada tem a ver com o conflito - nunca soube sequer do Togo, enquanto nação, ter se envolvido de qualquer maneira do conflito, o que pelo menos abriria uma maior brecha ao entendimento da ação.
"Dois meses antes, escrevemos a Issa Hayatou [ presidente da CAF] para avisá-lo que estávamos em guerra. Ele não quis levar nossas advertências a sério", acusou.Mas, sejamos francos, é possível analisar que, no entendimento dos guerrilheiros, Angola não tinha o direito de convidar qualquer seleção para jogar em território disputado, não tinha o direito ou a legitimidade de impor uma Copa da África - mesmo que alguns poucos jogos - ao território que pertence à guerrilha e não à Angola e o fato de uma seleção estrangeira - no caso a do Togo - ter aceitado jogar referendando a reivindicação de Angola pelo território em detrimento dos Cabindenses, os tornava alvos legítimos ou, pelo menos, baixas aceitáveis.
"Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso e decidiu manter os jogos em Cabinda", afirmou. "As armas vão continuar falando".
FOLHA - Por que a seleção de futebol do Togo foi atacada pelas Flec?Esta é uma linha de pensamento que, mesmo se a correta, não legitima o ataque à civis desarmados e inocentes.
RODRIGUES MINGAS - O nosso território está em guerra. Dois meses antes desse torneio mandamos carta ao presidente da Confederação Africana de Futebol para informá-lo disso. Deixamos claro a ele que Cabinda não é parte de Angola.
FOLHA - Sim, mas o que Togo tem a ver com essa questão?
MINGAS - O ataque não foi contra a equipe do Togo. Nós não temos nada contra eles. Nós estamos em guerra contra Angola, que ocupa ilegalmente nosso território. Ordenamos atacar as forças angolanas, e a equipe do Togo, por azar, foi atingida por nossa tropa.
FOLHA - Vocês sabiam que a seleção do Togo estava passando no local naquele momento?
MINGAS - Não. Atrás dos primeiros carros com as tropas angolanas havia outros com mais tropas. No meio, estava o ônibus da equipe do Togo. É uma coisa que lamentamos.
A idéia também aventada de que o alvo eram os soldados das forças de segurança de Angola protegendo o ônibus também não soam bem. Vários minutos de incessante tiroteio diretamente contra o ônibus da delegação - dificilmente os guerrilheiros eram ignorantes sobre quem era transportado - são ato injustificável e que denunciam a tentativa de realizar um show, de aparecer na mídia.
"Alega-se ataque à escolta militar da delegação, não à comitiva do Togo", ressalta o jornalista da Agência Lusa. Para ficar mais claro: rebeldes consideram a região zona de guerra. O governo de Angola, apesar disso, a insere como uma das sedes do torneio, o que de certa forma reforça a ideia de que Cabinda pertence à ex-colônia portuguesa.Na verdade, é exatamente este tipo de ataque inconsequente que acaba por destruir as simpatias que existem entre o povo - e mesmo estrangeiros - por uma luta legítima e por um grupo legítimo. É um desserviço tolo e burro à luta.
Assim, ignora os riscos que isso poderia levar às delegações, como ocorreu com Emmanuel Adebayor, Assimiou Touré, Moustapha Salifou e seus companheiros, acuados num ônibus durante quase meia hora de tiroteio. Morreu o motorista e dois atletas foram feridos.
Tiro no pé puro e simples.
Mas uma certeza fica, se forem fiéis às suas palavras, os guerrilheiros irão continuar os ataques, o que, a esta altura, faz sentido. Angola insiste em usar o território de Cabinda - em disputa, perigoso - como sede de uma copa da África. O mínimo que se espera é que os donos que se declaram legítimos se recusem a aceitar esta imposição.
PS. Vale lembrar que, quando falo em FLEC na questão dos ataques, me refiro ao racha da FLEC original, a FLEC/PM (Posição Militar), grupo remanescente da luta armada que se recusou a assinar o tratado de paz com Angola e acusam a FLEC majoritária de traição.
domingo, 2 de agosto de 2009
O Mito da Estabilidade do Cáucaso Norte (Trezentos)
Post originalmente publicado no blog colaborativo Trezentos no dia 29 de julho.
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Esta é minha primeira postagem no Trezentos e este artigo busca ser um complemento ao post de ontem sobre a situação específica da Ingushétia e Chechênia que pode ser encontrado em meu blog neste link.
O post conta também com acréscimos de outro artigo sobre a Rússia de minha autoria, mais especificamente sobre a Máfia que tomou conta da Rússia e que vem sistematicamente assassinando ativistas de direitos humanos.
O título deste post é o mesmo da análise de Txente Rekondo, do Gabinete Basco de Análise Internacional (GAIN) que usei como base para escrever este artigo.
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Nesta região de extrema diversidade étnica convivem as repúblicas da Chechênia, Ingushétia, Daguestão, Karatchaievo-Tcherkássia e Kabardino-Balkária, todas de maioria islâmica, além da Ossétia do Norte, de maioria Cristã. A região é historicamente conflituosa, Ossetas e Ingushes já entraram em guerra por questões de fronteira, os chechenos já protagonizarma duas guerras sangrentas com os russos, o Daguestão vive em constante conflito étnico mas, nos últimos anos, um novo fator de tensão vem surgindo na região.
Ao longo da história a resistência à ocupação russa se deu estritamente em bases étnico-linguísticas e na história diferenciada e independente desses povos em relação à Rússia mas, nos últimos anos, e em especial depois do 11 de setembro e da derrota chechena nas duas guerras, o terrorismo de viés islâmico, Salafita, vem crescendo de forma assustadora.
Em meio à resistência e guerrilhas chechenas é possível encontrar um enorme contingente de muçulmanos de países do golfo engajados na luta pela criação não mais da República Chechena de Ichkeria, islâmica mas moderada, mas no Califado do Cáucaso.
Ao mesmo tempo em que cresce a repressão contra os ativistas de direitos humanos da região, crescem também os ataques à "autoridades" Russas ou cooptadas pela Rússia na região. O caso mais notável foi o ataque à bomba que quase tirou a vida do presidente da Ingushétia, Yunus-Bek Yevkurov, mas os ataques e assassinatos continuam e são cada vez mais audaciosos.
Até mesmo regiões relativamente calmas - se comparadas à Chechênia, Daguestão e Ingushétia - como a Kabardino-Balkária e Karatchaievo-Therkássia começam a assistir episódios de violência sectária.
Desde que assumiu a presidência da República Chechena, Ramzan Kadyrov vem patrocinando uma escalada de violência sem precedentes na região. Inegavelmente este homem é um dos maiores responsáveis pelo completo descontrole na região. Ramzan Kadyrov, filho de Akhmad Kadyrov, é um ex-rebelde que traiu a causa nacionalista e assumiu a presidência após o assassinato de seu pai, na época o presidente da Chachênia, nomeado por Putin.
Akhmat Kadyrov, pai de Ramzan Kadyrov foi o Mufti da República Chechena de Ichkeria, durante os anos noventa e durante e depois da Primeira Guerra Chechena. Já na época da Segunda Guerra Chechena, Kadyrov pai resolveu mudar de lado e apoiar o governo russo contra seus conterrâneos chechenos até que, em 2003, foi empossado como presidente por Putin, em troca de seus favores - delação, tortura, perseguição e mortes.
Kadyrov filho não é muito diferente de seu pai, também é conhecido por sua brutalidade e violência extrema no trato com rebeldes, pseudo-rebeldes e qualquer um que o afronte ou o desagrade, sendo responsável por perseguições, torturas e assassinatos diversos, como os das ativistas Natalya Esterminova, Anna Politkovskaya e do advogado Stanislav Markelov.
Um dos episódios mais marcantes da trajetória de Kadyrov na presidência Chechena - além do personalismo e brutalidade - foi a encomenda d o assassinato de seu ex-guarda-costas, Umar Israilov, que vivia no exílio na Áustria e se dedicava a denunciar seu ex-chefe. Agentes chechenos foram enviados para matá-lo, nada além de uma simples queima de arquivo.
Para mais informações sobre a situação dos direitos humanos e do assassinato de ativistas, vale uma olhada neste link.
Obviamente esta onda de violência e este crescimento do radicalismo islâmico na região não vem de graça, as razões são duas principalmente:
Em primeiro lugar, as sucessivas derrotas (senão a não complitude de seus objetivos e de suas reformas) das guerrilhas e da resistência local ao longo dos anos 90, mas não só, também o fracasso generalizado dos grupos de orientação marxista ou similar por todo o oriente médio e proximidades (notadamente na luta Palestina, como Fatah, FPLP, FDLP, etc), além do fracasso dos regimes "pan-arabistas" ao longo dos anos 60, 70 e 80 que culminaram com o surgimento e crescimento de grupos de caráter islâmico militante, como Hizbollah, Hamas e o crescimento acelerado e proeminência da Irmandade Muçulmana até, enfim, Talibã e Al Qaeda.
Ou seja, a idéia de guerriha com viés de esquerda, majoritariamente laica, não funcionou, ou ao menos esta é a visão corrente e propagada. Junte à isso as derrotas na própria região dos movimentos nacionalistas, e temos um problema. Se a ideologia fracassou, como voltar a agregar, a unir esforços em prol da independência?
Em segundo lugar o artigo do GAIN dá a deixa:
"El desempleo, la corrupción, la brutalidad policial, aderezado todo ello con grandes dosis de impunidad, las importantes bolsas de refugiados y desplazados son algunos de los factores locales que aportan mayores dosis de desestabilizad a la situación. La sensación entre buena parte de la población de que el ejército y la policía tienen vía libre para cometer todo tipo de atropellos contra la disidencia, empuja a muchos jóvenes a sumarse a los movimientos guerrilleros."
Juntando estes dois elementos, a falência da ideologia dominante os anos 60 aos 80 e o aumento da repressão, em parte pela própria ineficiência dos movimentos nacionalistas, or parte da Rússia, no caso estudado, temos o campo perfeito para a disseminação de uma ideologia extremista que deturpa os ensinamentos islâmicos e o utiliza como arma de ódio para a criação não mais de uma república baseada no componente étnico local, mas na religião, nos mandamentos supostos de deus.
Cabe ainda uma terceira razão ou elemento, a possibilidade de internacionalizar a luta e angariar maior apóio, melhorar a logística e conseguir maior visibilidade. Com o surgimento da Al Qaeda e de grupos de caráter islâmico a solidariedade e alcance entre eles cresceu de forma assustadora; Se até o começo dos anos 90 mal se ouvia falar em "terrorismo islâmico" - ainda que por vezes o termo seja absolutamente mal empregado, usado como arma de propaganda - hoje em dia é basicamente tudo que se houve.
Para além do perigo real do fanatismo religioso - que não é exclusividade islâmica - existe uma enorme máquina de propaganda por trás, controlada notadamente por Israel e pelos EUA.
Akhmed Zakayev, Primeiro-Ministro da República da Chechênia Ichkeria
Da Rferl chega a notícia de que representantes no exílio da República da Chechênia Ichkeria estão tentando entrar em acordo com o líder linha dura dos islâmicos para frear a onda de violência na região. De um lado o Primeiro Ministro no exílio Akhmed Zakayev e do outro Doku Umarov, líder da resistência mais radical.
Isto demonstra, por A mais B, a situação da região, de enfraquecimento das estruturas laicas tradicionais por uma resistência armada islâmica e radical.
"Zakayev reported at length to the Berlin meeting on the content of his talks with Abdurakhmanov, specific details of which have not been disclosed. The Berlin meeting unanimously endorsed that dialogue as an opportunity to bring to an end the continuing killing of Chechens by fellow Chechens, specifically, members of the die-hard Islamic resistance headed by Doku Umarov and pro-Moscow Chechen Republic police.Expressing concern at the escalation of hostilities in recent months in Chechnya and elsewhere across the North Caucasus, the participants agreed unanimously to issue orders to the resistance units loyal to the ChRI to announce a moratorium on attacks on pro-Moscow Chechen police, and to resort to arms only in self-defense.
Since it is impossible to estimate how many of the resistance fighters currently active in Chechnya take their orders from Zakayev, rather than from Umarov, it is not clear what impact, if any, that decision will have on the ongoing fighting. Indeed, the proposed moratorium plays into Kadyrov's hands insofar as he could argue that any resistance forces that continue to target his men must be Umarov's "bandits," and that he is justified in eliminating them without mercy as he vowed to do two months ago. "
Ainda que sobre assunto completamente diverso, este trecho de uma antiga postagem minha ilustra bem como funciona a máquina de propaganda contra um suposto "terrorismo islâmico" que, por vezes, não corresponde nem ao começo da verdade:
"Acabei de encontrar o artigo que trata sobre o assunto dos três últimos parágrafos. O autor em questão é Robert Pape que analisou - através das biografias e de entrevistas com familiares dos suicidas -, entre 1982 e 1986, 38 dos 41 "terroristas" suicidas do Hizbollah.
Qualquer jornalista formado (desculpem a generalização) , diria que foram todos ataques cometidos por "militantes islâmicos" quando, na verdade, apenas 8 eram fundamentalistas islâmicos, 27 eram de grupos de Esquerda (logo, não poderiam ser encarados como militantes islâmicos) e 3 eram, vejam só, cristãos!"
Ou seja, muitas vezes o que se trata por "terrorismo islâmico" é uma deturpação completa da verdade.
Mas, voltando ao Cáucaso, é fato notar o crescimento da tensão na região, quase de forma insustentável. A receita do Kremlin de menos democracia e mais repressão vem demonstrando ser catastrófica. A imposição de Kadyrov ao povo Checheno, um notório traidor do povo, e de Yevkurov na Ingushétia, um general Russo (ainda que ele próprio Ingushe e no lugar de um carniceiro odiado) não ajudaram a conquistar a população local, muito pelo contrário, só reafirmou que o Kremlin, em consequência, Putin e Medvedev, não tem qualquer compromisso com a democracia e não respeita o direito de escolha das minorias.Não só isto é uma verdade, como ficou irrefutavelmente comprovada com a nova política educacional russa de acabar com a autonomia das repúblicas no ensino de suas línguas, cultura e história. Agora, apenas o Russo será usado e qualquer resquício de cultura tradicional das minorias será vetado.
Se juntarmos o fracasso da guerrilha tradicional, o crescimento da solidariedade e da influência dos movimentos islâmicos pelo mundo afora, a imposição e brutalidade Russas, a supressão de qualquer direito, seja educacional, seja cultura, para as minorias e, por fim, a violência com que são recebidos os ativistas de direitos humanos no país, tornam o Cáucaso uma região prestes a explodir ou, na verdade, já explosiva e incontrolável, por maiores que sejam os esforços russos e, como se sabe, são esforços mal direcionados, desesperados e burros.
No caso específico checheno notamos, porém, uma grande autonomia por parte do governo local, comandando pelo carniceiro Kadyrov, mas esta autonomia é utilizada como passe livre para repressão, perseguições, tortura e violência extrema, tudo sob os olhos atentos e coniventes do Kremlin.
No Daguestão, junto com o problema das guerrilhas islâmicas temos ainda a questão do conflito interétnico entre as dezenas de minorias que habitam a república que não é, nem de longe, homogênea.
Sob o mesmo teto convivem Ávaros (a frágil maioria), Lezgins, Kumyks, Russos, Laks, Tabasarans, Azeris e mais outras dezenas de grupos minoritários, nenhuma delas tendo uma maioria significativa ou sequer tendo 1 milhão de membros. Além disso é válido notar que estes nunca foram, ao longo da história, melhores amigos. O Daguestão é uma república extremamente artificial que agregou povos díspares sob uma mesma administração repressiva e um número impressionante de forças de segurança.Em Kabardino-Balkária e Karatchaievo-Therkássia é visível o aumento das ações de grupos islâmicos em regiões antes relativamente calmas. A perseguição à clérigos independentes e a idéia de que todo islâmico é um fanático em potencial - ou seja, a promoção de perseguições, prisões, tortura e assassinados de "elementos perigosos" - acaba por criar, de fato, este inimigo em lugares jamais pensados antes.
Por fim, vale ainda lembrar que a recente intervenção Russa na Geórgia para "libertar" a Ossétia do Sul e Abkházia não contribuiu para acalmar os ânimos nacionalistas no Cáucaso Norte, na verdade, serviu apenas para demonstrar a hipocrisia Russa - pimenta nas repúblicas autônomas dos outros é refresco - e aumentar ainda mais a força dos ataques e o sentimento nacionalista das minorias, chegando até a ultrapassar o âmbito do Cáucaso.
A única conclusão possível é a de que as políticas Russas para o Cáucaso norte são, no mínimo, ineficazes e, mais ainda, são as grandes responsáveis ou pelo menos uma das responsáveis, pelo crescimento do terrorismo dito islâmico na região, da resistência feroz e violenta e da mudança de paradigma da resistência na região.
Post original: Trezentos

