Ontem comemorou-se, na França, o 14 de julho (a Queda da Bastilha, em 14 de Julho de 1789), que marca o início da Revolução Francesa, cujos benefícios para a humanidade são conhecidos por todos.
Na França e, de certa forma, no mundo.
Mas o que muitos esquecem, ou simplesmente não sabem, são seus efeitos nefastos, que vão muito além da guilhotina (na verdade criada para acelerar a morte de condenados e evitar que sofressem demais), de toda violência consequente de evolução da revolução e, enfim, de Napoleão assumindo o poder posteriormente.
A Revolução Francesa, para muitos especialistas, não marca o início daquilo que conhecemos como Estado moderno. Este nasce da Paz de Westphália, mais de 100 anos antes. Porém, a Revolução Francesa nos traz como novidade a idéia de Estado-Nação (conceito que já existia desde a Paz de Westphália, mas sem os desdobramentos que trouxe a Rev. Francesa) ao impor a centralidade de governo aliada de um exército unificado e, acima de tudo, da escola na "lingua nacional", ou seja, em Francês.
Exclusivamente em Francês.
Um dos motes da Revolução era que para ser considerado francês era preciso saber falar francês. Era preciso ser parte da nação francesa para ser reconhecido pelo Estado e ter direitos. Não precisa comentar COMO forçaram todas as minorias do país a adotar o Francês como língua.
Nações como a Provençal (Occitana), Bretã, Franco-Provençal, Sarda e Basca foram forçadas a falar francês e abandonar suas línguas e identidade. Nas escolas, crianças apanhavam caso fossem apanhadas falando uma língua que não fosse a da "nação" artificialmente imposta à todas as demais.
Antes da Revolução Francesa tínhamos cada povo falando sua língua sem grandes problemas. Os exércitos em geral eram montados e divididos de acordo com a nacionalidade/língua e o francês era necessário apenas para aqueles que fossem assumir cargos de relevância ou mesmo viver em Paris e proximidades.
O Basco era falado pela quase totalidade da população de Iparralde (País Basco Norte ou Francês) na época da Revolução Francesa. Hoje mal chega aos 40%. Várias línguas foram praticamente dizimadas, como o Gallo ou o Champenois, o Savoiardo e dezenas de outras. Nenhuma possui qualquer status oficial.
As línguas do grupo "d'Oil", mais próximas ao Francês padrão foram, em geral, assimiladas e hoje existem mais como variações regionais do que como línguas efetivas. As línguas d'Oc, provençais, lutam para sobrevier e são até hoje reprimidas.
Ainda sob os ideais "Republicanos" de "Liberdade Igualdade e Fraternidade" (raramente aplicados na prática, vide as lambanças francesas pelo globo e mesmo no tratamento dado aos imigrantes), línguas como o Catalão, Basco e Provençal não podem ser ensinadas nas escolas e não possuem qualquer proteção legal que garanta sua sobrevivência.
Os ideais repressivos da Revolução, porém, não se resumiram à França. Pode-se notar o resultado da exportação deste modelo em dezenas, centenas de países, onde minorias são oprimidas em nome da "unidade nacional", uma idéia deslocada e virtualmente inexistente.
A França foi forjada com sangue, repressão e opressão.
Comemoremos a Revolução Francesa pelo que nos trouxe de bom, pelos ideais que mesmo pouco aplicados norteiam a muitos, pela idéia democracia que trouxe (ainda que burguesa, imperfeita e desigual) e, especialmente, pelo repúdio ao clericalismo e ao Estado Laico, uma noção que falta muito a este nosso país sulamericano, mas sem jamais criticar e repudiar os traços mais nefastos da Revolução Francesa, a idéia de uma inclusividade exclusivista, de uma unidade forçada, da idéia de um Estado-nação que não corresponde à realidade mundial.
Comemoremos, pois, lembrando e respeitando o direito a autodeterminação dos povos.
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
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sexta-feira, 15 de julho de 2011
Revolução Francesa: Ideais repressivos e o que NÃO comemorar
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
Revolução Francesa: Ideais repressivos e o que NÃO comemorar
2011-07-15T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O aniversário de 457 anos da cidade de São Paulo: Sentimentos diversos
Nos 457 anos da cidade de São Paulo, comemorados em 25 de janeiro, os
sentimentos dos paulistanos se dividem entre aqueles que apenas
sentem-se felizes em ter nascido ou em viver na cidade, parabenizando-a
por seu aniversário, e aqueles que preferem apontar para as
desigualdades e problemas da cidade que, a cada ano, parecem piorar ou,
ao menos, continuar sem solução.
A cidade de São Paulo, capital do estado de mesmo nome, foi fundada em 1554 com a construção de um colégio jesuíta, por 12 padres no alto de uma colina. No dia 25 de janeiro, data da fundação do colégio e consequentemente da cidade, se celebra a conversão de Paulo de Tarso ao cristianismo.
Sobre a fundação, Hugo Albuquerque, no Descurvo, acrescenta:
Mesmo aqueles que não nasceram na cidade e moram ha apenas pouco tempo nela a parabenizaram, como @gutolobato, que nasceu em Belém do Pará, que tuíta:
Avelina Martinez (@LaPasionaria) tuíta o vídeo da música de um dos mais famosos compositores de São Paulo, Adoniram Barbosa, samba conhecido e cantado por todo o país:
A cidade de São Paulo, capital do estado de mesmo nome, foi fundada em 1554 com a construção de um colégio jesuíta, por 12 padres no alto de uma colina. No dia 25 de janeiro, data da fundação do colégio e consequentemente da cidade, se celebra a conversão de Paulo de Tarso ao cristianismo.
Sobre a fundação, Hugo Albuquerque, no Descurvo, acrescenta:
São Paulo é uma das raras cidades da História cuja fundação se deveu à edificação de uma escola - que servia, por sua vez, ao projeto jesuíta, isto é: À expansão do império católico pelos confins do planeta.Paula Elias (@Paulacracia) se declara apaixonada pela cidade e tuita:
@Paulacracia: feliz aniversário, São Paulo! sou completamente apaixonada por você! muito orgulho de ser paulistana!Rogerio Oliveira (@Rogerio_ativ) sente orgulho por sua família ter uma longa ligação com a cidade:
@Rogerio_ativ: Parabéns #sp457anos ,minha cidade, meu orgulho, num mundo tão grande tenho muita sorte de minha família ter nascido aqui à 5 geraçõesAmanda (@mandyfurlan) acredita que São Paulo é um orgulho para o Brasil:
@mandyfurlan: Parabéns, Sampa! Terra da garoa, amo muito! #sp457anos de muito orgulho para o Brasil!"Sampa" é a forma carinhosa pela qual os paulistanos chamam a cidade.
Mesmo aqueles que não nasceram na cidade e moram ha apenas pouco tempo nela a parabenizaram, como @gutolobato, que nasceu em Belém do Pará, que tuíta:
@gutolobato: Parabéns, cidade louca de todos os brasileiros #sp457anosOutros, porém, preferiram aproveitar o aniversário da cidade para trabalhar e fazer algo em prol da cidade, como Miguel Nicolelis (@MiguelNicolelis):
@MiguelNicolelis: Em homenagem a Sampa, estou trabalhando a toda! Hoje nao devia ser feriando em SP! Hoje todos deviam fazer algo em prol de SampaMarco Ferreira (@Marcopsol) reclama dos problemas da cidade, mas prefere tirar o dia para festejar:
@Marcopsol: Hoje é niver de SP, a cidade tá maus? É injusta? O kassab é 1 "#$%*@"? Então, tem + 364 dias pra brigar por melhorias. Hoje é festa!!!Leonardo Sakamoto (@blogdosakamoto), no Twitter e em seu blog, comenta sobre as injustiças da cidade que, apesar de tudo, ele ama:
Amo São Paulo e, por isso mesmo, sinto um aperto no peito. Como posso gostar de um lugar onde o povo não aprendeu a ser cidadão, onde os eleitos se furtam a cuidar da pólis, que pensa que só porque é maior e mais rico é melhor do que o resto do país, que insiste em se afirmar como reserva moral e guia econômico dos outros estados, que acredita piamente ter sido incumbido de uma missão divina de guiar o Brasil para o seu futuro, que tem colo lema que ostenta a sua bandeira “Non Ducor Duco” (Não sou conduzido, conduzo)? Uma cidade que joga para longe os pobres, traz para perto os endinheirados, bate na sua população de rua, espanca homossexuais e ainda reclama da selvageria que ocorre além de Queluz?E ele finaliza, com esperança:
[...]
Se houve melhora na maneira como a administração municipal trata os mais humildes, isso se deve à sua própria mobilização, pressão e luta e não a bondades de supostos iluminados ou da esmola das classes mais abastadas.
Baseado nisso, eu que não sou pessimista, mas realista, neste 25 de janeiro me encho de forças não sei de onde e peço para acreditarmos em São Paulo, uma vez que a semente da mudança que vai conduzi-la para um lugar melhor, mais justo, está dentro dela mesma.Novamente, Hugo Albuquerque, fala de sua São Paulo:
São Paulo foi a estandarte de tempos outros, quando se apresentava como modelo para a modernização nacional - numa época em que o moderno ainda era tão sedutor e a nação ainda estava adormecida -, enquanto hoje, procura seu lugar no novo Brasil. A minha São Paulo é aquela que apesar de tudo isso, ainda carrega as sementes de um cosmopolitismo verdadeiro, cujo cultivo pode ser delicado e difícil, mas caso vingue, valerá a pena.José Chrispiniano escreve em seu blog sobre "10 temas para sonhar/construir uma São Paulo melhor", enquanto Lino Bocchini, da Falha de São Paulo, diz que "São Paulo não é firma" e pede maior responsabilidade e comprometimento do poder público com a cidade.
Avelina Martinez (@LaPasionaria) tuíta o vídeo da música de um dos mais famosos compositores de São Paulo, Adoniram Barbosa, samba conhecido e cantado por todo o país:
@LaPasionaria: No aniversário de SP o melhor é ver as Mariposas dando volta em volta da lampida, : http://www.youtube.com/watch?v=MVLvjp1r3AwCynara Menezes (cynaramenezes) faz uma brincadeira com lugares famosos de São Paulo:
@cynaramenezes: o casamento é igual à avenida paulista: começa no paraíso e termina na consolação. #sampa457E, finalmente, Carlos Emilio (@carlosemilio) homenageia a cidade com uma poesia:
@carlosemilio: Sāo Paulo, em cada um dos teus cruzamentos miscigenam-se sangues, dores, temores - e, no eixo de todos, os nossos amores.A hashtag #sp457anos foi usada durante todo o dia para recolher as milhares de mensagens sobre e para São Paulo.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
15:00
O aniversário de 457 anos da cidade de São Paulo: Sentimentos diversos
2011-01-26T15:00:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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domingo, 14 de novembro de 2010
Recordações da festa da vitória de Dilma na Paulista
Vídeos curtos que dão um panorama da festa da vitória de Dilma na Av. Paulista.
Começo da Noite, Paulista começa a encher
Pessoal no bar Prainha, na Paulista, tirando Sarro do discurso de Serra, perdedor da noite.
Lecy Brandão na festa da vitória de Dilma
Padre Julio Lancellotti discursa na festa da vitória de Dilma
Alceu Valença anima festa da vitória de Dilma
Fim da festa na Paulista, queima de fogos
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