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sábado, 19 de dezembro de 2009

EUA e os Direitos Humanos "pragmáticos"

Alguns viram como um avanço, outros - como eu - acham um absurdo o recente discurso de hillary Clinton sobre os Direitos Humanos.

Não confio em Obama, assim como não confio em nenhum democrata, republicano ou qualquer governante dos EUA. A guerra está no sangue e na ideologia dos EUA, o Destino Manifesto, a sanha por conquistas e dominação e não será um rosto bonito e um largo sorriso que irão fazer o mundo ou os EUA deixarem de ser o que são.

Por mais que o tom até tenha sido crítico à Rússia ou China, o que vemos é o velho subterfúgio, a velha desculpa de que "não podemos condenar mas vamos discutir seriamente cara a cara".

Vejam dois trechos de singular importância:
"Às vezes temos mais impacto condenando publicamente a ação de um governo, como o golpe em Honduras ou a violência na Guiné", ela disse em um discurso na Universidade de Georgetown, durante a Semana de Direitos Humanos.

"Outra vezes nós provavelmente seremos de mais ajuda aos oprimidos ao realizarmos duras negociações a portas fechadas, como pressionar a China e a Rússia como parte de uma agenda mais ampla", ela disse. "Em todos os casos, nossa meta será fazer a diferença, não provar um argumento."
O que podemos ler de tal declaração? Simples e direto:

"Para países pobres, periféricos, sem qualquer poder internacional ou sequer regional e sem aliados dignos de nota, como Honduras e Guiné, podemos perfeitamente condenar, ninguém se importa ou se importará. Além do que, não faremos absolutamente nada de efetivo, apenas reclamar, espernear de forma fingida e deixar que tudo transcorra como planejamos deve ser.

Mas, no caso de países com os quais temos intensa relação comercial e de cumplicidade nos abusos dos Direitos Humanos, como China ou Rússia, o fingimento a discussão deve ser a portas fechadas. Nós fingimos que realmente os condenamos ou exigimos respeito aos DH e vocês fingem que acreditam em nós e seremos todos felizes - menos os que são diariamente massacrados."

Em nome da saúde comercial dos EUA a condenação aos crimes cometidos por aliados e cúmplices não pode ser televisionada, apenas escondida com a promessa vaga de que estão sendo seriamente discutidas. Ninguém sabe onde ou por quem. A certeza é a de que não fará qualquer diferença.

Não cabe aqui, vale deixar claro, a desculpa de que uma confrontação direta com Rússia, China ou qualquer outro aliado como Israel, acabaria em prejuízos para a população que sofre abusos - Palestinos, Uigures, Chechenos, Tártaros e etc -, primeiro porque a situação destes dificilmente pode piorar e, segundo, é interessante notar que tal desculpa não serve para países menos relevantes ou até irrelevantes.

Será que por ser menor o povo de Honduras não corre perigo com a pseudo-pressão dos EUA? Ou só na Rússia sabe-se matar?
"O pragmatismo com princípios informa nossa abordagem aos direitos humanos com países como a China e a Rússia"

O silêncio dos EUA tem objetivos claros e todos sabem quais são, dispensa comentários. "Pragmatismo" é sempre para os amigos.
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A animalidade na UniEsquina [Update]

O Nassif deu a deixa e, como não poderia deixar de ser, dou meus pitacos e acrescento minha revolta.




Por mais que eu tenha ficado revoltado, não fico surpreso. Não sei se a culpa é do país, por ser uma vergonha, ter um ensino indecente e uma falsa moralidade absurda e deturpada, ou se a culpa é da UniEsquina, conhecida como Uniban que, por sua qualidade (sic) não poderia ter nada além de vândalos e animais em seu interior.
Em pleno Século 21 uma mulher é tratada desta forma dentro de uma universidade. Xingada e escorraçada, apenas por estar vestindo uma roupa curta, precisando de proteção policial para não ser agredida fisicamente.
Eu diria mais, em pleno século XXI, com todas as obviedades já explicitadas pelo Nassif e, ainda mais, em um país onde a TV faz aberta apologia à nudez feminina, é simplesmente inaceitável - e o seria mesmo sem a super-exposição e abusos cometidos pela TV contra as mulheres - que uma mulher seja tratada de forma animalesca, sendo humilhada e ofendida pela roupa que usava, que alguns puritanos consideraram "imprópria", "curta".

É direito de qualquer um achar ou deixar de achar uma roupa imprópria, a questão é ofender, agredir alguém pelo seu jeito de se vestir e cometer os atos de selvageria como vimos dentro da Uniban.

Para piorar, o PIG faz coro, estampa em suas manchetes o machismo e o preconceito típicos da elite que criaram um monstro. No G1, a manchete: "Aluna com pouca roupa provoca tumulto em universidade e vídeo cai na web". O puritanismo e a falta de noção de afirmar que a aluna estava com "pouca roupa". O que seria isto, quem decidiu o que é muito ou pouca roupa? E, o pior, é ainda afirmar que a aluna foi a responsável pelo tumulto e não os vândalos da UniEsquina que a atacaram covardemente.

Culpa-se a vítima enquanto escapam os animais. A culpa é de quem usa roupa curta, como se no Brasil isto fosse um crime ou incomum ou, para piorar, como se alguém tivesse o direito de apontar o dedo! Estes mesmos moralistas devem ser os que assistem o "Caldeirão do Huck" ou o tosco "Brothers" e sonham com as mulheres que se mostram nos programas ou, ainda, as mulheres devem ser as mesmas que sonham em ter aqueles corpos para usar as roupas sumárias das "ajudantes de palco". Enfim, são falsos.

A UniEsquina, além de não se retratar pelo comportamento animal de seus alunos (sic), ainda faz uma cruzada para proibir a circulação dos vídeos, não porque isto seria uma forma de defender a aluna ofendida, e sim para defender a reputação (sic) da instituição de ensino (sic).

Para piorar, vejam uma coleção de absurdos ditos por dois alunos (sic) da douta instituição:
- A roupa era inadequada ao local. Ela sAbia que estava em ambiente educacional - disse Cláudia Cristina dos Santos, estudante de Educação Física, 37 anos.

O estudante de Educação Física, Elias Alves, 19 anos, criticou a atitude da menina.
- Não foi uma decisão sábia e, pelo que eu me lembre, nem fazia calor. Ela poderia ter evitado toda a confusão.

Os moralistas de plantão assumiram que a roupa era inadequada, logo, era justificado humilhar a garota.

Ela merecia ser xingada, humilhada e ser praticamente  expulsa de sua faculdade porque sua roupa desagradava à meia dúzia de pseudo-moralistas que se sentiam no direito da fazer o que bem entendessem.

Por fim ainda a culpam, a causa da confusão; Foi sua escolha, seu guarda-roupa e não a animalidade dos presentes que, sem ter o que fazer - compreensível em uma UniEsquina como a Uniban - , resolveram atacar alguém que estava somente no lugar errado e na hora errada - ou melhor, apenas alguém que estava passando sem qualquer problema e foi pega para cristo.

São estes estudantes (sic) o nosso futuro. São estas UniEsquinas que ensinam (sic) os nossos filhos. E é isto que nos ensinam. Intolerância, desrespeito, animalidade.

Simplesmente vergonhoso e lamentável, mas o nível educacional e cultural do país não escondem nossas mazelas, nossa realidade; Não surpreende. A baixíssima qualidade da TV e dos meios de comunicação em geral não surpreendem. É algo simplesmente esperado, uma explosão de falso-moralismo que é lamentável, repreensível... mas jamais inesperado.

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Eu não havia lido a matéria da Folha de são Paulo - finalmente uma que se salva - sob o incrível e irretocável título de "Taleban na Faculdade" e não posso deixar de me impressionar. O nível das ofensas, de todos os lados, foi absurdo. Professores (sic), o coordenador do curso, os demais alunos (sic) tratando uma garota como puta, ameaçando estuprá-la! Seguranças da faculdade atacando a garota que cometeu o crime de usar um vestido para sair em um ambiente repleto de marginais, de debilóides virgens que nunca viram uma mulher - e esero que jamais vejam.
Foi aí que todos os alunos abandonaram as aulas e se aglomeraram numa multidão que ameaçava invadir a sala onde a garota havia se escondido, aos gritos de "puta, puta!". Homens e mulheres se juntaram para xingá-la. Foi preciso que um grupo de policiais militares entrasse no prédio para evitar que a menina se tornasse a protagonista de um gang bang forçado.

Vandalismo puro com porta sendo arrombada, com PM precisando usar spray de pimenta para afastar os marginais que queriam atacá-la.

Isto demonstra o lixo que é a educação no nosso país, o nosso (des)nível cultural, nossa inveja escancarada da Arábia Saudita - sim, pois o episódio lamentável da Uniban não deixa a desejar frente ao que acontece na Arábia Saudita.

Resta à Uniban ser processada pelo descontrole de alunos e, especialmente, funcionários, e estes devem ser duramente punidos pelas ameaças, pela tortura psicológica e pela violência com a qual trataram uma aluna inocente, violentada, humilhada, abusada.

"Esse episódio serviu pra mostrar a verdadeira face de boa parte da sociedade brasileira, extremamente machista, retrógrada, conservadora e hipócrita, e mostra como nossa sociedade precisa ainda de avanços para que as mulheres conquistem uma verdadeira igualdade, de direitos, de dignidade, de cidadania....

No Brasil muita coisa é velada, e esse episódio mostrou mais um grande problema social velado neste país." Mariana Parra
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