domingo, 2 de janeiro de 2011

O Governo Lula, "vítima" de suas próprias políticas sociais - Parte 2

Pin It
Classe média com mais acesso, mas ainda conservadora

Lula e o PT promoveram política de inclusão social, de elevação da renda e, efetivamente, tiraram muita
gente da pobreza e levaram uma boa parte da população à classe média. Mas tudo isto sem crítica, sem necessariamente levar educação básica, crítica social. Todo este processo se deu dentro do marco do consumismo desenfreado.
O Brasil efetivamente escapou com louvores da crise mundial, mas o preço foi incentivar o consumismo desenfreado. A escensão social se deu apenas através do bolso e não, também, através de um processo de conscientização, de formação de pessoas críticas ou minimamente  prontas para serem atores sociais relevantes.
No fim, foi engrossada a classe social de cidadãos acríticos e conservadores. engrossamos a fileira daquela classe média consumista, alienada politicamente e pronta para continuar a ser massa de manobra de organizações evangélicas, dos meios de comunicação golpista.
O acesso foi dado à nova classe média sem que, porém, lhes fosse também dado o poder de crítica, que vem somente com educação, com a proximidade aos movimentos sociais, com a noção de que sua situação era reflexo do capitalismo.

Falta de politização

Não houve, enfim, uma politização da nova classe média que ascendeu socialmente baseada no consumo, e não no reconhecimento de sua situação e de um processo de crítica e autocrítica, não através de um processo de luta e transformação social, mas apenas financeiramente.

Ao invés de promover a inclusão social e a ascensão social através de um processo de superação de contradições, através da educação em conjunto com as políticas de distribuição de renda que conhecemos, o governo se concentrou apenas no aspecto financeiro. A culpa recai também sobre os Movimentos Sociais, que vítimas da apatia já discutida, não se mobilizaram e ocuparam os espaços que se abriam na sociedade.

Nem a UNE soube aproveitar a oportunidade com a nova leva de estudantes afluindo para as universidades através do ProUni, nem os sindicatos e organizações souberam lidar com a necessidade urgente de politizar discursos.

Falta de investimento em educação básica e mesmo na universidade de qualidade





O ProUni foi, de fato, um avanço, mas é insuficiente e deixa ainda grandes lacunas. A educação básica foi deixada de lado em prol da formação de profissionais para sustentar o crescimento econômico propiciado pelo governo Lula.
Ou seja, em muitos casos, de uma educação pública de péssima qualidade, os jovens foram catapultados para universidades de qualidade duvidosa, financiadas com o dinheiro público, apenas com a intenção de formar mão de obra mais ou menos especializada para suprir carências de setores diversos do país.
Episódios como os da Uniban e Geisy Arruda não são fenômeno isolado, senão reflexo da realidade de uma sociedade conservadora em que não foi feito um trabalho de base por parte dos movimentos sociais e que agora se vê com oportunidades e em contradição.
É bombardeada por informação e se vê incapaz de conviver com as contradições típicas de uma sociedade plural. Pouco ou nada se investiu na educação básica, na formação de uma juventude crítica e preparada, apenas se pensou em acolher os jovens egressos, em muitos casos, de um sistema educacional falido e acrítico.
Faltou se pensar no todo, na educação como um conjunto de práticas e de formação do caráter. Formou-se para o mercado.
A criação de mais de uma dúzia de universidades federais,  por outro lado, demonstram o início do investimento em qualidade efetiva, mas sem ensino básico estaremos fadados à ver apenas os filhos da elite estudando em universidades de qualidade.
------