Lula e o PT promoveram política de inclusão social, de elevação da renda e, efetivamente, tiraram muita
gente da pobreza e levaram uma boa parte da população à classe média. Mas tudo isto sem crítica, sem necessariamente levar educação básica, crítica social. Todo este processo se deu dentro do marco do consumismo desenfreado.
O Brasil efetivamente escapou com louvores da crise
mundial,
mas o preço foi incentivar o consumismo desenfreado. A escensão social
se deu
apenas através do bolso e não, também, através de um processo de
conscientização, de formação de pessoas críticas ou minimamente prontas
para serem atores sociais relevantes.
No
fim, foi engrossada a classe social de cidadãos acríticos
e conservadores. engrossamos a fileira daquela classe média consumista,
alienada politicamente e pronta para continuar a ser massa de manobra de
organizações evangélicas, dos meios de comunicação golpista.
O acesso foi dado à nova classe média sem que,
porém, lhes
fosse também dado o poder de crítica, que vem somente com educação, com a
proximidade aos movimentos sociais, com a noção de que sua situação era
reflexo
do capitalismo.
Falta de politização
Não houve, enfim, uma politização da nova classe média que ascendeu socialmente baseada no consumo, e não no reconhecimento de sua situação e de um processo de crítica e autocrítica, não através de um processo de luta e transformação social, mas apenas financeiramente.
Ao invés de promover a inclusão social e a ascensão social através de um processo de superação de contradições, através da educação em conjunto com as políticas de distribuição de renda que conhecemos, o governo se concentrou apenas no aspecto financeiro. A culpa recai também sobre os Movimentos Sociais, que vítimas da apatia já discutida, não se mobilizaram e ocuparam os espaços que se abriam na sociedade.
Nem a UNE soube aproveitar a oportunidade com a nova leva de estudantes afluindo para as universidades através do ProUni, nem os sindicatos e organizações souberam lidar com a necessidade urgente de politizar discursos.
Falta de investimento em educação básica e mesmo na
universidade de qualidade
O
ProUni foi, de fato, um avanço, mas é insuficiente e deixa
ainda grandes lacunas. A educação básica foi deixada de lado em prol da
formação de profissionais para sustentar o crescimento econômico
propiciado
pelo governo Lula.
Ou seja, em
muitos casos, de uma educação pública de péssima
qualidade, os jovens foram catapultados para universidades de qualidade
duvidosa, financiadas com o dinheiro público, apenas com a intenção de
formar
mão de obra mais ou menos especializada para suprir carências de setores
diversos do país.
Episódios como os
da Uniban e Geisy Arruda não são fenômeno
isolado, senão reflexo da realidade de uma sociedade conservadora em que
não
foi feito um trabalho de base por parte dos movimentos sociais e que
agora se
vê com oportunidades e em contradição.
É
bombardeada por informação e se vê incapaz de conviver com
as contradições típicas de uma sociedade plural. Pouco ou nada se
investiu na
educação básica, na formação de uma juventude crítica e preparada,
apenas se
pensou em acolher os jovens egressos, em muitos casos, de um sistema
educacional falido e acrítico.
Faltou
se pensar no todo, na educação como um conjunto de
práticas e de formação do caráter. Formou-se para o mercado.
A criação de mais de uma dúzia de universidades
federais, por outro lado, demonstram o
início do investimento em qualidade efetiva, mas sem ensino básico
estaremos
fadados à ver apenas os filhos da elite estudando em universidades de
qualidade.