Na sábado, um congresso do partido no Rio de Janeiro escolheu Plínio como pré-candidato. No entanto, o grupo de Heloisa Helena se recusou a participar do encontro e fez uma reunião paralela contestando a escolha de Plínio.O mesmo conteúdo sob diversas formas foi divulgado pela grande mídia nos últimos dias. O PSOL chegou ao fim?
Segundo os aliados da ex-senadora, o Diretório Nacional do PSOL fez uma jogada para tirar delegados favoráveis a Martiniano Cavalcante. Plínio foi escolhido por 89 delegados. O grupo de Heloisa Helena diz ter 91.
"Não satisfeitos em impor burocraticamente o candidato do PSOL à Presidência, nesta mesma suposta reunião do Diretório Nacional rasgaram o estatuto partidário e retirou as atribuições de nossa presidente nacional, Heloisa Helena", diz manifestou divulgado pelo grupo da vereadora.
De acordo a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), que também apoiou Martiniano, o partido deve se reunir depois das eleições para eleger uma nova diretoria. "Decidimos mesmo contrariados, não recorrer dessa decisão e aceitar Plínio como candidato. Optamos por fazer isso em beneficio do PSOL", disse a deputado.
Segundo ela, Martiniano tinha o apoio da maioria da base do partido e não da cúpula. Mas, a deputada disse que a briga interna prejudica apenas ao PSOL.
Mas esta não é a análise que quero fazer neste momento, sobre o possível fim do PSOL como alternativa viável na política já fiz no artigo "O que resta ao PSOL", meu objetivo aqui é analisar os discursos e o que está por trás da crise - mais uma - da Convenção e da candidatura do Plínio.
Comecemos pela
Se não respeitada esta vontade, este personalismo, o MES melaria a Convenção.
Eu comentei na época:
Eis que, no meio da discussão sobre o aborto - todos sabem que a HH é contra e ela faz questão de deixar sua opinião pública - o MES resolve abandonar o congresso porque não achava que o tema era apropriado para ser debatido!
"Sou do PSOL, sou radical, eu não aceito o dinheiro da Gerdau"O MES é o grupo, hoje, mais próximo da HH, ainda que a CST idolatre de forma quase religiosa a ex-senadora, e em uma deturpada noção de solidariedade, resolveu que não iria discutir nada sobre o Aborto e pôs um ponto final na discussão quando ameaçou se retirar do congresso. Uma demonstração absurda de sectarismo e desrespeito.
Musiqunha da CSOL/APS para o MES
Por ser um partido de tendências, ninguém pode impor ao MES absolutamente nada, porém, sendo minoria, cabia ao MES aceitar a opinião dos demais. A Heloísa Helena, aliás, deveria se colocar em sue lugar e, como Lula, acatar a posição do partido.
Vejam que agora, novamente, a Luciana Genro esperneia quando se vê em minoria. Fazer algo em benefício do PSOL não é feitio da nobre Deputada ou de sua corrente, aliás, sobre o MES, vale a leitura de um pequeno resumo sobre o que considero a direita do PSOL. Não dá para confiar nesta figura.
Os problemas não pararam por aí.
Logo depois veio a piada da aliança com o PV e com a Marina Silva, a neocom ambientalista que, assim como a HH, é contrária ao Aborto. HH definiu que queria porque queria a aliança, mas felizmente foi derrotada. Mais uma crise temporariamente superada.
Desde o início, vale citar, o nome da Heloísa Helena era certo para a presidência, mas esta preferiu garantir sua eleição, seu salário e sua notoriedade concorrendo ao Senado. Escolheu o viés eleitoreiro ao invés da construção de uma base e do debate. E, no fim, descambou para o racha do partido.
Lembrem-se, antes de mais nada, que a chapa que serve de sustentação à candidatura do Plínio saiu vencedora do Congresso, como mostrei aqui, com uma margem de 30 votos, quase o tamanho da CST do Babá que, agora, apoiou a candidatura do Plínio.
Tendo estes números em mente, é interessante notar que a alegação do grupo dos insatisfeitos de que teriam uma suposta maioria absoluta dos votos é, no mínimo, descabida. Do Congresso, o campo do Plínio e do Babá, somados, tinham mais de 60 votos (68 no total) além dos do grupo da HH, Martiniano, Genro e cia, então como explicar que poucos meses depois o MES e MTL cresceram de forma nunca antes vista e viraram a franca maioria?
Fraude talvez?
Sim, exatamente a fraude que foi detectada pela direção do partido, denunciada e revista. O que garantiu a derrota de Martiniano e da manipulação.
No site de Martiniano, algo para rir:
Nem no primeiro, nem no segundo Congressos do PSOL aconteceram eleições na base tão disputadas e tão fiscalizadas.
Nesta conferência seguimos todas as regras e elegemos de maneira legal e legítima uma maioria incontestável de 90 delegados contra 86 delegados somados por Plínio e por Babá.
Segundo o derrotado, especificamente NESTA eleição interna - que ele não vai recorrer, porque será, se tem a razão? - é que o processo foi o mais justo, democrático, legal, fiscalizado... E os outros não foram? De uma minoria considerável seu grupo passou para a maioria absoluta em eleições fiscalizadas? Isto seria crível se a eleição anterior - que indicou uma grande maioria dos opositores da HH - tivesse sido contestada. Como uma diferença tão grande e gritante passou despercebida?
Martiniano completa:
"Este conjunto de iniciativas espúrias tomadas pela insignificante maioria burocrática instalada no Diretório Nacional e em sua Executiva violaram definitiva e irreparávelmente a legitimidade e a legalidade da III Conferência Eleitoral Nacional do Partido Socialismo e Liberdade."A "insignificante maioria" - 68 votos, que fique claro, quase metade da votação do MES/MTL - foi decidida em congresso, com debate, votação, com direção anterior presente, com HH presente... Então eis que Martiniano considera ilegítimo o Congresso do PSOL?
O fato de gente intransigente e revoltada como os derrotados sequer aventarem a possibilidade de recorrer significa apenas que sabem que tentaram ganhar no grito, no roubo e não pela base, com debate, embate de idéias. Dizer que aceitam a derrota para não rachar o PSOL é mentiroso e risível, mas afirmar que não farão campanha para o Plínio, ou seja, para o próprio PSOL, é criminoso.
Ao contrário de alguns, porém, sou contra a expulsão destes péssimos elementos. Seria prejudicial para o PSOL e para a democracia como um todo. Acredito que estes revoltosos devessem ser proibidos de votar e ser votados nas instâncias partidárias e tivessem suas tendências diluídas pelo tempo que fosse necessário para aprenderem um pouco de humildade e a respeitar o jogo democrático dentro da própria agremiação.
E que se sintam livres para abandonar o barco no primeiro caso em que os ratos sairão primeiro.