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terça-feira, 19 de março de 2013

Dilma: "O problema é que, muitas vezes, as pessoas não querem sair "

Eu mandei sair, povo burro!
Novamente o Rio é atingido por chuvas fortes e, como todos esperavam, novamente começam as mortes, os deslizamentos, multiplicam-se os desabrigados e velhas desculpas são recicliadas para mascarar a incompetência e o desleixo de governantes. Cabral é aliado da Dilma, logo, ela tinha que sair em sua defesa.

Como?

Culpando as vítimas.

"O problema é que, muitas vezes, as pessoas não querem sair "

Realmente, Dilma, "mó legal" morar na rua!

Afinal, as pessoas em áreas de risco tem que sair de suas casas e viver nas ruas, já que sabemos que os governos estadual e municipais não irão se importar com elas e não lhes darão nova casa. Claro que elas podem simplesmente abandonar suas casas e COMPRAR uma nova, porque de graça não terão nada.

Muito justo.

As pessoas inclusive vão morar em áreas de risco porque QUEREM. Não é porque são empurradas para estas áreas, dentre outras, pela pobreza que você diz erradicar e pela especulação imobiliária daquela galerinha boa que financia tuas campanhas.

Mas seus programas maravilhosos, como redução de IPI, ajudam muito. Por exemplo, as pessoas em áreas de risco podem, se não quiserem viver na rua, morar dentro daquele carro ) que compraram com o IPI reduzido, ou mesmo morar dentro da geladeira com IPI zerado. Moradia digna, água, esgoto, vida digna e etc são só detalhes, você não lida com isso, só com "economia" e lucros dos bancos.

E a humanidade de Dilma chega ao nível mais baixo desde o "não farei propaganda de opção sexual".
— A nossa prevenção não estava com nenhum tipo de problema. O problema é que, muitas vezes, as pessoas não querem sair. Acho que vão ter de ser tomadas medidas mais drásticas para que as pessoas não fiquem nas regiões em que não podem ficar — disse a presidente. — Não tem prevenção que dê conta se você ficar num determinado lugar mesmo sabendo que tem que sair.
A prevenção do governo não tinha problema algum, as pessoas que morreram e os deslizamentos foram culpa de deus (vai ver por isso Dilma é tão amiga dos krents ao ponto de dar a eles tudo que pedem, como cancelar Kit Anti-Homofobia, cancelar Kit Anti-AIDS ou entregar a CDH pro Feliciano) e não da incompetência sua e de seus aliados, nem a corrupção de seu partio e do de seus aliados.
É uma questão de conscientizar. O homem não tem condições de impedir desastre. Ele pode impedir a consequência do desastre, e é isso que a gente tem lutado para fazer no Brasil. Seja através dos sistemas de satélite, dos pluviômetros, e articulação de todas as defesas civis do Brasil.
A culpa é também do povo, sem dúvida, mas tão somente porque o povo elegeu a você, sue partido e a seus aliados. Sem dúvida é culpa do povo que, de boa fé, pensou ter eleito pessoas que poderiam resolver seus problemas e não pedir para que saiam de casa e vivam na rua, desamparados.

Você já se perguntou onde estava o Cabral? Porque está tudo acontecendo de novo? Porque as pessoas continuam em áreas de risco? Uma dica, não é porque elas são burras.

As pessoas sabem que tem que sair, Dilma, não são imbecis, apesar de talvez terem votado em você, em Cabral e cia, mas sair pra onde?

Que tal você sair do seu palácio e viver na rua lado a lado com eles, longe das "áreas de risco"?

Claro que seria mais fácil apenas dar casas a quem precisa, mas sabemos que as coisas não funcionam assim. Onde ficaria o lucro dos financiadores das tuas campahas e das campanhas dos teus aliados?

Construtoras, imobiliárias, empresas de transporte e tantas outras...

Eles tem que lucrar. E você tem que lavar as mãos. Afinal, as pessoas estão em áreas de risco porque querem. São ignorantes, burras. São masoquistas.

Certo?

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Atualização: Será que Dilma também acha que é culpa do povo até área do Minha Casa, Minha Vida ter alagado? Ou será que a culpa é dos amigos dela, que financiam sua campanha? A certeza é a de que ela não se importa.
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PCC versus o Estado: Uma guerra de soma zero

Perto de 200 pessoas, entre uma ampla maioria de civis, foram mortas em menos de um mês de violência extrema na periferia de São Paulo e na região metropolitana - em uma onda de violência que começa a se espalhar pelo interior.

No ano, foram 90 os policiais mortos em serviço ou durante folga.

Como pano de fundo a queda de braço, mais uma vez, entre PCC e governo do estado, onde as vítimas costumam ser preferencialmente os que nada tem a ver com a superlotação nas prisões, o tráfico de drogas ou as relações perigosas de elementos do governo e a facção.

Esta onda de violência lembra a que tivemos em maio de 2006, que resultou na morte de 41 policiais que "responderam" assassinando 564 pessoas, praticamente todas negras e pobres. A PM admitiu ter matado "apenas" 108 em 10 dias. A maioria dos chamados Crimes de Maio não foram, até hoje, solucionados e nenhum dos responsáveis foi preso. Por sua vez, os familiares das vítimas, em especial as Mães de Maio, lutam por justiça desde então e tem motivos de sobra para temer os recentes ataques.

São mais de 700 pessoas assassinadas em dois surtos de violência, uma guerra que envolve policiais corruptos, um grupo criminoso com grande força local e uma infinidade de civis pegos no fogo cruzado. Sobre o PCC, sua origem e os crimes de maio de 2006, Débora Silva, fundadora das Mães de Maio, disse em entrevista ao Correio da Cidadania:

"De forma orquestrada, ele [Alckmin] e o secretário de segurança disseram que o PCC não existia. Como não existia, se foi o poder público que o criou, à base de sua corrupção? Porque o PCC foi criado de dentro dos presídios pra fora, não de fora pra dentro. Se fosse de fora, não iríamos atribuir os crimes de maio à corrupção de Estado. E foi através dessa corrupção que os crimes de maio surgiram, graças a um monstro que o Estado criou e que contra ele se rebelou um dia."

A mídia, por sua vez, adota o discurso oficial de negar a existência ou a força do PCC, ao mesmo tempo em que não debate a situação carcerária do país, a falida guerra contra as drogas que causa apenas vítimas e pinta um quadro de pobres policiais sendo mortos e "reagindo" à violência. Não se descarta, e isto é discutido mesmo nos meios policiais, que as vitimas policiais não sejam exatamente inocentes, mas queima de arquivo e lião para outros ficarem calados sobre suas relações com o grupo criminoso. Do outro lado, civis são massacrados por bandidos e PM's de forma indiscriminada.

As causas para os recentes casos de violência são vários, mas é impossível deixar de esbarrar em alguns pontos fundamentais, como a própria origem da Polícia Militar e da Rota, instrumentos de repressão criados e usados para "domesticar" as classes pobres, instrumentos de tortura estatal usada de forma indiscriminada contra negros, pobres e pessoas que foram abandonadas pela sociedade. Esta força policial vem sendo usada constantemente na repressão às drogas, na política burra de proibir ao invés de incentivar o consumo consciente e legal.

O PCC nasce como uma resposta a isto e também contra um sistema carcerário que ao invés de recuperar, aprofunda a barreira social e as feridas abertas na sociedade. Neste caldo indigesto ainda convivem policiais corruptos, muitos deles vivendo nas favelas e nas áreas mais pobres, exercendo esta "dupla função" de serem repressores daqueles que, no fim, são parte de sua própria classe.

Não é fácil saber ou identificar o real inimigo. Na dúvida, o estado comanda ações repressivas que vitimam exclusivamente os mais pobres ao passo que os que se sentem excluídos revidam de forma violenta - e não é possível esquecer, também, da ação de grupos de extermínio composta por policiais que ajudam a azedar ainda mais a situação. No meio, fica a população, perdida, com medo e acuada. Uma parcela fazendo coro ao estado e exigindo mais repressão e a imensa maioria, presa no fogo cruzado.

Em uma situação de exclusão e de ausência do Estado - não enquanto repressor, mas enquanto promotor de políticas sociais -, o caminho fica livre para o surgimento de facções que se beneficiam dessa ausência e do rancor causado, e também o surgimento de milícias, algo que vem sendo importado do Rio de Janeiro e que ajuda também a entender a atual escalada de violência no estado de São Paulo.

A solução para o atual conflito não é simples, pois passa pela própria estrutura do Estado e de suas forças repressivas, por suas políticas no trato das drogas e na exclusão social de outras tantas políticas higienistas. É a forma pela qual o Estado lida não apenas com seus problemas, mas quando lida com sua população como se esta fosse o problema.

A exclúi, criminaliza, trata como bandido baseado em sua cor de pele e classe. Acedita ser justo e simples remover populações inteiras a fim de contentar os patrocinadores do Estado - empreiteiras e afins - através de incêndios criminosos em favelas e da expulsão pelo medo e pela força de áreas degradadas para outras piores.

Uma solução ao menos inicial para os problemas enfrentados não só por São Paulo, ams pelo Rio e utros estados passaria pela federalização dos crimes contra os direitos humanos, milícias e crimes cometidos por facções criminosas - e especialmente dos crimes cometidos pela polícia contra a população -, mas o que se vê é a total ausência de interesse por parte do governo federal de se incluir no processo.

Publicado originalmente na edição impressa do Jornalismo B nº 49 da 2ª quinzena de novembro.
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