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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

De novo o diploma para jornalistas, ou "meu diploma é maior que o seu"

Quantos países do mundo - fora o Brasil - não apenas exigem diploma para o exercício da profissão de jornalista, mas ainda incluem a regra na constituição? Em outras palavras, quantos países tornam constitucional o corporativismo de uma casta que se considera iluminada?

Eu respondo: NENHUM.

Posso parecer duro em meu questionamento, mas não há como não se revoltar ao saber que o Brasil caminha para proibir que pessoas que não sejam o Noblat, o PHA ou o Leandro Narloch possam escrever em jornais, "apurar" e serem "iluminados" que falam pelo povo, pelo país... Enfim, apenas quem tem um diploma poderá escrever em jornais como jornalistas, os demais reles mortais terão um espacinho cedido de má vontade em coluna de opinião no fim da página ou na imensa seção de cartas.

O que leva um jornalista a ter a capacidade - e a exclusividade - para falar sobre medicina, política, economia, política internacional, mas médicos, diplomados em relações internacionais e ciência política, economistas e afinss não terem esta "capacidade"? Aliás, não se trata de capacidade, pois se há reserva de mercado o problema é mais embaixo.

Trata-se de dar exclusividade aos jornalistas para escrever sobre as áreas de todos, mas ninguém poder se meter na sua.

Perdi a conta de quantas notícias falsas, mal contadas ou mesmo análises terríveis li em matérias e análises jornalísticas apenas na minha área, as relações internacionais. Um exemplo? Vejam meu artigo no Observatório da Imprensa sobre a larga pesquisa (sic) que os jornalistas brasileiros fazem sobre, por exemplo, o País Basco.

Mas apenas eles podem escrever sobre. Aos demais, cabe reclamar na seção de cartas. Quando muito!

Não dá sequer para explicar ao resto do mundo tal reserva de mercado. Não entendem. Não conseguem entender como algo tão estúpido possa ser lei, possa estar na constituição.

Cheguei a ouvir de jornalistas que a profissão se aprendia não na faculdade, mas na ativa, na redação. Onde estes caras foram parar? O que torna o jornalista este ser especial, dono da informação, da verdade?

Qual o objetivo da defesa do diploma? Qualidade? É falso. Leia os jornais.


Enquanto a profissão do jornalista é cotidianamente precarizada, a luta não é por melhorias de condições de trabalho, mas para garantir que a miséria fique restrita a uma casta.

Vale lembrar que a exigência do diploma de jornalismo data da Ditadura . Que melhor forma de controlar as notícias senão criar um grupo restrito que era "dono" dela? Aliás, a quantas anda a qualidade do jornalismo brasileiro? O diploma resolveu?

Fico abismado com gente de esquerda que defenda tal coisa, que ao invés de lutar por direitos, luta para separar, para criar classe/casta superior, diferenciada.

Ainda cabe acrescentar, ainda numa crítica à esquerda que, para se conseguir o diploma, não basta querer. É preciso passar por uma seleção duríssima, que é o vestibular/enem, algo tão criticado por setores da esquerda como uma exigência que impede a maior parte da população de chegar à faculdade.

Mas nesta hora, na do corporativismo, alguns se esquecem deste "detalhe". Jornalismo apenas para os diplomados, para aquela minoria da minoria. Os iluminados que falam pelo povo, mas jamais o povo fala por ele, ou fala, na seção de cartas.

Quando nos deparamos ainda com o fenômeno do jornalismo cidadão, a coisa complica. Como trabalhar com este conceito quando o jornalismo cidadão passa a ser marginal, indevido, intruso e, até, proibido?

Comunidades, grupos, minorias que denunciam situações, exclusão e afins, que estão escrevendo, terão de ser tutelados, re-lidos, "patrocinados" por "jornalistas graduados" para serem ouvidos? Morre o jornalismo cidadão e voltamos a ser todos meras "fontes" para os escolhidos.

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A partir deste momento retomo as postagens no blog, depois de um período de férias merecido pós-Mestrado! Por enquanto os posts não serão diários ou muito longos, mas sairão à medida em que eu tiver algum tempo, pois a vida ainda não está ganha.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A credibilidade da mídia... qual credibilidade? Dilma, Tuma e Sasha Grey.

A Mídia vem perdendo totalmente a credibilidade, não é algo novo, não é algo isolado. Sejam nos grandes assuntos ou mesmo nos pequenos assuntos, a mídia se revela incapaz.

Incapaz de mostrar a verdade. Seja por vontade de mentir, de encobrir e de falsear, ou mesmo pela incapacidade de ir atrás da notícia, de se aprofundar, de pesquisar.

A mídia hoje oscila entre a falta de ética e a falta de capacidade. E ainda me falam do diploma de jornalismo.

O diploma, hoje, não garante qualidade, isenção ou ética. Porque garantiria? O dinheiro garante, em muitos casos.

Qual a credibilidade da mídia, ou mesmo do jornalista diplomado responsável pela Ficha Falsa da Dilma?

Qual a credibilidade desta mídia que atenta contra a liberdade de expressão do povo e que defende apenas os interesses da empresa, de famílias mafiosas que se perpetuam no poder?

Recentemente a Folha, o Uol e O Globo mataram Romeu Tuma.
Apenas mais uma página do péssimo jornalismo praticado pelos grandes impérios. Barrigas inacreditáveis, manipulações...

O Acerto de Contas é direto:
Hoje à noite foi possível analisar o nível a que chegou a imprensa brasileira. Simultaneamente, três grandes veículos de comunicação deram o “furo” da morte do Senador Romeu Tuma, que está internado em São Paulo.
Primeiro foi o UOL, seguido da Folha e do Globo, que anunciaram a morte do Senador, e tão logo perceberam que se tratava de uma “barriga”, retiraram a “notícia” do ar. Provavelmente um chupou a falsa notícia do outro, e centenas de release blogs também publicaram o “furo”. Aliás, release blogs não faltam nos tradicionais grupos de comunicação.
Esse episódio lamentável mostra como está sendo feito o tratamento da notícia por parte da imprensa brasileira, que nem ao menos se dá ao trabalho de checar se o Senador estava vivo ou não.
A pressa em dar a notícia, a falta de verificação do que se estava sendo contado, a divulgação precipitada e a mea culpa vergonhosa são assustadoras. A culpa talvez nem seja da jornalista, que prontamente se desculpou no Twitter, mas de algum editor interessado em dar um furo. De fato, foi um furo, num barco que já vem afundando há tempos.

Pena que a Folha não teve a decência de manter o tuíte da barriga, deletou e tentou esconder a verdade.

Tuma, infelizmente, está vivo. Se morrer, aliás, deve virar herói pelas mãos da grande mídia. Deixará de ser o delegado torturador que deveria ir direto para o lixo da história.

Mas para quem acha que a mídia é apenas responsável por manipulações e notícias falsas e precipitadas, apresento uma notícia que pode parecer até fútil, mas que revela o que venho dizendo ha muito tempo: O jornalista/mo de hoje não sabe o que é pesquisa.

Não sabe o que é investigação. Salvo raras exceções, quase todos com nomes fáceis de lembrar, o jornalismo de hoje é um amálgama de senso comum, de cópia de agências, de falta de crítica e de remendos vindos da Wikipedia.

Leiam as páginas internacionais dos jornais. Salvo um ou outro jornalista que analisa o que acontece fora do país - concordando ou não com sua análise -, a página (no singular mesmo, a cada dia parece que o que acontece fora do país se torna menos importante) é recheada por notícias de agência, acríticas, de análises importadas, de jornalistas de fora (mesmo que sequer relacionados ao país do evento) e, pior, em alguns casos de análises rasas, banais e que qualquer criança poderia ter facilmente copiado da wikipedia.

A Folha, ao anunciar ser o jornal do futuro (sic) e ter remodelado suas páginas fez o movimento inverso do esperado, precarizou ainda mais as análises e o conteúdo de qualidade. Reduziu texto, aumentou imagens e esvaziou o que já era um saco vazio. Este, aliás, parece ser o movimento natural do jornalismo (sic) brasileiro, o de privilegiar imagem ao invés de texto, o de reduzir análises para enfiar baboseiras.

Mas, indo direto ao ponto, Sasha Grey, famosa [e maravilhosa] atriz da indústria pornô e que vem fazendo boas incursões no cinema "normal", nasceu nos EUA. Até aí, nada demais.

O problema é quando um grande portal de notícias das Organizações Globo, mesmo em seu mais fútil canal, EGO, repete a Wikipedia em português, de forma totalmente descarada e acrítica, anunciando que [a belíssima] Sasha Grey, vejam só, é cearense.
Aí lá vem pra gente no Twitter o pessoal shitando brickos “OMG ELA É BRASILEIRA!”… Não, amigos. Ela não é Brasileira. Ela nasceu em 14 de Março de 1988 em Sacramento, nos EUA. E… é isso. Em tudo quanto é site do universo há essa informação, MENOS na Globo, que diz que ela nasceu em Fortaleza. Ela esclareceu em entrevistas e, na Encyclopedia Dramatica tem uma declaração dela dizendo que uma revista daqui publicou isso “só pra vender mais”.
A Wikipedia, aliás, já corrigiu o erro há um bom tempo e existe material de 2008 que comprova que tudo não passava de uma brincadeira.

Uma pesquisa rápida revelaria a manipulação da Wikipedia, uma brincadeira:
Com exceção da data de nascimento, 14 de março de 1988, parece não haver muito consenso na Internet sobre o local de nascimento da atriz. O Omelete se afiançou na Wikipedia em português, mas a informação é suspeita. O IMDb diz que Grey nasceu em Gary, no Estado de Indiana, nos EUA - local confirmado por um jornal de Sacramento, na Califórnia, cidade onde a atriz cresceu.
Existe, é fato, dúvidas sobre se ela haveria nascido em Gary, Indiana ou Sacramento, Califórnia, mas daí a ligá-la ao Ceará? Tanto Wikipedia quando o IMDB indicam que ela nasceu em Sacramento, mas algumas outras fontes divergem, o que não vem ao caso.
Um problema que passa meio despercebido pelo público em geral é o fato de se veicular em absolutamente todos os sites que a moça nasceu em Fortaleza, no Ceará. Em alguns estão dizendo que ela nasceu em Quixadá. Quixadá. Não estou de brincadeira. Quixadá.

Não ignoro que o corpo dela seja estereotipicamente cearense, mas além disso, sinto informar que não há nenhuma prova ou indicação de que ela seja brasileira. Ou seja, tiraram a informação do cu. Parem de repeti-la, it's fucking pissing me off. (Quer dizer: você, você, você, você e vocês, outros resultados do Google para "sasha grey brasileira", calem a boca.)

A informação é tão conspicuamente fake que o Omelete ficou até com vergonha e admitiu que confiou num Zé Neguinho qualquer que editou a Wikipedia PT (não foi nem a Wikipedia em inglês, hein). Verificando o artigo atual da Wikipedia em português, vejo que até lá o local de nascimento da Sasha já foi alterado. E, no entanto, O Globo ainda insiste que a mulher é produto nacional.
É a denúncia final de que, efetivamente, o jornalismo brasileiro morreu. Nem a mais simples das pesquisas um grande portal de mídia tem a capacidade de fazer. Tuma está morto, mas passa bem, Sasha Grey é cearense e Dilma é uma terrorista com extensa ficha-corrida.
Imagens que ilustram o post vem do Blog da Maria Frô e do Portal Imprensa.

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Quando o "Fora Gilmar" vira mote Corporativista

Estudantes de jornalismo fizeram hoje uma lamentável demonstração ao se manifestar contra Gilmar "Dantas" Mendes.


O protesto em si, contra uma das figuras mais nefastas do país é louvável, ou seria, se pelas razões corretas.

Gilmar Dantas tomou uma de suas poucas - raras - decisões acertadas, ainda que com uma argumentação lamentável, falha, grotesca, ao defender o fim do diploma para jornalistas. Outros 7 ministros o seguiram e teve fim um episódio negro na história do Brasil (muito bem contada neste post do Estado Anarquista), a censura imposta pela ditadura à mídia, ao proibir que não-jornalistas pudessem exercer a profissão, criando uma elite corporativista mais facilmente controlável pelo Estado, mais dócil, mais selecionada e, enquanto lutando pelos interesses exclusivos de sua classe, mais cooptáveis e manobráveis.

O protesto demonstra que, em parte, a ditadura conseguiu seus objetivos. Conseguiu uma juventude burra, corporativista, com medo de concorrer, com medo de ter que se especializar, se diferenciar e se destacar, indo além do feijão com arroz da faculdade de jornalismo e tendo uma formação humanística mais ampla e completa.
"Presente entre os manifestantes, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino, criticou a decisão do Supremo.

- Jornalismo não é emitir opinião. Jornalismo é apuração - disse Schettino. - De forma nenhuma a prática jornalística fere a liberdade de expressão, até porque sempre houve e sempre haverá, nos veículos, espaço para esse tipo de manifestação. O que nós jornalistas fazemos é apurar fatos e, seguindo critérios técnicos, identificar aqueles que são mais relevantes para a sociedade - completou."

Vai ter que me desculpar o nobre Schettino, mas o que os "jornalistas" do PIG mais fazem é opinar e quando fingem apurar - como em questões internacionais - o fazem com um pé na wikipedia. Existem seres sem ética em todo e qualquer lugar, da mesma forma que existem pessoas capazes de exercer a profissão de jornalista sem ter diploma algum na área.

Os argumentos do nobre amigo são absurdamente falhos e sem sentido, fruto do pavor, do desespero que os jornalistas estão sentido, o medo deterem que batalhar mais e de estudar mais, de se especializar mais para garantir o emprego.

Para ilustrar o quão patéticos são os argumentos usados, o tamanho do desespero e ter uma panorâmica do nível - ou falta dele - a que chegaram os estudantes deste país, basta uma olhada nos dois comentários abaixo:
"Para o estudante de jornalismo Marco Mesquita, a decisão do STF não é adequada porque cada jornalista tem seu modo de ver e apurar as notícias. "A faculdade é fundamental para ensinar o modo mais ético", disse.

A estudante de jornalismo Camila da Silva foi protestar por achar que a medida não afeta apenas aos jornalistas. "É uma questão de cultura. Com a desobrigação, menos pessoas vão querer cursar uma faculdade e o país terá menos cultura.""

O primeiro argumento fica entre o desespero e a flagrante mentira, descaradamente falacioso o argumento, será que o "estudante" já leu a Veja? Já leu as "matérias" d'O Globo, Folha e etc sobre a suposta (falsa) ficha criminal de Dilma? Ou que tal a Ditabranda?

Faculdade ensina ética ou ética se tem, se adquire ao longo da vida, da experiência, das amizades, da família e etc? Se faculdade ensina ética então a de jornalismo não é uma delas.

O segundo a argumentar, a outra "estudante" tem um argumento que simplesmente denota pavor. Questão de cultura? Faça-me o favor! É risível! E é esta figura que estará escrevendo em jornalões no futuro1 Ou talvez não, agora que o diploma caiu poderemos selecionar os melhores.

Onde que acabar com a obrigatoriedade do diploma significa um "oba-oba" onde qualquer semi-analfabeto pode escrever? Só na cabecinha desta "jornalista".

Claro, concordo que é preciso implementar cursos de especialização, de curta duração, técnicos, na área do jornalismo para preparar minimamente - nos aspectos técnicos - àqueles que tem interesse em seguir a carreira, assim como o curso de jornalismo deve ser mais humanista, mais voltado para a realidade, para as ciências humanas, mais amplo e completo do que é hoje.

Ao meu ver, ganha a sociedade e ganham os jornalistas.

Àqueles que realmente tem paixão pelo jornalismo continuarão nos bancos universitários atrás do diploma, e avida seguirá.
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Acaba a obrigatoriedade do Diploma para Jornalista! [Update]

Agora é oficial, acabou a exigência de diploma para exercer a função de jornalista!

Uma verdadeira vitória de todos!

Abaixo, a notícia vinda do blog do Noblat, informando que pelo menos 7 dos 11 ministros do STF presentes votaram a favor do fim desta lei criada pela Ditadura Militar que limitava o direito do povo de exercer a profissão.

Quem sabe, agora, pessoas realmente capazes irão escrever notícias relevantes e não mais o show de barbaridades e senso comum que lemos todos os dias nos jornais?!

É quase um sonho pensar em alguém que realmente entende de Relações Internacionais escrevendo sobre o assunto e não alguém que "sabe escrever bem" mas não entende nada do assunto, mas é jornalista, tem diploma! Alguém realmente capaz de fazer análises políticas, que seja da área e não um diplomado sem qualquer conhecimento.

É uma nova era para o jornalismo, de um lado poderemos ler notícias escritas por quem realmente entende do assunto e, por outro, os jornalistas vão ser obrigados a buscar especializações nas áres em que querem atuar. Todos sairão ganhando.

Maioria vota contra exigência de diploma para jornalista

Para sete dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federa (STF), o diploma não deve mais ser obrigatório para o exercício da profissão de jornalista.

Os ministros estão julgando desde as 15h30, uma ação protocolada pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal, que pedia o fim da obrigatoriedade do diploma.

Com a decisão de hoje, fica a cargo das faculdades e das empresas decidir se cobram ou não o diploma. Mas o Estado não poderá intervir em nenhum caso.

Por quase 1h, Gilmar Mendes, presidente do tribunal e relator do caso, votou contra a obrigatoriedade do diploma. Para ele, a profissão de jornalista não oferece perigo à coletividade, como outras profissões. O ministro Cezar Peluso seguiu o raciocínio:

- Não garante eliminação do mau exercício da profissão, à deficiência de caráter, ética, de cultura humanística e até de sentidos. Ou seja, não existe, no campo do Jornalismo, o risco que venha da ignorância de conhecimentos técnicos.

Os ministros seguiram os argumentos de Taís Borjas Gasparini, advogada do Sertesp. Ela defendeu que o Jornalismo não deve ser comparado às profissões de "médico, engenheiro ou piloto de avião":

- Ao contrário destas profissões, o Jornalismo é um exercício puramente intelectual. Depende talvez do domínio da linguagem e do vasto campo de conhecimentos humanos. Mas muito mais que qualificação, é a lealdade, curiosidade, sensibilidade e ética que o jornalista deve ter. A obtenção desses requisitos não se encontra nos bancos da faculdade.

João Roberto Fontes, advogado da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), contrapôs:

- O jornalismo já foi chamado de quarto poder da República. Como, então, não é necessário o conhecimento específico pra ter poder desta envergadura? É evidente o efeito devastador de uma notícia feita por um inepto. A divulgação de um balanço errado é uma catástrofe que se multiplica em segundos pelo mundo inteiro.

Os ministros Joquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não estavam presentes na sessão.

Reposto um comentário antigo meu sobre a obrigatoriedade do diploma:

Li hoje n'O Globo que amanhã, provavelmente, haverá o julgamento definitivo sobre a necessidade ou não de diploma para exercer a profissão de jornalista.

Desde já digo minha posição: Sou totalmente a favor que QUALQUER um com capacidade exerça a profissão, não há sentido em exigir diploma para tal função.

A maior parte dos argumentos que ouvi, de jornalistas, é a de que o jornalista, na faculdade, aprende a escrever, a coletar dados e coisas do tipo. Oras, qualquer bípede com um mínimo de cultura e vontade sabe e pode fazer o mesmo!

Talvez o jornalista, de início, tenha mais estilo ou saiba como tratar suas fontes de uma maneira mais... correta (?) mas, me desculpem, afirmar que só jornalista forma pode exercer a profissão é desmerecer, por exemplo, um Nelson Rodrigues! Será que ele não tinha capacidade para exercer a profissão? Que levante a mão o corajoso!

Quem nunca se deparou, por outro lado, com absurdos vindos de jornalistas, formados, e cheios de si? Quantas vezes não fui obrigado a ler matérias extremamente rasas sobre política internacional, por exemplo, em um ou outro jornal, assinadas por jornalistas com diploma mas que sabem escrever bem, mas não sobre o objeto da matéria!

Qualquer pessoa que estude política ou mais especificamente política internacional ou Relações Internacionais (como eu) fica abismado com a precariedade de algumas matérias de jornalistas diplomados.

Só para citar um exemplo, noto o constante uso de "militantes inslâmicos" para todo e qualquer grupo que cometa algum crime em um país muçulmano. Não importa a razão, se o grupo que reivindica for muçulmano ou o país do ataque for muçulmano então os perpetradores são, automaticamente, "militantes islâmicos".

Primeiro lugar, ser "militante" não infere crime.

Ser islâmico ou militante islâmico não quer dizer absolutamente nada! Quer dizer apenas que a pessoa é muçulmana e busca, de alguma maneira, transmitir sua crença.

Não sei se é estupidez, ignorância ou má fé simplesmente.

Me lembrei agora, mas me escapa o nome do autor, uma pesquisa feita com as famílias de vários homens bomba que morreram em atentados suicidas em nome do Hezbollah.

Qualquer jornalista com diploma diria que os ataques foram cometidos por militantes islâmicos, por fanáticos islâmicos ou ainda terroristas islâmicos sem, porém, qualquer tipo de análise crítica ou pesquisa.

Saibam, pois, que vários destes militantes islâmicos eram, na verdade, cristãos, e a franca maioria (até a data pesquisada pelo autor) de esquerda, ou seja, não eram "militantes fanáticos" como a mídia adora reproduzir e (des)informar o público.

Acabei de encontrar o artigo que trata sobre o assunto dos três últimos parágrafos. O autor em questão é Robert Pape que analisou - através das biografias e de entrevistas com familiares dos suicidas -, entre 1982 e 1986, 38 dos 41 "terroristas" suicidas do Hizbollah.

Qualquer jornalista formado (desculpem a generalização) , diria que foram todos ataques cometidos por "militantes islâmicos" quando, na verdade, apenas 8 eram fundamentalistas islâmicos, 27 eram de grupos de Esquerda (logo, não poderiam ser encarados como militantes islâmicos) e 3 eram, vejam só, cristãos!


Este pequeno exemplo serve apenas para ilustrar que ter diploma de jornalista torna a pessoa apta a escrever bem, sim, mas não a saber sobre o que escreve.

Confio muito mais em alguém da área de Ciência Política ou Relações Internacionais - em geral, óbvio - para escrever sobra uma crise na Tanzânia, que em um jornalista que passou pelos editoriais de moda, esportes e caiu de para-quedas na página internacional.

Acredito, por outro lado, que não seria ruim um curso - talvez uma pós de curta duração ou um mini-curso ou até uma pequena especialização - para àqueles de formação diversa que tem interesse em adentrar na área jornalística mas, exigir uma graduação completa e um diploma para ser jornalista é, na melhor das hipóteses, um disparate.

Trazendo o assunto para um campo ainda mais moderno, quantos são os blogueiros que jamais cursaram jornalismo mas que estão aí, noticiando o que acontece no mundo, opinando e informando o público? Serão todos eles incapazes de seguir sua veia jornalística por não terem diploma?

Não vejo um jornalista falando com maior propriedade sobre física nuclear em um jornal que um físico nuclear ou um jornalista falando sobre a situação política da Ingushétia que um cientista político especialista em Ingushétia.

Claro, não tenho a intenção de desmerecer qualquer jornalista e apenas ilustrar que, mesmo que muitos tenham a capacidade de tratar de diversos assuntos e sejam excelentes no que fazem - como Clovis Rossi, Azenha, PHA, Noblat, dentre outros -, ter um diploma não é tudo, é preciso, antes de mais nada, ter interesse, disponibilidade, honestidade, vontade e conhecimento.

imaginem só se Antônio Maria, Nelson rodrigues (como disse Miro Teixeira), ou Euclides da Cunha, Carlos Lacerda, Jaguar, dentro outros fossem proibidos de escrever porque não tinham diploma!

Jornalismo não é ciência!

Daqui ha pouco pedirão diploma para cartunista, para escritor. É algo que não tem sentido e nem fim.

Diploma é acessório. Um belo acessório mas, ainda assim, acessório.


Por fim, um apanhado do Idelber sobre as diversas posições quanto à esta questão:

"Sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalista

É evidente que eu teria um texto bem incendiário para oferecer sobre este tema, mas acabo de chegar a Belo Horizonte, cansado pacas, e decidi fazer o que fazemos aqui de vez em quando. Eu ofereço os links e vocês conversam. O que achei de interessante por aí sobre a discussão que acontece hoje no Supremo Tribunal Federal, acerca da obrigatoriedade do diploma para jornalistas, vai abaixo:

Virando a folha, de Sergio Leo.
Sobre o diploma para jornalistas, do Rafael Galvão.
Ainda o diploma para jornalistas, também do Paraíba.
Diploma em tempos de crise do jornalismo?, do Jorge Rocha.
Pela exigência do diploma de jornalista para blogueiros brasileiros, do André Forastieri.
Sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, de Túlio Vianna.
Uma decisão histórica sobre o diploma, de Elias Machado.
Jornalista, só com diploma, por Sérgio Murillo de Andrade.
Diploma é resquício da ditadura, de Laerte Braga.

E por falar em jornalista, o maior de todos, Leandro Fortes, está de casa nova."

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Update:
O resultado final da votação no STF foi 8x1 pelo fim do Diploma.


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terça-feira, 31 de março de 2009

Jornalismo e o diploma [Update]

Li hoje n'O Globo que amanhã, provavelmente, haverá o julgamento definitivo sobre a necessidade ou não de diploma para exercer a profissão de jornalista.

Desde já digo minha posição: Sou totalmente a favor que QUALQUER um com capacidade exerça a profissão, não há sentido em exigir diploma para tal função.

A maior parte dos argumentos que ouvi, de jornalistas, é a de que o jornalista, na faculdade, aprende a escrever, a coletar dados e coisas do tipo. Oras, qualquer bípede com um mínimo de cultura e vontade sabe e pode fazer o mesmo!

Talvez o jornalista, de início, tenha mais estilo ou saiba como tratar suas fontes de uma maneira mais... correta (?) mas, me desculpem, afirmar que só jornalista forma pode exercer a profissão é desmerecer, por exemplo, um Nelson Rodrigues! Será que ele não tinha capacidade para exercer a profissão? Que levante a mão o corajoso!

Quem nunca se deparou, por outro lado, com absurdos vindos de jornalistas, formados, e cheios de si? Quantas vezes não fui obrigado a ler matérias extremamente rasas sobre política internacional, por exemplo, em um ou outro jornal, assinadas por jornalistas com diploma mas que sabem escrever bem, mas não sobre o objeto da matéria!

Qualquer pessoa que estude política ou mais especificamente política internacional ou Relações Internacionais (como eu) fica abismado com a precariedade de algumas matérias de jornalistas diplomados.

Só para citar um exemplo, noto o constante uso de "militantes inslâmicos" para todo e qualquer grupo que cometa algum crime em um país muçulmano. Não importa a razão, se o grupo que reivindica for muçulmano ou o país do ataque for muçulmano então os perpetradores são, automaticamente, "militantes islâmicos".

Primeiro lugar, ser "militante" não infere crime.

Ser islâmico ou militante islâmico não quer dizer absolutamente nada! Quer dizer apenas que a pessoa é muçulmana e busca, de alguma maneira, transmitir sua crença.

Não sei se é estupidez, ignorância ou má fé simplesmente.

Me lembrei agora, mas me escapa o nome do autor, uma pesquisa feita com as famílias de vários homens bomba que morreram em atentados suicidas em nome do Hezbollah.

Qualquer jornalista com diploma diria que os ataques foram cometidos por militantes islâmicos, por fanáticos islâmicos ou ainda terroristas islâmicos sem, porém, qualquer tipo de análise crítica ou pesquisa.

Saibam, pois, que vários destes militantes islâmicos eram, na verdade, cristãos, e a franca maioria (até a data pesquisada pelo autor) de esquerda, ou seja, não eram "militantes fanáticos" como a mídia adora reproduzir e (des)informar o público.

Acabei de encontrar o artigo que trata sobre o assunto dos três últimos parágrafos. O autor em questão é Robert Pape que analisou - através das biografias e de entrevistas com familiares dos suicidas -, entre 1982 e 1986, 38 dos 41 "terroristas" suicidas do Hizbollah.

Qualquer jornalista formado (desculpem a generalização) , diria que foram todos ataques cometidos por "militantes islâmicos" quando, na verdade, apenas 8 eram fundamentalistas islâmicos, 27 eram de grupos de Esquerda (logo, não poderiam ser encarados como militantes islâmicos) e 3 eram, vejam só, cristãos!


Este pequeno exemplo serve apenas para ilustrar que ter diploma de jornalista torna a pessoa apta a escrever bem, sim, mas não a saber sobre o que escreve.

Confio muito mais em alguém da área de Ciência Política ou Relações Internacionais - em geral, óbvio - para escrever sobra uma crise na Tanzânia, que em um jornalista que passou pelos editoriais de moda, esportes e caiu de para-quedas na página internacional.

Acredito, por outro lado, que não seria ruim um curso - talvez uma pós de curta duração ou um mini-curso ou até uma pequena especialização - para àqueles de formação diversa que tem interesse em adentrar na área jornalística mas, exigir uma graduação completa e um diploma para ser jornalista é, na melhor das hipóteses, um disparate.

Trazendo o assunto para um campo ainda mais moderno, quantos são os blogueiros que jamais cursaram jornalismo mas que estão aí, noticiando o que acontece no mundo, opinando e informando o público? Serão todos eles incapazes de seguir sua veia jornalística por não terem diploma?

Não vejo um jornalista falando com maior propriedade sobre física nuclear em um jornal que um físico nuclear ou um jornalista falando sobre a situação política da Ingushétia que um cientista político especialista em Ingushétia.

Claro, não tenho a intenção de desmerecer qualquer jornalista e apenas ilustrar que, mesmo que muitos tenham a capacidade de tratar de diversos assuntos e sejam excelentes no que fazem - como Clovis Rossi, Azenha, PHA, Noblat, dentre outros -, ter um diploma não é tudo, é preciso, antes de mais nada, ter interesse, disponibilidade, honestidade, vontade e conhecimento.

imaginem só se Antônio Maria, Nelson rodrigues (como disse Miro Teixeira), ou Euclides da Cunha, Carlos Lacerda, Jaguar, dentro outros fossem proibidos de escrever porque não tinham diploma!

Jornalismo não é ciência!

Daqui ha pouco pedirão diploma para cartunista, para escritor. É algo que não tem sentido e nem fim.

Diploma é acessório. Um belo acessório mas, ainda assim, acessório.
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