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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Homofobia cristã ataca novamente: Prendam todos os Sodomitas!

Paul Evans Aidoo, Ministro Regional do Oeste de Gana pode ser considerado o Bolsonaro do país. A diferença é que o primeiro tem efetivo poder.

Ontem, seguindo ordens do "Conselho Cristão de Gana" que, como a maioria dos grupos cristãos diz defender o amor e a paz, mas apenas para aqueles que concordam com suas idéias, decretou a prisão de TODOS os gays e lésbicas da região sob seu controle imediato.

O "Conselho Cristão de Gana", obviamente, é  formado por 5 organizações evangélicas. Nenhuma delas neopentecostal e, inclusive, conta com a participação dos Anglicanos que, no Reino Unido e nos EUA tem dado passos largos na aceitação e respeito aos homossexuais, inclusive com a ordenação de um Bispo gay, nos EUA. O ramos africano, infelizmente, continua na era medieval.

Ele mandou o Bureau Nacional de Investigações (BNI) e todas as agências de segurança "desmascararem pessoas suspeitas de se envolverem em [atividades] homossexuais". Além disso, como toda boa caça às bruxas cristã, pede aos cidadãos uqe denunciem qualquer pessoa que lhes pareça suspeita.

Acredita-se que ao menos 8 mil pessoas, em sua região, estejam regstradas como gays ou lésbicas e o ministro exige que sejam afastados da sociedade.


Segundo o site Ghana to Ghana:
Sua ordem vem depois de meses de campanha contra a práticda (sic) da homossexualidade no país.
O Conselho Cristão de Gana, na segunda pasada, também condenou a crescent incidência da homossexualidade no país, depois de outros órgãos religiosos terem ido para as ruas protestar contra a prática (sic), urgindo aos ganenses que não votassem em políticos que acreditam nos direitos dos homossexuais.
[...]
Ele [Aidoo] disse que uma vez eles [os homossexuais] presos, serão levados perante o tribunal para testar a lei que condena a homossecualidade.
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Mais informações, em espanhol.
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A homossexualidade em gana é punida com prisão, manifestações homofóbicas já aconteceram no país e este é apenas mais um passo no caminho da medievalização final, do assassinato de gays em praça pública, com cânticos cristãos animando a "festa" e todos louvando o "senhor" em glória.

Mas não se enganem, Malafaias da vida e outros Marginais da Fé, assim como gente da laia de Bolsonaro, de Luiz Gonzaga Bergonzini (Bispo de Guarulhos) e Myrian Rios tem a MESMA intenção aqui no país.

Coisas absurdas em um país laico, como a existência de uma Bancada Evangélica ou mesmo a mera presença de símbolos religiosos em prédios públicos são um indício de que nunca a população LGBT estará segura.

Que fique claro que sei perfeitamente que nem todo cristão é homofóbico ou compartilha das opiniões criminosas de certas autoridades, de certos marginais, mas da mesma forma, o que fazem para combater este mal? Se insurgem quando seu padre ou pastor declara que a homossexualidade (ou o homossexualismo, para eles) é uma doença condenável? Se revoltam e denunciam a homofobia de suas lideranças? Ou continuam a louvar o Papa Reichtzinger e pastores caça-níquel?

A luta contra a homofobia não é apenas pela tolerância e respeito, mas é também pela defesa de um Estado inclusivo, em que TODO@S possam ser respeitad@s como cidadã(o)s e tenham seus direitos assegurados, não apenas os direitos ligados à orientação sexual e identidade de gênero, mas também os reprodutivos e os sociais.
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre religião, blogs e como tratar do assunto "Intolerância"

O vídeo abaixo foi gravado por Naveen Naqvi, co-fundadora e editora responsávle pela ONG paquistanesa Gawaahi que trabalha com a divulgação de histórias de opressão, abuso e sobrevivência de violências várias no Paquistão e no mundo.

Naveen veio ao Brasil realizar diversas entrevistas com ativistas e eu fui um dos escolhidos e no vídeo abaixo falo - em inglês - dos desafios de se blogar sobre religião, intolerância e qual a função dos blogs e do jornalismo cidadão (o foco da entrevista foi meu trabalho no Global Voices Online e não neste blog) na questão, o que podemos fazer nesta área.

"Raphael Tsavkko Garcia, or ‘The Angry Brazilian’ as he calls himself on his blog, is a writer for Global Voices Online. Here he talks about what he envisages to be a growing religiosity in the world that he feels is directly related to progress. On a local scale, he finds that in Brazil, the influential Catholic Church can be authoritarian on issues such as women and gay rights.
I met him and his peers at the House of Digital Culture in São Paulo as part of a trip coordinated by the Brazilian Embassy in Islamabad."

Outro(a)s blogueiro(a)s/ativistas como Diego Casaes (Global Voices) e Ana Carmen Foschini (Ativista) também foram convidados a falar sobre outras questões.
Our purpose behind Global Gawaahi is to initiate a dialogue between us (Gawaahi.com), you (our readers, contributors, supporters, friends and partners) and others who are working with the Internet. It is also to explore the potential of online journalism, citizen journalism and the new media.

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tolerar racistas? Homofóbicos? Divagações sobre uma difícil questão

Muito se comentou no país sobre a tolerância à crimes de racismo e homofobia quando estourou o caso Mayara Petruso, reflexo da campanha de ódio durante as eleições brasileiras em que o candidato da direita se aproximou perigosamente da TFP e outros grupos extremistas.

Bucha de canhão, Mayara poderia servir de exemplo. Não eram poucos os que exigiam sua prisão, enquanto alguns poucos contemporizavam, outros consideravam que nada resolvia e a mídia - alinhada ao candidato da direita - a defendia abertamente.

Os argumentos, enfim, iam desde os que defendiam a punição da garota - e a punição de toda e qualquer ofensa racista e xenófoba - e dos que defendem o modelo americano de plena liberdade individual, de falar o que quiser e deixar que a sociedade regule o que é ou não aceitável.

Proibir a livre manifestação tendo por base conceitos abstratos do que é ou não preconceito foi questionado por isto abrir brechas para a censura e para a criminalização de opiniões, por outro lado, como garantir o controle sobre incitações ao ódio?

O caso mais recente do Deputado Federal Jair Bolsonaro e suas declarações racistas e homofóbicas no programa CQC e ao mesmo tempo as declarações no mesmo tom do também Deputado Federal e pastor Marco Feliciano, no Twitter, reacenderam o debate.

Mídia lá e aqui

Nos EUA a Klu Klux Klan (KKK) é tolerada e é residual -ainda que não exatamente sua ideologia, incorporada pelo Tea Party e por uma significativa parcela da população (basta observar as políticas anti-imigração em curso em vários estados americanos, especialmente no Arizona) -, além disto podemos dizer que nos EUA os vários lados, as várias opiniões, tem acesso à mídia, tem a possibilidade de divulgar suas idéias com um mínimo de igualdade, o que, mesmo assim, não garante que crimes de ódio não aconteçam.

 Nos EUA temos redes alinhadas aos Democratas, aos Republicanos e, em geral, outros grupos podem comprar espaço e terem a liberdade de propagar seus ideais.

A mídia é uma grande questão. No Brasil a mídia é dominada por um grupo de famílias de elite - com interesses bem distantes das do povo - e por igrejas evangélicas e ramos da igreja católica, logo, a mídia é usada ativamente para perpetuar o preconceito, a homofobia, o machismo e as idéias exclusivas dos grupos que detém os meios... Enquanto aqueles com pensamento diametralmente oposto são escondidos e tem limitado acesso.

 A liberdade de expressão que existe no Brasil confunde-se com a Liberdade de Empresa. A liberdade que as empresas, e apenas elas, tem de se manifestar. Chamar tal aberração de liberdade de imprensa é o escárnio máximo. A internet abre espaço para a quebra deste monopólio, mas seu alcance, enquanto veículo de massas, ainda é restrito.

Liberdade de expressão?

Devemos, em nome da liberdade de expressão, tolerar a homofobia em igrejas? Devemos tolerar a pressão que leva dezenas, quiçá centenas de jovens gays ao suicídio pelo preconceito que sofrem da sociedade, ou é necessário combater o preconceito?

Qual seria o limite entre a censura e a punição justa, ou melhor, qual o limite entre expressar uma opinião e ser preconceituoso? Está nas palavras de quem se expressa ou no receptor, em quem é vítima?
Muitos podem dizer que é muito fácil se fazer de vítima, e é verdade, mas também é igualmente fácil desmerecer a vítima e considerar que a ofensa sofrida não foi assim tão grave.

Qual a diferença entre um grupo de amigos contando piadas de gays e um padre pregando que gays devem ir pro inferno? A intenção? A recepção dos atores envolvidos? Ou a idéia de que um grupo de amigos contando piada é inofensivo, mas um padre, como líder, prega para uma audiência que encarará suas palavras como verdade e as repetirá e perpetuará? Estaria no alcance, então?

Responsabilidade e Ódio de Classe

A questão talvez passe pela responsabilidade ou pela responsabilização, por ser responsável pelas palavras, enfim. Passa pelo alcance, pela recepção da platéia, pelo local e, acima de tudo, pela intenção.
 E geral a esquerda é a primeira a levantar a questão do "preconceito ou ódio de classe" em escritos marxistas. poderia ser considerado como preconceito efetivamente?

De antemão deve-se ter em mente que o ódio de classe é anterior à ideologia, que tão somente o expôs, ou melhor, deu um nome ao que já era uma realidade, e que esta vem exatamente para tentar sanar as distorções. Melhor dizendo, existe um ódio de classe, perpetuado pela burguesia que explora o proletário e este se levanta contra esta exploração e encontra nos escritos marxistas apenas a tradução.

Podemos falar em preconceito contra o preconceito. Ainda que, sejamos honestos, playboy reclamando que sofre ódio de classe porque alguém o chamou de burguês ou porque defende a luta de classes seria uma novidade.

Estamos aqui falando não de preconceito de uma classe inferior - como noção de sua inferioridade -se rebelando contra a que lhe oprime, bem diferente da pregação de ódio e do preconceito irracional de grupos contra outros sem que haja nenhuma relação efetiva entre eles.

Por exemplo, é compreensível que um proletário se sinta agredido por seu patrão e busque reagir, mas qual a justificativa de um padre atacar um gay, tirar sua humanidade e condená-lo? Qual o sentido em colocar os problemas do país nas costas da população de um determinado local e pregar seu extermínio? O preconceito está intimamente ligado à ignorância e ao fanatismo.

Preconceito positivo ou liberar geral?

Estaríamos, aqui, falando e um "preconceito positivo", aquele usado contra outro preconceito anterior, a legítima defesa contra um preconceito ainda mais nocivo?

No fim,  a discussão se divide entre os que querem liberar geral, que separar ao ato de xingar com a ação em si e os que consideram tudo a mesma coisa, ou seja, os que defendem o direito dos homofóbicos serem homofóbicos, desde que não façam nada (violento, por exemplo), e os que acreditam que as palavras em si pressupõem crime, na medida em que perpetuam o estereótipo, o preconceito e incitam à ação (violenta).
Por violência não falo apenas da física, mas a humilhação, a violência psicológica, o impedimento, o cerceamento e por aí vai.

Como tratar da responsabilização do discurso?

Sem problemas dizer, numa igreja ou templo, que gays são pecaminosos, que devem ir pro inferno, mas o errado é quando algum destes "fieis", influenciado pelas palavras de seus líderes parte para a ação, para mandar o gay logo pro inferno? Mas, se não houvesse a incitação, o ódio perpetuado pelas palavras, teria acontecido o crime?

Raponsabilizamos apenas quem cometeu o ato violento ou quem o incitou, através das palavras? Ou melhor, esperamos até que haja a ação violenta para reagir? Esperamos que algum paulista afogue um nordestino para punir a Mayara?

A permissão da livre intolerância pode não dar em nada, pode simplesmente acabar pregando contra os que perpetuam o ódio, mas em alguns casos pode virar o nazismo, pode virar a intolerância contra muçulmanos que vemos na Europa, pode virar a expulsão de ciganos, como na França...

Até que ponto devemos tolerar os intolerantes, ou melhor, como definir exatamente o que é intolerância?
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sábado, 6 de novembro de 2010

Tolerar os intolerantes, ou o que é intolerância?

Um debate muito interessante surgiu no Twitter entre mim, o @Hupsel, @Botecosujo, @eduloureiro, @DeniseChiara e alguns outros sobre a questão da inotolerância, tendo como pano de fundo o processo que a racista Mayara Petruso levará pra casa por suas ofensas contra os nordestinos.

Os argumentos iam desde os que defendiam a punição da garota - e a punição de toda e qualquer ofensa racista e xenófoba - e dos que defendem o modelo americano de plena liberdade individual, de falar o que quiser e deixar que a sociedade regule o que é ou não aceitável.

Proibir a livre manifestação tendo por base conceitos abstratos do que é ou não preconceito foi questionado por isto abrir brechas para a censura e para a criminalização de opiniões, por outro lado, como garantir o controle sobre incitações ao ódio?

Nos EUA a KKK é tolerada e é residual, mas não exatamente sua ideologia, incorporada pelo Tea Party e por uma significativa parcela da população - basta observar as políticas anti-imigração em curso em vários estados americanos, especialmente no Arizona -, além disto podemos dizer que nos EUA os vários lados, as várias opiniões tem acesso à mídia, tem a possibilidade de divulgar suas idéias com um mínimo de igualdade, o que, mesmo assim, não garante que crimes de ódio não aconteçam.

A mídia é uma grande questão. No Brasil a mídia é dominada por um grupo de famílias de elite com interesses bem distantes das do povo e por igrejas evangélicas e ramos da igreja católica, logo, a mídia é usada ativamente para perpetuar o preconceito, a homofobia, o machismo.... Enquanto aqueles com pensamento diametralmente oposto são escondidos e tem limitado acesso (algo que a internet vem mudando felizmente).

Devemos, em nome da liberdade de expressão, tolerar a homofobia em igrejas? Devemos tolerar a pressão que leva dezenas, quiçá centenas de jovens gays ao suicídio pelo preconceito que sofrem da sociedade, ou é necessário combater o preconceito?

Qual seria o limite entre a censura e a punição justa, ou melhor, qual o limite entre expressar uma opinião e ser preconceituoso? Está nas palavras de quem se expressa ou no receptor, em quem é vítima?

Muitos podem dizer que é muito fácil se fazer de vítima, e é verdade, mas também é igualmente fácil desmerecer a vítima e considerar que a ofensa sofrida não foi assim tão grave.

Qual a diferença entre um grupo de amigos contando piadas de gays e um padre pregando que gays devem ir pro inferno? A intenção? A recepção dos atores envolvidos? Ou a idéia de que um grupo de amigos contando piada é inofensivo, mas um padre, como líder, prega para uma audiência que encarará suas palavras como verdade e as repetirá e perpetuará? Estaria no alcance, então?

A questão talvez passe pela responsabilidade ou pela responsabilização, por ser responsável pelas palavras, enfim. Passa pelo alcance, pela recepção da platéia, pelo local e, acima de tudo, pela intenção.

Um dos argumentos usados no debate foi o de que de certa forma, o "preconceito ou ódio de classe" em escritos marxistas poderia ser considerado, claro, como preconceito. Válido, mas discordo.

De antemão deve-se ter em mente que o ódio de classe já existe e é anterior à teoria e que esta vem exatamente para tentar sanar as distorções, ou melhor dizendo, existe um ódio de classe, perpetuado pela burguesia que explora o proletário e este se levanta contra esta exploração e encontra nos escritos marxistas seu guia.

Podemos falar em preconceito contra o preconceito. Ainda que, sejamos honestos, nunca vi playboy reclamando que sofre ódio de classe porque alguém o chamou de burguês ou porque defende a luta de classes.

Estamos aqui falando não de preconceito de uma classe inferior - como noção de sua inferioridade -se rebelando contra a que lhe oprime, bem diferente da pregação de ódio e do preconceito irracional de grupos contra outros sem que haja nenhuma relação efetiva entre eles.

Por exemplo, é compreensível que um proletário se sinta agredido por seu patrão e busque reagir, mas qual a justificativa de um padre atacar um gay, tirar sua humanidade e condená-lo? Qual o sentido em colocar os problemas do país nas costas da população de um determinado local e pregar seu extermínio? O preconceito está intimamente ligado à ignorância e ao fanatismo.

Estaríamos, aqui, falando e um "preconceito positivo", aquele usado contra outro preconceito anterior, o mesmo raciocínio que vale para o que já expliquei antes sobre Fobia Neopentecostal, é a legítima defesa contra um preconceito ainda mais nocivo.
Sob o manto da liberdade religiosa, criminosos comuns roubam e coagem pobres e ricos a darem seu dinheiro para posterior lavagem e enriquecimento dos membros mais graduados destas "igrejas".

No fim,  a discussão se divide entre os que querem liberar geral, que separar ao ato de xingar com a ação em si e os que consideram tudo a mesma coisa, ou seja, os que defendem o direito dos homofóbicos serem homofóbicos, desde que não façam nada (violento, por exemplo), e os que acreditam que as palavras em si pressupõem crime, na medida em que perpetuam o estereótipo, o preconceito e incitam à ação (violenta).

Por violência não falo apenas da física, mas a humilhação, a violência psicológica, o impedimento, o cerceamento e por aí vai.

Como tratar da responsabilização do discurso?

Sem problemas dizer, numa igreja ou templo, que gays são pecaminosos, que devem ir pro inferno, mas o errado é quando algum destes "fieis", influenciado pelas palavras de seus líderes parte para a ação, para mandar o gay logo pro inferno? Mas, se não houvesse a incitação, o ódio perpetuado pelas palavras, teria acontecido o crime?

Raponsabilizamos apenas quem cometeu o ato violento ou quem o incitou, através das palavras? Ou melhor, esperamos até que haja a ação violenta para reagir? Esperamos que algum paulista afogue um nordestino para punir a Mayara?

A permissão da livre intolerância pode não dar em nada, pode simplesmente acabar pregando contra os que perpetuam o ódio, mas em alguns casos pode virar o nazismo, pode virar a intolerância contra muçulmanos que vemos na Europa, pode virar a expulsão de ciganos, como na França...


Até que ponto devemos tolerar os intolerantes, ou melhor, como definir exatamente o que é intolerância?
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sexta-feira, 26 de março de 2010

Uganda e nós: Homossexualidade em questão

A entrevista e declarações do deputado ugandense David Bahati na semana passada, sobre o homossexualismo (sic) causaram surpresa, repúdio para muitas pessoas, mas encontraram eco no Brasil.

Mitos, de forma preconceituosa, qualificaram a declarações de Bahati como típicas da África, do "atraso negro" africano e outras barbaridades.
BAHATI - Há muita evidência, cientistas estudaram isso. Há outro ponto: se você é gay, tem três vezes mais chances de ter Aids que um ser humano normal.
BAHATI - Em Uganda, há uma tendência que ameaça nossas crianças. Vemos pessoas usando dinheiro para recrutá-las em escolas e promover uma agenda de homossexualidade. Qualquer sexo entre homem e homem não é sexo, é abuso do sexo. 

BAHATI - Pesquisas sobre a Aids. Além disso, a homossexualidade pode reduzir a expectativa de vida em quase 20 anos. Você pode destruir seu reto. Alguns precisam usar fraldas, como crianças.
BAHATI - Não é certo que o tecido moral dos EUA esteja bem. Foi destruído. Se o homem se desvia do caminho para o qual Deus o criou, há algo errado.
BAHATI - É uma pessoa que já foi condenada por homossexualismo, um sujeito mau. Vamos focar no núcleo da proposta. Homossexualismo é um direito humano? Acredito que não deva ser. 
Só uma pequena mostra das declarações já tão divulgadas. Bahati defende a pena de morte para gays e lésbicas e é contra a liberdade de expressão, como sua entrevista completa deixa claro.

De fato, é inegável que existe, na África, um preconceito gigantesco contra os homossexuais, em Uganda, gays e lésbicas são obrigado(a)s a se esconder, e políticas anti-homossexuais são uma constante. O ódio é instuticionalizado e muitas vezes criminalizado. Mas, poucos reparam, o ódio e o preconceito contra os homossexuais não é característica apenas de algumas regiões da África. Vejam o que acontece com homossexuais em países como o Afeganistão, Paquistão, Arábia Saudita e tantos outros da região.

Uns podem dizer que dá no mesmo, africanos e muçulmanos são preconceituosos, atrasados, assassinos... É o uso de preconceito para tentar explicar outro preconceito. Não funciona. São se sustenta.

Vejam a frase a seguir“A ciência e a teologia concordam que Deus fez macho e fêmea e não uma sociedade de andróginos e bissexuais. Não existem cromossomos homossexuais, portanto essa tese é furada”. Foi dita por um pastor ugandense? Por um mulá Paquistanês? Não. Pelo Pastor Silas Malafaia.

Para quem acha, ainda, que Malafaia apenas discursa e que não causa mal ou não encontra eco, vejam ainda outra de suas declarações: “Bombardeiem com e-mails os senadores”, afirmou. “Os grupos homossexuais querem botar uma mordaça gay na sociedade.”. Malafaia fala, aqui do PLC 122/06 que proíbe a discriminação aos homossexuais (e também prroíbe o racismo e outros tipos de preconceito  baseados em raça, cor e etc), não importando se a Bíblia ou qualquer livro "sagrado" digam o contrário.

O que o "Pastor" defende é que se permita, por lei, o racismo, o preconceito, logo, um passo em direção à "utopia ugandense". Talvez seja apocalíptico pensar que algum dia chegaremos lá, mas sem dúvida estamos dando passos ou, ao menos, temos uma significativa parcela da população - notadamente os evangélicos, mas também muitos católicos - que aplaude as frases de Bahati e sonham com a "utopia ugandense".

Para os que se impressionaram com as declarações de Bahati e ainda acreditam que tal coisa é típica "deles", o vídeo abaixo talvez seja ilustrativo.



Malafaia é ainda mais direto:
Não concordamos, porque a homossexualidade é uma rebelião consciente contra o que Deus estabeleceu na Criação. A Bíblia diz que Deus criou o ser humano como macho e fêmea, e em seguida instituiu o casamento heterossexual e a família. A civilização humana tem perdurado até hoje por causa desse princípio bíblico.

Nenhuma sociedade é mais forte do que a vitalidade de suas famílias, e a vitalidade de suas famílias depende do relacionamento entre pessoas de sexos opostos, dos relacionamentos heterossexuais.

A homossexualidade é uma distorção do que Deus criou. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, ela é classificada como abominação, paixão infame, perversão moral (Lv 18.22; Rm 1.26,27; 1Co 6.9,10).

Alguns afirmam que a homossexualidade é de origem biológica, genética. O indivíduo já nasceria homossexual. Porém, nenhum cientista jamais conseguiu provar isso. Na cadeia genética do ser humano, não existe nenhum fator, nenhuma ordem cromossômica homossexual. Admitir tal coisa seria o cúmulo do absurdo. Existem cromossomos que determinam o sexo feminino e cromossomos que determinam o sexo masculino.

A homossexualidade é, antes de tudo, uma questão de comportamento, de preferência. É uma conduta aprendida ou induzida. Psicólogos e psiquiatras são unânimes em afirmar que o fator mais importante para uma criança decidir sua preferência sexual é a maneira como ela é criada. Isto é mais importante do que o próprio fator genético.

Se toda prática deturpada, pecaminosa, imoral for legalizada, onde vai parar a nossa sociedade? Se a sociedade legalizar suas aberrações, ela se destruirá. Um erro moral nunca pode ser um direito civil.

Porém, qualquer homossexual que confessar o seu pecado, receber Jesus como Salvador e obedecer à Sua Palavra, poderá tornar-se um heterossexual, poderá ser recuperado e liberto. Jesus tem poder para isto.
O preconceito criminoso é ainda usado com fins políticos por pastores, mostrando que por aqui também se faz política com o mesmo nível - ou falta dele - que em Uganda:
Lula e o seu Partido nunca esconderam sua simpatia pelo movimento pró homosexualismo. Vamos ter cuidado na hora de elegermos os nossos representantes, até por que nós não podemos ser representados por pessoas que defendem o homosexualismo, indo de encontro a palavra de Deus, como Fernando Gabeira, Marta Suprici e Luiz Inácio.
Nossos Representantes são aqueles que defendem a família e os bons costumes. Lembrem-se que somos responsáveis pelo que nossos candidatos vão legislar a favor ou contra a bíblia.
Pr. Robson Aguiar
E os exemplos são inúmeros.... E alguns, inclusive, são extremamente parecidos com os argumentos do deputado Bahati.

Temos nossa parcela de políticos fundamentalistas que defendem abertamente o preconceito, como o Senador Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, uma das maiores caça-níqueis do país, travestida de Igreja.

Sob o título "Impotência cristã diante da militância homonazista", alguns são ainda mais radicais e defendem abertamente o preconceito criminoso.

Mas, claro, não podemos ou precisamos ficar só no Brasil. O preconceito contra homossexuais nos EUA - notadamente no sul do país - chega a níveis alarmantes. Mas o preconceito não é exclusivo do sul, vejam, por exemplo, as declarações de um General da OTAN:
A retired U.S. general says Dutch troops failed to defend against the 1995 genocide in the Bosnian war because the army was weakened, partly because it included openly gay soldiers. 
"The battalion was understrength, poorly led, and the Serbs came into town, handcuffed the soldiers to the telephone poles, marched the Muslims off, and executed them," Sheehan said.
"That was the largest massacre in Europe since World War II," he said of the killing of some 8,000 Bosnian Muslim boys and men after Serbian forces captured the town.
Levin, D-Mich., appeared incredulous. "Did the Dutch leaders tell you it (the fall of Srebrenica) was because there were gay soldiers there?" he asked.
"Yes," Sheehan said. "They included that as part of the problem." He said the former chief of staff of the Dutch army had told him.
Levin said it may be the case that some militaries have focused on peacekeeping to the detriment of their war-fighting skills.
"But I think that any effort to connect that failure on the part of the Dutch to the fact that they have homosexuals, or did allow homosexuals, I think is totally off-target," said Levin, a proponent of ending restrictions on gays serving in the U.S. armed forces.
Enfim, pequenas mostras de preconceito por todo o mundo. Os ugandenses deram um passo além, o de institucionalizar o preconceito, de criminalizar, prender e matar, mas vontade não falta aos demais intolerantes pelo mundo.

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quinta-feira, 12 de março de 2009

Gays e religião...

"Pobreza e religião impedem avanço de direitos gays na A.Latina"


Não é engraçado que àqueles que mais deveriam defender a tolerância, o respeito e o amor são exatamente os que mais ferozmente lutam contra qualquer minoria ou posicionamento contrário aos seus?

Alguns grupos sequer aceitam os Gays como seres humanos... É um verdadeiro absurdo!

Em tempos de intolerância religiosa é curioso como só os muçulmanos ficam com fama de fanáticos... Tudo bem que não é tão comum encontrar um cristão com uma bomba na cintura explodindo num mercado mas todos sabem - ou deveriam saber - que apenas uma minoria de fanáticos radicais é responsável por manchar o nome dos muçulmanos mas, mesmo assim, existem vários tipos de fanatismo e intolerância.

A intolerância contra gays, lésbicas e afins é absurda e uma característica notável nos diversos grupos cristãos e no vaticano.

A "pobreza" do título não é novidade nem exclusiva, a pobreza impede o avanço de qualquer coisa, de qualquer opção ou idéia. Normal.

Já a religião se mostra um veneno, muito mais que uma solução. Ao invés de buscarem na religião o alento aos seus problemas (o que eu, pessoalmente, considero uma farsa, mas cada um na sua) prefere direcionar todo o ódio reprimido à grupos de pessoas que pensam diferente.

Daí vem o ódio de certos cristãos à qualquer um que se declare gay, comunista, lésbica, pró-aborto e etc...

Pense diferente e seja odiado.
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