Típico fascista
"descolado", que posa de moderno,
que detesta o
politicamente correto, Leandro Narloch, porém, apenas desfila
aqueles
mesmos ideais supremacistas e aquela mesma ideologia de ódio do começo
do
século XX e que foi responsável, sabemos, pelas maiores atrocidades.
Seu
ódio é contra os pobres, contra os analfabetos, contra
aqueles que ele chama da "ignorantes". Ignorantes por votar diferente
dele, por não terem a mesma linha ou forma de raciocínio e concordarem
com suas
opiniões
Narloch tem preconceito contra quem votou na Dilma, pois,
segundo ele, não pensam.
Ou melhor, é daqueles que diz
que pensam com a
barriga, logo, acusa o governo de compra de votos, de usar programas
sociais
para ter dividendos políticos. Em sua opinião, bom seria deixar o povo
morrer
de fome, aí sim votariam com a "consciência". Pelo menos aqueles que
continuassem vivos.
Eu tenho preconceito contra os
cidadãos que nem sequer sabiam,
dois meses antes da eleição, quem
eram os candidatos a presidente.
No fim de julho, antes de o horário eleitoral começar, as pesquisas
espontâneas (aquela em que o entrevistador não mostra o nome dos
candidatos) tinham percentual de
acerto de 45%. Os outros 55% não
sabiam dizer o nome dos concorrentes. Isso depois de jornais e canais de
TV divulgarem diariamente
a agenda dos presidenciáveis.
Todas as criticas da figura se direcionam, obviamente, para os
pobres, mas ele esquece qe boa parte dos membros de sua classe, dos
playboys de classe média, também não sabia, na época, o nome dos
candidatos.
Muitos destes votavam em Serra porque este
iria manter os privilégios de sua classe ou na Marina, porque, afinal,
todo playboy de classe média gosta de seguir a moda e ser descolado.
Aliás, os dados apresentados por Narloch são interessantes, na
tentativa de denegrir o eleitor de Dilma - que em grande parte votou
pela continuidade do governo Lula - ele acaba por mostrar que mesmo
Serra era desconhecido por 55% dos eleitores, afinal, eles não conheciam
o nome de nenhum dos concorrentes.
A direita mais fanática é engraçada, se FHC não presta como cabo
eleitoral - na verdade tira votos - e não pode ser usado por Serra,
então o PT também não pode usar o Lula. A continuidade é ilegal, porque a
do FHC seria um tiro no pé.
É interessante imaginar a postura desse cidadão diante dos
entrevistadores. Vem à mente uma espécie de Homer Simpson verde e
amarelo, soltando monossílabos enquanto coça a barriga: "Eu... hum...
não sei... hum... o que você... hum...
está falando". Foi gente assim, de
todas as regiões do país, que decidiu a eleição.
Ao invés de ter preconceito contra quem não sabia quais eram os
candidatos, Narloch deveria parar e pensar um pouco: Porque? Porque não
sabiam? Será que é porque são pobres e ignorantes ou é porque o sistema
político brasileiro é uma farsa? Porque os políticos em geral não
investem em educação, em polização, em inclusão social e apena surgem na
hora de pedir voto para, depois, dar uma banana ao eleitor?
Mas não, mais fácil odiar o nordestino pobre e "ignorante".
Talvez os mesmos "ignorantes" que colocavam Serra na frente nestas
mesmas primeiras pesquisas... Sinal dos tempos!
A referência ao Homer Simpson, aliás, é providencial. William
Bonner
já a usou - Vejam como a direita se entende. Se referiu assim aos
que assistem o Jornal Nacional. Será, meu caro Narloch, que o povo que
você tanto odeia, politicamente alienado - e que não é "apenas" os
pobres - assim o é porque sofrem amplo descaso dos políticos e tem uma
mídia de merda (perdoem o termo, mas é o mais próximo da realidade) que
apenas nos imbeciliza?
Tampouco simpatizo com quem
tem graves deficiências educacionais e se mostra contente com isso e
apto a decidir os rumos do país.
Aliás, vale lembrar, o Narloch, o grande gênio do voto consciente, é
editor da revista pseudo-científica Superinteressante, trabalhou na Veja
e possivelmente não lê o que publica sobre história na "Aventuras na
História". Ou se lê, não aprende. Não nota que seu ódio contra os
"ignorantes" beira o ódio de certos elementos que, daí, passaram ao puro
e simples extermínio.
Aliás, a referência educacional
claramente faz alusão ao Lula, ao melhor presidente que o país teve em
sua história (não que tenha sido, por isto, maravilhoso, claro). A
direita ainda não aceita o fato de que um PhD como FHC tenha sido um
lixo e que Lula representa um Brasil moderno e respeitado
internacionalmente.
Todo o ódio se limita a isto, ao fato de que um cara que veio da
pobreza e nunca fez seu doutorado e tampouco pertença ao seleto clube da
elite racista do Jardins/Leblon. O ciclo foi quebrado. Collor não era
do grupo e logo sofreu um impedimento, não quis dividir o butim, já
Lula, meu deus, ele veio da merda, ele era um sindicalista, ele não faz
parte do nosso grupo! Intolerável!
São sujeitos que não se dão conta
de contradições básicas de raciocínio: são a favor do corte de impostos e
do aumento dos gastos do Estado; reprovam o aborto, mas
acham que as mulheres que tentam
interromper a gravidez não devem
ser presas; são contra a privatização, mas não largam o terceiro celular
dos últimos dois anos. "Olha,
hum... tem até câmera!".
O ódio de classe e o ódio contra a origem e a história de um
nordestino pobre fica, então, escancarado. Este é o problema principal. O
povo votou num "ignorante" e a elite não tolera ser desrespeitada, não
tolera que passem por cima das suas decisões.
Vejam o raciocínio: "Globo, Folha, Veja, Abril, todos fizeram,
junto com a elite, campanha pro Serra. Então como é possível que este
povo ignorante tenha escolhido a Dilma! Oras, eles são analfabetos e
pobres, não lêem a revista! Então vamos logo atacá-los, mostrar sua
inferioridade, lamber nossas feridas atacando, porque nós é que somos
inteligentes, letrados, estudados! Nós é que temos de governar este
país!"
Mude algumas palavras, mas a idéia permanecerá a mesma. A direita
está saindo do armário. A mídia ainda se esconde, se faz de imparcial,
mas vários indivíduos-chave começam a se mostrar, a assumir seu racismo e
preconceito. Esta elite que vê o mundo preto no branco e não cinza,
contraditório, complicado.
Afinal, no poder, fecham os olhos para as classes baixas e
governam para si. "Porque descriminalizar o aborto se só pobre morre?
Afinal, nossas mulheres, brancas, ricas, podem pagar clínicas e não
sofrem nada. Porque aumentar o gasto do governo com programas sociais se
a elite não precisa? Ou mesmo os impostos, porque reduzir a carga para
os mais pobres se isto significa aumentar a nossa, a dos ricos?"
A direita, a elite, tem um raciocínio linear, não consegue
concatenar as idéias, pensamento complexo? Sem chance! Podem até estudar
o conceito na universidade, mas a prática é diferente. Sabem usar a
palavra, é bonita, "c-o-n-t-r-a-d-i-ç-ã-o", mas usar, aplicar à
realidade...
Aliás, devem estar apavorados, hoje tem
mais pobres na
universidade que ricos! Como então irão agora chamar os pobres de
burros e ignorantes?
Para gente assim, a vergonha é
uma característica redentora; o orgulho é patético. Abster-se do voto,
como fizeram cerca de 20% de brasileiros, é, nesse caso, um requisito
ético. Também seria ótimo não precisar conviver com os 30% de eleitores
que, segundo o Datafolha,
não se lembravam, duas semanas
depois da eleição, em quem tinham
votado para deputado.
Admito ser dificil ler e comentar parte-a-parte o texto desta figura
grotesca, mas é necessário. Precisa ser denunciado, demolido. O bom é
que, debaixo d todo este ódio, apenas grassa ignorância, conceitos
deturpados ou mesmo um raciocínio tão rasteiro que até envergonha. Sob o
perigo de cair na Lei de Godwin, Hitler ao menos sabia discursar.
Mussolini tinha estilo. A direita brasileira é apenas patética.
O orgulho é patético. O orgulho daquele pobre que hoje vai à
universidade que, mesmo sendo uma Uninove ou uma Uniban, ainda é motivo
de orgulho, por ser alguma coisa melhor que a submissão à casta
dominante, daquele outro miserável que saiu de lá e pode ter um telefone
- mesmo pagando as taxas mais caras do mundo.
Mas,
lembrem-se, pela cartilha da direita brasileira, privatizar é bom! Nossa
direita é entreguista, sem um pingo de patriotismo ou respeito pelo
país, sonha em morar em Miami para não se misturar.
Estes 30% de eleitores que não se lembram do voto são o que?
Pobres ignorantes ou apenas uma imensa parcela da população que,
independentemente de classe social, não se vê representada pelos
políticos eleitos ou não vê na política representativa uma saída ou
solução para seus problemas?
Não estou disposto a adotar uma
postura relativista e entender esses
indivíduos. Prefiro discriminá-los.
Eu tenho preconceito contra
quem adere ao "rouba, mas faz",
sejam esses feitos grandes obras urbanas ou conquistas econômicas.
E isto é problema do desiludido ou é um problema da formação política
e social brasileira e do trabalho de imbecilização midiática?
Imbecilização esta, aliás, patrocinada por que usa o espaço na mídia
para destilar ódio e preconceito.
Mas o caro Narloch subestima o povo. Chama-o de imbecil,
de idiota, de inferior... É o último estágio dos fascistas brasileiros,
impotentes frente à vitória de Dilma. Se o governo será bom ou ruim,
difícil saber, mas é herdeiro de um governo cujo presidente ultrapassa
os 80% de aprovação e em que nem a direita mais odiosa consegue
demonizar ou, se o faz, não consegue fazer ressoar pela sociedade.
Discriminar
é aquele estágio final em que viram que seu poder de fogo é quase zero,
que seus diplomas - por enquanto, os "ignorantes" estão chegando! - não
valem de nada, não mudam a balança eleitoral. É melhor, então, apenas
admitir que tem horror a pobre, a cheiro de pobre e viver com isso.
Conquistas econômicas só para a elite. Pobre não pode ter
dinheiro! Absurdo! Reforma urbana, casas para sem-teto e população de
baixa renda, urbanização de favelas, todas obras que merecem repúdio.
Obra boa mesmo é aquela patrocinada pelo Kassab, sanitarista,
higienista, que tire os pobres sujos do caminho e deixe a elite andar em
paz.
Referência ao Mensalão, talvez? Ao caixa dois que, de fato
existiu, mas começou em minas com o PSDB e é praticado por TODOS os
partidos com exceção de poucos como o PSOL? Não é justificável, mas
condenar um em detrimento de outros é atitude tão burra quanto.
Contra quem se vale de um marketing da pobreza e culpa os outros
(geralmente as potências mundiais, os "coronéis", os grandes
empresários) por seus problemas.
Como é preciso conviver com
opiniões diferentes, eu faço um tremendo esforço para não prejulgar
quem ainda defende Cuba e acredita em mitos marxistas que tornariam
possível a existência de um
"candidato dos pobres" contra um
"candidato dos ricos".
"Marketing da pobreza", adorei! Vai ver que as crianças pedindo
esmola no sinal, ou as favelas - pegando fogo - ou mesmo os indigentes
dormindo nas calçadas sejam só intriga da situação. É marketing. Querer
tirar estes da miséria? Marketing.
Mas, realmente, terrível culpa os "outros". Culpar as potências
mundiais que, com seus acordos e organizações perpetuam a pobreza ao
impor concertos econômicos esdrúxulos aos países pobres? Absurdo!
Clpar os coronéis que mantiveram - e ainda mantém - os pobres das
cidades mais desgraçadas (no sentido de pobres, por favor) na mais
completa miséria e ignorância? Jamais!
Oras, vejam que disparate, culpar os empresários, só porque estes
formam cartéis, aprovam o monopólio, praticam uma mais-valia
assustadora, escravizam trabalhadores e se recusam a reconhecer os
direitos sociais e trabalhistas de seus funcionários? Inaceitável!
Acusação vil!
A referência à Cuba é a cereja do bolo. Sempre. É a Lei de Godwin
da direita. Ou a Lei de Fidel. Sempre que uma discussão com a direita
esquentar, eles apelarão pra Cuba. Não importa que críticas faça a
própria esquerda à Cuba, nem o embargo, nem os sucessos, é sempre a
saída final, aquilo que acaba com a discussão - para eles.
Falando
nesta direita acéfala, não é de surpreender que o artigo tenha sido
publicado pela Folha (
acesso
restrito) e logo depois
re-postado
pelo Augusto Nunes, o cão de guarda da Veja que foi humilhado pelo Zé
Dirceu no Roda viva (vale à pena assistir), que demonstra a cada post o
nível (ou a falta) da atual direita brasileira. Ressentida, acuada, sem
argumentos e em franco desespero.
A direita brasileira é tão burra que sequer sabe aproveitar o
fato de boa parte da população ser conservadora. Partem logo para a
agressão, afastando os mais moderados e virando mero motivo de piada.
Vejam,
apenas de passagem, a argumentação usada por este Augusto Nunes para
criticar o Ministro Celso Amorim, apenas o
maior
ministro de Relações Exteriores desde Rio Branco:
Nenhum país merece, pensei na poltrona logo atrás. Amorim lembrava
um
pintassilgo com frio. E então tive de resistir bravamente à tentação que
sempre assaltava Nelson Rodrigues quando topava com o cronista
Carlinhos Oliveira, pequeno e franzino, nas ruas do Rio.
Nunes chama o nosso ministro de "passarinho", critica o
formato de seu
corpo e diz que "nenhum país merece". Realmente, saudades do Ministro
Lafer, que humilhava o país retirando o sapato nos aeroportos dos EUA.
Mas é desta subserviência que nossa elite gosta!
De fato não podemos falar, nas ultimas eleições, em apenas um
candidato dos ricos e dos pobres. Mas podemos com segurança falar do
candidato da
criminalização,
da
mentira
e da farsa, do
sanitarismo, da
violência,
da
barbárie,
da
intolerância e do
atraso.
Serra e Marina disputam as classificações.
Afinal, se há alguma receita testada e aprovada contra a pobreza,
uma feliz receita que salvou milhões de pessoas da miséria nas últimas
décadas, é aquela que considera a melhor ajuda aos pobres a
atitude de facilitar a vida dos criadores de riqueza.
Já sei, aquela receita neoliberal aplicada por FHC que tirou os
pobres..... hmmmm, não, não tiro não, só os afundou no buraco. Ou talvez
aquela, também neoliberal, que resgatou a Argentina... opa, também não.
A Argentina faliu... Ou a do FMI pra Coréia do Sul! Ah essa... eita,
também não, a Coréia do Sul se recusou a seguir o FMI, por isso
cresceu....
É o caso do Chile e de Cingapura,
onde a abertura da economia e a extinção de taxas e impostos fizeram
bem tanto aos ricos quanto aos pobres. Não é o caso da Venezuela
e da Bolívia.
Pois é, países com população ínfima comparada ao Brasil... Cingapura
nem vale comentar, é um colosso!
Mas, bem, vamos entrar na discussão de ditaduras? Porque o Chile
teve de matar mais de 30 mil pra ter o crescimento que o Narloch admira.
Cingapura também nunca foi bem ma democracia. Pena que o Brasil "só"
matou uns 300 ou 400. Se tivesse matado um milhão, quem sabe?
Mas, realmente, Chile é bom exemplo, a população
Mapuche
que o diga! Estão em
festa.
Já Venezuela e Bolívia, realmente, terrível! Ao invés de caminhar
rumo ao consumismo, à noção de acumulação acima de tudo, passaram a
impor leis democráticas de respeito aos povos originários, garantiram
educação universal a todos, erradicaram o analfabetismo, melhoraram os
indicadores sociais....Besteira.
Por fim, eu nutro um declarado e
saboroso preconceito contra quem
insiste em pregar o orgulho de sua
origem. Uma das atitudes mais nobres que alguém pode tomar é negar suas
próprias raízes e reavaliá-las com equilíbrio, percebendo o
que há nelas de louvável e perverso. Quem precisa de raiz é árvore.
A declaração final da elite racista e entreguista. Dispensa grandes
comentários. A declaração em si representa tudo aquilo de mais
repudiável, de uma elite disposta a abrir mão da história do país, a
negar sua origem.
Que vendam tudo, que matem todos, mas a elite permanecerá. O
resto é resto.
Este artigo da/na não vem do nada, mas é
reflexo e uma campanha suja em que a direita mais racista, os fascistas
dormentes, despertaram e ganharam a mídia. Mayara Petruso, Leandro
Narloch, Augusto Nunes e tantos outros são apenas o reflexo do nível do
debate político nacional, em que a mídia e a direita, completamente
desesperados e esvaziados de idéias, partem para os ataques mais toscos e
absurdos, criando e perpetuando ódio, preconceito e racismo.
Mas, de fato, Narloch,
nós
(sic) somos mesmo preconceituosos e racistas.