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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Apoio governamental ao coronelismo?

Quando achamos que, no natal, teremos uma folga dos absurdos quase diários do governo Dilma, eis que mais uma novidade surge. Dilma irá suspender um dos melhores programas criados por Lula, o Programa Um Milhão de Cisternas.

O projeto parece simples, mas está na base do Keynesianismo que o governo deveria ter adotado em diversas outras áreas do Brasil. Consiste, grosso modo, na construção de cisternas de cimento para armazenamento de água e que, apesar de parecer pouco, garante ao mesmo tempo trabalhalho para os mais pobres e os livra do comando dos Coronéis, que estão quietos, mas não mortos nos grotões do nordeste.

O resultado deste esforço entre governo federal e sociedade civil organizada foram 371 mil cisternas de cimento, envolvendo 12 mil pedreiros e pedreiras das comunidades e beneficiando mais de 2 milhões de brasileiros em 1.076 municípios. Algo grande, muito grande, para quem acompanha a história do Nordeste brasileiro. Basta andar pelo semiárido para ver que, quando há vontade política, é possível fazer milagres de gente. A presença da água, com a implantação coletiva de uma simples cisterna, tem mudado não apenas a economia, mas a autoestima do povo que vê florescer a vida e também a possibilidade de reescrever sua história – desta vez como autor, e não mais como personagem.
Agora, de uma tacada só, Dilma suspendeu o convênio com as ONG's que tocam o projeto, com a intenção de repassar a responsabilidade do projeto para os governos estaduais e municipais - EXATAMENTE as instituições dominadas por coronéis - e irá substituir as ciscertas de cimento por, pasmem, de plástico!

Imaginem só cisternas feitas de plástico, no calor do sertão. Se não derreterem, se deteriorarão com uma velocidade absurda.Nem precisa comentar que as cisternas de plástico são ainda mais caras que as construídas hoje. Oras, algum amigo ou parente de político da "Base Aliada" deve ser dono da fábrica, tem que ser privilegiado de alguma forma, não?
Enquanto a Articulação no Semiárido (ASA) reivindica os recursos previstos para a continuidade de suas ações, o governo federal vai investir R$ 1,5 bilhão na instalação de 300 mil cisternas de plástico. O valor gasto pelo governo corresponde a mais que o dobro do que a ASA gastou para construir 371 mil cisternas de placas no Semiárido.
De uma só vez, Dilma eliminou o trabalho da construção de cisternas, sua durabilidade e a independência em relação aos coronéis. Tudo substituído pela total subserviência e assistencialismo, marcas registradas de seu (des)governo que, até o momento, coleciona erros grotescos.

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Jornalixo brasileiro ataca novamente durante apagão/blecaute

Nordeste (quase) todo com apagão sem que ninguém soubesse a ou as causas e nenhum grande portal noticiava... Muitas horas depois - com o Twitter lotado de referências ao fato e nos trending topics mundiais - tímidas notas apareciam aqui e acolá nos conglomerados (o Terra aparentemente foi o primeiro)...

Mas o jornalismo brasileiro não se limitou a ser lerdo. Não, fez muito pior. A relevância dada ao caso, no caso de um conglomerado poderoso, foi MENOR do que ao fato do show de Ivete Sangalo ter sido, acreditem, interrompido pela falta de luz!

Sim, o show de uma cantora é, para o Globo.com MAIS RELEVANTE que o apagão no nordeste!

Vejam a home do famigerado site que não cita absolutamente nada sobre o apagão em si mas posta até fotos do importantíssimo show às escuras.

O UOL não foi muito melhor, deu um pequeníssimo destaque ao apagão (que pra eles ocorreu só em Recife) e, claro, uma nota abaixo falando, adivinhem, da mesma Ivete Sangalo!
Algum tempo depois o Uol ao menos teve a decência de informar que o blecaute foi maior do que em Recife... Mas Ivete estava lá!

O G1, "portal de notícias da Globo" nem noticiou o blecaute (ao menos até as 02:22), mas Ivete? Sim, estava lá! Pobre coitada, não pôde cantar!

Música ruim bate evento de grande importância! Parabéns grande mídia, vocês são um lixo!

Aliás, um adendo, o problema parece ter sido na transmissão e não na geração (como o blecaute anterior), as mesmo assim apareceu oportunista no Twitter defendendo Belo Monte (geração)... Vê se pode!

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Já de manhã, a maioria dos portais dava algum destaque ao apagão, ainda que citassem a infeliz cantora... Menos o glorioso portal daquele conglomerado global que dava um destaque simplesmente vergonhoso...

Sério, eu realmente sinto vergonha do jornalismo brasileiro e dos jornalistas que são coniventes com tudo isto. É jornalista (sic) cujo trabalho é cobrir o BBB, jornalista subserviente à vontade dos patrões... Simplesmente inaceitável.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Preconceito e Histórias de um Nordestino

Abaixo, copio o depoimento de Givanildo Manoel, nordestino e morador de São Paulo, recebido através de uma das várias listas que participo.

Não sou nordestino de nascimento, mas de criação. Sou Carioca, mas fui criado na Paraíba (interior e capital), terra da minha avó, e em Pernambuco (também interior e capital) e boa parte da minha formação se deu em Recife, terra de minha mãe. Meu avô? Maranhense.

Meu pai é carioca, minha mãe viveu boa parte da vida no Rio, assim como meus avós, logo, vim de uma família nordestina com largos laços com o sudeste, com o Rio e fui criado com esta dupla visão, a de um carioca e a de um nordestino.

Sem dúvida não passei por nada comparável ou notei nada similar ao descrito pelo Giva no texto abaixo, mas não posso dizer que não entenda, que não conheça.
Car@s companheir@s,

Queria dar um depoimento pessoal em relação ao caso Mayara.

No começo de 1982 no começo da adolescência cheguei em São Paulo vindo do interior de Pernambuco com a minha mãe e irmãos, a minha vinda foi como a  de muitos nordestinos, que sem perspectiva de vida naquela ocasião, tinha que se desteritorializar, com todo o sentido do que significa isso e  reteritorializar em outro lugar de grande estranheza do seu local de origem.

Para muitos que são de São Paulo, pode ser que não compreenda esse processo, mas para quem vem de fora, acreditem, o impacto deixa marcas muito grande e mais ainda se for traumática, como foi o meu caso e de muitos outros.

São Paulo me traumatizou em muitos aspectos e o primeiro deles , foi em relação a questão urbana, para alguém que sai de uma cidadezinha de menos de 10 mil habitantes, com um traçado urbanístico português com casas ainda do estilo colonial, sem nenhum aranha céu, o que permitia vê o céu  azul e límpido, chega aqui e já se depara com os prédios monstruosos, sem que permitisse vislumbrar o céu e quando o via era plúmbeo,  o que alguns  anos depois lembrei do impacto daquele céu apresentado na minha chegada,  assistindo a Blade Runner. Aquele cenário, foi o primeiro choque que tive, lembro que me perguntava assustado, aonde estava o céu ?

Um segundo trauma, foi em relação ao tratamento que me foi dispensado pelas pessoas de forma geral,  que conheci nos primeiros tempos quando aqui cheguei, acontecia principalmente quando abria a boca para falar, que era sempre acompanhado por uma platéia sempre disposta a rir e me pedir um biz da minha fala, para repetir sempre , “ fala mais baiano”, foi assim na rua em que fui morar, foi assim com os filhos dos meus parentes  que aqui nasceram  e foi assim na escola.

Essa situação fez com que, eu recolhesse a minha fala para o mínimo possível externo a minha casa, ou seja, praticamente não falava na rua (latu) e durante um ano, fizesse um exercício absurdo para aprender a falar o paulistês, apesar de não entender porque era tratado daquele jeito, porque quando chegava um paulista ou alguém que estava morando em São Paulo, na minha cidade  era uma festa, as casas que recebiam os hóspedes ilustres, sempre era agraciada com visitas de toda a cidade e se fazia durante vários dias, a casa mais respeitada por ter tal honra de receber tão  ilustres visitantes.

Lembro que  uma das coisas que mais gostávamos daqueles visitantes, era o sotaque, nos derretíamos todos ao ouvir os paulistas falarem, que sempre levavam seus filhos e filhas  isso fazia com que as meninas se apaixonassem pelos meninos e os  meninos pelas meninas, era uma tristeza só quando iam embora.
  
Então a minha estranheza foi enorme, porque eu teria virado motivo de chacota, porque o meu sotaque , a minha fala, estava sendo caçada? Imediatamente não conseguia compreender, só muito tempo depois, pensando no que vivi é que fui compreendendo , que aquilo fazia parte de um acultura de opressão constituída na cultura brasileira, que dizia respeito ao dominador e dominado e mais contraditoriamente, que uma parte considerável daqueles que me oprimiam, tinha a sua origem familiar, exatamente nas regiões que eram oprimidas, que os pais tios e avós, fugiram da má sorte imposta  por quem tem poder , para vir para essas grandes cidades em busca de sobrevivência , tentando assim romper com a sina estabelecida.

Claro, que essa memória aliada com a necessidade de oferecer aos vencedores uma boa  prenda, impôs a necessidade de apagar da memória dos vencidos a sua verdadeira história, que em muitos casos levou a assumir a cultura do vencedor, que trás fortemente a marca da opressão.

A terceira e mais marcante opressão e pouco falada, poucas pessoas falam disso. Naqueles anos ainda de opressão, uma crise econômica assolava mais uma vez o capital, na medida que tínhamos a organização dos trabalhadores e  movimentos sociais, lutando pela efetivação da democracia, a crise econômica jogava grandes contingentes de trabalhadores na rua, logo o capital precisava encontrar responsáveis, que não ele, que não a sua lógica, nesse período surgiu, um grupo que se autodenominava, Comando de Caça aos Nordestinos –CCN, que destilava em muitos muros da cidade o seu ódio ao povo do nordeste, não era anormal encontrar muros com frases , “ Nordestino bom é nordestino morto!”, “Fora Nordestinos!”, “morte aos nordestinos!” . Lembro vagamente de noticias de ataques a nordestinos, porém, como São Paulo sempre foi uma cidade violenta, como comprovar isso?? Logo, não era relevante investigar esses crimes de ódio.

Lembro-me que tinha medo de duas coisas,naqueles idos de 80, da Rota e de encontrar com alguém desse CCN, a Rota ainda havia a possibilidade de mostrar o avental branco de estudante ( que era a forma da Rota não nos matar , depois que matou muitos estudantes que estudavam a noite) ,mas o CCN era exatamente no aspecto físico e na fala, que eu pensava que a minha sentença de morte estava assinada!

Penso que o capital cria diversos tipos de preconceitos para justificar a opressão, machismo, racismo, homofobismo, adultocêntrismo e tantas outras formas de opressão, sei que guardo muitas das características que põem levar a situações de opressão , mas o ódio e a opressão que sofri enquanto nordestino, foi o pior deles, talvez por ser um menino quando o sofri tão violentamente, mas, com certeza esse deixou uma marca em minha alma, que por muito tempo tive dificuldade de  superar os traumas desse ódio.

Sinto que o rebaixamento dessa campanha eleitoral, tenha retirado o que de importante tenha em uma campanha política, que é o aspecto educativo , principalmente para aqueles que fazem alguma defesa de classe, que retira a possibilidade de refletir essas opressões, colocando o que tem de pior em uma sociedade opressora , logo entendo que todos aqueles que rebaixaram o debate político são responsáveis por essa ação que esse grupo que é ligado a um partido x, mas poderia ser y ou z, não importa, todos aqueles que aceitaram o debate conservador e opressivo,  é responsável pela Mayara.      

Givanildo Manoel, do blog http://infanciaurgente.blogspot.com/
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Caso @Ju_Tedesco: "Apenas" mais racismo e preconceito ou AI5Digital e Vigilantismo?

@Ju_tedesco, apenas mais um dos milhares de perfis racistas, preconceituosos e de caráter neonazista que se espalham pelo Twitter.

Mais de 15 mil seguidores, presente em várias listas.... Fez escola com a Mayara Petruso e com a elite paulista.
Possivelmente fake?

Sem dúvida. De uma hora pra outra a figura perde 15 mil followers (tinha 30 mil no começo do mês), deletou todos os tuítes e começou do zero, mesmo não sendo um perfil novo. E pra piorar, usa o nome de uma travesti carioca, assassinada em 2006.
O CRDH  Juliana Tedesco  recebe o nome da  travesti de 17 anos assassinada com dois tiros em 2006 em Cabo Frio. Juliana foi uma das vítimas da homofobia ano passado no município, assim como ela a jovem lésbica A.S., também com 17 anos, foi encontrada morta por asfixia na Praia do Siqueira e em ambos os casos os assassinos continuam livres e os crimes sem solução.”
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Segundo pesquisas no Twitter levada a cabo por vários ciberativistas, o perfil @Ju_Tedesco possivemente era controlado pelo estudante de Letras da UnB Marcelo Valle, já processado por pregar o ódio nas redes sociais.
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Na verdade, pouco importa. É resultado do mesmo fenômeno, ou melhor, resultado do trabalho do mesmo grupo. DemoTucanato censurador, que sente ódio da democracia e da liberdade. Parece forte? Sim. Mas a briga é dura e é esta a verdade.

Uma elite racista, preconceituosa, que acredita que o Brasil se limita ao sul e ao sudeste e que o resto é apenas território inóspito a ser sustentado (contra a vontade) e devidamente roubado - e com a ajuda das elites locais, claro.

A juventude racista e xenófoba de hoje é resultado direto do trabalho das elites racistas do sul/sudeste brasileiro que, por anos, subjugaram o nordeste e o reduziram a um lugar para passar férias e explorar, mas não onde existe gente, onde habitam os mesmos brasileiros que em qualquer outro lugar do país.


Estereotipado, explorado e humilhado, o nordeste ao ganhar visibilidade no governo Lula acabou sendo alvo do ódio desta classe acostumada a mandar, a dar as ordens, a tratar todo o resto como serviçal.

E o AI5Digital vem também daí. De uma elite que não aceita insurreições, que não tolera que seu poder midiático seja denunciado e que haja competição. Para manter a posição da elite, vale tudo, disseminar o ódio e censurar.

Ao criar sites carregados de ódio, perfis e comunidades, os vigilantes se auto-municiam. Podem, desta forma, mostrar aos cidadãos preocupados - conservadores sem tanto ódio ou ao menos que fingem preocupação - que só o controle ferrenho da internet, o cerceamento da liberdade na rede, é que irá garantir que este tipo de coisa não aconteça.

Reagir com raiva a estes perfis, a estas provocações é dar apenas munição aos censuradores que, desta forma, podem pregar com mais força ainda a necessidade de um controle para evitar este tipo de "abuso", o que eles não dizem é que o objetivo real é o de controlar todo o conteúdo da rede e espionar todos os nossos passos, enfim, a intenção é a de criminalizar o usuário e usar desculpas e subterfúgios para conseguir.

Curiosamente, os mesmos que pregam a censura da internet são os que bradam desesperados e raivosos que regulamentar a mídia seria censura! Basicamente, querem garantir a total libertinagem da mídia, seu polo de ação, mas restringir a internet, lugar onde não conseguem se impor, não importa quanto dinheiro tenham.


AI5Digital e racismo são irmãos. Filhos de mesmo pai e de mesma mãe. Reflexos da decadência de nossa sociedade, ou melhor, de nossa elite.

O que nos resta fazer? Combater. Ambos. Na mesma frente. Todos contra o racismo e contra o controle da rede, pela democratização das comunicações, pelo acesso.

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Com humor também se combate!=)

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Investigação sobre o perfil, é interessante notar que até 4 de novembro "ela" era seguida por mais de 30 mil pessoas e tuitava com alguma frequência. Deve ter apagado todos os tuítes, mudado o nome e passado a agir como neonazista. O que este perfil era antes, não sabemos, mas se pudesse apostar diria que tem o dedo do DemoTucanato.

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E o perfil foi deletado no fim do dia 15 de novembro ou, possivelmente, mudou de nome.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Neofascismo Paulista e a Mídia - Os ataques da Folha

Quando o maior jornal do país passa da "simples" oposição golpista e inconsequente para a defesa aberta do separatismo paulista, defendendo idéias francamente fascistas e flertando com o neonazismo, devemos começar a nos preocupar.

Quando, por causa do racismo de uma garota inconsequente, mas retrato fiel de uma importante parcela da elite paulista(na), um programa de TV de audiência considerável convida para uma entrevista integrantes de grupos separatistas e fascistas que defendem a expulsão de nordestinos de São Paulo e pregam ideais supremacistas, separando o Brasil entre "raça paulista" e "raça nordestina", a última visivelmente inferior, devemos não mais apenas nos preocupar, mas agir.

A Folha de São Paulo virou o bastião do atraso e de idéias ultrapassadas. Na tentativa de atacar o presidente Lula e defender Serra - tentar ao menos dar-lhe sobrevida - partem para um ataque violento e preconceituoso.

Na quinta, a Folha de São Paulo publicou um texto que flerta abertamente com o neonazismo, prega o descarado preconceito contra pobres, culpando-os por sua situação, e claramente criminalizando qualquer tentativa do Estado de ajudar aos mais necessitados. A elite não quer perder sua empregada doméstica nem seu porteiro, enfim, seus privilégios de classe.

Na sexta, a Folha, novamente, atacou. Um artigo simplesmente grotesco e assustador de uma professora de direito penal da USP que, honestamente, merecia ser devidamente enquadrada por seus alunos.

No artigo, a "professora" faz questão de atacar da forma mais vil ao presidente Lula e transforma as vítimas em algozes. Para ela, os Paulistas sofrem preconceito! Sim, acreditem!

Mas vamos por partes.
Sou neta de nordestinos, que vieram para São Paulo e trabalharam muito para que, hoje, eu e outros familiares da mesma geração sejamos profissionais felizes com sua vida neste grande Estado brasileiro.
De início, o velho artifício de dizer "Sou filha, neta, bisneta ou o inferno de Nordestinos, logo, como posso ser contra nordestinos?". Argumento, infelizmente, inválido. Vários Judeus apoiaram Hitler, alguns Palestinos apoiam Israel. Traidores, pessoas que renegam sua origem e seu passado são algo tão comum que sequer vale comentar. Aliás, numa roda de amigos sempre tem o cara que conta piadas racistas mas lembra meu tatatatataravô era negro, não sou racista".

Em apenas 3 linhas, aliás, encontro outro absurdo, o de separar os "nordestinos que trabalham" dos demais.

É o pensamento de muitos do Movimento São Paulo para os Paulistas. Talvez possam deixar alguns nordestinos em São Paulo, mas aqueles que trabalham, afinal, não viveriam sem seu porteiro.
É muito triste ler a frase da estudante de direito Mayara Petruso, supostamente convocando paulistas a afogar nordestinos.
Também é bastante triste constatar a reação de alguns nordestinos, que generalizam a frase de Mayara a todos os paulistas.
Igualmente triste a rejeição sofrida pelo candidato da oposição à Presidência da República, muito em função de ele ser paulista. Todos ouvimos manifestações no sentido de que, tivesse sido Aécio Neves o candidato, Dilma teria tido mais trabalho para se eleger.
Independentemente da tristeza que as manifestações ofensivas suscitam, e mais do que tentar verificar se a frase da jovem se "enquadraria" em qualquer crime, parece ser urgente denunciar que Mayara é um resultado da política separatista há anos incentivada pelo governo federal.
Não, "professora", não é "triste" ler a frase da Mayara. É vergonhoso. Atitude criminosa vergonhosa e lamentável. E não há nada "suposto". Está escrito para quem quiser ler, é fato.

E bela tentativa de, agora, culpar os nordestinos por dizer que todo paulista é preconceituoso. Aliás, nunca vi tal coisa. Nunca vi um nordestino dizer que todo paulista é preconceituoso, "professora", eles sabem perfeitamente diferenciar aqueles podres dos decentes. E, quando digo "eles", posso me incluir, pois mesmo não tendo nascido no nordeste, me criei lá e tenho muito orgulho disso.

Dizer que o "candidato da oposição" - e cai a máscara - sofreu preconceito é risível. É vergonhoso.

Se Aécio tivesse sido candidato, fato, Dilma teria mais dificuldade, mas não por ele ser mineiro e Serra paulista, mas por Serra ser um incompetente que nunca terminou um mandato na vida e como esporte pratica o espancamento de professores e o tiro ao alvo entre PM e Civil. Nas horas vagas Serra invade a USP e desrespeita a democracia uspiana escolhendo candidato odiado, coisa só antes feita na Ditadura.

Serra perdeu não por ser paulista, mas por ser um incompetente e ter flertado fortemente com elementos de extremíssima direita, nocivos a qualquer democracia.

Querer desculpara derrota e o neofascismo de Serra, dizendo que os nordestinos são preconceituosos é inverter completamente a história e, honestamente, para uma advogada e professora, seus argumentos são banais.
É o nosso presidente quem faz questão de separar o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos. Infelizmente, é o líder máximo da nação que continua utilizando o factoide elite, devendo-se destacar que faz parte da estigmatizada elite apenas quem está contra o governo.
Ultrapassado o processo eleitoral, que, infelizmente, aceitou todo tipo de promessas, muitas das quais, pelo que já se anuncia, não serão cumpridas, é hora de chamar o Brasil para uma reflexão.
Talvez o caso Mayara seja o catalisador para tanto.
Foi o nosso presidente, "professora", quem conseguiu fazer o pobre comer, ir à universidade. A elite tem ódio disso. APESAR da elite paulista, o pobre hoje tem mais dignidade. Foi pouco? Sim, muito pouco, mas melhor que FHC, ops, que nada.

A elite não é um factóide, mas é a classe que nos atrasa, que entrega o país em troca de férias em Miami, que se vende por quem pagar qualquer trocado. Nossa elite, em geral, "professora", é podre, desprezível.

Mayara Petruso é o reflexo do preconceito desta elite, que tem horror ao cheiro de pobre, que tem horror a nordestino, que representa o pensamento do PSDB e de Serra, da elite paulistana que não é estigmatizada, mas por vezes age como se fosse o estigma do país.

Engraçado o vosso raciocínio (sic), especialmente considerando que Dilma teve grande votação mesmo em São Paulo. Será que foram só os terríveis nordestinos ou o paulista que a apoiou e não compra este discurso de uma elite ferida e desesperada que quer se fazer de vítima e levar todo o estado e São Paulo consigo?
O Brasil sempre foi exemplo de união. Apesar das dimensões continentais, falamos a mesma língua.
Por mais popular que seja um líder político, não é possível permitir que essa união, que a União, seja maculada sob o pretexto de se criarem falsos inimigos, falsas elites, pretensos descontentes com as benesses conferidas aos pobres e aos necessitados.
São Paulo, é fato, é fonte de grande parte dos benefícios distribuídos no restante do país. São Paulo, é fato, revela-se o Estado mais nordestino da Federação.
Nós, brasileiros, não podemos permitir que a desunião impere. Tal desunião finda por fomentar o populismo, tão deletério às instituições no país.
Realmente, pobre não merece "benesses", tem que ser tratado na porrada. Opa, realmente, a nobre "professora" realmente votou no Serra. Nisto ele é mestre.

Quanto aos "pretensos descontentes", que tal verificar a posição do DEM sobre o ProUni? A senhora não é professora (sic) de direito? ADIN contra o ProUni significa o que? Pensar nos pobres ou querer proibir aos pobres o acesso à universidade?

Desunião, na linguagem das elites - sejam elas paulistas, cariocas ou acreanas - é a quebra do modelo de exploração e superexploração da pobreza. Desunião é a empregada doméstica ser gente, é o preto ser cidadão, é o índio ter terra pra viver.
Não há que se falar em governo para pobres ou para ricos. Pouco após a eleição, a futura presidente já anunciou o antes negado retorno da CPMF e adiou o prometido aumento no salário mínimo. Não é exagero lembrar que Getulio Vargas era conhecido como pai dos pobres e mãe dos ricos.
Não precisamos de pais ou mães. Não precisamos de mais vitimização. Precisamos apenas de governantes com responsabilidade.
Se, para garantir a permanência no poder, foi necessário fomentar a cisão, é preciso ter a decência de governar pela e para a União.
Quanto a Mayara, entendo que errou, mas não parece justo que seja demonizada como paulista racista, quando o mote dado na campanha eleitoral foi justamente o da oposição entre as regiões.
Não precisamos de pais ou mães, mas temos filhos da puta querendo tomar o poder, seja por eleições - perderam - ou na marra, no golpismo, criando tensão, separatismo e ódio.

Ou fazemos alguma coisa ou esta câncer se espalhará pelo país. Logo logo a Globo fará reportagens mostrando como os terríveis nordestinos desprezam os paulistas e estaremos perdidos.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ato de Desagravo aos Nordestinos, contra o preconceito!

Vereador Francisco Chagas promove Ato de Desagravo aos Nordestinos
Evento será realizado após a Sessão Ordinária da Câmara nesta quinta-feira, dia 11, e contará com a participação de autoridades ligadas aos Direitos Humanos e Cidadania e representantes da sociedade civil

Acontece nesta quinta-feira (11/11), às 17 horas, no Plenário 1º de Maio, na Câmara Municipal de São Paulo, o Ato de Desagravo aos Nordestinos. O evento será realizado após a Sessão Ordinária da Casa Legislativa.
Promovido pelo Vereador Francisco Chagas (PT), o Ato tem por objetivo manifestar repúdio às ofensas disseminadas na Internet, e à introdução e prática na sociedade paulista e brasileira de qualquer forma de discriminação das pessoas motivadas por preconceitos, seja de raça, cor, etnia, sexo, origem regional, religião, nacionalidade, entre outras.
São aguardadas para o Ato, além dos vereadores, outras autoridades e instituições ligadas aos Direitos Humanos e Cidadania, representantes das comunidades nordestina, negra e indígena, bem como entidades da sociedade civil, e representantes de trabalhadores, sindicatos e movimentos sociais.
Na semana passada o Vereador Francisco Chagas protocolou no Ministério Público Federal, em São Paulo, uma Representação para apuração de possível prática de Crime de Racismo cometida por usuários de redes sociais da Internet, como Twitter, Facebook, Orkut e outras.
Esses usuários distribuíram ofensas de cunho racista pelas redes sociais logo após ter sido anunciada a vitória de Dilma Roussef, na noite do dia 31 de outubro. As ofensas são contra os habitantes e pessoas com origem nos Estados localizados no Nordeste e Norte do País, bem como contra membros das comunidades indígena e negra.
O Vereador Francisco Chagas é autor da Lei Municipal que criou o Dia do Nordestino na cidade de São Paulo. A data faz parte do Calendário Oficial de Eventos do município, e tem como objetivo prestar uma justa homenagem e reconhecimento aos mais de 4 milhões de cidadãos de origem nordestina ou seus descendentes que moram na capital paulista.
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sábado, 6 de novembro de 2010

Tolerar os intolerantes, ou o que é intolerância?

Um debate muito interessante surgiu no Twitter entre mim, o @Hupsel, @Botecosujo, @eduloureiro, @DeniseChiara e alguns outros sobre a questão da inotolerância, tendo como pano de fundo o processo que a racista Mayara Petruso levará pra casa por suas ofensas contra os nordestinos.

Os argumentos iam desde os que defendiam a punição da garota - e a punição de toda e qualquer ofensa racista e xenófoba - e dos que defendem o modelo americano de plena liberdade individual, de falar o que quiser e deixar que a sociedade regule o que é ou não aceitável.

Proibir a livre manifestação tendo por base conceitos abstratos do que é ou não preconceito foi questionado por isto abrir brechas para a censura e para a criminalização de opiniões, por outro lado, como garantir o controle sobre incitações ao ódio?

Nos EUA a KKK é tolerada e é residual, mas não exatamente sua ideologia, incorporada pelo Tea Party e por uma significativa parcela da população - basta observar as políticas anti-imigração em curso em vários estados americanos, especialmente no Arizona -, além disto podemos dizer que nos EUA os vários lados, as várias opiniões tem acesso à mídia, tem a possibilidade de divulgar suas idéias com um mínimo de igualdade, o que, mesmo assim, não garante que crimes de ódio não aconteçam.

A mídia é uma grande questão. No Brasil a mídia é dominada por um grupo de famílias de elite com interesses bem distantes das do povo e por igrejas evangélicas e ramos da igreja católica, logo, a mídia é usada ativamente para perpetuar o preconceito, a homofobia, o machismo.... Enquanto aqueles com pensamento diametralmente oposto são escondidos e tem limitado acesso (algo que a internet vem mudando felizmente).

Devemos, em nome da liberdade de expressão, tolerar a homofobia em igrejas? Devemos tolerar a pressão que leva dezenas, quiçá centenas de jovens gays ao suicídio pelo preconceito que sofrem da sociedade, ou é necessário combater o preconceito?

Qual seria o limite entre a censura e a punição justa, ou melhor, qual o limite entre expressar uma opinião e ser preconceituoso? Está nas palavras de quem se expressa ou no receptor, em quem é vítima?

Muitos podem dizer que é muito fácil se fazer de vítima, e é verdade, mas também é igualmente fácil desmerecer a vítima e considerar que a ofensa sofrida não foi assim tão grave.

Qual a diferença entre um grupo de amigos contando piadas de gays e um padre pregando que gays devem ir pro inferno? A intenção? A recepção dos atores envolvidos? Ou a idéia de que um grupo de amigos contando piada é inofensivo, mas um padre, como líder, prega para uma audiência que encarará suas palavras como verdade e as repetirá e perpetuará? Estaria no alcance, então?

A questão talvez passe pela responsabilidade ou pela responsabilização, por ser responsável pelas palavras, enfim. Passa pelo alcance, pela recepção da platéia, pelo local e, acima de tudo, pela intenção.

Um dos argumentos usados no debate foi o de que de certa forma, o "preconceito ou ódio de classe" em escritos marxistas poderia ser considerado, claro, como preconceito. Válido, mas discordo.

De antemão deve-se ter em mente que o ódio de classe já existe e é anterior à teoria e que esta vem exatamente para tentar sanar as distorções, ou melhor dizendo, existe um ódio de classe, perpetuado pela burguesia que explora o proletário e este se levanta contra esta exploração e encontra nos escritos marxistas seu guia.

Podemos falar em preconceito contra o preconceito. Ainda que, sejamos honestos, nunca vi playboy reclamando que sofre ódio de classe porque alguém o chamou de burguês ou porque defende a luta de classes.

Estamos aqui falando não de preconceito de uma classe inferior - como noção de sua inferioridade -se rebelando contra a que lhe oprime, bem diferente da pregação de ódio e do preconceito irracional de grupos contra outros sem que haja nenhuma relação efetiva entre eles.

Por exemplo, é compreensível que um proletário se sinta agredido por seu patrão e busque reagir, mas qual a justificativa de um padre atacar um gay, tirar sua humanidade e condená-lo? Qual o sentido em colocar os problemas do país nas costas da população de um determinado local e pregar seu extermínio? O preconceito está intimamente ligado à ignorância e ao fanatismo.

Estaríamos, aqui, falando e um "preconceito positivo", aquele usado contra outro preconceito anterior, o mesmo raciocínio que vale para o que já expliquei antes sobre Fobia Neopentecostal, é a legítima defesa contra um preconceito ainda mais nocivo.
Sob o manto da liberdade religiosa, criminosos comuns roubam e coagem pobres e ricos a darem seu dinheiro para posterior lavagem e enriquecimento dos membros mais graduados destas "igrejas".

No fim,  a discussão se divide entre os que querem liberar geral, que separar ao ato de xingar com a ação em si e os que consideram tudo a mesma coisa, ou seja, os que defendem o direito dos homofóbicos serem homofóbicos, desde que não façam nada (violento, por exemplo), e os que acreditam que as palavras em si pressupõem crime, na medida em que perpetuam o estereótipo, o preconceito e incitam à ação (violenta).

Por violência não falo apenas da física, mas a humilhação, a violência psicológica, o impedimento, o cerceamento e por aí vai.

Como tratar da responsabilização do discurso?

Sem problemas dizer, numa igreja ou templo, que gays são pecaminosos, que devem ir pro inferno, mas o errado é quando algum destes "fieis", influenciado pelas palavras de seus líderes parte para a ação, para mandar o gay logo pro inferno? Mas, se não houvesse a incitação, o ódio perpetuado pelas palavras, teria acontecido o crime?

Raponsabilizamos apenas quem cometeu o ato violento ou quem o incitou, através das palavras? Ou melhor, esperamos até que haja a ação violenta para reagir? Esperamos que algum paulista afogue um nordestino para punir a Mayara?

A permissão da livre intolerância pode não dar em nada, pode simplesmente acabar pregando contra os que perpetuam o ódio, mas em alguns casos pode virar o nazismo, pode virar a intolerância contra muçulmanos que vemos na Europa, pode virar a expulsão de ciganos, como na França...


Até que ponto devemos tolerar os intolerantes, ou melhor, como definir exatamente o que é intolerância?
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domingo, 25 de julho de 2010

"Oxente", o Galego sofre!

O texto abaixo foi escrito em Galego, por McShuibhne, jornalista e blogueiro galego, lamentando o fim do Vieiros, um dos melhores - senão o melhor - diário monolingue e nacionalista em Galego.

É o fim de um importante jornal, com 15 anos de história, e escrito na norma Galega mais condizente com o idioma, a que difere da norma imposta pela Espanha que, pela semelhança entre as línguas,faz de tudo para torná-las iguais, para sufocar o Galego e torná-lo um mero dialeto do Espanhol e não a língua rica em história e literatura que é.

As tentativas da Espanha de sufocar o Galego são conhecidas, históricas. O partido governante, o PP, é um grande incentivador deste genocídio cultural contra um irmão lusófono. Tratando de lusofonia, aliás, vários grupos culturais e políticos galeguistas tentam, sem sucesso, se integrar à CPLP.

Mas os países membros preferem uma Guiné Equatorial, uma ditadura sanguinária cujo português não é falado por ninguém e não passa de uma terceira língua oficial imposta há um mês, do que incluir nossos irmãos Galegos, cuja influência é sentida especialmente no falar nordestino. Expressões como "Oxe" ou "Oxente" tem origem Galega, da imensa imigração vinda do sul da região e do norte de Portugal, que também sofreu influência galega ao longo dos séculos de contato.

O que se vê na Europa, aliás, e em particular na Espanha, é a tentativa de governos em suprimir o uso de línguas minoritárias. Cabe a grupos culturais e políticas realizar um processo de revitalização, por assim dizer, ou de conscientização. O mero ato de governos não fazerem nada para promover as línguas minoritárias já se configura como um atentado. A França é um caso especial. O Catalão falado no Russilhão ainda permanece vivo pela ação de grupos culturais e políticos, o Bretão vai pelo mesmo caminho, assim como o Provençal e outras dezenas de línguas que, garanto, a maioria nunca ouviu falar.

Na Espanha, as autonomias como Catalunya e País Basco conseguiram realizar grandes avanços, mas existe uma enorme briga em Navarra, região basca onde a língua é falada no norte e na zona chamada de transição. No sul não existe qualquer tipo de ensino controlado pelo governo e fala-se apenas o Espanhol, ou assim querem fazer crer.

situação pior se encontra o Leonês. Fazendo parte da região de Castela, a língua vem rapidamente sumindo e apenas grupos culturais e folclóricos ainda tenta fazê-lo sobreviver, mas com sucesso limitado. O Asturiano, o Extremenho e o Aragonês são línguas correndo grande perigo de desaparecer pela falta de preocupação do Estado em dar suporte à sua utilização e ensino. E o Galego, apesar de ter uma região autônoma própria e de ser falado por uma ampla maioria da população, é constante vítima do governo fascista local e da imposição de uma norma homogeneizadora e cruel, que a faz se assemelhar demais com o Espanhol e a perder sua identidade.

Ontem, 24 de julho, o editor da publicação anunciou seu final melancólico, o que me lembra a situação do JB, afundado em dívidas e que dificilmente durará muito tempo.

Sobre o JB, a idéia de que ele se sustentará existindo apenas online parece um escárnio. Mais uma tentativa de seu dono, um assassino de jornais, tentar dar sobrevida artificial ao que já não tem mais esperanças.

Lamenta-se lá, lamentamos aqui.

Galiza é Naçon! Galiza Ceibe!
Perdemos galego

Perdemos galego por tódolos recunchos: nos colexios, nas universidades, nas empresas, nas administracións públicas, nas tendas, nos pubs e discotecas, na ducha, na cama, nos sumidoiros… e agora tamén na internet. A rede social Chuza! e o diario de información Vieiros desaparecen. É a noticia que recibimos na véspera do Día da nosa Patria. Perdemos información en galego na rede e perdemos patria.

Lémbrome destas palabras do bo de Francisco Castro: “Temos a pura e bendita impresión de que, cando menos no Reino do Virtual, no País Galego Electrónico, as cousas son normais”. Iso pensaba eu, pero recibimos outra hostia de realidade. Se ninguén o remedia, o galego que vai subsistir é o subvencionado polo poder político, o de La Voz de Galicia, un galego robotizado, desvirtuado, violentado e aldraxado por un sistema de tradución automática que converte á nosa lingua en obxecto de sodomización política e xornalística. Subvencións millonarias para un galego que non é galego, senón unha parodia da nosa lingua. E desprezo político e, por que non dicilo, tamén civil, aos medios que si traballan pola normalización do noso idioma.

Semella que o galego non é rendible política, económica e socialmente. Vieiros e Chuza! non son as primeiras nin serán as últimas canles dixitais a prol do galego en desaparecer. Xa asistimos á defunción de Gznación e todo parece indicar que o diario nacionalista A Nosa Terra podería ser a próxima vítima da recesión galeguista no sistema de medios de comunicación do noso país. Perdemos información en galego no metamedio e restamos viralidade á nosa lingua.

Desde o poder político e económico só interesa apoiar a medios tradicionais e castelanófilos que manteñan o statu quo mediático galego. Un sistema anquilosado, arcaico e conservador. Un sistema incluso xenófobo, onde calquera intento de vertebrar unha canle forte e sólida monolingüe en galego e galeguista é marxinado ou ignorado.

Subscribo aquelas palabras do meu respectado Francisco Castro: “Ás veces penso o bo que sería (utopía, utopía, utopía) que os xornais escritos, que as teles, que as radios, que os medios de comunicación que adoitamos cualificar como tradicionais lle concederan á nosa lingua, á nosa cultura, aos nosos creadores, a metade dá visibilidade que na blogosfera conseguimos ter.”.

É o que nos queda, os blogues, é dicir, a resposta civil. Para todo o demais xa temos o castelán, para foder, comer, beber, estudar, administrarmos  e informarmos por canles tradicionais. Non é?
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segunda-feira, 26 de abril de 2010

José Serra odeia nordestinos? Vai governar o Brasil com ajuda do Noblat?

Vejam a seguinte frase:
"Eu estava na escola pública e convivia com eles numa total normalidade”.
"Eles" são os nordestinos.

Uma categoria à parte, quase estrangeiros. Não são iguais aos demais brasileiros, mas aqueles de fora. Aqueles com os quais convivemos, já que não há outra opção.

Talvez de cultura diferente? Língua diferente? Algum costume muito diferente da dos demais brasileiros? Afinal, nordestino não deve ser brasileiro.

Fosse dita por qualquer um, a repercussão teria sido imensa. Imaginem se a frase fosse da Dilma! Acabaria ali - para o PIG - a candidatura. Mas foi do Serra, isto mesmo, do José "eu quero ser presidente" Serra.


A infeliz e preconceituosa frase foi dita por José Serra em Natal, Rio Grande do Norte em 22 de abril. A mídia fingiu-se de surda. Na verdade finge-se sempre de surda quando o assunto é esconder as calhordices de seus aliados.

A frase demonstra um homem preconceituoso que quer ser presidente do Brasil. Mas de que Brasil? O Brasil "branco e limpo" do sul/sudeste? O norte vai junto só pela amazônia, afinal, é rica em recursos e os índios podem simplesmente ser ignorados - como é o costume.

Serra tenta posar de bonzinho, de contemporizador, quer ser um Lula! Afinal, ele convivia bem com "eles", não tinha problemas em conviver igualmente com "eles". Ou melhor, conviver igualmente com os nordestinos de sua classe. Os demais deveriam apenas retornar, deixar a cidade em paz, como bem denunciaram suas políticas enquanto governador.

Será que Serra desaprendeu a conviver com "eles"?

Não sei o que mais surpreende, se o silêncio midiático ou a frase em si. A cara-de-pau, o desrespeito e a falta de noção de um homem que quer governar o BRASIL demonstrando tamanho preconceito contra os nordestinos.

Nós somos apenas "eles", os alienígenas, os retirantes, os incômodos, os iletrados e ignorantes que invadimos São Paulo, a magnífica capital econômica do país e insistimos em viver de forma digna.

Não aceitando sermos empurrados para a miséria ou para os extremos (da cidade) nas políticas corriqueiras de limpeza patrocinadas por Serra e seu Poste, Kassab, é um crime capital, punido com violência extrema e com a genérica designação de "eles", de "outros".

Este é o homem que quer governar o Brasil... Mas sem a sujeira nordestina, que fique claro!

Agora vejam esta pérola da tropa de choque Serrista:
Censurem Dilma!

Atenção, companheiros: tirem Dilma rapidinho do ar.
No lançamento, hoje, em São Paulo, da candidatura do companheiro Aloizio Mercadante ao governo, vejam só o que ela disse e repetiu:
- Nós achamos que é possível e é necessário fazer muito mais.
- [A vitória do PT em São Paulo] vai permitir que nós aqui façamos mais.
Dilma fez propaganda de quem? De quem?
Daquele que não dizemos o nome para não valorizá-lo, vocês sabem...
Tudo bem que o Nosso Maior Companheiro tenha tomado algumas das principais bandeiras daqueles que quase levaram o país para o buraco.
Mas Ele (com '"E" maiúsculo, sim) pode. Tem uma larga folha de serviços prestados ao partido.
Dilma aderiu ao partido um dia desses. E pela primeira vez prova o gostinho de uma eleição.
Não pode dar uma de quinta coluna.
Apaguem o que ela disse em São Paulo.
Preconceito, censura.. Ricardo Noblat, cabo eleitoral de Serra em seu blog. Diz ele ter sido brincadeira, mas sabemos perfeitamente da verdade. "Ele", sabe bem o Noblat, é um dos máximos representantes dos "eles" que Serra diz ter convivido tão bem. dos "eles" e de todos os brasileiros, dos mais de 80% que o aprovam.

O desespero da direita é lamentável.
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