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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Debatendo a imprensa e a mídia alternativa

Neste meio de semana, tive o prazer de participar de um bate papo organizado pelo pessoal da - excelente - Revista O Viés em Santa Maria, no Rio Grande do Sul com a presença também do jornalista e editor do Jornalismo B, Alexandre Haubrich. No dia seguinte, ainda, dei uma palestra para os alunos da UFSM sobre democratização da mídia, na mesma linha do debate com o pessoal d'O Viés, à convite do Diretório Acadêmico de Comunicação da UFSM.

Um debate animado, divertido, entre amigos, com muitos jovens militantes interessados em discutir os caminhos que temos de percorrer ainda para democratizar a mídia e como podemos e devemos usar as redes sociais, blogs e veículos alternativos - como o próprio Viés - na promoção da democracia.

Segue relato do Viés e, no link, fotos e o vídeo completo do bate papo.
Ambiente cheio e mais de duas horas de conversas e debates sobre as possibilidades da mídia contra-hegemônica para se consolidar como uma alternativa às mídias tradicionais massivas. O jornalista editor do Jornalismo B, Alexandre Haubrich, e o blogueiro, colunista no Diário Liberdade e autor e tradutor do Global Voices Online, Raphael Tsavkko, expuseram suas atuações como jornalistas comprometidos com a construção de uma imprensa que dê voz aos movimentos sociais e às minorias e que seja engajada politicamente. Após as falas, quem estava presente pode fazer questionamentos e colocações, contribuindo para o andamento da roda de conversa. Depois do debate, o estudante de Jornalismo Yuri de Lima tocou músicas brasileiras e latino-americanas acompanhado de colegas e do clarinetista Luís Silva, fechando a noite de debates e de comemoração pelos três anos que a revista o Viés completará em novembro. Agradecemos aos que compareceram e aos que nos apoiaram de alguma forma para que o dia 23 de outubro fosse um dia especial e enriquecedor para a discussão do tipo de jornalismo com o qual sonhamos, acreditamos e pelo qual lutamos.
Para quem perdeu o evento, o debate está disponível, em duas partes, aqui. Abaixo, fotografias da noite. 
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Cabe uma nota pessoal: Fiquei impressionado com o nível de politização do pessoal de Santa Maria, com seu comprometimento e interesse não só em nos ouvir, mas em fazer parte dessa luta, propondo e mudando a realidade. O projeto d'O Viés e incrível, e tem muito potencial para ir além e adiante e foi um imenso prazer ter conhecido e conversado - e bebido - com pessoas tão maravilhosas. Espero poder voltar em breve à Santa Maria!
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A grande mídia não é responsável pelo que publica?

Algo que todo blogueiro sabe - ou deveria saber - é que ele é o responsável não só pelos posts que escreve, como também pelos de terceiros que publica, mas também pelos comentários de qualquer um em seu blog.

Esta regra norteia ou deveria nortear toda a blogosfera, especialmente a política, a mais suscetível a processos, críticas e ataques. Não cabe aqui concordar ou discordar da jurisprudência (tenho minhas críticas a ela, pois não concordo que o blogueiro vire juiz, ou pior, censor da opinião alheia, especialmente quando muiso comentários podem levar a interpretações dúbias e parecer ofensa apenas a um ou outro), mas sim ter em mente que ela existe.

Mas vejam os comentários postados em uma notícia da Folha sobre os mais recentes (e constantes) ataques homofóbicos, ocorridos na madrugada de sexta para sábado na Rua da Consolação, no centro de São Paulo:

Este "Comandante Melk" tem - na data em que escrevo o post - 30 outros comentários carregados de boçalidade, como "opinar" que índios deveriam ser "trazidos pra civilização", um claro sentimento de perseguição e outras pérolas homofóbicas como:
É LAMENTAVEL QUE TENHA MORRIDO, CREIO QUE, CONVÉM ANALIZARMOS MELHOR O CASO, PARA APRENDERMOS ALGO. VEJAMOS: O CRIME OCORREU "NA MADRUGADA" EM UM "BAR". PERGUNTO, OQUE O SUJEITO QUER FAZER DE "MADRUGADA" EM UM "BAR DE ESQUINA" ?? COM PESSOAS DE COMPORTAMENTO DUVIDOSO ?? TÁ TUDO ERRADO, SE O RAPAZ ESTIVESSE EM OUTRO "AMBIENTE", COM OUTRAS "COMPANHIAS", POR CERTO PODERIA ESTAR VIVO AGORA. ISSO NOS REMETE AO FATO DE QUE, DEVEMOS ESTAR ATENTOS, PARA SEMPRE FAZERMOS BOAS ESCOLHAS EM NOSSA VIDA...
Há ainda o "pertinente" comentário de Patrícia Macedo, que parece ser mestra em homofobia:
A infeliz tem outras pérolas no estilo, além de ter se especializado em selecionar pessoas para atacar em seus comentários:


E há coisas até piores:

Em comum na maioria dos comentários de caráter homofóbico ou simplesmente fanático cristão está a maioria de votos favoráveis a seu teor do que negativos. E em comum entre todos está o "disclaimer" maroto da Folha no rodapé:
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem
Me pergunto, porque a Folha pode liberar todos os comentários de usuários que são CADASTRADOS, não importa o quão criminosos sejam, mas um blogueiro que usar a mesma frasezinha marota de que não é responsável não o libera de um processo?

Porque a Folha pode mais que qualquer um? E digo a Folha, mas são vários os jornais que usam o mesmo recurso de liberar comentários - quaisquer comentários.

Ou será que a jurisprudência vale também para os jornalões que, porém, gozam de suprema e inabalável "liberdade de empresa", acima da liberdade de imprensa e de expressão alheia?

O pior para os jornalões, ainda, é que os comentários vem de pessoas cadastradas, ou seja, minimamente identificadas. Se somos responsáveis até por comentários anônimos, porque a grande mídia não é nem pelos seus usuários cadastrados?
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

The News of The world: E se não fosse na Inglaterra?

Imagine a seguinte cena:

Em um país qualquer um grande jornal faz uma cagada inesquecível, tão grande e grotesca que a pressão pública torna quase insustentável a sobrevivência do jornal, e até mais, a pressão do governo - até certo ponto implicado com as falcatruas ou com gente ligada a elas - fazem com que o dono do jornal decida fechá-lo.

Como se não bastasse, o parlamento local decide pressionar ao ponto de quase vetar a compra de uma importante rede de TV a cabo por parte do dono do famigerado jornal.

E ainda tem mais! O líder deste país e vários parlamentares começam a discutir formas de ter um maior controle sobre a mídia, torná-la mais transparente, quiçá mais democrática. Estamos falando do embrião de um controle social da mídia.

Não faz diferença se este país tem já uma forte e grande rede de TV's e rádios que transmite programação de qualidade (neste ponto é sempre válido discutir) para o próprio país e para o mundo inteiro.

Enfim, uma crise na imprensa em que o governo do país intervém rapidamente e de forma dura, sobrando cadeia pra envolvidos no escândalo, demissões e prometendo grandes mudanças nas liberdades exageradas que tem a imprensa, confundindo liberdade de imprensa com de empresa (e mesmo ultrapanssado).

Este cenário, como todos já devem ter reparado, é inglês. O empresário canalha é Rupert Murdoch, magnata da mídia e o parlamento é o inglês e o líder é o Premier David Cameron, que teve seu assessor de imprensa implicado diretamente no caso e que agora pede reformas na legislação midiática.

Repito, é a Inglaterra (ou Reino Unido para os detalhistas).

Não há, no entanto, uma só voz dentre todas as organizações "democráticas" de mídia, de imprensa...

Nenhuma organização que diz defender jornalistas e jornais se insurgiu para gritar que impor qualquer tipo de controle à mídia é crime, é censura.

Nenhuma organização "democrática" reclamou ou deu um pio. Penso, então, que ou todas concordam com a necessidade de se aplicar medidas restritivas para assegurar que haja efetiva liberdade de imprensa - e não de empresa, de libertinagem - ou estão acovardadas. Acredito mais na primeira hipótese.

Agora uma pausa para reflexão: E se fosse na Venezuela? E se estivéssemos tratando da RCTV, fechada há alguns anos por defender e ajudar na execução de um golpe contra o presidente democraticamente eleito (gostem ou não dele) e o líder deste país fosse Hugo Chávez?

Ah, não precisamos conjecturar, pois o caso também é real. E SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e outras organizações "democráticas" gritaram, espernearam, chamaram de censura...

Notem que na Inglaterra tivemos grampos ilegais, na Venezuela tivemos apoio logístico e midiático a um GOLPE DE ESTADO!

Ah, mas é a Venezuela...

Como imaginar um Premier e um parlamento agindo contra os interesses sagrados de empresas em plena expansão? Isto é censura! Não? Não.

Já no Brasil, bem, vejam o que Instituto Millenium, Veja, Globo, Folha e outros veículos de "comunicação" dizem sobre os planos (obviamente abortados por Dilma, que até vai pra festa da Folha) que o governo brasileiro tem (tinha) de impor um controle social da mídia, buscando democratizá-la.

Não me surpreenderia se houvesse uma insurreição midiática bancada pelas elites políticas desse país.

É engraçado, mas parece que democracia, controle social da mídia e democratização dos meios de comunicação são coisa permitida apenas aos do "andar de cima". Aqui embaixo temos de ser reféns do jornalismo (sic) marrom, golpista e criminoso calados, sorridentes e contentes.

Alex Haubrich, do Jornalismo B, finaliza:
Na Inglaterra, o órgão responsável pela regulação das comunicações já caiu em cima dos interesses de Murdoch no país. Aqui no Brasil seguimos carecendo de órgãos assim, e mesmo da regulamentação dos artigos constitucionais que versam sobre mídia. A libertinagem de empresa segue atropelando a verdadeira liberdade de imprensa, através das formas mais sujas de constituição legalizada de oligopólio e de ataque à liberdade de expressão.
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

EUA e o Império Decadente: O WikiLeaks desnudou o Império

A Primeira Emenda da Constituição dos EUA diz:
"O congresso não deve fazer leis a respeito de se estabelecer uma religião, ou proibir o seu livre exercício; ou diminuir a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou sobre o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações por ofensas."
Ou seja, garante a plena liberdade de expressão e de imprensa nos EUA.

A Emenda XIV, Seção 1 da mesma Constituição declara:
Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas a sua jurisdição são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde tiver residência, Nenhum Estado poderá fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.
Mas pouco importa. Contra o "Terrorismo", vale tudo. Executivo e Legislativo - com a conivência do Judiciário - passam cotidianamente por cima da própria Constituição que dizem defender para, acreditem, defendê-la! Para caçar "perigosos terroristas", que podem ser desde perigosos estudantes que resolveram ler um livrinho sobre Comunismo (lembrem-se do Macartismo e afins) até ativistas pelos direitos humanos.

Liberdade de Expressão, nos EUA, ao longo do tempo vem se mostrando apenas a liberdade de se expressar sobre o que o governo acha que deve permitir. E, aliás, pra uma boa parcela dos Republicanos e em especial os doentes mentais do Tea Party, já permitem demais. Nemr quero imaginar o que seria um governo Palin pois, por mais que não tenha a menor pena dos estadunidenses, tenho pena do mundo, que é obrigado a suportar as loucuras do Império.

O WikiLeaks, enfim, foi a prova maior de que Liberdade de Expressão, nos EUA, só para os amigos do Rei, ou melhor, do Imperador. Republicano ou Democrata, branco ou negro, não importa, democracia é algo abstrato e que só serve para patrocinar guerras ilegítimas.

Documentos vazados, todas as teses que a esquerda vinha denunciando há décadas - e que muitos gostavam de acreditar ser só teoria da conspiração ou algum plano Comunista de dominação mundial (alô Olavo de carvalho!) - se mostraram verídicas.

É engraçado como o mundo - ou pelo menos muita gente -  precisou do WikiLeaks pra finalmente se convencer de que os EUA são um Estado Terrorista... Será que ainda restam dúvidas?

Mas, enfim, o WikiLeaks desnudou o Império. Não que não soubéssemos com quem estávamos lidando, mas agora provamos. A rede provou.

E os EUA parecem não ter gostado muito disso. Não só iniciaram uma campanha - burra - para tentar censurar o WikiLeaks, buscando forçar as empresas de hospedagem a não aceitar nenhum negócio com o Wikileaks - e fazendo países capachos aliados tomarem as mesmas medidas -, como também agora radicalizaram:

democracynow.org
The U.S. State Department has imposed an order barring employees from reading the leaked WikiLeaks cables. State Department staffers have been told not to read cables because they were classified and subject to security clearances. The State Department’s WikiLeaks censorship has even been extended to university students. An email to students at Columbia University’s School of International and Public Affairs says: "The documents released during the past few months through Wikileaks are still considered classified documents. [The State Department] recommends that you DO NOT post links to these documents nor make comments on social media sites such as Facebook or through Twitter. Engaging in these activities would call into question your ability to deal with confidential information, which is part of most positions with the federal government."

O Departamento de Estado dos EUA impôs uma ordem impedindo seus empregados de lerem os documentos vazados pelo WikiLeaks, Os empregados do Departamento de Estado foram avisados para não ler os documentos porque eles eram confidenciais e sujeitos a aprovações de segurança. A censura do Departamento de Estado sobre o WikiLeaks se extendeu até mesmo aos estudantes universitários. Um e-mail [enviado] aos estudantes da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Columbia diz: "Os documentos divulgados durante os últimos meses através do WikiLeaks são considerados, ainda, documentos confidenciais. [O Departamento de Estado] recomenda que você NÃO poste links para estes documentos ou faça comentários em mídias sociais, como o Facebook, ou através do Twitter. Participar de tais atividades poderá pôr em questão sua habilidade de lidar com informações confidenciais, que é parte [do trabalho] de muitos postos no governo federal.
Vejam o e-mail completo enviado aos estudantes no link.

Em resumo, o Departamento de Estado apenas afirmou que, tenha algo a ver com o WikiLeaks e você não terá chances em cargos governamentais, política e etc. Uma bela ameaça daquela grande democracia!

Aliás, toda a perseguição ao Assange se resume a alguma lei arcaica sueca que pune com cadeia quem fez sexo com duas pessoas na mesma semana. Sim, acreditem. A INTERPOL foi mobilizada, um mandado de prisão internacional expedido para prender um cara que transou com duas mulheres na mesma semana.

Ah, ele não usou camisinha também. Shame on you!
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bolívia: Liberdade de Empresa e Mordaça - Coluna Semanal no Diário Liberdade

Décima-primeira coluna para o portal anticapitalista Diário Liberdade, "Defenderei a casa do meu pai".

Bolívia: Liberdade de Empresa e Mordaça

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Há muito tempo falo - e falamos, nós, blogueiros - sobre a proposital confusão feita pela grande mídia entre Liberdade de Expressão e a Liberdade de Imprensa ou Empresa, mas nunca vi um exemplo tão perfeito quanto o Boliviano para demonstrar como as empresas de comunicação deturpam a idéia de liberdade e a manipulam a sua vontade.
Los medios de comunicación privados y sus empleados rechazan dos artículos de la propuesta: el 16, que quita la licencia a las empresas periodísticas responsables de difundir discursos racistas, y el 23, que penaliza a los periodistas encargados de emitirlos.
“Algunos dicen que soy autoritario o que llevo adelante una dictadura, pero no puedo creer que algunos periodistas se opongan a la aprobación de la ley de lucha contra el racismo. ¿Qué problema hay de que se apruebe la medida, si además tenemos mayoría parlamentaria? Eso no es malo, sino que es democracia”, dijo el presidente en conferencia de prensa.
“La libertad de expresión está garantizada, pero no podemos permitir que so pretexto de esa libertad se practiquen el racismo y la discriminación. El racismo es lo más antidemocrático. Yo mismo he sido víctima y llegó la hora de acabar con el racismo”, agregó.
O caso é simples. Evo Morales, presidente da Bolívia, apoia a provação da chama Lei contra o Racismo e contra toda Forma de Discriminação que, basicamente, criminaliza a prática do racismo, algo mais que enraizado na Bolívia, onde os brancos de Santa Cruz constantemente investem contra os indígenas de La Paz e arredores, enfim, a maior parte da população e o povo originário.
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Artigo COMPLETO no Diário Liberdade.

"Nire aitaren etxea
defendituko dut"
...
"Defenderei
a casa de meu pai"
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Política de Comunicação no governo Lula e Dilma

Li, durante o fim de semana, o post da Cris sobre o que ela espera da Política de Comunicação no governo Dilma, dado que, durante o governo Lula, a área foi entregue ao PMDB - Hélio "Telefônica" Costa -, e concordo. O próximo governo precisa ser mais corajoso.

Lula deu alguns passos, tímidos, no caminho de uma maior democratização da comunicação, vale notar a CONFECOM, mas parou por aí. Não teve coragem de brigar contra os grandes monopólios e, sequer, aplicou as resoluções aprovadas na CONFECOM. Assim como com o PNDH-3, aceitou as regras da grande mídia e dos poderosos e deixou de lado todas as decisões tomadas pelo povo em conferências locais e nacionais.

O preço foi e continua sendo claro, a franca e criminosa oposição da mídia a tudo que vem do governo.

Uma coisa é a Veja fazer oposição, até tem o direito, outra é a Rede Globo, uma concessão pública, fazer o mesmo. E, vale sempre lembrar, uma coisa é "oposição", outra é a tática de fingir pluralidade e desinformar, mentir para fazer uma política de confronto.
spero que a comunicação não entre na negociação de cargos e votos dessa vez. Entendo que é preciso o diálogo e às vezes se tem que ceder. Mas espero de Dilma que tome como estratégica a comunicação e dedique à área atenção maior. Aproveitando a atitude da vizinha argentina essa semana – cuja presidente, Cristina Kirchner, apresentou um relatório acusando os donos dos principais jornais de envolvimento com a ditadura, em uma estratégia de governo de limitar o poder dos grupos Clarín e La Nación –, espero uma política que enfrente o monopólio. Uma política que defenda a pluralidade.
Urge a aplicação de instrumentos de controle social da mídia, como consta das diretrizes do PNDH-3. A mídia não pode ser livre acima de tudo e de todos, acima dos Direitos Humanos. Longe de se tratar de censura, trata-se de respeitar a dignidade humana e a verdade.

Casos como os da Ficha Falsa da Dilma na Folha, das acusações da Veja contra o MST de cometer crimes em lugares em que o movimento sequer está presente são apenas exemplos de abusos à liberdade de imprensa que, segundo Venínio Lima, não está acima da liberdade de expressão da população, refém destes gigantescos e poucos grupos de mídia com interesses que divergem dos da população brasileira.

Por controle social, fico com a Cris:
Não a censura, muito pelo contrário. O controle dos grandes grupos para que os pequenos também tenham meios e espaço. Para que a diversidade regional tenha lugar, com regulamentação efetiva e aplicação da legislação.
Respeito aos Direitos Humanos, às leis do país e o fim da centralização de toda informação nas mãos de grupos gigantescos, descompromissados com o interesse nacional e da população. Hoje, salvo pequenos veículos de mídia alternativa, como a Fórum, Caros Amigos, Brasil de Fato, Rede Brasil e ets, toda informação consumida pela franca maioria da população vem de máfias midiáticas, de veículos controlados por pouquíssimos grupos, famílias mafiosas que se revezam no poder há décadas, que tem agendas bem definidas e distantes dos anseios e necessidades dos brasileiros.

A Argentina deu um passo sério no caminho da democratização da mídia, ao enquadrar o Clarín, importante máfia midiática argentina. Quando o Brasil fará o mesmo? Quando o Brasil irá enquadrar a Rede Globo, comprada por dois tostões em uma fraude absurda e que cresceu na base da infração da lei ao se aliar à Time Life? Quando a folha será responsabilizada pelo seu apoio à Ditadura? Por ter emprestado seus carros para que militantes de esquerda fossem torturados e mortos?

Faltou coragem de avançar, pois força política e social o governo tinha. É preciso urgentemente combater o monopólio midiático e desmistificar a verdade absoluta de que nada pode ir contra a "liberdade de imprensa".

Lula não fez, Dilma fará?

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quando o silêncio da mídia equivale ao golpismo

Já ha algum tempo venho tomando nojo pela revista Istoé. Há quase um ano sou assinante da revista - a promoção era imperdível e, na época, ela parecia a menos pior das semanais como Época e Veja - e só não a cancelo porque já está paga e não tem como deixar de receber o que já paguei. Mas dá muita vontade.

A coisa começou há algum tempo mas desde o golpe em Honduras e dos protestos no Irã que a coisa vem se tornando insustentávl, chegando ao auge na edição desta semana, a edição 2072.

Comecei a me enfezar realmente com a edição 2055, de abril, com a ladra da dona da Daslu na capa e o seguinte texto: "Exagero ou justiça?". Simplesmente um absurdo. A criminosa deveria pegar prisão perpétua, isso sequer está em discussão. Sim, roubar, fraudar, corromper é crime e tão punível quanto o assassinato pois, se muitos chegam à situação de desespero de matar é porque foram obrigados por sua condição social, condição esta que em muito se deve à corrupção, à desvios de dinheiro feitos por gente como a larápia da Eliana Tranchesi.

Mas, relevei, deixei passar e meses depois meu ódio foi novamente trazido à tona com as constantes capas que me faziam crer que a revista se tratava de algum periódico de auto-ajuda e não uma revista semanal séria. Matérias sobre peso, inveja, sexo e outras babaquices tomavam conta da revista. Eu já estava esperando as fofocas de atrizes globais para completar!

O estopim, então, veio durante os protestos no Irã e o golpe em Honduras. Nenhuma capa.

Matérias xoxas, fracas, superficiais sobre o ocorrido, que denotavam o desinteresse da revista em noticiar e informar. Com o Irã pegando fogo, capas sobre a queda do avião da Air France - esta até desculpável - mas também capas sobre "Inveja", "Crises da Idade" e "Peso", ou seja, auto-ajuda da mais rasteira e inútil.

Quanto à Honduras, matérias ainda mais fracas e tendenciosas, mal escritas, superficiais e isto quando a revista sequer se dignava a "perder" uma ou duas linhas sobre a questão!

Na revista desta semana, pasmem, em meio à tentativa de Zelaya de voltar ao poder, na fronteira com a Nicarágua, repressão, assassinatos e torturas contra ativistas em Honduas e nem uma, nem uma mísera linha, matéria ou nota de rodapé sobre o país. A Istoé resolveu simplesmente ignorar completamente a existência do país e do conflito, ao invés disso dedicou sua capa à algo tão importante quando "Os perigos da ansiedade" e páginas e mais páginas de dicas sobre casamento e saúde.

Só poder ser brincadeira! Será que não existe meio de processar a revista/editora por ter pego meu dinheiro da assinatura para escrever tanta inutilidade? Ou estou lendo a Tititi por engano?

Desde a malfadada capa com a criminosa Tranchesi podemos contar 7 capas com teor de Auto-Ajuda, uma sobre o relevante tema "Ovnis" (sim, isto foi irônico)! É intolerável!

Uma capa em particular, sobre "A sociedade secreta dos novos nazistas brasileiros" chama à atenção. A matéria foi uma das mais mal escritas e ridículas que eu já tive o desprazer de ler. A revista tentava fazer soar crível e assustadores os planos de um grupelho neonazista tupiniquim com sonhos de grandeza que fariam até um recém-nascido se mijar de rir. Este é o nível das "reportagens" da revista?

O interior é mais lamentável ainda, matérias rasas sobre assuntos que realmente interessam e longas discussões sobre futilidades em geral, o velho blablablá do PIG sobre Sarney, Lula e etc e quase nada sobre o mundo, sobre o que realmente importa e acontece.

O PIG é oito ou oitenta, ou é como a Veja e diz com todas as letras apoiar o golpe em Honduras e tudo mais que pode ser repudiado no mundo e no país, ou adota a posição da Istoé, se omite.

O PIG, enfim, ou chuta o balde categoricamente ou, como faz a Istoé, concorda por omissão, por desinteresse, por sequer considerar relevante.

Este país não é sério, o jornalismo é tão pueril e pobre que chegamos ao ponto do conservador Finantial Times chamar o Estadão de... Conservador!

Diz o Rodrigo Vianna:
"O mais divertido é ver o conservador Financial Times chamar o “Estadão” de conservador. Para os britânicos, Aqui no Brasil, ninguém (fora a TFP) assume que é conservador."
A mídia brasileira é tão tosca, tão descaradamente pelega e retrógrada que recebe "elogios" até de fora, seu conservadorismo burro é notado até pelos que lêem de fora do país. É lamentável!

Veja com seus Reinaldo Azevedos e figuras carnavalescas como Diogo Mainardi e a defesa da extrema-direta, Istoé com sua omissão estúpida, Estadão com seu conservadorismo mal-disfarçado, Folha com suas capas forjadas... Esta é a imprensa brasileira, este é o nosso PIG!

O PHA é que está correto:
"Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista."
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