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segunda-feira, 14 de março de 2016

A culpa é da esquerda? O protesto do dia 13 de março e a nova direita

Grafo: Fabio Malini
O protesto do dia 13 de março foi em grande parte de revolta contra tudo e todos, foi extremamente despolitizado, com grupos às margens. Tem gente de esquerda, tem monarquista, fascista, tem pró-milicos, tem de tudo - mas tem uma nova direita forte. Que fique claro, minha análise se centra em São Paulo e em menor parte no Rio, mas em geral reflete o panorama geral do que aconteceu.

Tentar deslegitimar apenas - como faz o grupinho petista lá embaixo do grafo - não serve a ninguém e nos isola. Apenas nos faz não compreender o fenômeno e deixar que a nova direita assuma o comando (ou se entronize nesse comando). Bolsonaro está doido pra assumir a liderança dessa insatisfação. Alckmin, Aécio e a turma do PSDB foram vaiados na Paulista? Legal, mas tem uma direita perigosa surgindo e/ou se fortalecendo.
Alckmin, Aécio, Marta, Matarazzo vaiados...o descontentamento é geral.Erra quem pensa que é só contra o PT.É a figura do político tradicional que ninguém parece suportar mais. Esther Solano, no Facebook
Os EUA passam por um momento semelhante, em que a desconfiança dos políticos tradicionais e da própria política levaram a um fortalecimento das margens: Trump de um lado, Bernie Sanders do outro.
No Brasil temos Bolsonaro de um lado, com outros nomes menos relevantes orbitando, mas um vazio completo à esquerda. 
 
Penso que o maior problema não é a direita em si nas ruas ou os despolitizados - o discurso puro "contra corrupção" ou "fora A ou B" não é, em si, politizado - e sim a esquerda que é incapaz de se apresentar como alternativa, porque na hora em que o PT estala os dedos vão todos correndo pra ajudar e defender o partido do "golpe". A esquerda parece não entender que o problema é ela (ou nós) e não o resto. Somos nós que damos espaço pra direita crescer e aparecer.

Não existe vácuo na política que dure. Se a esquerda for incapaz de conquistar os despolitizados e os que gritam contra tudo e todos, a direita irá conquistá-los e no momento parece que estão na frente na disputa, virando o jogo de Junho.

E nós demos este espaço à direita porque em Junho e nas manifestações posteriores muitos que SE DIZEM de esquerda aplaudiam e incitavam a violência da PM. Porque movimentos sociais foram neutralizados e se transformaram em braços do petismo. Porque na hora que o PT fica acuado a esquerda que paga de combativa vai lá salvar o partido. Porque fomos incapazes de organizar, após Junho, uma alternativa de esquerda efetiva. 

E continuamos incapazes, aliás, sequer queremos nos reinventar, é mais fácil o joguinho de morde-assopra com o PT. Se é verdade que o PT destruiu a esquerda, é verdade também que nos temos culpa, pois só há cooptação se existir aqueles que aceitam e/ou querem ser cooptados. Será que já é tarde demais?
QUE SE VAYAN TODOS ????? (Por Fabio Malini)

Coletei no Twitter os seguintes termos a partir das 15h do sábado (12/3): protesto, manifestacao, manifestante, manifestacoes, vempraruabrasil, marchadoscorruptos, carnadogolpe2016, marchadoscoxinhas, vemprarua e "vem pra rua".

Optei por trabalhar palavras do senso comum e as hashtags oficiais dos governistas e oposicionistas, assim garantiria uma análise mais amplas dos discursos sobre os protestos.

A palavra mais mencionada nos tweets, excetuando os termos das coleta, foi CORRUPÇÃO. Uma supresa para mim. Engana-se, ao meu ver, quem se dirige aos movimentos de hoje interpretando-os como algo restrito a um campo estritamente de direita. O que vemos hoje foi uma reação à classe política - e a mega máquina de destruição do comum vigente - do país. Agora os governo de Dilma, do PSDB e do PMDB viraram os alvos da indignação popular. Não sabemos precisar ainda o tamanho disso dentro da massa de manifestantes. E não sei como os partidos de direita vão reagir a isso, porque, pela primeira vez, as ruas os rejeitaram. O efeito colateral da Lava Jato viralizou não apenas contra Lula, mas contra Aécio, Alckmin, Renan, Cunha etc.

Plotei a rede de compartilhamentos no Twitter, a partir de 236.612 retweets, coletados a partir dos termos e período já mencionados. Ao total, 100.298 perfis retuitando e sendo retuitados. Há um isolamento das redes mais governistas, que sustentam que há um golpe contra a Democracia em curso. Mas o outro pólo conservador foi engolido por uma população feita de celebridades, youtubers, nativos do Twitter e perfis que não são muito de discutir ou satirizar a política.

Há muito humor, é verdade, nesssa rede. O perfis mais periféricos deitaram e rolaram hoje, viralizando memes de situações grotescas.

Mas,pela primeira vez entendo que a rede não se polarizou com a dos governistas, mas a deixou isolada, conversando entre si. A rede amarela foi formada por muitos seguidores que compartilharam veículos de comunicação Revista Época, Globo NEws, Estadão, os organizadores dos atos (VemPRaRuaBR, o MBL, o Revoltados ONline), como ainda políticos e perfis mais conservadores, mas circundando-os há uma multidão de perfis independentes (em maior número). Esses protestos embaralharam mais as ideologias políticas. Seu efeito é colocar um problema enorme para a política: "quse se vayan todos". Mas será??? Será que agora não vai rolar o acordão, por cima, para tentar destruir o monstro das ruas?

Não passarão em branco os gritos de "ladrão de merenda" (endereçados a Alckmin), fora vagabundo (endereçados a Aécio) e fora ladrão (endereçados a Lula), como ainda o forte grito de impeachment.

Não há horizonte político seguro. Tudo em aberto. A velha direita foi expulsa da festa, a esquerda, humilhada e a nova direita dá andamento e organiza as ruas, mas não controla mais tudo.
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domingo, 13 de julho de 2014

Ditadura? Prisões preventivas ilegais podem virar tática padrão pós-Copa

O professor Wagner Iglesias fez um questionamento interessante e ao mesmo tempo assustador sobre as prisões políticas contra manifestantes no Rio no Facebook:
Quero crer (mas não tenho nenhuma certeza disso) que estas prisões sem base legal estão ocorrendo para não "atrapalhar" (desculpe o termo, não encontrei outro menos ruim) a Copa do Mundo, e que depois vão refluir. Mas não tenho certeza. O que te parece?
Ao que respondi:
A intenção do governo no momento é de evitar protestos, mas levando em conta que não é a primeira vez que usam este artifício que basicamente suspende a constituição para certos indivíduos, meu medo é que se torne algo comum. Se funcionar, ou seja, acabar diminuindo a potência dos protestos (mesmo que a prisões nem sejam o fator mais relevante pra isso), temo que vire lugar comum. Não custa nada ao Estado.
Acredito que a ideia mereça ser ampliada.

Não é a primeira vez que o governo do Rio, com a anuência do governo federal, age contra manifestantes com prisões preventivas absolutamente ilegais. E temo que não será a última.

Até o momento as prisões estão sendo feitas para "garantir" a Copa do Mundo, para evitar protestos, mas uma vez que estas medidas são vistas como eficazes (ainda que seja impossível medir, dado que o movimento #NãoVaiTerCopa, dentre outros, são horizontais), podem vir a se repetir indefinidamente sempre que um governo - qualquer governo - se sentir ameaçado ou vir seus interesses ameaçados.

A polícia e o Estado aprenderam com os protestos de junho. Ao invés de ouvir as ruas, preferiram reprimi-la, e conseguiram em grande medida fazê-lo. Em Minas cercaram manifestantes impedindo sua locomoção, em outros estados simplesmente continuaram a abusar da violência cada vez mais desproporcional. Mas viram que criminalizar, forjar provas e prender sem qualquer evidência poderia ser ainda mais eficaz.

Sim, há um enorme perigo desta "tática" virar moda. Caso os protestos continuem (temos olimpíadas pela frente e não nos esqueçamos que a Copa acabando seus efeitos permanecem), podemos ver mais e mais prisões arbitrárias "preventivas" ao arrepio da constituição.

Mas, mesmo ilegais, não assustam o poder.

Oras, o executivo de estados e do Estado não teriam chegado a este ponto sem o apoio não apenas das polícias, sempre interessadas em reprimir, mas com o apoio do judiciário, capaz de permitir tais operações sem pé nem cabeça.

Mas ainda pior que estas prisões preventivas (em que pessoas inocentes são mandadas a presídios pro até 5 dias com provas forjadas apenas para não poderem protestar), é a possibilidade de que haja uma escalada. De que as provas forjadas não sejam simplesmente esquecidas depois do não-protesto passar, mas que sejam usadas para efetivamente enviar para a cadeia ativistas.

E isso é algo factível. Melhor do que operações envolvendo Estado, Polícia e Judiciário a cada manifestação, porque não instaurar logo o Estado de Exceção e, com provas forjadas, enviar de vez para a cadeia certos elementos causadores de problemas?

Não é a primeira vez, nem a segunda. Mas podemos ver uma escalada no uso deste método contra coletivos sociais.

A certeza neste ponto é a de que teremos uma "militância" petista pronta a silenciar ou mesmo aplaudir e a mídia corporativa fará o resto do trabalho de convencer a população de que os presos são terríveis vândalos e não ativistas pelos direitos humanos criminalizados por governos com interesses escusos.



O circo está montado. Se não resistirmos perderemos o jogo e qualquer semelhança dos métodos do PTMDB de "controle" de manifestações com a ditadura não são mera coincidência. Infelizmente aprenderam bem com quem antes combatiam.
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Venezuela: Separar o golpismo do legítimo protesto das ruas

O direito ao protesto, a se revoltar e ir às ruas denunciar aquilo que vê de errado deve ser garantido.

Seja no Brasil, onde os governos do PT e PSDB tentam sufocar as manifestações chamando a todos de terroristas e vândalos, seja na Venezuela, onde o discurso não é muito diferente.

Mas há uma diferença fundamental entre os manifestantes de lá e daqui: A Venezuela sofreu um golpe em 2002 e vive constantemente ameaçada pelos EUA e aliados. Há um clima de golpe pairando sobre a Venezuela desde que Chávez foi eleito e a falta de habilidade de Maduro na condução do país, que tem sofrido com altíssimos índices de violência, inflação e escassez de produtos básicos, tem aberto as portas para os brios golpistas de setores da sociedade.

Mas não podemos, de início, compreendendo a situação social e econômica do país, apontar o dedo e aplaudir a repressão.

A Venezuela é um país armado, um país coalhado por tensão entre classes e absurdamente polarizado entre dois espectros políticos, tornando muito difícil o surgimento ou mesmo a manifestação de uma terceira via.

Declarar, de início, em um país em grave crise social, que estamos diante de um golpe é um erro. Mas é um erro ainda maior não ficar vigilante.

Mas uma coisa fica clara: A repressão serve apenas para incitar tanto o público interno quanto, especialmente, o externo. A mídia internacional, qual abutres, se refestela com o sangue que corre pelas ruas da Venezuela. Arregala os olhos na esperança de poderem transmitir cenas de violência e, claro, de poder transmitir em primeira mão a queda do regime.

Sabemos por experiência própria que violência gera apenas mais violência e que repressão às ruas gera apenas maiores e mais radicais manifestações. Dois lados exaltados e sem disposição para qualquer diálogo levam à fratura social. E estamos vendo acontecer de camarote. No Brasil o movimento social ainda estende a mão, pede diálogo, mas o governo responde apenas com mais e mais violência, com manipulações e criminalização.
Censura estatal

Na Venezuela o governo impede transmissões, censura meios de comunicação... Mas não podemos inocentar o outro lado, a oposição, que difunde pelas redes sociais imagens falsas de violência e pintam o governo como se fosse um carniceiro, quando a verdade é bem outra.

Não há santos na Venezuela, mas há um lado que vez fazendo o possível, mesmo com erros, para tentar livrar o país da crise. Caberia ao governo e àqueles que ainda pensam, buscar entender as ruas, e separar aqueles que legitimamente cansaram das privações, dos que se aproveitam disso para impor sua agenda.

Caberia, é verdade, aos manifestantes nas ruas denunciar as armações feitas, mesmo que supostamente com a intenção de beneficiá-los, assim como fazem os movimentos sociais no Brasil, denunciando toda e qualquer manipulação, não importando de que lado venha.

No Brasil, aliás, a manipulação vem da situação, do governo e dos governistas, buscando criminalizar as ruas. É triste constatar, mas os métodos do governo e dos governistas brasileiros são os mesmos da oposição fascista venezuelana que se apropria do legítimo clamor das ruas para impor sua agenda golpista.

E, no meio tempo, setores golpistas da oposição se aproveitam para atacar a televisão estatal venezuelana e jornalistas que não noticiam a versão enviesada da oposição - igual faz a PM no Brasil.

Não é uma tarefa fácil separar a manifestação legítima do golpismo puro, mas é necessário, sob pena de mais derramamento de sangue e nova crise generalizada. E cabe à esquerda brasileira que está nas ruas ter a cabeça fria para analisar os fatos e atos e compreender o papel de seu discurso na sua própria criminalização.

Podemos discordar de quem está nas ruas da Venezuela (e eu discordo), mas não podemos negar-lhes o direito à se manifestar e, no fim, a repressão apenas facilita que os descontentes sejam influenciados e mesmo manipulados pelos verdadeiros golpistas.

O Chavismo - ainda que sem Chávez - precisa avançar, impor mudanças, mas ao mesmo tempo precisa estar aberto a dialogar com amplos setores sociais insatisfeitos, confusos e que não podem ser simplesmente reduzidos a simples golpistas (ainda que estes existam, sejam muitos e estejam também nas ruas).
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Cinegrafista, a Globo e o PT: Um novo Rio Centro?

Muita gente tem comentado que este caso do cinegrafista seria um "Rio Centro" moderno.

Começo a acreditar. Globo e governistas estão afiados na criminalização dos manifestantes.

Vocês viram qualquer palavra de lamento vinda de governistas quando o rapaz em São Paulo foi baleado no peito pela PM? Ou lamentações pela jornalista da Folha com tiro no olho ou do fotógrafo que foi cegado pela PM? Ou mesmo qualquer repúdio à imensa violência contra manifestantes tanto em junho quanto depois?

Não.

Mobilização de governistas pelo Amarildo? Não, eles defendem as UPPs (projeto de seu governo com o PMDB, aliás). Mobilização contra as denúncias de que o governo espiona e se infiltra em movimentos sociais e de trabalhadores? Não, eles apoiam tudo isso.

Não viram e nem vão ver, porque pros governistas só interessa defender a repressão, defender os interesses do PT, e que maior interesse há que a Copa? O sucesso da Copa é a base para a reeleição de Dilma. E os governistas farão de TUDO para garantir que ela aconteça (Copa e reeleição).

Dilma em momento algum foi à TV repudiar a violência da PM. Mas repudiou a reação à esta violência. E nem estou dizendo que alguém é obrigado a DEFENDER, por exemplo, a tática Black Bloc. O buraco é bem mais embaixo.


Usam e usarão os métodos mais baixos para conseguir isso. Seja manipulando fotos para pintar os Black Bloc como nazistas (http://is.gd/YlidVN), seja chamando manifestantes de terroristas em claro apoio à tentativa de senadores da "Base Aliada" (como aquele povo de esquerda tipo Crivella) de tipificarem o "crime de terrorismo" (http://is.gd/tNIO1p) ou, de forma mais "branda" exigindo que se manifestar nas ruas seja "crime inafiançável" (http://is.gd/blUHZ5).

Sim, pedir que o "protesto violento" seja considerado "crime inafiançável" basicamente quer dizer que QUALQUER reação popular aos abusos da PM (comandadas pelo PT, PMDB ou PSDB) deve ser motivo para prisão sem qualquer discussão.
"Coxinha" na boca da esquerda, está para "vagabundo e maconheiro" na boca da direita. Estereótipos, falta de politização nos debates e arrogância de quem se acha portador de grandes verdades.. Como se a luta de classes, a complexidade ideológica e o jogo de interesses pudesse se resumir a simplificações tão imbecis... Via Gabriel de Barcelos, sobre governistas
Isso inclui movimentos sociais, MST, movimento sem teto, enfim, TODO e QUALQUER movimento que simplesmente jogue uma garrafa de plástico, por exemplo, contra um PM que, armado com pimenta, bombas e bala de borracha, tenta matar quem está nas ruas exigindo direitos.

Estamos diante de duas possibilidades:

a) Uma orquestração por parte dos governistas, junto com a grande mídia (chamada por eles de PIG, mas FINANCIADA pelo PT e, logo, com dívidas a serem pagas), para criminalizar qualquer protesto a fim de assegurar a reeleição de Dilma.

b) A criação destes e de outros factóides não necessitam de uma ligação direta entre Globo/Mídia e governistas (por mais que haja a imensa possibilidade), podemos estar diante apenas de um encontro de interesses extremamente feliz (para eles). Um processo medonho de retroalimentação em que um lado se aproveita dos dejetos liberados pelo outro.


Mas porque digo tudo isso?

Em parte por essa belezinha abaixo:


E a resposta do Freixo:
Nota de esclarecimento:

A acusação publicada hoje pelo portal G1 é irresponsável e leviana. Segundo a matéria, uma ativista teria ligado para o estagiário do advogado de Fábio Raposo e dito que o responsável por acender o rojão que atingiu o cinegrafista Santiago Andrade é ligado a mim.

Além de a fonte da informação ser de uma fragilidade absurda e de a própria ativista negar ter me associado ao ocorrido, nenhuma prova concreta foi apresentada. Aqueles que afirmarem que o responsável pela explosão é ligado a mim terão que provar. Caso contrário, serão devidamente processados.

Sempre repudiei a violência nos protestos, seja ela praticada por manifestantes ou policiais. Discordo dela como princípio e como método para conquistar qualquer coisa.

As investigações sobre essa tragédia apenas começaram e é triste ver que um assunto tão importante e delicado é tratado com tamanha irresponsabilidade. A quem interessa transformar uma informação tão frágil num acusação tão grave?
Mas o Freixo não tem nem a Globo e nem a chave do cofre que sustenta a Globo para rebater as acusações que, aliás, são reproduzidas por governistas, como #Eduguim.

Mais um exemplo?
E nem vou entrar na manipulação do fusca, assunto já resolvido e que apenas serve como cavalo de tróia para a "militância" fanatizada.

É impressionante, mas vislumbramos um SEGUNDO Rio Centro patrocinado por Globo/Governistas: O Fusca e o "estagiário-bomba-que-acusa-o-freixo-de-ser/apoiar-black-bloc".

Enfim, estamos diante de um assustador quadro de criminalização, com o PT capitaneando o processo.

É assustador e perigoso, pois o alcance é geral, atingirá a TODOS os movimentos sociais. Qualquer reação à brutalidade do Estado será considerada terrorismo, mesmo quando não houver reação manifestantes poderão ser enquadrados, assim como hoje são presos por "desacatar" a autoridade (sic) de bandidos fardados.

Este é o país que o PT tem construído. Junto com PMDB, PSeudoB e demais aliados e, claro, em muitos pontos, com o apoio entusiasmado do PSDB que neste momento deve sentir inveja da capacidade do PT fazer tudo aquilo que eles tentaram por anos. Mas o PT barrava.

Os governistas não conseguiram seu Rio Centro com o fusca, agora tentam de novo. Com o apoio da Globo.

Como definiu bem, no Twitter, o Bruno Borges (@borgesbm): "É amigos. 2014 promete bater todos os recordes de sordidez política. Apertem os cintos"
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Tantaz tanta, itsasoa gara: Gota a gota, somos mar - Direitos humanos, resolução, paz


No próximo dia 11 de Janeiro, as ruas de Bilbau vão acolher a maior mobilização cidadã da história recente do País Basco. Nesse dia, dezenas de milhares de pessoas vão sair à rua para pedir a repatriação dos presos e das presas políticas bascas.

Há 25 anos, os governos espanhol e francês decidiram encerrá-los em prisões muito distantes do País Basco para os isolar do seu contexto social e castigar as suas famílias com viagens longuíssimas. Hoje em dia, há 527 presos e presas dispersos por 73 prisões de Espanha e França, e cada família deve fazer uma média de 1500 quilómetros para visitas de 40 minutos. Ao longo destes anos, 16 familiares morreram em acidentes de tráfego quando se deslocavam para ver os seus entes queridos, e centenas ficaram feridos.

As instituições bascas  pediram em repetidas ocasiões o fim da dispersão e as sondagens indicam que mais de 75% da população partilha essa exigência. Nos últimos anos, houve manifestações massivas e milhares de acções de protesto mas tanto Madrid como Paris desprezam a sociedade basca e continuam a cercear os direitos humanos das pessoas presas e dos seus familiares.

A ETA decretou um cessar-fogo definitivo em Novembro de 2011 e os estados optaram por boicotar o processo de paz. A situação nas prisões é cada vez pior. Inclusivamente, o Governo espanhol recusava libertar os que já tinham cumprido a sua pena, o que motivou a intervenção do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que ordenou recentemente a libertação de mais de 60 presos e presas que estavam encarcerados há 20, 25 e até 30 anos.

Hoje em dia, continuam a manter na prisão pessoas de idade avançada, com doenças graves, em situações de isolamento e maltrato. Entre elas há militantes da ETA, também jornalistas, membros de sindicatos, organizações políticas e juvenis, activistas pelos direitos dos presos… O líder independentista Arnaldo Otegi e outros dirigentes estão há mais de quatro anos na prisão por promover o processo que conduziu ao cessar-fogo definitivo e unilateral por parte da ETA.

A sociedade basca quer soluções, deixar para trás o sofrimento e que a paz se estabeleça definitivamente. Contudo, os estados espanhol e francês optaram por utilizar a política penitenciária como obstáculo, para manter o conflito no patamar anterior e incidir no cerceamento dos direitos humanos.

Perante esta situação, a cidadania está a adoptar compromissos massivos a favor do processo de paz, mas a resposta do Governo espanhol foi uma vez mais violenta: em Setembro de 2013, ilegalizou o movimento civil Herrira, promotor dos últimos protestos pelos direitos dos presos e deteve 18 dos seus membros.
Neste contexto, a mobilização de 11 de Janeiro de 2014 prevê-se histórica, a maior das últimas décadas. O formato vai ser uma novidade, já que cada participante chegará a Bilbau com uma gota, e, entre todos e todas, construiremos um mar gigantesco como símbolo da determinação e da força de uma sociedade que quer terminar com o conflito. Para isso, consideramos imprescindível reconhecer e compensar todas as vítimas e propiciar o regresso a casa de todas as pessoas presas e exiladas.

Pedimos aos governos espanhol e francês que dêem uma oportunidade à paz no País Basco e à comunidade internacional que nos ajude a impulsionar o processo de resolução do conflito. Somos um pequeno povo que quer deixar de sofrer. E necessitamos do vosso apoio e solidariedade.

Dêem uma oportunidade à paz no País Basco
Direitos humanos, resolução, paz.
PRESOS E PRESAS BASCAS PARA O PAÍS BASCO.

Twitter em português: @Tantaztanta_PT


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sábado, 3 de agosto de 2013

Black Bloc: Defensivo ou ofensivo?


O André Takahashi escreveu na Carta Capital:
O Black Bloc é composto por pequenos grupos de afinidade, muitas vezes feitos na hora, que atuam de forma independente dentro das manifestações. Mas, ao contrário do MPL, o Black Bloc não é uma organização ou coletivo e sim uma ideia, uma tática de autodefesa contra a violência policial, além de forma de protesto estética baseada na depredação dos símbolos do estado e do capitalismo. A dinâmica Black Bloc lembra mais uma rede descentralizada como o Anonymous do que um movimento orgânico e coeso.
Utilizada primeiramente pelos movimentos autonomistas da Itália e da Alemanha, é muito presente na Europa e EUA, e mais recentemente nos países árabes, mas nunca havia encontrado condições para se desenvolver em solo brasileiro.
E ele ampliou:
Em junho o cenário de manifestações criou um ambiente favorável para o florescimento do Black Bloc brasileiro na sua forma de autodefesa. Em diversas capitais as mobilizações extrapolaram a capacidade organizativa dos grupos e movimentos que as desencadearam, criando movimentos multicêntricos onde cabem diversas estratégias, táticas e narrativas mobilizadoras. Como na maioria das cidades esse crescimento veio pela solidariedade popular pós-repressão, é coerente afirmar que a violência policial foi o fermento da indignação que levou a população às ruas no auge das jornadas de junho; e serviu como justificativa moral, segundo seus defensores, para a disseminação descentralizada da tática Black Bloc.
Devo dizer que tenho grandes pontos de concordância e entendimento com o texto/autor, mas vejo uma movimentação do movimento ou da ideia Black Bloc para um caminho que, sinceramente, considero burro.

Escrevi ha alguns dias sobre a legitimidade do ato da quebra da santa na Marcha das Vadias do Rio de Janeiro. Era, como disse, legítimo ato de um oprimido contra o opressor, mas ao mesmo tempo era burro, pois alienava a imensa massa de católicos progressistas que podem ter criado uma antipatia irreversível em relação ao movimento, potencialmente prejudicando todas as feministas, tratadas como uma massa uniforme pela mídia.

Além disso, era uma ofensa que acabava atingindo também membros de outras minorias religiosas que também tem na Nossa Senhora (estátua quebrada) um símbolo.

Ou seja, foi uma atitude/ato impensado, ou mal pensado, que tinha a legítima intenção de atacar a estrutura católica, mas acabou se mostrando contraproducente para o movimento pelas razões citadas (dentre outras).

No caso dos Black Blocs, a situação é semelhante.

O ato de "vandalizar", de quebrar agências bancárias e outros símbolos de poder econômico é absolutamente legítimo. É a legitima expressão da revolta de setores sociais oprimidos ou que se reivindicam oprimidos, contra seu opressor ou um de seus principais opressores.

Mas, ao mesmo tempo, o Black Bloc quando deixa de ser defensivo e passa a ser ofensivo acaba por ser também burro, contraproducente e afasta das manifestações quem não está lá para apanhar "de graça" e afasta a opinião pública dos pontos centrais das manifestações.

Enquanto o Black Bloc agia defensivamente, ou seja, destruindo bancos e afins DEPOIS da violência policial ter começado, o apoio era irrestrito.

Era possível ver e ouvir nas ruas as pessoas comentando sobre a legitimidade de, após uma agressão, se revidar à altura e da única forma possível (afinal, uma coisa é você quebrar um banco e toda a simbologia que vem junto, outra é você enfrentar de cara limpa a armada PM).

Porém, com a atitude OFENSIVA dos Black Blocs em manifestações (em particular a contra Alckmin em São Paulo no dia 31 de julho) de quebrar agências e revendas de carros sem que a PM tenha dado o primeiro tiro, acabou por se mostrar contraproducente para o conjunto dos presentes.

A população se colocou contra, não foi em peso na manifestação seguinte em parte pelo medo de serem alvos da PM por estarem juntos a encapuzados que poderiam iniciar a violência.

Enfim, a questão central é a de que para serem efetivos, os Black Blocs devem se manter como movimento/tatica/ideia defensiva, buscando defender manifestantes da violência policial que, em geral, acontece independente de qualquer ação vinda da manifestação. Ao passar a "agir" primeiro, perdem apoio - não a legitimidade - e acabam por ajudar a enfraquecer o movimento e a causa.

Deixo claro, novamente, que seja defensiva ou ofensivamente, os Black Blocs são legítimos, a questão é se esta legitimidade pode se transformar em inteligência e agregar apoio popular.
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quinta-feira, 25 de julho de 2013

A esquerda deve aprender a lidar com infiltrados e delatores

A presença de P2, policiais disfarçados/infiltrados, em manifestações não é novidade.

Desde sempre as forças policiais se infiltram em movimentos de esquerda com a intenção de coletar informações e mesmo de tumultuar reuniões e manifestações. O que é novo, porém, é a capacidade da esquerda, com a ajuda das redes sociais, de desmascarar estes policiais infiltrados e provar que boa parte da violência e "vandalismo" nas recentes manifestações vieram não da esquerda, mas da própria polícia e de seus infiltrados.

Desde o começo das manifestações tenho defendido que cabe a nós identificar e isolar elementos infiltrados que começam quebra-quebras com a intenção de deslegitimar o movimento. E, mesmo em casos de grupelhos legítimos que porventura resolvam também quebrar, cabe à esquerda neutralizá-los, mas jamais entregar um companheiro para a polícia.

Delatar não é atitude de esquerda. É fascismo.

Mas precisamos aprender a nos defender, identificando cedo provocadores infiltrados e os neutralizando. Fotografando, gravando seus rostos e os seguindo, não deixando que possam cometer atos que depois serão usados pela PM para dar início à brutalidade.

É dever da esquerda identificar e denunciar infiltrados e delatores. Não há, aliás, como distinguir estes dois tipos de fascistas. Ambos servem aos interesses do Estado repressor. Um na linha de frente, agindo para incitar resposta violenta policial e outro dando a deixa para que a polícia possa perseguir ativistas e saiba quem atacar e prender - e criminalizar.

Devemos, com o apoio das redes sociais, dos vídeos ao vivo da Mídia Ninja, dos vídeos postados por centenas de ativistas no Youtube após os protestos, identificar e divulgar os P2, os provocadores, a fim de, em uma próxima manifestação, conhecer os rostos e métodos usados para sermos capazes de neutralizar estes elementos. Seja expulsando-os das manifestações, seja os monitorando e acompanhando e seja mesmo tendo que usar a força para que não consigam seu objetivo: o de ajudar a PM a brutalizar.

Quanto aos delatores, estes devem ser identificados e isolados. Seus contatos devem ser notificados de suas atividades a fim de cortarem relações, de não darem munição. Devemos ficar atentos a estes elementos que nos denunciam para a polícia, para estes fascistas a serviço da repressão.

De início, alerto sobre três delatores que andaram entregando ativistas para a PM, no Twitter: Eduardo Goldenberg (@edugoldenberg, que também prega machismo e homofobia e a violência contra manifestantes), Bruno Ribeiro (@brsamba, ex-secretário em Campinas) e Miguel do Rosário (@migueldorosario, blogueiro carioca). Estes três precisam ser isolados, denunciados. A esquerda não pode compactuar com os atos de quem nos entrega para a polícia e defendem o terrorismo de estado contra quem está nas ruas lutando.

Mas há outros ligados a esses três com atitude semelhante. São caguetas, delatores. Sabemos qual seria o lado deles durante a Ditadura. Entregariam até mesmo a Dilma - a quem apoiam hoje - pelo "vandalismo" de resistir à Ditadura empregando meios violentos - e legítimos.

Delatores e p2 são nosso grande problema hoje e devemos aprender a lidar com eles enquanto esquerda, enquanto grupo e enquanto ativistas.

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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Aumento das tarifas revogadas: Vencemos a batalha, falta ainda a guerra.

Haddad e Alckmin, JUNTINHOS, anunciaram a redução das tarifas pra 3 reais. Não é suficiente. Hoje temos de ir às ruas exigir que se abra a caixa-preta da máfia dos transportes e temos de exigir TARIFA ZERO!

A luta continua e não podemos nos desmobilizar depois de termos conquistado tanto e ido tão longe!

É preciso ter em mente que foi uma vitória, mas uma vitória pequena, pontual.

Alckmin e seu papagaio, Haddad, deixaram claro que a redução vem de má vontade e que irão reduzir investimentos. Quais? Porque? Nem uma palavra sobre a caixa-preta da máfia dos transportes, nem quanto de fato é o lucro dessas empresas e muito menos os valores reais envolvidos no transporte "público" de São Paulo (e do Brasil, na verdade).

Digno de nota a cara do Haddad, e sua subserviência ao tucanato. O "novo" fez papel de papagaio de pirata, esperando Alckmin aceitar reduzir tarifas para dizer que também aceitava e indo até o palácio do "inimigo" para ceder a primeira fala. Se o marketeiro e estrategistas do PT não foram demitido, fechem o partido.

Não podemos aceitar de forma nenhuma que os já parcos investimentos do Estado sejam ainda mais reduzidos enquanto o lucro do empresariado não é alterado, pelo contrário, é garantido e ampliado.

Não faz o menor sentido que o povo garanta o lucro de mafiosos do transporte às custas da exclusão de milhares, às custas do prejuízo compartilhado da população. Os protestos não começaram apenas por 20 centavos, mas pelo debate sobre qual cidade queremos, por direitos e por participação política. Ou alguém acha que 3 reais é barato? Ou mesmo que 1 real é barato para quem está desempregado ou mal tem o que comer?

Se a constituição garante o direito de ir e vir, cabe ao Estado assegurar que as pessoas possam efetivamente se locomover. Mas ao invés disso impõe barreiras, dentre elas a barreira da tarifa, à população.

Temos de continuar indo às ruas para exigir não apenas a Tarifa Zero/Passe Livre, mas para que as contas sejam abertas, para que haja transparência, e para que se debata também a qualidade do transporte "público" - que não existe.

E a Tarifa Zero é sim possível, o PT defendeu no passado, mas o PT aprendeu que é melhor contentar o empresariado que financia campanhas do que o povo. Assim também pensa o PSDB. Porém o povo nas ruas deu seu recado e continuará a lutar.

E precisamos ter em mente que não podemos permitir que a direita se aproprie das manifestações, que suas agendas reacionárias "anti-corrupção" tomem a frente, da mesma forma que não podemos deixar que pelegos ligados ao PSeudoB, PT e UNE tomem a frente, como tentaram fazer na última manifestação, na Sé.

Se por um lado a presença de partidos é legítima e até mesmo necessária, PSTU, PSOL, PCB, PCO estão desde o começo na luta, ao passo que outros, oportunistas, surgiram para tentar apenas conseguir fama e um reconhecimento indevido (PT, PSeudoB, PPL...).

Fiquemos alertas também contra infiltrações, não faltam denúncias e até a certeza de que a polícia tem infiltrado P2 nas manifestações e até neonazistas tem aparecido.

Hoje, 17h, TODXS às ruas, a mobilização não pode acabar! Alckmin e Haddad não nos fizeram favor algum, pelo contrário, foram forçados a ouvir e acatar as decisões do povo e, ainda assim, deram um jeito de defender o lucro da máfia dos transportes, e é contra isso que devemos lutar, ou por isso que devemos manter a luta.

Temos ainda a Copa, Olimpíadas, #CuraGay, PEC37, Genocídio Indígena e a própria questão do transporte, que deve ser PÚBLICO.
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