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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A Honduras esquecida


É triste constatar que Honduras, país a sofrer um golpe mais recentemente, tenha sido abandonada.

Seja na mídia, nos blogs, no ideário ou mesmo nos interesses dos Estados. Honduras foi simplesmente esquecida.

Hoje saúda-se o golpe perfeito. Porfírio Lobo assumiu uma presidência ilegítima, baseado em um golpe coordenado e apoiado pelos EUA, pelo Exército Hondurenho e pela mídia golpista local em conluio com a oligarquia apavorada com as sucessivas vitórias populares e ampliação dos direitos sociais.

Estamos diante do que Hillary Clinton chama de "Direitos Humanos Pragmáticos", ou seja, a sistematização do ato de fechar os olhos para os "erros" dos amigos, aliados ou possíveis oponentes fortes. É o caso que temos em pauta, é o caso de honduras em que é possível - dada a insignificância geopolítica do país para os EUA - condenar, jogar para a platéia e ter em si os holofotes do repúdio internacional enquanto, na realidade, se apóia, planeja e executa um golpe bem sucedido em que um governo legítimo, democraticamente eleito, é deposto e faz-se uma farsa eleitoral para consumir o golpe.

Hoje, a mídia cita Honduras apenas para bradar seu apóio não mais ao golpe, mas à vitória da democracia (sic).

Os EUA se limitam à olhar, como pais zelosos da democracia bem ao seu estilo.

À época do golpe, foi anunciado que Israel reconheceria rapidamente o governo (sic) Hondurenho, nenhuma surpresa. E, menos surpresa ainda ao ver os acordos entre Honduras e Colômbia recém-firmados, a visita de Uribe para apoiar o golpe consumado. Colômbia e Israel, dois Estados terroristas apoiados pelos EUA, nenhuma surpresa.

Do lado da população hondurenha, denúncias de abusos, tortura, estupros, execuções... E tudo devidamente indultado pelo "presidente" Lobo.

Esta é a democracia saudada pela mídia e pelos poderosos que, no Brasil, ainda gostam de tripudiar sobre o governo Brasileiro como se esta fosse uma derrota nossa e não de toda a humanidade.

Zelaya, o presidente-herói saiu humilhado de seu país, de onde foi eleito e ilegalmente deposto. Vai para o exílio forçado e indigno. O máximo de ajuda do Brasil foi permitir sua estadia em nossa embaixada. E parou por aí.

Nações do mundo fingiram-se de indignadas, bradaram mas nada de concreto fizeram. Apoiaram, querendo ou não, um golpe, mesmo gritando contra. Está consumado.

O perigo é que toda a impunidade e a aura de "golpe perfeito" possam se espalhar para países que, assim como Honduras, não sejam um exemplo de segurança institucional e nem tenham as Forças Armadas mais confiáveis ou, ainda, que este seja um sinal verde para que os EUA voltem à agir na região, notando a fragilidade de vários dos países ou ao menos a aceitação por parte de diversas instituições do golpismo.

É, agora, esperar para ver e, no meio tempo, buscar um fortalecimento das instituições e, também, saídas legais - seja na OEA, na ONU ou em qualquer outra - para o governo ilegal e ilegítimo Hondurenho.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os "especialistas" do atraso e a nova diplomacia - Caso Honduras


De uma hora para outra surgiram "denúncias" de que Chavez teria ajudado Zelaya a entrar em Honduras e, ainda, o MRE brasileiro ventilou a possibilidade de que Chavez estivesse por trás da escolha do Brasil para o refúgio do presidente de Honduras;

Logo os "especialistas" de plantão anunciaram que era um absurdo, que era um crime... Bem, não faço parte da escola tradicional das Relações Internacionais, nem tampouco corroboro com a ala conservadora do Itamaraty que arranca os cabelos pelo fato do Brasil ter não só tomado uma posição pró-ativa na América Latina - saindo do eterno discurso de liderança sem ação - mas também pelo país estar ajudando a um "comunista".

"Comunista", claro, na cabeça daqueles tradicionalistas que acreditam que qualquer coisa fora do padrão "família, tradição e propriedade" é um desvio, é Comunismo, coisa da turma do Olavo de Carvalho e cia, irrelevantes intelectualmente (sic) mas ainda com grande poder em alguns setores.

Pois bem, alguns outros "especialistas" denunciam que o Brasil está intervindo onde não devia. Vejamos, em primeiro lugar o Brasil não interviu, apenas respeitou os princípios básicos dos Direitos Humanos - na verdade, falemos em mera decência! - e deu abrigo à Zelaya, ou melhor, ao presidente democraticamente eleito de Honduras e deposto por um golpe repudiado por todo o mundo, por todas as organizações multilaterais competentes.

O mundo inteiro, as organizações multilaterais - até o FMI, e vejam só, até Israel - reconhecem Zelaya como presidente legítimo e Micheletti como golpista. O Brasil agiu (se foi sua vontade ou não, não é o caso) e agora surgem hordas de insatisfeitos, o pessoal da Veja morde o chapéu e os fascistas esperneiam avisando que o Brasil corre perigo, que a situação é tensa e que Zelaya, presidente, não pode fazer nada além de ficar sentado esperando as horas passarem.

Um dos grandes problemas dos estudiosos das Relações Internacionais é a eterna incapacidade de pensar fora de um paradigma pré-programado. Não se pensa fora da caixa (out of the box), não se questiona, não se olha para a frente. Quem não se lembra do episódio glorioso de Chavez, na ONU, sentindo cheiro de enxofre? Os puritanos quase morreram, os progressistas compreenderam que ali começava uma nova era, menos falsidade e "diplomacia" de aparência e um pouco mais de ação, atividade.

O que vemos hoje é a continuidade desta nova diplomacia.

Arthur Virgílio, um verdadeiro conhecedor de política externa e pessoa boníssima, honestíssima, chegou até a afirmar que o Brasil seria desqualificado como interlocutor porque não teve postura imparcial. Não é preciso ser gênio para saber que a digna figura já escolheu seu lado e arranca os cabelos pelo apóio dado agora ao presidente de Honduras.

O papel de "mediador" nada mais é o do país que fala, fala, não é ouvido e a situação piora, os Hondurenhos morrem, são censurados e Zelaya é esquecido em discussões eternas e infindáveis. Se é a este papel que o Brasil abriu mão, dizem os "especialistas", então, que seja, tomamos uma atitude real para recolocar o verdadeiro presidente no poder.


Voltando à Honduras, podemos afirmar que foram ventiladas as possibilidades de Chavez ter ajudado Zelaya a chegar a Honduras - o que ele confirmou, ajudou a despistar o exército para que Zelaya pudesse chegar vivo à Tegucigalpa - de que Chavez teria dado um avião è Zelaya para chegar na capital - falso - e a de que teria sido uma dica de Chavez a ida para a embaixada brasileira - conjectura sem comprovação.

Mesmo que todas as possibilidades fossem verdadeiras, não vejo o problema. Zelaya é o presidente eleito e deposto, o Brasil deu seu apóio à sua volta - ainda que sme tomar qualquer ação concreta - e Chavez, sabendo que dificilmente a Embaixada Venezuelana seria respeitada ou a força da volta de Zelaya em tal local seria menor, poderia realmente tê-lo aconselhado a ir para o lado brasileiro.

Nada além de um plano bem bolado - se comprovado.

Do ponto de vista diplomático, é compreensível a "grita" geral se entendermos que a diplomacia permanece um jogo de sombras, de mentiras e de farsas, mas do ponto de vista prático foi a melhor e única saída.

O Brasil não sai prejudicado, na verdade foi forçado - a contragosto talvez - a mostrar porque é ou quer ser o líder da América Latina. Não mais o papo de que é mas ações concretas. Resolvendo ou ajudando a resolver o conflito no país o Brasil sai fortalecido como nunca, sai com mais força para pleitear a vaga permanente no Conselho de Segurança - que conta já com o apoio entusiasmado de Sarkozy - e sai fortalecido no cenário internacional.

O Brasil, de qualquer forma, ganha. A reação dos "especialistas" e dos políticos de aluguel, como Azeredo e Tucanos afins, diverge da reação do resto do mundo, de quem não tem o rabo preso, e fez renascer um orgulho de poder se dizer Brasileiro e saber que seu país é ator proeminente e atuante no cenário internacional.

Falando de Chávez, especificamente, ele faz o que sempre fez. Fala, propagandeia, faz a política que conhece, só inocentes ou mal intencionados para ficarem chocados ou revoltados com sua maneira costumeira de falar, de fazer piadas e de agir. Cabe ao Brasil não entrar no jogo dos que acusam e saber separar um bom parceiro dos "especialistas".

Curioso, por fim, é notar a capa da Folha de São Paulo de hoj, com a manchete "Golpistas acusam Brasil de intromissão". Triste seria se os Golpistas agradecessem ao Brasil por qualquer coisa.
Em duro comunicado, o governo golpista hondurenho acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de intromissão em assuntos internos de Honduras e afirmou que o Brasil é o responsável pela segurança do mandatário deposto, Manuel Zelaya, abrigado desde segunda-feira na embaixada do país em Tegucigalpa.
 Que fique claro que é ótimo ser "acusado" de defender a democracia e o governo legítimo e, acima disso, que os golpistas são responsáveis pelo banho de sangue que pode acontecer e por cada morto por seu regime tirânico. Não "cola" a desculpa de que é do Brasil a culpa por qualquer fato e loucura dos golpistas. O resto é blablabla de desesperados criminosos.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Jogo Democrático [Parte 2]

Desde o fim dos anos 90, mas especialmente no início do novo milênio a América Latina vem passando por uma onda de revoltas populares e profundas modificações, com a chegada de líderes realmente comprometidos em destruir ou ao menos em questionar o eterno jogo de revezamento das elites.

Chávez, Correa e Morales são os melhores exemplos desta mudança, saídos dos movimentos sociais ou de setores contestadores do exército e cansados da constante repressão e criminalização dos movimentos sociais e dos espelhinhos e miçangas dados ao povo para mantê-los na linha.

Lula é uma notável exceção, foi eleito junto a este bloco mas preferiu manter-se coerente ao jogo democrático de sempre, sem tentar quebrar com a institucionalidade e com a "herança maldita" anterior, na verdade, passou a agregar e elogiar os mesmos que antes atacava e acusava. Talvez fosse preciso para assegurar alguma governabilidade mas, sendo isto falso ou verdadeiro, o fato é que o governo Lula avançou muito pouco ou quase nada se compararmos com os demais presidentes da "Onda Vermelha".


Enfim, esta onda na América Latina não nasceu ou surgiu do nada, foram anos e anos de mobilização social, de repressão e lutas - no caso Boliviano vale conhecer a "Guerra da Água" que precedem os grandes protestos que levaram Morales ao poder - que culminaram com a vitória de partidos e organizações populares e, note-se, todo o processo de deu dentro do jogo democrático já antigo, ou seja, dentro do jogo das elites.

Estas vitórias esmagadoras dos movimentos populares dentro de um jogo feito para que apenas as elites se revezassem no poder causou em primeiro momento descrença e depois revolta no seio das elites.

O golpe organizado contra Chávez, em 2002, a tentativa de separação da chamada "meia lua" na Bolívia e a atual deposição de Manuel Zelaya em Honduras são a resposta das oligarquias à sua derrota.

Se em um primeiro momento estas elites resolveram continuar participando do jogo democrático, mas foram fragorosamente derrotadas pelo povo, num segundo momento notaram que apenas denunciando seus próprio jogo é que poderiam ser bem sucedidas. Quem sabe tudo não passava de um "soluço" que um golpe ou uma ditadura não pudesse resolver e trazer estes países à "normalidade" de sempre?

No caso de Chávez as elites foram derrotadas em seu golpe em em todas as suas reações, no caso Boliviano a direita foi recolocada em seu lugar e hoje o fantasma da separação da "meia lua" está mais ou menos controlado e, no fim, falta ainda resolver a situação de Honduras.

Na verdade, o caso de Honduras merece atenção particular. O ódio e o medo das elites de perderem em toda a América Latina falou mais alto e encontraram em Honduras um campo fértil para pôr em prática sue contra-golpe. Zelaya era homem da direita, da elite, mas foi seduzido pela ALBA e pelo Chavismo e passou a ser um incômodo à direita. Pela sua origem os oligarcas devem ter acreditado que não haveria grande atenção e resposta à sua deposição, mas estavam errados.

A unidade da Esquerda latinoamericana está consolidada. ainda esperamos pelo desfecho da situação em Honduras, que encontra-se isolada e sofrendo pesadas sanções por parte de diversos paises, sob um governo títere e golpista.

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"Ela (mídia) costuma dizer q “o povo brasileiro não tem memória”. Mas é essa mídia a q produz o esquecimento" (Emir Sader)
Pois bem, chegando ao objetivo principal do presente artigo, podemos analisar a resposta das elites às suas perdas, à sua perda de hegemonia.

A imprensa brasileira como um todo comemorou a deposição de Zelaya. Vedetes neofascistas como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi não esconderam sua alegria - e a alegria da direita - em ver um representante contra-hegemônico governar um país. Escolheram um momento para manipular a opinião pública, fabricar fatos e, então, retirá-lo do poder. Mas calcularam mal a resposta internacional (e até mesmo a interna)e ficaram isolados.

Com Chávez podemos analisar também de forma perfeita a resposta das elites pelo mundo. O fato de ter proposto uma nova constituição, de ter aprovado referendos para se reeleger não entram na cabeça das elites.

Não importa que todo e cada movimento de Chávez tenha passado pelo crivo popular. Para a direita o povo só importa quando para manter a si no poder.

Durante as campanhas Chavistas pela reeleição e por nova constituição era lugar comum a mídia apresentar a oposição como pobre-coitada que queria manter a legalidade no país. Marchas da oposição eram mostradas a torto e a direita, quase com fervor patriótico enquanto a situação, os Chavistas, eram os crápulas.

Era ainda comum que marchas Chavistas fossem escondidas, protestos pró-Chavez fossem simplesmente deixados de lado e manifestações da oposição infladas, louvadas.

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Um conceito interessante é a de que não importa - fiquemos no Brasil - se quem está no poder é o PSDB, o Demo ou qualquer outro partido da oligarquia. Isto que a direita costuma chamar de alternância de poder, na verdade, nada mais é que uma forma de manter o poder nas mãos de um mesmo grupo, que finge se degladiar mas, no fim, ajuda aos seus. Muda o nome do presidente, mas a base, a estrutura e as ações permanecem as mesmas.

Mas a isto chamam de Democracia. Alternância de nomes, não de projetos ou ideologia.

Porém, não é democracia o fato de alguém consultar o povo sobre cada um de seus movimentos, tampouco realizar aquilo que anseia o povo.

A isto, chamam de Populismo.

Não que Chavez, por exemplo, não cometa seus erros, os comete sim pois é humano, mas as elites não toleram seus acertos.

É curioso observar o papel lamentável da mídia no caso da reeleição de Uribe. Para todos ele é um herói que tem amplo apoio popular - de fato, tem realmente apoio mas em momento algum consultou o povo sobre suas reeleições, tudo foi decidido à portas fechadas -, já Chavez, por ter consultado o povo, é chamado sem parcimônia pela mídia de Ditador.

No fim, a diferença entre um Ditador e um Herói não é nem o respeito pelo jogo democrático, mas se participa deste jogo e o modifica em comum acordo com as elites, com as oligarquias.

Se a elite vence, modifica o jogo como bem entende e não vê qualquer problema. Se é a Esquerda, porém, quem vence, o jogo torna-se obsoleto e medidas extremas são tentadas, como golpes, derrubadas e acusações falsas contra quem está no poder.
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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Jogo Democrático [Parte 1]

Não sei se muitos já notaram, mas o termo democracia parece só existir ou ter validade - ao menos para as elites e para a mídia em geral - quando isto significa que as elites estejam no poder.

Pode parecer básico para uns, mas para muitos, graças à manipulação midiática, talvez esta idéia não passe pela cabeça.

O que quero dizer é que é fácil verificar, como no caso de Chavez, Uribe e Zelaya, àquele que é popular, que governa para o povo, é o "populista" na concepção negativa do termo, já o da direita - no caso, Uribe - é o herói. Os jornais dão mínima publicidade à sua reeleição - isto quando sequer tocam no assunto - e normalmente sem qualquer polêmica, contrariedade ou acusação de falta de democracia.

Quando, por outro lado, a reeleição é proposta por Chávez ou Zelaya - que sequer iria se reeleger, mesmo aprovando a proposta - então estamos falando de verdadeiros ditadores anti-democráticos (a frase é incoerente de propósito).

As elites não toleram serem vencidas em seu próprio jogo, o dito "democrático".

A questão é exatamente esta, o jogo democrático foi inventado e é mantido pelas elites que, pressionadas, foram obrigadas ao longo do tempo a incluir todas as camadas da sociedade neste jogo.

Se, no caso do Brasil, aos poucos os pobres puderam votar, as mulheres, os presos, analfabetos e etc, fica claro que a elite foi parcimoniosamente "convencida" a abrir mais espaço em seu jogo para novos participantes, mas, o ponto principal, é a de que este convencimento sempre veio acompanhado de garantias: A de que a elite não seria destronada.

Os mecanismos para evitar que o "povo" chegasse ao poder foram e são vários. E começam a falhar.

Após a segunda guerra a abertura democrática foi mais que uma necessidade para as repúblicas pelo mundo. A pressão feroz e constante dos movimentos operários insatisfeitos, dos movimentos anarquistas, dos feministas e etc no pré e pós guerra tornaram a mudança inescapável.

No pré-guerra, vejam o caso espanhol, os atentados anarquistas e avanços socialistas e comunistas eram uma constante. No resto do mundo, no pós-guerra, a única maneira de esvaziar o movimento operário e os grupos que pregavam a revolução aos moldes Soviéticos era, enfim, abrir mais espaço para os insatisfeitos participarem no processo decisório.

Em alguns lugares as medidas adotadas foram a implementação do Estado de Bem Estar Social.

Mas esta participação sempre foi controlada na base da cooptação, intimidação e até através de ilegalizações e franca brutalidade e violência estatal. No geral, as camadas de baixo se tornaram mais dóceis, acabaram por receber alguns benefícios e os movimentos políticos se enfraqueceram.

De tempos em tempos, quando a situação se tornava por demais opressiva e algum movimento de base se fortalecia, um ou outro golpe de Estado tomava lugar ou um governo de direita assumia para tentar controlar os ânimos e trazer de volta o jogo às suas regras normais.

O que se vê hoje não difere muito do quadro de outros tempos. Qualquer movimento que se oponha às elites estabelecidas é atacado. Seja num primeiro momento através da infiltração de pelegos, através da franca cooptação de seus quadros até a aberta e franca violência e repressão.

Mas o que vemos hoje, em especial na América Latina, é um crescimento avassalador dos movimentos sociais que estão conseguindo vencer as elites em seu jogo de partilha do poder.

Quando vemos pelo mundo disputas entre Conservadores e Liberais, entre tradicionalistas e progressistas, estamos nada mais nada menos que observando uma briga entre aliados das elites que tentam passar adiante a imagem de que não são tão parecidos, de que tem propostas diferentes. Basta olhar para os últimos anos dos Trabalhistas e Conservadores na Grã Bretanha e Socialistas (sic) ou Social-Democratas e Conservadores na Alemanha para vermos que, de fato, as diferenças são cosméticas e o que temos é uma (pseudo)alternância de poder entre forças basicamente iguais.

Do Brasil do café com leite as semelhanças são marcantes. As mesmas elites se revezando sem, porém, nutrirem grandes diferenças. É o poder pelo poder, sem novas idéias e pelo bem das elites.

Ao longo do processo observamos apenas "soluços", quando há alguma quebra da institucionalidade e reais mudanças sociais ou processos de readaptação e reorganização do jogo, no caso das ditaduras militares.

O objetivo deste texto, enfim, é demonstrar que ao longo de toda a história "democrática" do ocidente observamos a um jogo de cartas marcadas onde os grupos que se revezam no poder, apesar de na teoria defenderem idéias antagônicas, são basicamente iguais. São elites políticas que se revezam sem levar em consideração o grosso do povo, as massas, a não ser quando precisam delas.

As massas nada mais são que massa de manobra, usadas por uma ou outra força em momentos estratégicos e que ao longo dos anos conseguem evoluir um pouco aqui ou ali mas que, no fim, não saem da sua situação de explorados eternos.

A criminalização dos movimentos sociais segue a mesma lógica. Para as elites é intolerável que um movimento de massas, organizado, ponha me perigo suas "conquistas", suas terras, posses, bens e privilégios.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Inocente manipulação midiática: Chavez versus Uribe

1. Introdução
Quem lê o blog ha algum tempo notou que o post anterior sobre manipulação midiática foi "resubido". O objetivo foi fazer uma espécie de abertura para demonstrar outra manipulação clara e descarada do PIG, agora na questão da reeleição de Alvaro Uribe, narco-Presidente colombiano e terrorista nas horas vagas.

Por acaso algum desavisado encontrou a palavra "ditador" ou "ditadura"em qualquer notícia sobre a aprovação da lei - pelo Senado, falta ainda a Câmara dos Deputados - que garante ao Uribe o direito de se reeleger pela segunda vez?

Uribe foi eleito em 2002, reeleito em 2006 e agora finge "não saber" se irá tentar novamente a reeleição. A mídia é tão inocente! Os deputados e senadores governistas só falam disso há meses, estão unidos para permitir a reeleição mas o comandante em chefe não sabe de nada? Contem outra, por favor, que esta não cola! Aliás, retomarei este comentário mais para a frente.

A primeira reeleição de Uribe, aliás, já foi fruto de uma mudança na constituição! Mas ninguém ousou chamá-lo de ditador.

Aliás, porque chamariam?

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2. Questões

Ficam, então, algumas questões:

Uribe pode ser tudo - e é - mas ditador? Se ele tem maioria no congresso (vamos tentar acreditar que as eleições na Colômbia são limpas) e este mesmo congresso resolveu mudar a constituição, prerrogativa sua, então onde está o problema?

--A pergunta acima foi carregada de ironia, que fique claro --

E se este mesmo congresso resolve convocar um referendo popular para permitir que o povo decida se quer ou não permitir outra reeleição, o que há de errado nisso?

não tem o povo o direito de decidir por si? O congresso não decidiu nada, apenas passou ao povo o direito de escolher, isto não é o mais moderno em democracia representativa?

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3. Uribe versus Chavez

Se você respondeu sim para todas as questões então eu então pergunto:

Porque, para a mídia, Uribe é o herói montado no cavalo branco que vai solucionar todos os problemas da Colômbia e esmagar os terroristas (sic) das FARC e ELN e, obiviamente tem o direito divino de se reeleger indefinidamente e Chavez é o capeta, o "radical" e, enfim, o ditador terrível e assustador que cometeu o crime de se reeleger mais de uma vez?

E, vejam bem, Chavez foi reeleito após aprovar referendo popular para tal! Em suma, o mecanismo usado por Uribe é semelhante (estou falando de mudanças na constituição) ao usado por Chavez, mas a midia trata um como herói e o outro como um ditador!
Uma breve pesquisa no Google evidencia a discrepância na cobertura da imprensa brasileira. Ao utilizar as palavras chave "reeleição Chávez" no buscador, são encontrados aproximadamente 1370 resultados só no ano de 2009; no mesmo período, e com as palavras chave "reeleição Uribe", são exibidos cerca de 598 - menos da metade.
Um adendo, sobre Uribe conseguir "derrotar" as FARC e etc, claro que ninguém pergunta como, se por meios lícitos e diálogo ou se valendo de repressão, brutalidade e dos narcotraficantes da extrema-direta, como os das AUC. Na prática, vale a segunda opção. Mas isto o PIG não comenta!

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4. O caso de Honduras

Outro paralelo a ser traçado, em termos de posicionamento midiático, mas este ainda mais radical, é com Honduras. Zelaya foi deposto por sua tentativa de consultar o povo sobre a possibilidade de uma reeleição.

Na verdade, em Honduras a questão foi ainda mais estranha, Zelaya ia realizar uma consulta para saber se o povo aceitaria que ele fizesse um referendo para, então poder permitir a reeleição. E, mesmo que aprovada, Zelaya sequer poderia ser este candidato!
O caso concreto do Zelaya é que a notícia de que ele colocaria no plebiscito a possibilidade do terceiro mandato, coisa que não existia, foi dada pela France Press, não sei se unicamente por ela, mas foi reproduzida acriticamente aqui no Brasil por alguns veículos de comunicação. É um padrão nacional, mas que também tem vínculos com a grande mídia internacional.
A mídia nem esperou para chamar Zelaya de Ditador, apoiaram logo sua retirada forçada do poder, um golpe de Estado clássico.

Mas o foco deste artigo não é Honduras, que já analisei exaustivamente em vários posts que podem ser encontrados sob a tag "Honduras" e, para um pouco mais, vale a leitura do mais novo artigo do Idelber Avelar para a Revista Fórum.

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5. Chávez em questão e Breve histórico

Para se observar melhor ainda o paralelo vejam que Chavez foi eleito em 1998 pela primeira vez, com amplo apoio político e em 1999 aprovou, por referendo popular, uma Assembléia constituinte. Ou seja, quem decidiu pela Assembléia foi o povo, através do voto e com maioria esmagadora de 70%.

Com maioria, graças ao voto popular, redige a constituição e a coloca em nova votação popular. Mais uma vez, mais de 70% de aprovação.

Em 2000, através do voto, se reelege.

Em 200 a oposição tenta retirar Chavez do poder com um referendo revogatório. Chavez vence com amplo apoio popular.

Em 2006 Chavez se reelege novamente, com maciço apoio popular.

Finalmente, no fim de 2008, o congresso aprova a reeleição indefinida de todos os cargos eleitos- e não só o do Presidente.

O que se vê, enfim, é que em todos os momentos Chavez teve amplo apoio popular e apoio do congresso, e que a oposição, em 2002, resolveu passar por cima da vontade popular e deu um golpe de Estado - de vida curta - e retirou Chavez do poder.

Vejamos se é possível compreender, Chavez sempre foi eleito, sempre teve maioria no congresso mas, enfim, é ditador. Além disso ainda sofreu um golpe e voltou nos braços do povo. Mas é um ditador.

Não percam a conta, Chavez foi eleito em 1998 e reeleito em 2000 (2 anos depois, a constituição mudou, o mandato foi "zerado") e em 2006. Ou seja, se reelegeu duas vezes e apenas aspira ao terceiro mandato. Assim como Uribe!

E todo o processo contou com uma maioria parlamentar e referendo(s)! Chavez e Uribe, enfim, agiram de forma semelhante, mas a mídia escolheu seu lado. A mídia, aliás, esqueceu de avisar que simplesmente escolheu o que lhe pareceu mais simpático, porque na prática não há qualquer diferença entre Chavez e Uribe no que tange os processos de eleição e reeleição, com a única diferença marcante sendo o fato de Chavez ter sido vítima de um golpe.

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6. Uribe em questão e Breve histórico

Ah sim, não nos esqueçamos de Alvaro Uribe, que foi eleito a primeira vez e 2002 e, em 2005 conseguiu que o congresso e a Corte Constitucional aprovassem sua reeleição, que se deu em 2006.

Vejam que, diferentemente de Chavez, Uribe não realizou qualquer consulta ou referendo, mas em momento algum foi chamado de Ditador. Contou apenas com a aprovação do legislativo e judiciário mas em momento algum se preocupou em consultar o povo.

Aliás, sobre este processo pairam até hoje denúncias de corrupção e suborno de parlamentares para aprovarem a mudança constitucional. E, cabe ainda notar, Uribe inicialmente se dizia contrário à reeleição. Chavez, por outro lado, sempre deixou claras suas intenções e, além disso, teve a decência de consultar o povo.

Neste meio tempo Uribe ainda passou por vários escândalos, como o de alianças com paramilitares, com narcotraficantes, corrupção, invasão do território Equatoriano e etc.

Como se vê, um verdadeiro democrata!

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7. ConclusãoO que se vê, enfim, é o posicionamento claramente ideológico e ideologizado da Mídia que, das duas uma, ou raramente dá publicidade ao fato - e quando o faz é sem qualquer crítica -, ou então se declara francamente favorável, feliz e satisfeita com a reeleição de Uribe.

Em ambos os casos é visível a falta de memória (memória seletiva?) e o mal-caratismo em louvar o acontecimento que contém mais do que esporádicos paralelos com os processos eleitorais e legislativos que levaram Chávez à se reeleger nos anos anteriores.

A diferença marcante, no entanto, é que Chavez submeteu todas as modificações constitucionais ao crivo popular, em referendos democráticos, enquanto Uribe tomou todas as decisões sem deixar seu palácio, nos escritórios parlamentares.

Chavéz é ditador, Uribe, mesmo copiando (e mal), não.

E porque a mídia se posiciona desta maneira?

Simples, porque Chavez é apenas um "caudillo", um esquerdista, até um comunista!

E, do outro lado, porque Uribe está alinhado com o sonho neoliberal, defende com unhas e dentes o livre mercado, interfere apenas nos negócios das FARC e ELN (corja comunista e narcotraficante) sem, porém, interferir nos negócios dos narcotraficantes da direita - seus aliados - e, acima de tudo, está alinhado com os EUA, sendo o seu braço mais visível na América do Sul, talvez o único ainda remanescente.
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Perigosos paralelos: Irã e Honduras ou quando palavras importam

Em diplomacia e política externa, uma vírgula pode fazer toda a diferença.

Numa notícia veiculada ontem pelos jornais os EUA reconheciam formalmente Ahmadinejad como presidente do Irã. 5 palavras carregadas de significado.
"'Ele é o líder eleito', respondeu o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a um repórter que lhe perguntou se a Casa Branca reconhecia Ahmadinejad como o presidente legítimo do país."
Legitimidade não é exatamente a questão Ahmadinejad ou qualquer outro presidente não seriam reconhecidos como "legítimos" pelos EUA semque houvesse um desmantelamento do regime islâmico. A questão é mais profunda, os EUA reconheceram, enfim, que Ahmadinejad foi eleito, passando por cima da fraude, dos protestos e aceitando-o como possível interlocutor caso haja alguma vontade de diálogo futuro.

Se por um lado os EUA buscaram não se intrometer - ao menos no discurso - nos assuntos iranianos, inaugurando uma suposta nova era com Obama, por outro, com estas simples palavras, denunciaram que a não-intervenção dos EUA se tornou o apóio tácito à fraudes e golpes.

O apóio, ainda que tácito e sem entusiasmo dos EUA à Ahmadinejad, é emblemático. Por mais que não influencie, na prática, os protestos da oposição legítima, por outro, acaba tendo um efeito psicológico negativo. Os EUA jogaram a toalha, se antes se distanciavam, agora reconheceram como fato consumado que Ahmadinejad venceu, sem levar em consideração a forma.
Sob críticas da oposição, que pedia uma ação mais firme em favor dos manifestantes, Obama falou em favor do diálogo e do direito de manifestação no Irã, com cautela para não ser acusado de interferência pelo governo do Irã, como o líder supremo fez no sermão em que ordenou aos iranianos que aceitassem o resultado da eleição.
Em lugar da não-intervenção radical os EUA ultrapassaram a neutralidade e foram direto para a aceitação do "inevitável". Dois extremos indesejados e indesejáveis.

O paralelo que podemos traçar com Honduras é claro.

Tanto quanto no caso Iraniano quanto no caso Hondurenho - salvas as suspeitas dos EUA estarem envolvidos em ambos os casos - os EUA, ou ao menos Obama, adotaram uma posição mais próxima da neutralidade e da conciliação - por mais pernicioso que este posicionamento possa ser, especialmente no caso Hondurenho - mas sem reconhecer, felicitar ou fazer afirmações falsamente inocentes as carregadas de significado os governos golpistas de Micheletti ou Ahmadinejad.

O que vemos é uma mudança substancial, ainda que em tom quase neutro ou insuspeito.

Se hoje vimos o reconhecimento de Ahmadinejad como presidente legal e por direito do Irã, nada impede que amanhã o porta-voz da Casa Branca anuncie que "se esgotaram todas as vias de negociação em Honduras" ou ainda que "não existe clima para a volta de Zelaya".

Qualquer variação destas duas terríveis frases/possibilidades "inocentes" seria o mesmo que reconhecer: Micheletti venceu e perdeu o povo Hondurenho.

Especificamente em Honduras, os EUA não vem tendo um papel relevante - assim como o Brasil de Lula, suposto líder da América Latina -, mas é inegável a sua força e relevância, mesmo que sem muito interesse. Uma palavra dos EUA, uma frase mal colocada ou mal interpretada pode fazer a balança de poder se desequilibrar.

Todas as atenções estão voltadas aos EUA.
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Honduras: Porque Zelaya está sozinho? Breve análise.

Antes de mais nada é bom notar a mudança perceptível na posição da mídia quanto ao golpe em Honduras. Inicialmente este nome, "Golpe", era impensável, impronunciável mas, depois de algum tempo tornou-se padrão. O governo golpista é chamado de "de fato" ou de "golpista" agora de forma mais aberta e direta.

Ainda falando sobre o PIG, é de se notar que ele ainda comete "deslizes, basta notar a manchete do G1, ontem, afirmando que apoiadores de Mciheletti "marcham por democracia e contra Zelaya e Chávez". Difícil compreender qual a noção de "democracia" das organizações Globo.

Dito isto, este não é um motivo para comemoração. Primeiro lugar, a mídia não costuma mudar de posição tão facilmente sem que haja algo por trás, dado o tamanho e alcance do golpismo e canalhice de nosso PIG, a mudança de comportamento é, no mínimo, suspeita. Segundo, e principal, apesar de mudança de comportamento da mídia, Zelaya esta, ainda, isolado.

Digo isolado porque, mesmo sem qualquer reconhecimento internacional do governo golpista de Hnduras - mesmo com anúncios desmentidos de reconhecimento por parte de Israel, Taiwan e mais recentemente da Colômbia -, mesmo com o repúdio da OEA (quem diria!), da ONU e de praticamente todo país que de dispôs a falar alguma coisa sobre a situação, nada de concreto foi tentado.

Nada além de discussões sem qualquer futuro na Costa Rica e um ensaio de embargo por parte da União Européia. Tudo isto soa bonito, repúdio, embargo... Mas nenhuma ação real apra recolocar Zelaya no poder. E está e a grande questão.

Possibilidades são muitas, ação, por outro lado.... Vale lembrar que Honduras é um país minúsculo e quase irrelevante para o mundo pela sua economia incipiente e histórico de golpes - mais um não seria grande surpresa.

Não é crível que qualquer país, por mais aliado que seja, tenha o interesse de invadir um país, sabendo que terá baixas significantes, especialmente quando o presidente, por mais legal e constitucional que seja, não tem qualquer apoio na estrutura estatal. Nem judiciário, nem parlamento, nem exército e, claro, muito menos a oligarquia, apóiam Zelaya, que ainda encontra resistência em importantes setores da sociedade.

Por mais que seja o presidente constitucional e tnha apoio do grosso do povo, a situação não se mostra propícia à uma invasão que, também, teria de estender seu mandato para reconstruir o país e, sem dúvida, para reformular e manter as estruturas estatais destruídas.

Além disso não seria do próprio interesse de Zelaya ter seu país, já pobre, destruído e invadido. A melhor solução é a dialogada.

Porém, é notável a falta de apoio dos EUA, que se limitam à repudiar o golpe mas não surgem com qualquer proposta viável, sem surgir como moderadores ou sequer terem uma ação proativa na questão. Na verdade, parte da estrutura de Washington é acusada de ter apoiado o golpe.

Vale salientar, aliás, que, na ONU, o caso de Honduras foi votado apenas na Assembléia Geral, que não tem qualquer poder vinculante, no Conselho de Segurança estavam ocupados demais condenando o programa nuclear do Irã ou alguma coisa tão importante quanto (sim, ironia pesada).

Importa mais ao mundo fingir que o Irã é um perigo mundial porque supostamente produz armas nucleares (o Paquistão, a Índia, os EUA, a China são pacíficos, não tem perigo, qual o problema deles terem armas nucleares?), do que o fato de um país democrático ter sido vítima de um golpe, de violações dos direitos humanos, ter sua população atacada pelo exército, ter seus líderes mortos ou expulsos do país e sua oposição, lideranças de movimentos sociais e mídia silenciadas.
"A missão [...] identificou a existência de graves violações aos direitos humanos ocorridas no país após o golpe de Estado", disse Enrique Santiago, da Federação de Associações de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Espanha.

O Comissário dos Direitos Humanos de Honduras, Ramón Angel Custodio, que apoia com entusiasmo o governo Micheletti negou as informações sobre violação aos direitos humanos que teriam sido cometidas no país, assim como o próprio Micheletti.

A missão divulgou um informe de 14 páginas que menciona quatro assassinatos por motivações aparentemente políticas e um de natureza homofóbica. Estas mortes se somam à de Isis Murillo, o jovem que segundo o relatório foi morto por soldados no dia 5 de julho em manifestação perto do aeroporto de Toncontín.

Entre as vítimas, o relatório menciona Vicky Hernández Castillo (Sonny Emelson Hernández Castillo, "membro da comunidade GLS" (Gays, lésbicas e simpatizantes), "morto com um tiro no olho e com marcas de estrangulamento, durante o toque de recolher, em San Pedro Sula".

Maior interesse demonstram os EUA em suas guerras particulares "contra o terror" e no isolamento de Coréia do Norte e Irã, além do apóio constante dado à Israel. Honduras é por demais pequeno para preocupações imediatas. Aliá,s desde o começo do governo Obama que, muito se falou em mudança, mas até agora nada mudou, só o discurso.

Em Honduras, uso do instrumento do Toque de Recolher é constante no país, além das costumeiras práticas de intimidação e violência estatal. O povo, por sua vez, convocou uma greve geral que paralisa o país.
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Neste momento Zelaya está em marcha pela Nicarágua para chegar até a fronteira de Honduras e, então, chegar até Tegucigalpa. Caso os militatres Hondurenhos permitam, o que não prece ser o caso. Da parte do secretário geral da OEA, apenas um pedido de prudência e, dos presidentes da AL, boa sorte.

Zelaya é acompanhado por Nicolás Maduro, chanceler da Venezuela, a ex-chanceler de Honhduras, Patricia Rodas, além de ex-guerrilheiros Sandinistas comandados por Edén Pastora, comandante Sandinista que ajudou na derrubada de Anastacio Somoza.

O Exército Hondurenho fechou a fronteira e bloqueou estradas, além de ter impedido a circulação de veículos na região de fronteira entre Nicarágua e Honduras à espera de Zelaya. O que acontecerá quando este chegar à fronteira, ainda não se sabe. O governo golpista não dá mostras de que cederá e ameaça prender o presidente eleito e constitucional.

Lo lado de Zelaya, este pede calma e um diálogo aberto na região de fronteira para poder retornar pacificamente ao seu país e ao cargo para o qual foi eleito pelo povo, já Pastora afirmou que o problema hondurenho só seria resolvido pela "via das armas" e rejeitou a mediação costarriquenha.

Do lado golpista, Micheletti recusa-se a negociar, não aceitou qualquer condição nas negociações na Costa Rica e pediu à Zelaya que desista de retornar:
"Eu faço um chamado para que evite essa provocação e desista de sua pretensão de provocar violência"
A posição dos EUA é, no mínimo, dúbia. Por um lado Obama não cansa de declarar que o golpe foi ilegal e que Zelaya ainda é o legítimo chefe de Estado, mas, por outro lado, o governo americano afirma que a força, a insurreição - convocada por Zelaya - não é o caminho, ou seja, por um lado repudia, por outro se limita a pedir que o governo golpista seja isolado, coloca panos quentes e não traz qualquer solução viável além de isolar o povo de Honduras que continua refém de um governo violento e ilegal.

Neste bolo ainda é digna de nota a acusação de Zelaya de que a direita estadunidense estaria envolvida em sua deposição o que, sem dúvida, é crível e provável fato. É difícil conceber um golpe em pleno quintal dos EUA sem que este soubesse previamente ou tivesse algum papel, seja diretamente por parte do governo ou por setores "linha-dura".
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terça-feira, 14 de julho de 2009

Honduras: Cenários [Updates]

Difícil encontrar dois ou três analistas que concordem entre si com o que surgirá deste golpe de Estado em Honduras. Podemos meramente analisar os possíveis cenários sem, porém, ter uma resposta final dada a complexidade da situação.

Longe de querer me colocar como grande especialista mas, ainda assim, dou meus pitacos como quem acompanha atentamente a situação e é formado (quase) em Relações Internacionais.

Se é fato que uma significativa parcela da população – em especial a mais pobre e mais beneficiada pelo governo Zelaya – e os movimentos sociais apóiam Zelaya e estão diariamente protestando – e morrendo – pela restauração da democracia, por outro é visível o apoio ao golpe por parte dos setores sociais mais abastados da sociedade Hondurenha, além do judiciário, da franca maioria dos partidos, do congresso em sua maioria e do exército.

Enfim, é uma verdadeira sinuca, um golpe que, apesar de totalmente ilegal, conta com amplo apóio e respaldo de diversos setores-chave de Honduras e o repúdio de outro, a parte da institucionalidade e marginalizado pelo Estado.

Temos, por fim, o lado que defende a democracia, o respeito à constituição e leis de Honduras, o povo, os movimentos sociais e, ainda, todos os demais países do mundo, a ONU, a OEA, a ALBA e etc.

Do outro temos a oligarquia Hondurenha, parte da elite, a maioria do Parlamento e Partidos políticos, além do exército. Mas nenhum apóio internacional.

Nesta questão em particular, as organizações internacionais e demais países podem apenas fazer pressão e esperar que funcione. É isso ou uma intervenção militar e imagino que ninguém esteja disposto a tanto, ao menos não agora.

A volta do Zelaya, como querem os movimentos sociais, povo e todo o mundo encontra a dificuldade suprema de não contar com o apóio da institucionalidade Hondurenha. Como governaria o Zelaya sem o apoio de nenhum partido, do exército ou da justiça?

Indo além, com a volta do Zelaya ao poder, o que fazer com os setores que apoiaram sua derrubada? Não é crível que ficariam no poder, em seus cargos e etc sem qualquer tipo de retaliação, sem punição.

Mas como punir os golpistas se até o judiciário apóia o golpe? Quem julgaria? Como se julgaria?

Os golpistas deram a opção - ou ainda estão analisando a possibilidade - de Zelaya retornar ao país, mas sem qualquer poder, como se anistiado. Esta possibilidade foi frontalmente rechaçada por Zelaya que não aceita voltar como criminoso, mesmo que anistiado.

Para Zelaya só existe a opção de regressar no poder e completar seu mandato. Opção esta que não existe para os golpistas.

Tentando resolver o impasse Micheletti surgiu com outra proposta, a de antecipar as eleições mas, daí, surge um novo problema, quem concorreria? Os mesmos partidos envolvidos no golpe? Os mesmos candidatos golpistas e tudo isso sob os olhos atentos da justiça que até agora tenta dar um ar de legalidade ao Golpe de Estado?

Enfim, vê-se quão complicada é a situação. Não temos - ao menos não de forma visível - setores da justiça, política e forças armadas críticos ao golpe, que poderiam servir de sustentação à uma possível volta de Zelaya e da normalidade constitucional. O que vemos é uma luta entre os "de baixo" e os "de cima", sendo que os primeiros não contam com qualquer apoio de nenhuma força ou setor político, judiciário ou militar.

Neste cenário calamitoso é compreensível o porque do afastamento de Obama ou Lula da situação, talvez chegasse num ponto em que só a intervenção militar seria viável para resgatar o poder tomado pelo golpe e nenhum dos dois países parece ter o interesse em fazê-lo apoiá-lo ou ao menos aventar a possibilidade. Os EUA já tem problemas demais no Afeganistão e o Brasil no Haiti para se aventurar a reconstruir uma Honduras do nada, depondo e destruindo basicamente toda a estrutura que existe hoje.

Como conclusão podemos apenas esperar para ver o que vai acontecer, os cenários possíveis são múltiplos, desde o reconhecimento do golpe e do atual governo, por cansaço, passando por uma volta de Zelaya ao país sem poder algum

1. Por cansaço e inação internacional, o reconhecimento do golpe e do governo golpista como legais, abandono de Zelaya;

2. Por cansaço e inação internacional, o reconhecimento do golpe e do governo golpista como legais, mas com a volta de Zelaya ao país sem qualquer poder;

3. Antecipação das eleições com todas as forças golpistas concorrendo. Zelaya pode ou não voltar ao país;

4. Volta de Zelaya ao país no poder, manutenção da estrutura golpista e quase impossibilidade de governar;

5. Volta de Zelaya ao país no poder poder, verdadeira "limpa" ou expurgo dos golpistas, uma verdadeira reforma na estrutura do país;

6. Guerra civil;

7. Invasão do país por uma aliança internacional para recolocar Zelaya no poder;


Sem dúvida a opção "1" é a mais provável enquanto a "2" e a "3" despontam como favoritas. Uma volta de Zelaya ao país no poder é algo remoto, assim como qualquer intervenção militar séria dos países da América Latina para recolocá-lo no poder. Por fim, a guerra civil é, ainda, uma possibilidade assustadora mas não irreal.

O que se sabe no momento, porém, é que líderes comunitários, lideranças de movimentos sociais e políticos de esquerda estão sendo assassinados. O setor crítico ao golpe vem sendo atacado dia após dia, seja durante protestos com tiros e bombas, seja na calada da noite, enquanto dormem ou na frente de suas casas, por esquadrões da morte.

A direita está seletivamente matando qualquer oposição viável ao seu golpe, o que torna viável a idéia da guerra civil no país.

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Aparentemente a opção bélica e até a guerra civil estão ganhando força.

"Jose Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras, deu um ultimato: se as negociações não o levarem de volta ao poder, ele disse que vai considerar outros meios para retornar à presidência em Tegucigalpa. A próxima rodada de negociações está marcada para sábado, na Costa Rica."

Qual será a fórmula de Zelaya para conseguir retomar o poder por "outros meios" é uma incógnita, podemos esperar pela ajuda externa de algum país, mercenários, guerrilha interna...

As possibilidades são múltiplas e o resultado, se a via armada for a certa, será um banho de sangue numa região extremamente fragilizada, conservadora e afeita aos golpes de Estado e violência extrema ao longo de sua história.

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O clima esquentou de vez a opção da Guerra Civil toma corpo e se fortalece. O El País noticia que Zelaya convocou uma insurreição!

"La insurrección es un derecho del pueblo que está consignado en el artículo 3 de la Constitución de Honduras, y los hondureños deben hacer valer sus derechos constitucionales"
A declaração de Zelaya foi dada durante conferência de Imprensa na guatemala, na presença do presidente do país, Alvaro Colom, que o recebeu com honras de chefe de Estado

"No hay que dejar la lucha, hay que mantenerla hasta que los golpistas salgan del régimen de facto que han establecido en nuestro país"

"Yo no me he rendido ni me voy a rendir. Voy a regresar al país en el menor tiempo posible. No quiero avisar la hora ni el día para no alertar a las fuerzas opositoras, que sabemos que son criminales"

Enfim, vai se desenhando o cenário em Honduras, e um conflito armado, uma insurreição popular, desponta como principal opção de Zelaya para retornar ao poder.

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terça-feira, 7 de julho de 2009

Honduras: Sob o manto do golpe [Updates]

Por motivo de força maior (falta de tempo), hoje a postagem sobre Honduras saiu mais tarde do que eu gostaria.

Neste momento me limito a um resumo do dia.

De início os chocantes números do Golpe, através do Larte Braga no Vi o Mundo: 'pelo menos 50 pessoas morreram em Honduras; há mais de 900 presas e 800 desaparecidas'

Um número assustador, mas que demonstra a cruel face de um regime ditatorial instaurado por um golpe de Estado.

O Movimento Social Hondurenho denuncia a perseguição que seus líderes sofrem de grupos paramilitares:
"Hugo Maldonado, presidente del Comité de los Derechos Humanos, en San Pedro Sula, informó a Prensa Latina que en las últimas horas individuos armados merodean su vivienda y la de otros líderes populares.

"Tengo informes que ya tienen casas, propiedad de particulares, para mantener presos de los dirigentes que detengan", dijo Maldonado.

El dirigente solicitó a la Organización de las Naciones Unidas (ONU) intervenir inmediatamente antes de que el país se convierta totalmente en un escenario de cacería humana.

Luego de que en la tarde de hoy realizarán manifestaciones pacíficas en San Pedro Sula en espera del presidente legítimo Manuel Zelaya, los escuadrones de la muerte persiguen a los líderes, dijo el activista de derechos humanos.

"Estamos en una situación que es peor a la que vivimos en la década de los ochenta, cuando muchos de los militares, que forman parte del gobierno golpista, desparecieron a muchos hondureños", recordó Maldonado."
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Ao menos uma notícia boa pós-golpe, a Interpol rejeitou a ordem de prisão contra Zelaya e não a obedecerá:
"Interpol has refused a request by the government of Honduras that an arrest warrant be issued for ousted President Jose Manuel Zelaya, the international police agency said Tuesday.
The agency said it declined the request because it “is strictly forbidden for the organization to undertake any intervention or activities of a political, military, religious or racial character. This prohibition is taken extremely seriously by Interpol.”
The development came as Zelaya, ousted by the Honduran military on June 28, arrived in Washington for a meeting with Secretary of State Hillary Clinton."
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Nas últimas horas saiu a notícia de que Óscar Arias, presidente da Costa Rica, será mediador nas negociações entre Zelaya e o governo golpista. Os golpistas aceitaram, Zelaya ainda não disse nada.

Ao menos aos olhos dos EUA, Zelaya ainda é o presidente legal de Honduras, tanto que ele indicará um novo Embaixador ao país em substituição ao anterior, que acabou apoiando o golpe de Estado. Se Obama não faz nada, ao menos não atrapalha e acaba apoiando o lado golpista, o que seria comportamento padrão estadunidense. É um avanço, enfim.

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A face dos principais golpistas, via Honduras en Lucha:

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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Honduras: Dias de Sítio [Update]

Repressão constante ao povo, isto é fato. Mas ao menos o "governo" começa a ceder e sentir o peso do isolamento (Chavez, aliás, suspendeu envio de petróleo).

O "Governo Provisório", como o PIG gosta de chamar o governo fake, golpista, começou a demonstrar ter sentido o peso do repúdio internacional e aventou a possibilidade de um referendo para saber se o povo quer que Zelaya volte ao poder. É um primeiro passo, e uma excelente demonstração de que a pressão internacional vem surtindo efeito.
O governo provisório de Honduras, que assumiu o poder após o golpe de Estado do último domingo (28), disse nesta quinta-feira (2) que admite a possibilidade de antecipar uma eleição anunciada para novembro a fim de dar fim à crise gerada pela expulsão do presidente Manuel Zelaya. Roberto Micheletti, chefe do governo interino, disse que uma outra opção seria fazer um referendo para saber se o presidente deve ou não retornar ao poder. Segundo ele, entretanto, seria difícil fazer isso rapidamente.
Pressão, aliás, que a OEA vem fazendo de forma constante, renegando seu passado de apoio à regimes golpsitas e ditatoriais, inclusive impondo um prazo para que a normalidade democrática retorne e sanções sejam aplicadas à Honduras.

Trágico, e até cômico, são as tentativas do governo golpista e da "justiça" de Honduras de tentar dar alguma legitimidade ao golpe, forjando acusações e "provas" de supostos crimes cometidos por Zelaya.
"A Promotoria de Honduras afirmou nesta quinta que dispõe de provas "suficientes" para acusar Zelaya por 18 delitos, desde traição à pátria até a não aplicação de 80 leis aprovadas pelo Congresso. "Zelaya será preso apenas se colocar um pé no nosso território e julgado por 18 delitos que estão suficientemente documentados contra ele", afirmou o promotor-adjunto Roy Urtecho, que ainda confirmou a emissão da ordem de prisão contra o líder deposto.

As outras acusações contra Zelaya são a de que ele teria criado o cargo de vice-presidente para favorecer Aristides Mejía, considerado seu amigo, e usar recursos estatais para promover o referendo para mudar a constituição, permitindo assim que exercesse a presidência por um segundo turno, e que motivou o golpe de Estado."

Em um Estado de Direito, a justiça de qualquer país decente abriria processos contra um acusado - fosse quem fosse -, porém, em Honduras, a justiça apóia um golpe para DEPOIS fabricar as acusações e as provas. Tentativa torpe e burra de legitimar um golpe ilegal e ilegítimo.

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Algumas fotos dos protestos e da repressão em Honduras, upadas pelo Fórum Centro Vivo.

Outro álbum de fotos.
-------------------------------Falando em OEA, aparentemente a organização resulveu renegar mesmo seu passado. Insulza, secretário da organização afirmou que visitará Honduras não para negociar, mas para apresentar o documento aprovado por todos os países membros e ecxigir a restituição da democracia.
""No vamos a Honduras para negociar. Vamos a pedir que se deje de hacer lo que se ha estado haciendo hasta ahora, y a buscar vías que permitan el retorno a la normalidad""
Fato curioso, Zelaya é acusado pela "justiça" de Honduras de ter crrado um cargo para seu amigo, o de vice-presidente, por outro lado Micheletti, o golpista-chefe, retirou o prefeito democraticamente eleito de San Pedro Sula, Rodolfo Padilla Sunseri, do cargo e nomeou seu sobrinho, William FRanklin Micheletti, no lugar!

Será que a "justiça" vai investigar e acusar também o "novo presidente" de Honduras ou sua balança apenas pende para um lado?

O Diariocolatino informa que os protestos seguem fortes em Honduras.
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A oposição golpista midiática continua na sua tentativa faraônica de legitimar o golpe. Mostra apenas "protestos" dos anti-Zelaya (nenhuma palavra sobre os pró-Zelaya e democracia, apenas comentam que meia dúzia apareceu para um protesto aqui ou ali), anuncia que os protestos são um "não ao Chavismo" e inflam o número de participantes, que chegam aos 50 mil, em alguns casos!

Dos EUA, não poderia chegar algo diferente:
"El senador Jim DeMint defendió el jueves el derrocamiento del presidente hondureño Manuel Zelaya y dijo que ahora está vigente el estado de derecho en el país centroamericano.

Zelaya fue derrocado mediante un golpe militar, luego de hacer caso omiso a una orden de la corte suprema, para que evitara buscar una reforma constitucional, que según muchos hondureños, iba encaminada a permitirle la reelección.

DeMint, republicano conservador, calificó a Zelaya como un "dictador al estilo de Chávez", en referencia al presidente venezolano Hugo Chávez."

E, para os fortes, uma "cronologia da ilegalidade de Zelaya", brinde do PIG Hondurenho!

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Artigo elucidativo

Si son tan populares ¿porqué la represión?

NuevoLos empresarios y el gobierno de facto y opresor de Roberto Micheletti han iniciado una campaña fuerte para validar su golpe de estado. Al extranjero han enviado a un “canciller” que habla puras estupideces cuando lo entrevistan, como cuando dijo que el bloqueo centroamericano al comercio no importaba o que a Manuel Zelaya Rosales lo juzgarían por narcotráfico. A nivel local los empresarios y el gobierno están gastando millones en marchas “por la paz y la democracia”. ¿De qué paz hablan cuando están golpeando en las calles a los opositores al gobierno? y ¿De qué democracia hablan cuando irrespetaron la Constitución al implantar un gobierno a fuerza de fusiles?

Por cierto, me cuentan que en algunas empresas les dicen a los empleados “que si quieren ir a las marchas, vayan”, pero en otras la cosa es seria y los amenazan que si no van los despiden. Sólo una minoría va voluntariamente y, de esos, la mayoría no entiende el problema de fondo (el irrespeto a la ley, a la Constitución y el quebrantamiento de 28 años de sucesiones democráticas), si no que siguen empeñados en ver que Mel andaba con Chávez “y por eso está bueno que le hayan dado el golpe”.

Los hondureños tenemos tan pocas cosas para sentirnos orgullosos (somos una nación pobre gobernada por un atajo de ladrones). Pero el hecho de saber que después de Costa Rica éramos en Centroamérica la nación con más años de gobiernos democráticamente electos era un motivo de orgullo. Pero con este golpe hemos retrocedido en un día lo que construimos en 28 años y los ignorantes no son capaces de verlo.

Volviendo al punto original. Si este es un gobierno “legítimo” como la cúpula empresarial, los perros de la patria (léase diputados) y el mismo Micheletti dicen, entonces ¿porqué la represión? En los últimos días han estado dispersando con gases lacrimógenos y a balazos las manifestaciones en contra, coludidos con medios de comunicación como Televicentro, Radio América, HRN, La Prensa, El Heraldo y La Tribuna, que se niegan a informar sobre los acontecimientos que “empañen la nueva administración”.

Además, mientras les disparan a quienes reclaman el retorno al orden constitucional, la misma policía y militares protegen a quienes apoyan el golpe y hasta les cierran las calles a su alrededor “para que nadie los moleste”, mientras los medios de comunicación afines al gobierno de facto les dedican horas en su programación o varias páginas en los periódicos.

Si tienen tanto apoyo ¿porqué suspender las garantías constitucionales? Primero dijeron que era “por 48 horas” y luego las extendieron hasta mañana, sábado 4 de julio, de modo que no podemos salir de noche, no podemos reunirnos, pueden allanarnos nuestras casas y nos pueden detener por más de 24 horas, sin decir “agua va”. Y esto habría sido peor porque el decreto enviado por Micheletti al Congreso Nacional solicitaba un estado de sitio, donde se suspenden todos los derechos, pero la diputada izquierdista Doris Gutiérrez lo denunció en una radio y “los perros de la patria” corrieron a cambiar el decreto a último minuto para no verse tan represores. Entonces, insisto, si son tan populares y legalistas ¿porqué la represión y la suspensión de derechos?

Otra estupidez con la que no podemos estar de acuerdo es que enfaticen y se rasguen las vestiduras al decir que esto no es un golpe de estado y que, encima, pretendan que les creamos. El hecho que nos digan que no fue un golpe equivale a decir “ustedes son estúpidos, no piensan y tienen que creer todo lo que les diga”. No señores, así no es la cosa. Sería mejor que dijeran: es cierto, dimos golpe de estado porque era lo conveniente a nuestros intereses y de ahora en adelante estas son las reglas. Y punto.

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Update:

ElFaro.net traz entrevista com militar de alta patente que admite a ilegalidade do GOLPE.

"Coronel Herberth Bayardo Inestroza, asesor jurídico del Ejército hondureño

“Cometimos un delito al sacar a Zelaya, pero había que hacerlo”

El principal asesor jurídico del Ejército hondureño admite que trasgredieron la ley al sacar al presidente Zelaya en un avión hacia Costa Rica, y que esa decisión la tomó la cúpula mlitar “para evitar un derramamiento de sangre”. El coronel Bayardo Inestroza dice que el presidente venezolano, Hugo Chávez, hace bien en temer de un francotirador en Honduras, y que el ejército de este país no podría convivir con un gobierno de izquierda. Si Zelaya vuelve, dice, sería el final del estado de derecho en Honduras. Esta es la entrevista que el coronel Bayardo concedió a El Faro y el Miami Herald."

Mais sobre a ilegalidade.
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O Delito Imperdoável de Perguntar ao Povo, do Publico.es:

Zelaya había decretado un importante incremento al salario mínimo y estrechado relaciones con los sectores populares. En política internacional se sumó a la oleada de gobiernos progresistas que renegaban de las políticas neoliberales que dominaron los años noventa, se integró en la Alternativa Bolivariana de las Américas, un proyecto de cooperación e integración latinoamericana sugerido por Hugo Chávez, y restauró las relaciones diplomáticas con Cuba.

Para este domingo cometió el delito imperdonable de "preguntar al pueblo". Convocadas elecciones legislativas y municipales ideó la propuesta de instalar una urna más donde los ciudadanos se pudieran pronunciar sobre la convocatoria de una Asamblea Constituyente para el próximo año. Una iniciativa apoyada por la firma de 400.000 ciudadanos hondureños, las tres centrales obreras, el Bloque Popular de Honduras y toda una serie de organizaciones sociales, pero no por los sectores empresariales que temen cambios en sus privilegios fiscales y en la política de expolio de los recursos naturales del país.

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Update:

AntonioVM, via Twitter informa que nenhum país reconheceu o governo golpista de Micheletti, a história de que Israel e Taiwan haviam reconhecido não passa de boato inventado pelo PIG local!
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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Honduras: Sob o Estado de Sítio

O Jornal golpista El Heraldo noticia que Israel e Taiwan reconheceram o governo golpsita de Micheletti. Até agora nenhuma confirmação independente mas, ao menos da parte de Israel, não surpreenderia. Nação genocida apóia nação golpista. Nada de fora do comum.

Pelo Twitter o Idelber Avelar informa que o sinal da TeleSur foi bloqueado. Além de cortes de energia, censura à imprensa e Estado de Sítio, nada mais de TV independente no país.

O El Heraldo, ainda, cobre uma manifestação de apoiadores do Golpe na capital. Este protesto, pelo visto, não foi proibido pelo governo que, por outro lado, espanca a oposição em marcha e proíbe manifestações de apóio a Zelaya.

A tentativa torpe de tentar legitimar o golpe é flagrante. Não houve golpe, houve uma sucessão baseada na ordem constitucional! Claro, expulsaram o presidente, colocaram alguém no poder sem qualquer participação popular, o exército foi às ruas, foi baixado o Estado de Sítio... MAs tudo isso na maior normalidade democrática!

La manifestación pacífica comenzó a las 10:00 de la mañana con aproximadamente 25,000 personas, pero a medida avanza va creciendo.

Este es nuestro apoyo a la democracia y al nuevo gobierno, dijo María Antonieta Votto, mientras caminaba entre una muchedumbre que no paraba de gritar: “Fuera Mel, fuera Chávez”.

Este es el gran apoyo que el pueblo de Honduras le está dando al nuevo gobierno, porque la gente quiere vivir en paz y democracia. “Le pedimos a Mel (Manuel) Zelaya que no venga a Honduras porque aquí no lo queremos”, expresó Votto.

Diferentes disertantes manifestaron que el mundo debe entender que en Honduras no se ha dado un golpe de Estado, pues lo que sucedió fue una suceción basada en el orden constitucional.

A honestidade do jornal se mostra ainda maior, ele mostra o "outro lado", uma manifestação de 500 pessoas pró-Zelaya... Lamentável o nível a que chega o PIG, aqui e lá!

O Blog Honduras Resistência dá outra visão dos protestos dos pró-Zelaya que o PIG finge não ver.

O que a imprensa não mostra, no Twitter vira notícia, e de lá saem denúncias de mais conflito, tiros e possíveis mortos em enfrentamentos do Exército com manifestantes pró-democracia. Gás lacrimogêneo é usado a todo momento contra a população desarmada e pacífica. Em Honduras todos os meios que tentam transmitir os pronunciamentos de Zelaya são bloqueados e censurados.



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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um novo dia, um novo golpe [Updates]

O dia amanheceu com a notícia de mais um Golpe de Estado na América Latina. Desta vez é em Honduras.

Depois de uma crise política que vinha se arrastando já ha um tempo no país causada pelo enfrentamento entre o Executivo, Judiciário e o Exército, numa queda de braço onde o Executivo acabou perdendo e o presidente do país, Manuel Zelaya, foi deposto e encontra-se no exílio.

Zelaya buscava conseguir, em um referendo, a reeleição, o que desagradou o judiciário e o Exército. O presidente encontra-se em Manágua (Nicarágua) no encontro da ALBA depois de ter sido expulso do país pelos militares através da Costa Rica e de quase ter sido morto em sua própria casa, depois que esta foi invadida por militares armados e encapuzados.
"Houve um momento em que as rajadas das metralhadoras que estavam sendo disparadas em nossa frente eram tão fortes, e era tanta a violência e brutalidade com que mais de 200 elementos (militares) invadiram minha casa em começo da manhã deste domingo"
No lugar de Zelaya os militares colocaram Roberto Micheletti na presidência, do mesmo partido de Zelaya.

Todo este golpe apenas pela intenção de Zelaya realizar uma consulta neste domingo perguntando se o povo queria um referendo para mudar a constituição e permitir a reeleição.

O Congresso considerou a consulta ilegal e o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Romeo Vázquez, se recusou a apoiar a logística para a consulta. Foi, então destituído pelo presidente e a Suprema Corte reverteu a decisão. Numa demonstraçã ode total intolerância e truculência, o Exército resolveu depor o presidente porque não gostou de sua decisão - legal - de demitir o chefe do exército.

Zelaya tem uma trajetória curiosa. Foi eleito pela direita, pelo Partido Liberal mas começou a se distanciar de sua base e fez seu país ingressar na ALBA e se aproximou dos movimentos sociais. Não é a toa que o títere colocado pelos militares no poder seja também do Partido Liberal.

O Biscoito Fino fez uma análise muito boa da situação e vale à pena dar uma lida.

O Eduardo Guimarães, via Joildo, nos mostra o serviço maravilhoso do PIG na cobertura do Golpe:

"Noite de domingo. Mais uma vez, o fantasma dos golpes de Estado paira sobre a América Latina. É a vez de Honduras. Num primeiro momento, pela internet é possível ver de que lado ficaram os governos, os organismos multilaterais e a mídia.

Aqui vai a lista de apenas alguns dos que condenaram o golpe de Estado em Honduras:

Barack Obama
Hillary Clinton
Bill Clinton
Hugo Chávez
Evo Morales
Lula
Cristina de Kirchner
Rafael Correa
Michelle Bachelet
OEA
ONU
União Européia

Agora, a lista (eloqüente) de alguns dos que apoiaram ou trataram como “legal” o golpe de Estado hondurenho:

Portal G1 (Globo)
UOL (Folha)
Estadão.com.br
IG
Terra
Ricardo Noblat
Reinaldo Azevedo

A justificativa do golpe por este segundo grupo é a mesma dos golpistas hondurenhos, de que a convocação de um referendo pelo presidente Manuel Zelaya à revelia da Suprema Corte e do Parlamento justificaria a ruptura institucional no país.

Já pensaram se a moda começa a pegar de novo aqui na América Latina? O povo elege e, se meia dúzia de golpistas influentes não gostar do eleito, inventa alguma coisa e derruba

Nem direi que caiu a máscara desses falsos democratas, desses golpistas que condenam suspeita de fraude eleitoral no Irã e apóiam o insuspeito golpe de Estado hondurenho.

Dos que ficaram do lado dos golpistas, só o Esgoto da Veja teve coragem de usar a conversa mole dos golpistas para justificar o golpe. Os outros se limitaram a divulgar que Honduras “elegeu” um novo presidente e a difundir acriticamente a justificativa dos golpistas.

Alguma surpresa? Nenhuma, ora. Golpistas apóiam golpes e é por isso que a imprensa golpista latino-americana aderiu rapidamente ao golpe hondurenho.

Talvez recuem daqui a pouco devido ao consenso da opinião pública internacional contra o golpe, mas o que importa é a reação deles no primeiro momento, que lhes tira as máscaras. Pena que seja só para aqueles que sabem que eles usam máscaras."


Quanto ao Lula, finalmente, uma declaração feliz. O presidente repudiou o golpe, finalmente resolveu falar alguma cosia que preste e não o velho trololó de sempre, prestando desserviço ao Brasil e ao mundo ao defender Ahmadinejad, a fraude no Irã e outras barbaridades.



Voltando à Honduras, o presidente depoisto foi expulso do país, porém sua mulher, Xiomara Castro encontra-se em cárcere privado, em algum lugar desconhecido, e os filhos do casal estão refugiados em embaixadas estrangeiras.

Patrícia Rodas, chanceler do país, está viva e bem e será levada ao México. (Na verdade já chegou no país)

Está convocada uma greve geral no país, em repúdio ao golpe, fato constante no país e na América Central, histórico celeiro dos EUA que já comandou mais golpes na região que em qualquer outra parte do mundo. As suspeitas, obivamente, recaem sobre o país e Obama.

O Contrapunto, de El Salvador, comenta que sequer Washington reconheceu o golpe (além disso nos dá um dado assustador, praticamente todo o contgresso de Honduras apóia o golpe, 123 dos 128 legisladores apoiaram o golpe e colocaram Micheletti no poder):
"En esta ocasión, y hasta el momento, nadie, ningún gobierno del mundo, ha reconocido al gobierno de facto que ha surgido tras la asonada golpista y que está encabezando el diputado y presidente del congreso legislativo, Roberto Micheletti, a quien le dieron su respaldo 123 de los 128 legisladores que integran el primer órgano de estado de Honduras.

Históricamente los golpes de estado tenían detrás “la mano peluda” de la Agencia Central de Inteligencia (CIA), de Estados Unidos. Incluso, el último intento golpista ocurrido en Latinoamérica en abril de 2002, en contra de Hugo Chávez, presidente de Venezuela, también tuvo el respaldo velado de Washington. El gobierno de El Salvador, entonces presidido por Francisco Flores, fue el único del continente que reconoció al efímero gobierno golpista que encabezó Pedro Carmona.

No obstante, en el momento actual la actitud de Washington ha sido distinta. Para comenzar el presidente Barack Obama mostró su preocupación por la ruptura constitucional en Honduras, pero luego, la administración en Washington, a través de dos funcionarios del Departamento de Estado, aseguraron que sólo reconocen como presidente de Honduras, al mandatario depuesto Manuel Zelaya.

"Nosotros reconocemos a Zelaya como el presidente constitucional y debidamente electo de Honduras. No vemos otro", dijo el funcionario hablando bajo condición de anonimato a periodistas en una teleconferencia organizada por el Departamento de Estado, según reportó la agencia Reuters"

O próprio Zelaya afirma que recebeu ligação do Embaixador dos EUA no país e que este lhe garantiu não ter qualquer participação estadunidense no golpe:
"“Acabo de recibir una llamada de Thomas Shannon (…), y él me dijo que Embajador de los Estados Unidos en Honduras se pronuncia en contra de este zarpazo”"
Fidel Castro comenta:

Un gesto que no se olvidará

Hago un alto en el trabajo que estaba elaborando desde hace dos semanas sobre un episodio histórico, para solidarizarme con el presidente constitucional de Honduras, José Manuel Zelaya.

Fue impresionante verlo a través de Telesur, arengando al pueblo de Honduras. Denunciaba enérgicamente la burda negativa reaccionaria de impedir una importante consulta popular. Esa es la "democracia" que defiende el imperialismo. Zelaya no ha cometido la menor violación de la ley. No realizó un acto de fuerza. Es el Presidente y Comandante General de las Fuerzas Armadas de Honduras. Lo que allí ocurra será una prueba para la OEA y para la actual administración de Estados Unidos.

Ayer tuvo lugar una reunión del ALBA en Maracay, en el Estado venezolano de Aragua. Los líderes latinoamericanos y caribeños que allí hablaron, brillaron tanto por su elocuencia como por su dignidad.

Hoy escuchaba los sólidos argumentos del presidente Hugo Chávez denunciando la acción golpista a través de Venezolana de Televisión.

Ignoramos qué ocurrirá esta noche o mañana en Honduras, pero la conducta valiente de Zelaya pasará a la historia.

Sus palabras nos hacían recordar el discurso del presidente Salvador Allende mientras los aviones de guerra bombardeaban el Palacio Presidencial, donde murió heroicamente el 11 de Septiembre de 1973. Esta vez veíamos a otro Presidente latinoamericano entrando con el pueblo en una base aérea para reclamar las boletas para una consulta popular, confiscadas espuriamente.

Así actúa un Presidente y Comandante General.

¡El pueblo de Honduras jamás olvidará ese gesto!

Junio 25 de 2009

Fidel Castro Ruz

26 / 06 / 2009

Fotos dos protestos em Honduras e do Golpe.

Chávez já declarou que irá fazer de tudo para derrubar o golpe, de maneira enérgica declarou que "Este golpe lo vamos a quebrar desde dentro y desde fuera":

"A los golpistas de Honduras les decimos: estamos de pie, esto no es mera hueca palabrería, ese golpe va a ser derrotado y va a ser derrotado por el pueblo de Honduras, y nos sentimos comprometidos con el pueblo y su voluntad"

"Estamos en batalla, ya anunciaremos medidas""

Resta saber se é apenas retórica ou se a América Latina vai realmente conseguir trabalhar para pôr fim à um golpe antidemocrático.

É o momento de não só a ALBA mas também a UNASUL - e seu Conselho de Defesa - mostrarem que realmente são instituições fortes, integradas e que tem força para atuar. Não basta a retórica, as ameaças e os repúdios, é preciso ação firme para pôr fim ao golpe em Honduras e pôr as instituições multilaterais para trabalhar e tentar resolver o caso.

Tudo bem que a UNASUL tenha como foco a América do Sul, mas ainda assim, não pode ficar calada e inerte frente à esta agressão.

Resumo dos acontecimentos de forma bem direta e explicativa pode ser lido no Contrapunto, de El Salvador.

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Curioso notar o paralelo entre o Irã e Honduras na questão da liberdade de imprensa - ou falta dela -, na verdade, o paralelo que existe em qualquer golpe ou tentativa de golpe. Sempre a imprensa é a primeira sentir os efeitos.

O JB repassa a denúncia da Federação Latino-Americana de Jornalistas sobre a censua em honduras, realizada pela ditadura militar instaurada no país. Todos os meios de comunicação alternativos e comunitários foram silenciados e já existem denúncias de violação dos direitos humanos contra jornalistas que combrem o golpe.

Poucos sabem mas o povo está nas ruas, protestanto, organizações sociais convocaram não só uma greve geral mas também protestos e demonstrações contra o governo golpista e o grau de resposta das Forças Armadas é desconhecido. A Mídia em geral, o PIG,mais especificamente, parece não ter qualquer interesse em investigar à fundo os acontecimentos, como faz no Irã, e boa parte das informações vem de veículos de Esquerda, como o Contrapunto, e a internet.

Se no Irã o Twitter é o principal canal de informações, a coisa não destoa muito de Honduras, com a diferença significativa do interessa da mídia em apurar as informações, divulgar e buscar canais alternativos/próprios.

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O discurso da direita é realmente bárbaro. Só precisamos mudar os nomes mas as palavras, a intenção é sempre a mesma. Seria para dar gargalhadas, não fosse o assunto tão sério.

De Olavo de Carvalho até Enrique Ortez Colindres, novo Chanceler golpista de Honduras, a distância se mede em vírgulas!

"Aqui não houve golpe de Estado porque os hondurenhos seguem regidos pela Constituição, que o governo anterior quis reformar sem nenhum fundamento e de maneira ilegal", afirmou o chanceler. "Com a influência do dinheiro e a propaganda esquerdista, se fez uma falsa imagem internacional de Honduras, que estamos dispostos a contestar."

Realmente, um exército se sublevar contra o Presidente, homens encapuzados invadirem sua casa e o expulsarem do país e no lugar indicarem um presidente títere não é golpe. Na república das bananas não deve mesmo ser golpe, é totalmente democrático!

Vamos, por um segundo, aceitar que o Zelaya estava indo contra a constituição. Oras, isso se resolve rasgando-a de vez e o depondo?

É o velho "não brinco mais" da direita. Por essas e outras que Chávez é ditador, Morales é ditador, e por aí vai... Porque eles ameaçam a hegemonia da direita, governam para o povo e não para o latifúndio... Irrita a direita e seu joguinho.

Quando a Esquerda vence nas urnas, no jogo da direita, eles não aceitam mais, pegam a bola de volta e acabam com a brincadeira.

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Artigo de Atílio Borón sobre o golpe:

"Un presidente violentamente secuestrado en horas de la madrugada por militares encapuchados, siguiendo al pie de la letra lo indicado por el Manual de Operaciones de la CIA y la Escuela de las Américas para los escuadrones de la muerte; una carta de renuncia apócrifa que se dio a conocer con el propósito de engañar y desmovilizar a la población y que fue de inmediato retransmitida a todo el mundo por la CNN sin antes confirmar la veracidad de la noticia; la reacción del pueblo que conciente de la maniobra sale a la calle a detener los tanques y los vehículos del Ejército a mano limpia y a exigir el retorno de Zelaya a la presidencia; el corte de la energía eléctrica para impedir el funcionamiento de la radio y la televisión y sembrar la confusión y el desánimo. Como en Venezuela, ni bien encarcelaron a Hugo Chávez los golpistas instalaron un nuevo presidente: Pedro Francisco Carmona, a quien la inventiva popular lo rebautizó como “el efímero.”"

Mais, no Boltxe.

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Repressão em Honduras:

A TeleSur noticia que os militares estão indo de encontro com os manifestantes contrários ao golpe.

A Rádio Nacional de Venezuela noticia a prisão de uma repóirter da TeleSur.

No país já são mais de 100 feridos e ao menos um morto, informa a RNV.

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A direita golpista se refestela e adora! Agora, oficialmente e mais do que nunca, o PIG se assume golpista.

Democracia não é atalho para ditadura

segunda-feira, 29 de junho de 2009 | 15:31

Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua… Qual é o problema central desses países? A democracia se tornou apenas um atalho para a ditadura. Honduras estava nesse caminho. Recorre-se a processos constituintes para matar a democracia representativa, instituindo, em seu lugar, formas pilantras de “democracia direta”, que nada mais são do que uma pantomima plebiscitária, manipulada por grupo de pressão. O modelo é tão “popular e democrático”, que acaba erigindo “guias geniais”, “condutores do povo”. Vale dizer: a democracia direta dos bolivarianos precisa de ditadores que se eternizem no poder.

Ignorar o método dessa gente é coisa típica de vigaristas. Golpista, em Honduras, era Zelaya. Até agora, o que aconteceu lá obedece ao mais estrito rigor constitucional, pouco importa se houve renúncia, como parece ter havido, ou deposição. Se o novo governo, caso sobreviva, e os militares não obedecerem ao calendário eleitoral e criarem dificuldades para a oposição democrática, aí, então, a coisa muda de figura.

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